Wednesday 8 August 2007

A Diplomacia Gastronómica de Tony Blair ou seja Um Olhar Sobre a Presidencia Britanica da Uniao Europeia

Por Manuel de Araújo, Londres

Os seis meses da Presidência Britânica da União Europeia, recentemente terminados, ficaram marcados na historia, pelo menos na forma, pela ‘redescoberta’ de um novo termo na diplomacia moderna, a chamada ‘diplomacia gastronómica’, fruto da imaginacao da dupla Straw & Blair lda. E que a dupla iniciou a sua presidência bem como o terminus com sumptuosos jantares, com objectivo único de somar alguns pontos diplomáticos através do uso de dotes e artimanhas gastronómicas. Em questões substantivas os seis meses ‘britânicos’ ficaram marcados, pelo inicio da discussão do acesso da Turquia a União Europeia bem como, como nao deixaria de ser, pelo lendário conflito Paris-Londres sobre dois assuntos de importância transcedental para cada um dos dois países - a questão de ‘rebate’, uma artimanha conseguida ha cerca de 20 anos pela diplomacia do ‘stick and carrot’ da então Dama de Ferro da politica britanica, a nao menos controversa Lady Thatcher, e a consequente relutância de Chirac de ceder naquilo que alguns observadores internacionais chamaram da ‘mais estúpida e imoral politica de subsidios que alguma vez existiu na face da terra’-a Politica Agrícola Comum, mais conhecida pela sigla CAP. O CAP e um sistema da União Europeia que visa subsidiar a agricultores Europeus (maioritariamente Franceses).

Quando Blair tomou a liderança do barco europeu, a Europa ainda nao tinha um orçamento, como resultado de disputas orçamentais entre Londres e Paris, e Blair achava que era ‘uma loucura’ que cerca de 40 por cento de tal orçamento fosse para o CAP. Este viria a ser o seu cavalo de batalha, e quica de Tróia!

Apesar do final com sabor amargo, a presidência britânica nao poderia ter iniciado de forma mais brilhante! Para inaugurar o seu reinado, Blair convidou para o Hampton Court, o palácio onde residiu Henry VIII, um palácio nada modesto e convenientemente perto do aeroporto (para minimizar inconveniências e maximizar o prazer dos visitantes), a todos os lideres da União Europeia (25), incluindo os novos membros do Leste Europeu, para um jantar regado de vinho francês e ingles, e cujo prato principal nao deixaria de ser o famoso salmao inglês, naquilo que observadores chamaram de uma autentica ‘diplomacia gastronomica’. Os resultados dessa ‘diplomacia gastronómica’ nao se fizeram esperar, pois foi possível reverter a memoria do desastroso ‘Jantar do Inferno’ entre Blair e Chirac, que marcou o terminus da anterior presidência. Como diria algum observador da politica europeia, a Cimeira de Hampton Court, serviu de ‘terrapia colectiva’ para os lideres europeus e serviu para dar uma lufada de ar fresco e inspirar confiança nas instituicoes europeias. Mas como nao e possível agradar a gregos e troianos, os lideres do Leste Europeu saíram da Cimeira meio desiludidos, pois para eles o mais importante era o inicio do debate sobre o orçamento, convenientemente ignorado nesta Cimeira!

Apesar destes louros da diplomacia de ‘Downing Street’ ainda nao foi desta em que se passou da ‘Discordiale Entente’ para a ‘Cordiale Entente’entre Paris e Londres. De facto, enquanto que de um lado do ‘Canal da Mancha’ Blair bradava aos Ceus e prometia aos seus correligionários que nao cederia em nenhum centímetro na questão do rebate, Chirac, por sua vez ‘parlava’ em bom francês que rever o CAP nao estava na sua agenda nem a sonhar! Alias Chirac e citado como tendo dito algures que ‘a única contribuicao Britânica a Europa foi a doença das vacas loucas’. Alias e conhecida a aversão de Chirac a cozinha Britânica, tendo-a considerado de a ‘pior do mundo, depois da finlandesa!

Face a estas posicoes irredutíveis das duas partes, estavam lançados os ingredientes para um ping pong que no final teria a noviça Chancellor Alemã, Ângela Merkel, como a única (?) vencedora!
Com tais promessas iniciava aquilo que viria a ser a dor de cabeça de Jack Straw e Blair- conseguir um compromisso que salvaria a honra da diplomacia e quica da presidência britânica!

Porque nestas coisas de ping pong alguém tem de lançar a bola, coube a Blair a tarefa de lançar os dados do jogos. Foi neste andar de coisas que Blair fez uma proposta do orçamento que apesar de oferecer cerca de 8 bn Euros foi unanimemente rejeitada. Por exemplo José Manuel Durão Barroso, afirmou categoricamente que a ‘proposta britânica era inaceitavel’.

Outro desafio que a diplomacia britânica teve de gerir foi o duelo entre Downing Street e Áustria! Enquanto que a dupla Straw & Blair apostava no inicio da discussão da acessão da Turquia a União europeia, a áustria bradava aos seus tentanto a todo o custo prevenir a entrada do primeiro estado nao cristão da Europa! E que Turquia serve de espaço divisório entre a Europa e a ásia e a sua populacao e maioritariamente islâmica.

O Ministro dos negócios estrangeiros turco nao deixava seus créditos em mãos alheias ao desafiar a União Europeia a provar que esta organizacao nao era apenas uma organizacao de estados cristãos! Apesar das emocoes de ambas as partes a questão acabou sendo resolvida e a entente cordiale entre Áustria e UK por um lado e entre a Europa e a Turquia por outro, foi alcançada com a cedência na decima primeira hora da gigantesta Ministra dos Negócios Estrangeiros Austríaca-marcando assim o único golo de consolacao da diplomacia britânica durante a sua presidência Europeia.

Na Cimeira de Bruxelas, Blair sofreu ataques tanta na Europa como no Reino Unido, o que marcava aquilo que observadores chamariam de ‘capitulacao progressiva’, pois Chirac estava disposto a nao dar garantias de revisão sobre o CAP.

Na ultima hora foi Merkel que saiu a ganhar: investiu cerca de 100 ms de euros, claro para a sua Alemanha do Leste, salvando deste modo as caras tanto de chirac como de Blair!

Mesmo derrotado Blair ainda conseguiu dar um suspiro no parlamento Europeu, ao redefinir o conceito de interesse nacional, que na sua óptica nao deveria apenas ter ingredientes internos mas também e sobretudo interesses europaus: Com este acordo conseguimos ter uma Europa Unida, uma visão de desenvolvimento económico comum, um pacote de reformas sobre o CAP e o Rebate, um um ambiente conducente a um debate frutuoso sobre a reforma. Alguém entendeu? Duvido, mas Balir sendo Blair ainda conseguiu sair com um ar jovial e com algo remotamente parecido com uma vitoria.



Como diria Jack Straw, sem a intervencao a ultima hora de Merkel, nao haveria acordo e nao havendo acordo a Cimeira teria sido um fracasso!-uma licao para Tony Blair, o optimismo e a retórica são uma coisa e a pratica e a realidade são outra, alias como muito bem o disse na hora de despedida o nosso ex- agricultor, agora em terras Obasanjianas, ‘Uma coisa são discursos, e outra e a pratica!’

Para terminar uma pergunta: Onde ficou a prioritária Africa? Talvez a resposta repouse nos desafios da Presidência Finlandesa, que pelas características gastronómicas poderá continuar a criar indigestões ao Monsiur Chirac! A ver vamos!

‘Cogito Ergo Sum’/ ‘Penso Logo Existo’

O Imperativo de Pensar Diferente – a proposito do desafio lancado pela Mama Graca, na terra de ninguem!

Dedico este artigo a Dra. Benigna Zimba na esperanca de que o filho deixe de confundir os nossos herois com ninjas!

‘Os jovens da minha geracao fizeram aquilo que fizeram ha 28 anos com muito menos preparacao do que aquela que voces tem hoje’. O que e que voces estrao a fazer com toda a preparacao que tem?

Graca Machel, 4 de Fevereiro de 2004

A 4 de Fevereiro de 2004 regressava eu a Londres, pois tinha que participar a 6 do mesmo mes numa conferencia sobre Investimento Estrangeiro, na St Anthony College da famosa Universidade de Oxford.

No trajecto Maputo-Johannesburgo fui bafejado por uma sorte incrivel. Viajava tambem, no mesmo voo a mama Graca. Ao passar pela business class comprimentei-a. Sentei-me no lugar que me era destinado e os minutos seguintes foram daquela luta interna a que qualquer ser humano nao pode fugir! A indecisao, ou seja a ‘luta dos contrarios’. Por um lado movia-me uma vontade louca de conversar com a mama. Tinha muitos assuntos adiados. Por outro nao sabia se era etico ou moral ir incomoda-la quando se via a olho nu que ela estava submersa nalgum documento importante. Fiquei cerca de 20 minutos a matutar se deveria incomoda-la ou nao!

Para que nao a incomodasse em vao fui revolvendo a minha cabeca para saber dos varios assuntos que tinha a tratar com ela qual deles valeria a pena o incomodo. E que os meus professores de economia me ensinaram que qualquer gesto ou atitude deve ser medido em termos dos custos e beneficios! Deste modo fui arrolando (como nos ensinaram os julgamentos publicos) os varios assuntos: O meu sonho em cumprimentar Mandela. A entrevista que ela deu ao Manhique. Porque e que ela nao se candidatara a lideranca do Partido Frelimo. Porque se casara com Mandela. Porque saiu do parlamento. Quando e que escreveria o livro dela de memorias? Porque e que nao assumiu o apelido Mandela e preferiu manter Machel. O que pensava do pais? E dos jovens? E das mulheres? Do partido no poder? Da oposicao? Da pobreza a que o pais estava votado? Da globalizacao? Se pensar em candidatar-se a SG da ONU? Etc. Etc. etc.

Tinha de me decidir pois o voo Maputo-Johannesburo tinha apenas 50 munutos e 25 dos quais ja tinham sido consumidos.

Decidi-me por dois assuntos. Iria convida-la a dar uma palestra sob a egida da Fundacao para o desenvolvimento da Zambezia, e se houvesse tempo daria a minha impressao sobre a intervencao dela na palestra dada dois dias antes por Guebuza sobre ‘Mocambicanidade e Unidade Nacional’ na sala de conferencias Joaquim Chissano.

Definido o objectivo e tracada a estrategia avancei. Tireo o meu cartao, e timido aproximei-me dela. Desculpe-me o incomodo. Chamo-me M A e faco parte dos jovens que estao a a trabalhar para a criacao da Fundacao para o desenvolvimento da Zambezia!

Nesse momento gelei. Fiquei sem saber como e que ela reagiria, uma vez que o meu substracto ideologico conota-a como sendo daquela escola que desconfia de qualquer iniciativa regional.

Num gesto caracteristico ela leu o cartao, virou-o e exclamou! M de A. Tenho lido os teus artigos! Interessante! Gelei! Nao sabia se ela gostara ou detestara os meus artigos! Nao sabia se os artigos iriam facilitar ou deturpar a passagem da minha mensagem principal ...

Para surpresa minha um sorriso puro e genuino emergiu dos labios da mama!!! Hurrah, Hurrah gritei de mim para mim! Claro um grito em surdina! e senti-me mais leve!

Interessante. O que e que voces querem? Uma palestra aberta ou uma restrita so para os membros. Recorrendo as aulas de pratica diplomatica do ISRI respondi. Depende da sua disponibilidade. Se estiver disposta a uma palestra aberta haveriamos de adorar. Mas se achar que seria interessante comecar com um grupo pequeno tambem aceitamos. Somos flexiveis. Sentenciei! Tendo se apercebido da minha evasiva sentenciou: Mas o que e que voces querem?
Dada a insistencia retorqui. A nossa preferencia iria para uma palestra aberta, la para meados de Marco.
... marco, Marco. Deixe-me ver a minha agenda. Tenho duas conferencias por essa altura. Talvez mais tarde. Que tal finais de Marco. Como lhe disse somos flexiveis. Pode ser finais de `Marco.
...optimo, facam uma carta a explicar exactamente o que voces querem!

Meu coracao deu um pino mortal, como diziamos la para as bandas do Coalane na infancia!

Alcancado o objectivo principal recuei e ataquei o alvo secundario. Achei interessante a sua intervencao na palestra de Guebuza! Ah estiveste la?
Estive.
-E o que digo sempre.
‘Os jovens da minha geracao fizeram aquilo que fizeram ha 28 anos com muito menos preparacao do que aquela que voces tem hoje’. O que e que voces estrao a fazer com toda a preparacao que tem?
Ai achei interessante a observacao de Brazao Mazula na sua alocucao a Associacao de economistas na qual conta como ficou assustado perante a negacao do protagonismo pela Aro Juvenil! E que tanto a mama Graca como o Brazao, parecem estar desapontados pela falta de protagonismo da nossa juventude!
Nao sera altura de perguntar: Juventude Mocambicana quo va dis?

Uma Autopsia (em 10 pontos ) a Derrota de Mocumbi a OMS!

Uma Autopsia (em 10 pontos ) a Derrota de Mocumbi a OMS!

Dedico este artigo a Dra. Lidia Brito e sua equipe no MESCT pelas consultas a nivel nacional da Politica de Ciencia e Tecnologia

Ponto Zero: Desde o anuncio da candidatura de Mocumbi a OMS escalei varias capitais Africanas e Europeias. Achei estranho o silencio que havia a volta da candidatura de Mocumbi nessas capitais! Esse silencio contrastava com o forma bombastica como os nossos media faziam questao de provar nao sei a quem da eminente vitoria de Mocumbi. Entanto que Mocambicano me interessava saber a opiniao de varios lobbies no que se refere a nossa candidatura. Apesar da minha discordancia quanto a metodologia seguida na escolha de Mocumbi como candidato de Mocambique, e quica de Africa, bem como na estrategia de lobbying seguida pela nossa diplomacia na promocao do nome de Mocumbi para tao almejado cargo, uma vez consumado o facto nao tive outra escolha senao ‘apoiar’ o nosso candidato. Claro um apoio nao por conviccao mas por defeito, pois de entre os candidatos Mocumbi era aquele que mais tinha a ver comigo. Dai que a derrota de Mocumbi nao foi apenas sua derrota. Foi minha derrota e foi derrota de Mocambique. Foi uma derrota de todos nos Mocambicanos e Africanos. Tendo sido derrotado e habito meu aprender dos erros cometidos pois meu pai me dizia de pequeno que ‘burro e aquele que chuta a mesma pedra no mesmo lugar por duas vezes’.

Ipso facto acho ser util um exercicio de balanco da candidatura de Mocumbi. Quer dizer importa a sociedade civil, e ao governo fazerem um balanco sobre este exercicio. Temos de ser capazes de descernir o que foi positivo do que foi negativo, para que nas proximas campanhas nao cometamos os meus erros. Alias se ha algum merito nesta campanha foi a ousadia do candidato mocambicano! Mas que fique claro que nao quero aqui dizer que Mocumbi perdeu por culpa deste ou daquele. Nao restam duvidas que qualquer ser humano isento e serio nao escolheria Mocumbi em detrimento Jong Wook Lee ou Peter Piot!. Mas isso nao quer dizer que nao poderiamos ter feito melhor papel na arena interrnacional! O que pretendo e lancar algum repto que possa contribuir para uma maior transparencia na gestao da nossa Res Publica! Trata-se de um artigo movido por uma logica que se pretende metodica! Como diria o dr. Maximo Dias trata-se de uma candidatura, queria dizer, artigo didatico!

Ponto Um: A comecar saudar a ousadia de Mocumbi! Ha anos que me intrigava o comportamento de Mocumbi no que se refere a assuntos relacionados a OMS. E que Mocumbi ja nao era timoneiro do nosso Ministerio da Saude ha anos, mas participava em varios encontros sobre assuntos que na minha miope visao deveriam ter a representacao de Simao que o substituiu no poleiro ou entao mais tarde de Songane! Tanto assim era que a dado passo passei, sempre que possivel a recortar todos os artigos que faziam referencia a participacao de Mocumbi em assuntos da OMS. Dai que quando se anunciou a sua candidatura nao me surpreendi! Mocumbi deveria ter um plano secreto, ou sonho seu em dirigir a OMS. Nada mau tanto mais que isto mostra que ele e metodico e sabe planificar! Portanto a ser verdade aqui fica uma licao! Positiva ou negativa? O leitor tem a palavra!

O Segundo aspecto tem a ver com o facto de Mocumbi nao ter pedido ferias ‘sem vencimento’ para se candidatar a serio ao cargo que ocupa. E que em Mocambique temos o habito de exercer duas tarefas a tempo inteiro! O resultado e a mediocridade! Quer dizer fazemos tudo as meias! Recordo-me da indignacao que me comoveu ha alguns anos atras quando soube que para alem de ser Primeiro-Ministro, Mocumbi estava a fazer um diploma de pos-graduacao em economia se nao me engano e ainda ia as praticas de ginecologia, de que dizem as mas linguas ser eximio especialista. Como se isso nao bastasse Mocumbi e pai e avo precisando deste modo de tempo para os netos e amigos. Ora das duas uma: ou Mocumbi e genio ou entao o cargo de Primeiro-Ministro no meu pais nao e serio! Como e possivel ao timoneiro de uma nacao tao pobre como Mocambique, com tantos problemas ter tanto tempo de sobra para tanta coisa? E que alguem me dizia que quem quer que as coisas acontecam faz e que nao quer manda fazer ou seja delega!

Um amigo meu que trabalha para a ONUSIDA informou-me que o seu chefe fez exactamente o contrario de Mocumbi e quando perdeu enviou um e-mail a todos os funcionarios da ONUSIDA no mundo inteiro a informar o seu regresso bem como a agradecer aqueles que apoiaram a sua candidatura. Sera que Mocumbi nao deveria ter feito algo similar? E que ainda vai a tempo.

O terceiro ponto da minha observacao refere-se ao facto de nao ter ficado claro quem decidiu que Mocambique deveria candidatar-se a tao almejado cargo e porque e que Mocumbi foi a escolha de Mocambique. A questao e mais simples. Quem e que define o que e do nosso interesse nacional e nao e? Um conselho, uma direccao, um partido, uma clique, um ministerio, um ministro, ou um Presidente? Quer dizer tendo se achado que Mocambique deveria participar nesta corrida, quem disse que Mocumbi era a melhor escolha? E que e bem possivel que tenhamos jovens formados em medicina ou saude publica no nosso pais, com folha de servico mais limpo, PhD’s, MSc’s, experiencia internacional, dominio de lingua inglesa perfeito, que se calhar poderia ter feito melhor figura. Digo e bem possivel pois e apenas uma possibilidade. O meu problema nao e com Mocumbi. O meu problema esta com o sistema que se optopu para declarar a candidatura de Mocumbi! Ate pode ser que Mocumbi seja de facto aquele que entre nos possui melhor folha de servico! Mas e preciso que o processo se democratise e se torne transparente! O que se faz noutros paises e simples. Tendo se decidido que era estrategico e de interesse nacional cria-se uma comissao para trabalhar no caso. A comissao estuda os regulamentos, a historia, do posto as potencialidades e vulnerabilidades do pais, e dos outros candidatos ou possiveis candidatos. Feito este trabalho de casa, vira-se para dentro para ver quem melhores chances tem para representar o pais ou seja quem melhores hipoteses tem para ganhar! E que para um cargo prestigiado como o de Director Geral da OMS, e preciso ter provado capacidade de gestao, experiencia na gestao de um orgao ou programa internacional, dominio explicito da lingua inglesa, publicacoes em jornais cientificos. Coisas que a prior me parece que o nosso compatriota nao se esgrimia. Descobertas as vulnerabilidades importava identificar as potencialidades do nosso candidato bem como dos adversarios. Acompanhei algumas entrevistas de Mocumbi a orgaos de informacao estrangeira. E me pareceu que o trabalho de casa sobre vulnerabilidades nao tinha sido feito! Pelo menos poderia ter melhorado a sua expressao face aos midia bem como na lingua de Shakespierre! Em conversa com amigos jornalistas e pessoal senior no nosso aparelho de governacao todos sem excepcao reconheceram que Mocumbi tinha problemas em lidar com jornalistas e outros entrevistadores! No mundo de hoje esse tipo de problemas minimizam-se com cursos baratos que variam de uma semana a quinze dias! Sera que o nosso candidato nao tinha esse tempo?

O quarto ponto a considerar foi a forma como alguns sectores da sociedade Mocambicana reagiram a derrota de Mocumbi! Fiquei estupefacto quando vi compatriotas meus celebrarem a derrota de Mocumbi! Da estupefacao passei a analise de tais comportamentos e uma das respostas que encontrei (nao sou em especialista em leitura de comportamentos) foi o facto de a candidatura de Mocumbi ter sido imposta ao povo mocambicano. E tendo sido imposta e bem possivel que a reaccao normal fosse a de oposicao nao a Mocumbi mas ao sistema. Penso eu!

O ponto acima indicado levantou varias inquietacoes. Se em Mocambique Mocumbi foi-nos ‘imposto’ quem me garante que o mesmo nao sucedeu em Africa? Quer dizer qual foi o processo que levou a proclamaco de Mocumbi como candidato de Africa? Nao tendo la estado nao posso afirmar mas conhecendo alguns actores como os conheco nao estaria surpreso se a mesma metodologia nao foi seguida! O que a ser verdade entao tera sido uma pena! Senao como se explica que com Mocumbi declarado candidato de Africa, o Egipto, onde ate temos uma embaixada tenha apresentado um candidato seu? Afinal referiamo-nos a Africa negra? Quer dizer sub-sahariana? Se assim era porque nao explicitar? Achei interessante ter sabido de ‘fofoqueiros’ que a desistencia da candidata do Senegal tinha a ver com certa Senegalesa defensora de interesses de Mocambique! Oxala houvesse mais Mocambicanas honorarias que entre os interesses de seu pais e os de Mocambique optam pelos nossos. De parabens esta a nossa diplomacia e o dr. Simao por este golpe de diplomacia classica! Mas isso nao e tudo! Como bem sabemos Diplomacia nao se gere com tacticas mas sim com estrategia!

O quinto ponto que gostaria de fazer referencia tem a ver com o facto de muitas vezes os paises da preriferia pensarem que diplomacia e democracia funcionam com premissas iguais. Acho ser altura propria para tirar das nossas cabecinhas o sonho de que diplomacia e igual a democracia. E que em democracia o que decide e o voto da maioria! Em diplomacia o que conta sao os votos dos mais fortes ou poderosos. Veja-se o caso do Conselho de Seguranca das Nacoes Unidas Em certas circumstancias vale mais ter o apoio da Inglaterra ou da Franca do que de 20 ou mais paises Africanos. Infelizmente, factos sao factos! E que se no lugar de tentarmos ser o candidato de Africa tivessemos gasto mais recursos a tentar convencer Tony Blair e a sua Commonwealth e Jacques Chirac e a sua Francofonia talvez tivessemos melhores resultados. No lugar de visitar Malabo na Guinea Equatorial, talvez fosse melhor escalar Madrid e pedir ajuda do Chidumo! E quando se faz lobby em Londres valem mais cinco minutos na Chatham House (Instituto Real para as Relacoes Internacionais) do que dez horas na London School of Hygiene and Tropical Medicine! Era isso que Gumende, Koloma, Panguene, e Mutoropa deveriam ter dito ao chefe se tivessem sido consultados!

O Sexto ponto tem a ver com a forma como a imprensa mediatizou a candidatura de Mocumbi. Falando verdade me pareceu que a campanha interna, via imprensa, de Mocumbi foi um verdadeiro sucesso! Tanto em Dezembro como em Janeiro quando me desloquei ao pais senti nos varios media a sensacao de que a eleicao de Mocumbi eram favos contados!

Vindo de fora do pais fiquei chocado pois me apercebi que se tratava de uma campanha de manipulaco da opiniao publica nacional. Contudo nao pude perceber o que e que se ganhava com isso se a verdade era bem outra! Quer dizer fiquei sem saber porque e que a nossa imprensa estava a usar uma politica de avestruz que se contentava face a um perigo em esconder a cabeca e deixar o rabo de fora todo visivel! Para que gastar tanto papel se a batalha se travava em Genebra e nao em Maputo? Seja quem for que dirigiu esta operacao interna merece o meu reconhecimento! Oxala nao tenha sido o Gabinete de Imprensa!

Ora dizia eu que este choque fez-me recordar um outro choque que tive em 1992 quando a RENAMO com uma unica voz parou a Guerra!. E que os media ate entao monopartidarios haviam-nos convencido de que a RENAMO nao passava de um grupo de maltrapilhas, bandidos sem lei nem beira! Como e que um grupo de bandidos, maltrapilhas sem lei nem beira respeitam um cessar fogo, tem um dirigente a quem obedecem ate hoje nao percebi! Dai que tenha desde essa altura criado uma relacao de desconfianca com tudo o que cheire a manipulacao! Passados 10 anos de construcao de democracia eis que volto a encarar uma situacao identica: mente-se descaradamente ao povo sem do nem piedade! Habito, molequismo ou falta de informacao? Sendo o tempo o melhor juizo, deixo que me julgue em devido tempo!
E para isso fica apenas a consolacao do lamento - Foi pena termos perdido esta ocasiao de consolidacao e exaltacao da unidade nacional!

O setimo ponto tem a ver com a estrategia de lobbying adoptada. Havendo parcos recursos para a missao, como bem o disse Carlos dos Santos, acho ser algo de senso comum que as nossa embaixadas deveriam ter sido escolhidas como pontos nevralgicos nesta campanha! Alias e por isso que despendemos milhares de dolares a garantir a representacao do nosso pais. Que eu saiba pelo menos em Londres, corredor estrategico na diplomacia internacional, e noutras capitais nevralgicas nossas embaixadas foram meros observadores! Fiz questao de consultar alguns amigos nas nossas embaixadas bem como alguns diplomatas de paises simpateticos a Mocambique e a conclusao a que cheguei foi de que a maior parte deles souberam da candidatura de Mocumbi pela primeira vez via imprensa. Porque? E que e preciso nao se esquecer que a diplomacia faz-se tambem com o peao do sistema e nem sempre com a rainha. Sao os peoes que influenciam as decisoes dos chefes!

E isto e grave pois tendo Simao definido a candidatura de Mocumbi como de interesse nacional entao as nossas embaixadas deveriam ter priorizado tal actividade! Quando o Tony e companhia acharam que era do Interesse Nacional Britanico participar na Guerra contra o Iraque mandaram chamar todos os embaixadores e Tony informou-lhes pessoalmente da posicao da Inglaterra fornecendo-lhes municoes para a batalha! Sendo pobres nao precisavamos de mandar vir todos os nossos embaixadores! Uma missiva atempada faria jeito! Tanto mais que a maior parte dos nossos diplomatas passam o Natal em Maputo, dai que uma reuniao ad hoc nao faria mal a ninguem! E que muitas vezes chego a questionar a racionalidade de algumas das nossas embaixadas! Alias me recordo que no Consultivo de Xai-Xai muitos embaixadores pediram municoes pois nao sabiam o que era o NEPAD, quando somos candidatos a presidencia da Uniao Africana! Mas deixemos esse assunto para outra ocasiao!

O oitavo ponto tem a ver com o uso da pagina da internet. E que a pagina da internet de Mocambique virou pagina oficial da candidatura de Mocumbi! Mas quanta gente consulta a pagina de Mocambique? O gesto ate foi util a nivel interno mas temos que por os pes no chao! Nao e por ai que se vende no exterior a imagem de um candidato a OMS! Ha outros canais, e temos quadros de primeira agua que nadam nesses ambientes como peixe na agua: Carlos dos Santos, Hipolito Patricio, Pedro Comissario, Frances Rodrigues, O da Silva, e outros bem os conhecem. Sera que foram adequadamente usados?

O nono ponto que considero importante foi o facto de Mocumbi ter levado uma carta de referencia de Mbeki! Nao sei o que poensam os nossos representantes. E que hoje (apesar do alegado envolvimento de Nyimpine no caso cardoso e das mortes em Montepuez, que mancharam sobremaneira a nossa imagem no exterior) Chissano tem maior prestigio na arena internacional que Tabo Mbeki! Queiramos isso ou nao! E ja que os de dentro do baralho nao o dizem, tomo eu esta liberdade ou seja libertinagem!

A meu ver era preferivel que Mocumbi levasse uma carta de referencia de Chissano ou de Mandela! E que em termos de diplomacia internacional a dupla Mbeki-Obasanjo se queimou devido ao dossier Zimbabwe! E como se nao bastasse foi Mbeki quem despoletou o caso dos retrovirais! Sera que nos esquecemos de que os retrovirais tem a ver com as industrias farmaceuticas que tambem tem interesses na OMS? Para bom entendedor meia palavra basta! Nao estou aqui a dizer que Mbeki agiu mal ou bem estou apenas a dar aquilo que e a minha opiniao sobre a opiniao da comunidade internacional sobre Mbeki!

O decimo ponto e o resultado da autopsia. Dado o acima exposto resta o diagnostico medico: o paciente morreu de morte natural, provocada por uma insuficiencia cardio-curricular e profissional.

Fuga de Cerebros no Zimbabwe-Que poe o guizo ao Gato?

Fuga de Cerebros no Zimbabwe – Quem Poe o Guizo ao Gato?

Por Manuel_de_Araujo@hotmail.com em Londres

Dedico este artigo a duas individalidades da nossa praca: ao ex-Governador de Manica, Soares Nhaca, e ao ex-Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural Helder Muteia, pela abertura e cooperacao dada aos farmeiros Zimbabweanos na provincia de Manica

Apos ganhar a independencia, nos anos 70, Mocambique adoptou uma politica de apoio aos movimentos de libertacao na Africa Austral. Uma posicao compreensivel se tomarmos em conta que a FRELIMO, partido no poder fora tambem um movimento de libertacao nacional, e que como tal, beneficiou do apoio ‘incondicional’ de outros paises. Contudo ha a referir que existia um diferenca fundamental entre a posicao de Mocambique e a assumida por outros paises que apoiaram a Mocambique na sua luta pela indepedencia. E que nenhum deles tinha fronteira terrestre ou maritima com a Africa do Sul, inimigo e principal potencia na regiao.

Ora como resultado dessa politica, e como que dar razao a Isaac Newton quando afirmou inter alia que ‘onde ha accao ha reaccao …’, o regime de Ian Smith e o de Vorster, adoptarm uma politica de desestabilizacao, apoiando movimentos rebeldes, que para o caso vertente se denominava de MNR e mais tarde RENAMO. Esta claro que a relacao causa-efeito em ciencias sociais e complicada, mas para efeitos de argumentacao aceitemos esta tese. A Guerra de guerrilha desenvolvida em territorio nacional deixou o tecido agricola, industrial, de servicos e social do pais em pedacos. Como resultado do desencadeamento de accoes armadas de guerrilha, muitos cidadaos nacionais e Portugueses abandonaram o pais com destino a entao Rodesia do Sul, Africa do Sul e Portugal. Sairam do pais os parcos tecnicos basicos, medios e superiores. Parte deste contingente continuou com as suas actividades economicas nos paises receptores e outra juntou-se a ‘resistencia’. Nao ha duvidas que as economias dos paises receptores beneficiaram deste exodo, enquanto que a Mocambicana saiu a perder. Como se nao basassem s prejuizos provados por este exodo, vieram juntar-se a catastrofica situacao as sancoes que Mocambique impos a Rodesia!.

Hoje, parece qe o quadro mudou! Assiste-se a uma degradacao sem precedents da Lei e da Ordem no Zimbabwe e como consequencia a degradacao do ambiente economico, politico e social. Aquele que foi o celeiro da Africa Austral, hoje nao consegue alimentar seus proprios cidadaos e muito menos as suas elites. A economia ostenta uma inflacao de mais de 400% que associado a falta de divisas, faz com que se ‘congele’ o investimento estrangeiro e se comece a verificar um desinvestimento. Hoje, bancos e outros sectores da economia Zimbabweana encontram-se a beira da falencia o que os leva a pensarem em outras paragens para rentabilizar o seu investimento. E e ai que porca deveria torcer o rabo!

Infelizmente, uma vez mais, a Africa do Sul e o Ocidente sao o maior beneficiario deste exodo de recursos, cerebros e de investimentos da regiao. Em Londres, depois dos Nigerianos parece que os Zimbabweanos sao a seguir. A maior parte dos meus ex-colegas no SARIPS/SAPES bem como na Universidade do Zimbabwe, por exemplo, encontram-se na Africa do Sul, na Inglaterra, Australia, EUA ou entao Nova Zelandia. Trata-se de uma autentica fuga de cerebros na so para o Zimbabwe mas tambem para a Africa Austral e quica Africa no geral! Da para imaginar quanto dinheiro o estado Zimbabweano gastou para formar as centenas senao milhares de enfermeiros/as, medico/as, engenheiros, cientistas sociais?

E claro que e dificil a um farmeiro sair do Zimbabwe para a Inglaterra ou Nova Zelandia. Dai que a maior parte ds farmeros tenham decidido fixar residencia nos paises limitrofes, como sao os caso de Mocambique e a Zambia. Sendo Manica a minha provincia preferida, visitei-a por varias vezes e pude ver in loco o impacto socio-economico que a migracao de farmeiros Zimbabweanos esta ter na provincia. Numa das minhas visitas tive o prazer de dialogar com o Governador Nhaca que sem papas na lingua detalhou os progressos, que a provinca estava a obter em quase tods os sectores de actividade: agricultura (abertura de farmas), agro-pecuaria (criacao de animais e instalacao do matadouro mais moderno de Mocambique, a instalacao de uma fabria de monaem de alfais gricolas e outr de tractors, etc etc ec. Que outra provincia do Centro ou do Norte do pais pode apresentar um leque de investimentos tao diversificado que Manica? . Pensei de soslaio se uma politica nacional mais activa sobre migracao e atraccao de investimentos estrangeiros nao poderia trazer resultados mais positivos para o pais.

Mocambique tem muita falta de quadros! Sera que o pais em particular e a SADC no geral nao poderia minimizar esta saida de quadros da regiao adoptando uma politica mais aberta na criacao de condicoes para a atraccao e retencao de quadros Zimbabweanos na regiao? E que a nosso ver, esta medida beneficiara nao so a Mocambique, mas tambem a SADC, e quica a medio prazo o propro Zimbabwe. Quando a Lei e a Ordem voltarem ao pais e a situacao economica e social se estabilizar, sera mais facil a um emigrante Zimbabweno sediado em Manica regressar a Mutare, do que um exilado em Camberra ou entao na Nova Zelandia!
Sera que a regiao vai continuar a assistir impavida e serena a pilhagem do seu recurso mais importante- O Homem?
Um TPC para a PM, Luisa Diogo e o quarteto Aires Aly-Alcinda Abreu, Mandlate e Pacheco!

Downing Street e Ponta Vermelha-Duas varandas da politica internacional?

Por:

Manuel_de_Araujo@hotmail.com

em Londres



CHISSANO E BLAIR- AMIGOS DO INFORTUNIO OU CASAMENTO DE CONVENIENCIA?

N
a tradicao Africana e Asiatica os casamentos arranjados nao sao noticia! Pelo contrario sao o pao nosso de cada dia! Coincidentemente tambem me parece que na diplomacia internacional. Estes factos trazem a luz duas relacoes que apesar de parecerem dispares tem muito em comum: a relacao entre George Bush e Tony Blair por um lado e a de Mbeki e Chissano por outro. E que vai parecendo cada vez mais claro que Tony e o Ministro dos Negocios Estrangeiros do mundo enquanto que Chissano se contenta com a de Ministro dos Negocios Estrangeiros da Africa, por enquanto Austral. Bizarra comparacao?

Os EUA enfrentando dois problemas internos, encontraram uma solucao de mestre, numa jogada de mestre. O ‘establishment’ Americano enfrentava dois problemas. A ignorancia de Bush hem termos de politica externa e a constante oposicao de colin Power ao unilateralismo Americano. O ‘establishment’ tendo chegado a conclusao que as licoes da Condoleza Rice apesar de terem melhorado substancialmente os rudimentares conhecimentos do chefe em termos de politica externa, nao eram suficientes, e que colin Powell nao era peca mole de roer decidiram ‘substituir’ Colin por Tony.

Factos? Quando o ‘War Cabinet’ tinha de descutir os contornos da Guerra eis que Bush decide enviar Colin a Johannesburg onde foi vaiado na conferencia sobre o desenvolvimento (in) sustentavel e em ‘seu’ lugar foi chamado Tony!

Aprovada a estrategia geral da Guerra Tony regressou a Londres onde dias depois lancou o ‘famigerado’ relatorio sobre o Iraque, que apesar das expectativas levantadas nada de novo trazia, senao Segundo experts na material ‘uma compilacao sistematizada do que ja se sabia! Contudo apesar de nada de novo trazer, o relatorio criou suspence e serviu para mostrar quem afinal era o Ministro dos Negocios Estrangeiros do mundo!

A posicao de Blair foi ainda sublinhada no discurso de mestre que Bill Clinton fez na Conferencia Anual do Partido Trabalhador, que decorreu recentemente em Blackpool. Tony disse sem meias palavras que cabia a Tony Blair mostrar um pouco de bom sendo a Bush! Claro interpretacao minha.

Esta colagem de Clinton a Blair nao surprende a observadores atentos tanto mais que Tony Blair foi dos poucos, senao o unico lider mundial que esteve ao lado de Clinton aquando do famigerado caso ‘Monica Lewinski’.

Nada mau para Blair tanto mais que a pequena ilha vive do passado nostalgico, uma vez que vai perdendo a cada minuto a supremacia de um mundo que um dia for a seu!

Mas como ha cepticos que nao estariam convencidos com os dados que forneci ate aqui, permitam-me passer-vos mais detalhes.

T
ony Blair, apesar de ser Eurofilista, pelo menos comparando-o aos Conservadores Britanicos, e sem margem de duvidas um entusiasta do Pacto trans-Atlantico. E que ele esta convencido de que os interesses Britanicos sao melhor servidos do outro lado do Atlantico do que na outra margem do Canal da Mancha, onde repousa a empreendedora e desafiadora Franca!. Alias o recente desaire da cimeira europeia e as reaccoes furiosas de Blair ao relancamento do Eixo –Berlin-Paris no que se refere aos subsidios aos farmeiros so vieram a confirmar a tese de Blair. Esta colagem Britanica a agenda Americana nao e segredo para ninguem. Basta seguir as votacoes nas Nacoes Unidas ou verificar o papel que Blair desempenhou na Guerra Anti-Taliban e desempenha na preparacao do teatro para a Guerra contra o Iraque para ver que existe uma correlacao muito forte.

Vejamos no caso Taliban. A Inglaterra nao exitou em enviar para o Afeganistao seus filhos para combaterem ao lado dos americanos. Que outro pais o fez? Mais, na criacao da coligacao contra os Taliban, uma tarefa que Bush nao era capaz de conseguir dada a sua inexperiencia internacional e falta de tacto diplomatico, Bush uma vez mais recorreu ao Tony! Foi Tony quem forneceu as ‘evidencias’ da cumplicidade de Bin Laden nos acontecimentos de 11 de Setembro, a Musharaff que serviram de contra-senha para o apoio ‘incondicional’ do governo Pakistanes! Foi Tony quem sobrevoou meio mundo com a missao de convece-lo a apoiar os esforcos belicos americanos! E queiramos ou nao Tony teve sucesso. Conseguiu construir uma coligacao mundial contra os Taliban –claro para desgosto de Paris e Berlin!

Se nao ha duvidas no caso da posicao mundial de Blair, vejamos o caso Mbeki-Chissano, onde apesar das aparecncias as coisas nao sao tao roseas.

E que me parece cada vez mais evidente que Chissano esta assumindo o papel de Ministro dos Negocios Estrangeiros de Mbeki, primeiro ao nivel da SADC e ao que parece a medio prazo da Uniao Africana.


E
stas inquietacoes fazem-me recuar um pouco e repensar na historia recente da nossa diplomacia! Que temos somado pontos nao ha duvidas, que fazemos parte a periferia da periferia tambem parece nao haver duvidas. Agora que permanentemente sejamos parte dessa periferia e que nao concordo! Senao vejamos: E que a Ponta Vermelha esta parecendo cada vez mais uma caixa de ressonancia de Pretoria da mesma forma que o Downing Street o e para Washington! Que Maputo seja a varanda da Africa do Sul nao ha duvidas. Que Chissano seja o Ministro dos Negocios Estrangeiros da Africa, digo Austral e que comeco a nao ter duvidas. A duvia, claro metodica que coloco e a seguinte: sera o cargo promocao ou democao (para Mocambique? Promocao dirao alguns pois dentro em breve seremos os timoneiros da Uniao Africana. E e exactamente aqui que se coloca o problema. Para que? Teremos uma estragegia definida para usifruirmos dessa posicao privilegiada? E que ja fomos Chairman da SADC o que e que fizemos com o titulo para alem de umas largas viagens de Simao e alguns tecnocratas senior? Ja presidimos os PALOP para alem das viagens a Brasilia e Lisboa o que e que sobrou para o pe descalco? Conseguimos que koffi Annan apontasse o jeichande para seu representante especial em Angola e o que e que conseguimos? Uma vergonhosa e humilhante retirada! Como e que os nossos ‘servicos’ nao se aperceberam que Dos Santos ja tinha Savimbi na mira do gatilho e que nao valia a pena tentar impor a solucao mocambicana ao caso Angolano? Acho que uma posicao de grandeza e patriotica e saber aceitar desafios onde podemos mostrar a nossa grandeza e recusar aqueles em que estamos certos que acabaremos mostrando a nossa pequeneza!

Ha dias apareceu Simao a dizer aos quarto ventos que nao havia conflitos entre Mocambique e o Zimbabwe! Como e que pode nao haver conflitos? Sera que estao todos os conflitos resolvidos ou foi mais um exercicio diplomatico? A ser verdade entao Simao’ merece uma ‘emulacao socialista’ ao jeito caracteristico de Samora Machel! E que de fontes internas Zimbabweanas sabemos que eles nao andam felizes com o nosso acolhimento dos ‘desertores’ farmeiros. Sabemos nos que Zimbabwe nao esteve feliz porque um alto funcionario Americano foi citado a dizer que os EUA estavam a trabalhar com paises da regiao, incluindo Mocambique. Que desde a morte de Samora Machel Mocambique anda mais sintonizado com Pretoria que com Harare. Etc etc etc. E para que nao me acusem de mas intencoes deixem-me citar algumas fontes ‘de dentro do baralho’:

E
screvia o meu amigo Originario Walekaya a 19 de Marco de 2001, na sua ‘Agenda Pensanda’ entitulada ‘Ecos de Windhoek’ que ‘Harare nao andava satisfeito com as posicoes de Mocambique e da Africa do Sul’, ou melhor da Africa do Sul e Mocambique, naquilo que Harare preferia definir como hostilidades em relacao a retencao da presidencia do Orgao da SADC por Mugabe.

Como o chefia do orgao nao podia passar do Zimbabwe a Africa do Sul, achou-se por bem diluir os poderes de ‘Uncle Bob’ criando desta feita se nao me engano duas vice- presidencias- uma para o Malawi e outra para Mocambique. Com duvidas nao fiquei que nao podendo a presidencia transitar da ‘Munhumutapa Building’ para Pretoria, dadas as rivalidades historicas, entao dentre dois males o menor- que o orgao fosse para o afilhado, ou seja para o Ministro dos Negocios Estrangeiros de Mbeki- JAC! E a SADC para o Malawiano, Muluzi. Ate aqui nada mal!

Meia volta parece que o jogo voltou a repetir-se. E que certos circulos diplomaticos apontavam que o Zimbabwe sairia da cimeira de Luanda com a Vice-Presidencia da SADC, o que aparentemente lhe asseguraria a presidencia da SADC no proximo ano. Uma posicao que Harare nao deixaria em maos alheias! Contudo, Mugabe acabou saindo de Luanda de maos a abanar! Interpretacoes?

S
urpreso nao fiquei quando ha alguns meses alguns passarinhos com base em Pretoria assobiaram ao meu distraido ouvido que Mbeki estava preocupado com a presidencia da Uniao Africana, pois o outro tio, mas desta feita de turbina em popa andava com apetites agucados! Nao e preciso ser-se expert que com Kadaffi na presidencia da Uniao Europeia, o NEPAD seria cada vez mais um sonho do que realidade. Nao estou a ver o Tony a por os famosos pounds nas maos de Kaddaffi, apesar da Copa da Italia se ter realizado em Tripoli! A estrategia me disseram era evitar que a Uniao Africana caisse em maos Arabes (que as mas linguas teimam em associar a terrorismo!-Solucao? A mesma-fazer com que a Cimeira fosse na Africa do Sul, o que daria a presidencia a Mbeki e em seguida garantir que Chissano sucedesse a Mbeki. Assim o poder nao estaria no quarto de Mbeki, mas pelo menos estaria na varanda! Ate aqui tudo certo!


N
ao me oponho a postura das varandas nem do Tony nem do ‘Uncle Quim’. Nao me oponho a que sejamos ‘usados’! O que me preocupa e o facto de parecer que permaneceremos nesta situacao para sempre ou seja que remamos a favour do vento! Teremos uma estrategia para sair desta situacao? Ou seja ‘estaremos a seguir a famosa estrategia japonesa dos ‘pequenos passos’ ou vamos navegando ao sabor do vento? A pergunta que faco aos meus botoes e simples: estaremos retirando os devidos dividendos? E que este meu povo ja carregou demasiadas causas e pagou pesadas faturas externas e no fim ficou, ‘Nu com a mao bolso’, citando os irmaos brasileiros ou seja com ‘uma mao a frente e outras atras, como se diz na giria mocambicana!’ E que alguem me disse uma vez que vulnerabilidades podem ser transformadas em potencialidades! E me parece que as condicoes para uma valorizacao estrategica de Mocambique estao criadas! Estaremos a explora-las’camarada’ Simao? Oxala
que sim!

SERA DO INTERESSE NACIONAL A ELEICAO DE MOCUMBI A DIRECTOR DA ORGANIZACAO MUNDIAL DE SAUDE ?

Por: Manuel_de_Araujo@hotmail.com


Foi com inusitado interesse que tenho acompanhado o envolvimento da diplomacia mocambicana na campanha de ‘lobbying’ para a eleicao de Mocumbi a Director da Organizacao Mundial da Saude. Algo peculiar pois se a memoria nao me trai e a primeira vez que vemos a nossa diplomacia a apoiar publicamente a candidatura de um Mocambicano para um cargo numa organizacao internacional. Assim sendo acho que o acto, apesar de salutar merece o nosso reparo! Quer dizer, temos que enquadrar este acto isolado da nossa diplomacia num contexto geral para que possamos distrincar se se trata de uma anomalia ou eao de uma nova fase, uma nova postura da nossa diplomacia.

Em primero lugar dizer que e uma atitude salutar ver um concidadao nosso a aspirar a tao prestigiado cargo. Contudo entanto que cidadao nacional acho-me no direito de nao engolir tudo o que me dizem, tanto mais que sou apologista do ‘Penso logo existo’!

E bem possivel que parte de possiveis leitores estejam ja a fazer juizos de valor sobre o meu artigo apenas a partir do titulo. Quem e esse sujeito para questionar o que e o nosso interesse nacional? A resposta e muito simples. Sou cidadao nacional e assumo a minha cidadania. Quer dizer, tento cumprir com as minhas obrigacoes entanto que cidadao nacional e em contrapartida espero que o estado tambem tente cumprir com as suas. E que a cidadania nao e um acto passivo. Envolve uma relacao intrinsica entre governantes e governados. Como dizia Rosseau tem de existir um ‘contrato social’ entre o Estado e os Cidadaos no qual Eu entanto que Cidadao ‘entrego’ parte da Minha ‘Soberania Individual’ ao Estado em troca de Proteccao e Servicos. E nesse contrato existem direitos e deveres para ambas as partes. E considero meu dever civico questionar as accoes dos agentes do estado e por conseguinte ser questionado por eles! Se quando nao pago o meu imposto o estado atraves de seus agentes pune-me porque e que quando o estado nao cumpre as suas nao devo ‘puni-lo’? Eis a minha filosofia de base! Dai que baseado nesta relacao acho ser meu dever civico questionar, os actos do estado, sugerir possiveis solucoes e enfim, contribuir para um Mocambique Melhor tanto no Presente como no Futuro. Feita esta introducao, voltemos a vaca fria, quer dizer a candidatura de Mocumbi a OMS!

Li com interesse o impressionante CV do ‘camarada’ Mocumbi exposto na pagina de Mocambique. E tenho de afirmar que apoio a candidatura de Mocumbi, primeiro porque acho que tem qualidades para tal, e segundo porque trata-se de um concidadao. Contudo tenho algumas duvidas em considerar a eleicao de Mocumbi de per si, como algo de interesse nacional.

Quando ha dias li um artigo que citava um membro senior do Conselho Nacional da Juventude e delegado desta mesma agremiacao a uma Conferencia da Juventude dos Paises Membros da Commonwealth a afirmar que a candidatura de Mocumbi era do interesse nacional e por conseguinte a funcao primordial que a delegacao tinha era promover a candidatura de Mocumbi na conferencia, achei piada e desculpei o moco. Das duas uma: ou o moco nao sabia qual era o tema da conferencia, ou entao nao sabia qual era a funcao do CNJ ou pior ainda poderia provavelmente nao saber o que e Interesse Nacional. Tanto mais que o famigerado CNJ recentemente nao hesitou em chamar de Primeira Conferencia Nacional da Juventude a um evento realizado em Gaza, quando em 1995 o autor destas linhas, bem como o Dr. Mateus Katupha e o actual Reitor do ISRI, Jamisse Taimo apresentaram comunicacoes numa conferencia organizada pelo Ministerio da Cultura, Juventude, Desportos e pela Fundacao Frederich Ebert chamada tambem de Primeira Conferencia Nacional da Juventude. Como e que pode haver duas Primeiras Conferencias Nacionais da mesma Juvetude no mesmo pais so o CNJ me pode explicar! Mas dado o precedente, preferi considerar mais um teatro do CNJ, tanto mais que parte do elenco dirigente provou ja os seus dotes nesta arte! O que e salutar!

Contudo a minha perplexidade veio ao rubro quando dias depois vi um outro artigo citando Simao, o timoneiro da nossa diplomacia a argumentar a mesma linha de pensamento! Nutro imenso respeito a Simao. E um homem dedicado e arduo trabalhador! Franco, honesto e humilde. Dai que baseado nesse respeito decidi escrever este artigo, na esperanca de que nao se deixe influenciar por aqueles que vem Mocambique a partir de Maputo! Ou seja que confudem o interesse nacional com o interesse do seu partido, dos seus amigos, das suas gangs e quica dos seus mesquinhos negocios! O interesse nacional de Mocambique nao se deve resumir numa eleicao, mas sim na unidade nacional do Rovuma ao Maputo! Nao posso conceber que Simao nao saiba o que e interesse nacional de Mocambique. Dai que tenha levado o caso a serio. Das duas uma, ou eu estava desenquadrado ou entao algo vai mal no nosso trem diplomatico! Se eu estiver desenquadrado, ai vao as minhas sinceras desculpas! Se nao estiver, entao aguardamos um esclarecimento de quem de direito!!

Que um elemento qualquer do CNJ diga o que atras referi, ainda posso engolir, mas quando e o chefe da minha diplomacia que diz algo tenho o dever e o direito de considerar o assunto serio.

A coisa ainda fica ainda mais rubra quando noto que nao me lembrava da ultima vez em que ouvira Simao dizer que algo era do Interesse Nacional. Talvez porque vivo fora do pais e por sinal do baralho! Se for este o caso, uma vez mais as minhas sinceras desculpas. Mas se nao for, ou melhor se o caro leitor tambem nao se recorda da ultima vez que Simao usou a palavra entao nao vale a pena ler o artigo.

O meu problema e que o interesse nacional nao e algo que se define quando se acorda de manha antes do matabicho ou entao porque o amigo do meu amigo quer um tacho nas Nacoes Unidas! Quer dizer nao sao circumstancias isoladas que definem o interesse nacional dos paises! O Interessa Nacional e e deve ser a bussola que nos guia nos nossos actos de politica externa, dai que tenha de ser algo consistente, e se possivel de consenso.

A bizarra questao que coloco e a seguinte: se um cidadao qualquer se candidatasse para o mesmo cargo tambem seria do interesse nacional? Ou seja a nossa diplomacia se envolveria do mesmo modo e com a mesma forca? Ou e do interesse nacional porque se trata do cidadao Pascoal Manuel Mocumbi, Primeiro Ministro da Republica de Mocambique? Para por a questao a nu: Se o senhor Alone da Renamo ou Maximo Dias da Monamo concorressem para o mesmo ou outro cargo nas Nacoes Unidas seria ou nao tambem do interesse nacional?

Mas para que nao misturemos alhos e bugalhos facamos algo muito basico. Definamos interesse nacional.

Dizia Hans Morgenthau, pai da escola realista nas relacoes internacionais que ‘Interesse Nacional era o conjunto de accoes que tinham por objectivo a ‘sobrevivenvia da unidade politica … na sua identidade’. Se tomarmos esta como uma definicao de base entao poderemos questionar: O que e que a eleicao de Mocumbi tem a ver com a ‘sobrevivencia da unidade politica’ de Mocambique? Nao estou necessariamente a dizer que nao tenha! O que estou fazendo e convidar o leitor a raciocinar comigo! Tanto mais que a definicao de Morgenthau e uma definicao restritiva.

Portanto quando falamos de Interesse Nacional estamos a falar de certas ideias e termos alguns tangiveis e outra/os intangiveis (cultura, liberdade e prestigio). Nao ha duvidas que a eleicao de Mocumbi pode trazer algum prestigio para Mocambique, mas prestigio de per si nao e codicao necessaria e suficiente para que se considere de Interesse Nacional. Prestigio deve ter um objectivo mais pratico, ou seja prestigio deve ser um meio e nao um fim!
Quando falamos de Interesse Nacional estamos a falar da aglutinacao de valores, que sao compartilhados pela sociedade. A questao que se coloca e como e que tais valores sao definidos no contexto mocambicano? Esta questao traz-nos a baila um ponto crucial na nossa diplomacia: Quem define o nosso interesse nacional?

Como disse anteriormente, normalmente fazem parte do Interesse Nacional a sobrevivencia ou preservacao do estado, definidos em termos de integridade territorial, independencia politica, e a manutencao de instituicoes fundamentais do governo. Tambem fazem parte do Interesse Nacional a auto-suficiencia, prestigio e engrandecimento da patria. Portanto o interesse nacional tem de ter esses tres bastioes fundamentais: a sobrevivencia fisica, a liberdade, e a maximizacao do bem estar dos cidadaos. Sera que a eleicao de Mocumbi de per si se encaixa numa dessas categorias? Tenho algumas duvidas.

Na minha optima o que deve ser do interesse nacional nao e a nomeacao de Mocumbi ou Simao para um certo posto na arena internacional de per si. Contudo a eleicao ou nomeacao pode constituir um elemento de interesse nacional, se tivermos um plano, uma estrategia nacional para maximizar essa nomeacao para o beneficio de Mocambique. Quer dizer a eleicao/nomeacao nao deve ser um fim em si, mas sim um meio! O que deve ser, acho eu, do interesse nacional e a definicao de uma politica clara e transparente virada a promocao da talentos nacionais na arena internacional. Clara e transparente para que nao abramos precedentes em que individuos bem posicionados dentro e fora do baralho usem e abusem a capa do interesse nacional para promover seus interesses individuais ou de um grupo de amigos e sobrinhos! E que nao ha duvidas que com Mocumbi Director Geral da OMS muitos mocambicanos terao a oportunidade de ser nomeados para varios cargos na OMS! Mas sejamos francos, nao e isso que define Interesse Nacional! Se a nomeacao de Mocumbi fizer parte de uma estrategia de Mocambique para promover quadros nacionais na arena internacional, ai sim aceito a ideia de Simao. E nesse caso todos devemos trabalhar para que Mocumbi seja eleito! Mas se se trata de dar mais um tacho a um amigo para que depois me pague de volta, me desculpe camarada Simao, ai a eleicao de Mocumbi nao e do INTERESSE NACIONAL! Gostaria que a eleicao de Mocumbi fosse de interesse nacional e acho que ainda pode ser desde que definamos os parametros de uma forma transparente e clara. Nessa circumstancia todos, mas todos mesmo, de dentro e de for a do baralho teremos de trabalhar para que tal candidatura seja um exito para Mocumbi, para os amigos de Mocumbi, para o partido de Mocumbi e acima de tudo para Mocambique!
E mais nao disse! Tanto mais que desta feita a bola esta do lado de ‘Dentro do Baralho!’

SERA DO INTERESSE NACIONAL A ELEICAO DE MOCUMBI A DIRECTOR DA ORGANIZACAO MUNDIAL DE SAUDE ?

Por: Manuel_de_Araujo@hotmail.com


Foi com inusitado interesse que tenho acompanhado o envolvimento da diplomacia mocambicana na campanha de ‘lobbying’ para a eleicao de Mocumbi a Director da Organizacao Mundial da Saude. Algo peculiar pois se a memoria nao me trai e a primeira vez que vemos a nossa diplomacia a apoiar publicamente a candidatura de um Mocambicano para um cargo numa organizacao internacional. Assim sendo acho que o acto, apesar de salutar merece o nosso reparo! Quer dizer, temos que enquadrar este acto isolado da nossa diplomacia num contexto geral para que possamos distrincar se se trata de uma anomalia ou eao de uma nova fase, uma nova postura da nossa diplomacia.

Em primero lugar dizer que e uma atitude salutar ver um concidadao nosso a aspirar a tao prestigiado cargo. Contudo entanto que cidadao nacional acho-me no direito de nao engolir tudo o que me dizem, tanto mais que sou apologista do ‘Penso logo existo’!

E bem possivel que parte de possiveis leitores estejam ja a fazer juizos de valor sobre o meu artigo apenas a partir do titulo. Quem e esse sujeito para questionar o que e o nosso interesse nacional? A resposta e muito simples. Sou cidadao nacional e assumo a minha cidadania. Quer dizer, tento cumprir com as minhas obrigacoes entanto que cidadao nacional e em contrapartida espero que o estado tambem tente cumprir com as suas. E que a cidadania nao e um acto passivo. Envolve uma relacao intrinsica entre governantes e governados. Como dizia Rosseau tem de existir um ‘contrato social’ entre o Estado e os Cidadaos no qual Eu entanto que Cidadao ‘entrego’ parte da Minha ‘Soberania Individual’ ao Estado em troca de Proteccao e Servicos. E nesse contrato existem direitos e deveres para ambas as partes. E considero meu dever civico questionar as accoes dos agentes do estado e por conseguinte ser questionado por eles! Se quando nao pago o meu imposto o estado atraves de seus agentes pune-me porque e que quando o estado nao cumpre as suas nao devo ‘puni-lo’? Eis a minha filosofia de base! Dai que baseado nesta relacao acho ser meu dever civico questionar, os actos do estado, sugerir possiveis solucoes e enfim, contribuir para um Mocambique Melhor tanto no Presente como no Futuro. Feita esta introducao, voltemos a vaca fria, quer dizer a candidatura de Mocumbi a OMS!

Li com interesse o impressionante CV do ‘camarada’ Mocumbi exposto na pagina de Mocambique. E tenho de afirmar que apoio a candidatura de Mocumbi, primeiro porque acho que tem qualidades para tal, e segundo porque trata-se de um concidadao. Contudo tenho algumas duvidas em considerar a eleicao de Mocumbi de per si, como algo de interesse nacional.

Quando ha dias li um artigo que citava um membro senior do Conselho Nacional da Juventude e delegado desta mesma agremiacao a uma Conferencia da Juventude dos Paises Membros da Commonwealth a afirmar que a candidatura de Mocumbi era do interesse nacional e por conseguinte a funcao primordial que a delegacao tinha era promover a candidatura de Mocumbi na conferencia, achei piada e desculpei o moco. Das duas uma: ou o moco nao sabia qual era o tema da conferencia, ou entao nao sabia qual era a funcao do CNJ ou pior ainda poderia provavelmente nao saber o que e Interesse Nacional. Tanto mais que o famigerado CNJ recentemente nao hesitou em chamar de Primeira Conferencia Nacional da Juventude a um evento realizado em Gaza, quando em 1995 o autor destas linhas, bem como o Dr. Mateus Katupha e o actual Reitor do ISRI, Jamisse Taimo apresentaram comunicacoes numa conferencia organizada pelo Ministerio da Cultura, Juventude, Desportos e pela Fundacao Frederich Ebert chamada tambem de Primeira Conferencia Nacional da Juventude. Como e que pode haver duas Primeiras Conferencias Nacionais da mesma Juvetude no mesmo pais so o CNJ me pode explicar! Mas dado o precedente, preferi considerar mais um teatro do CNJ, tanto mais que parte do elenco dirigente provou ja os seus dotes nesta arte! O que e salutar!

Contudo a minha perplexidade veio ao rubro quando dias depois vi um outro artigo citando Simao, o timoneiro da nossa diplomacia a argumentar a mesma linha de pensamento! Nutro imenso respeito a Simao. E um homem dedicado e arduo trabalhador! Franco, honesto e humilde. Dai que baseado nesse respeito decidi escrever este artigo, na esperanca de que nao se deixe influenciar por aqueles que vem Mocambique a partir de Maputo! Ou seja que confudem o interesse nacional com o interesse do seu partido, dos seus amigos, das suas gangs e quica dos seus mesquinhos negocios! O interesse nacional de Mocambique nao se deve resumir numa eleicao, mas sim na unidade nacional do Rovuma ao Maputo! Nao posso conceber que Simao nao saiba o que e interesse nacional de Mocambique. Dai que tenha levado o caso a serio. Das duas uma, ou eu estava desenquadrado ou entao algo vai mal no nosso trem diplomatico! Se eu estiver desenquadrado, ai vao as minhas sinceras desculpas! Se nao estiver, entao aguardamos um esclarecimento de quem de direito!!

Que um elemento qualquer do CNJ diga o que atras referi, ainda posso engolir, mas quando e o chefe da minha diplomacia que diz algo tenho o dever e o direito de considerar o assunto serio.

A coisa ainda fica ainda mais rubra quando noto que nao me lembrava da ultima vez em que ouvira Simao dizer que algo era do Interesse Nacional. Talvez porque vivo fora do pais e por sinal do baralho! Se for este o caso, uma vez mais as minhas sinceras desculpas. Mas se nao for, ou melhor se o caro leitor tambem nao se recorda da ultima vez que Simao usou a palavra entao nao vale a pena ler o artigo.

O meu problema e que o interesse nacional nao e algo que se define quando se acorda de manha antes do matabicho ou entao porque o amigo do meu amigo quer um tacho nas Nacoes Unidas! Quer dizer nao sao circumstancias isoladas que definem o interesse nacional dos paises! O Interessa Nacional e e deve ser a bussola que nos guia nos nossos actos de politica externa, dai que tenha de ser algo consistente, e se possivel de consenso.

A bizarra questao que coloco e a seguinte: se um cidadao qualquer se candidatasse para o mesmo cargo tambem seria do interesse nacional? Ou seja a nossa diplomacia se envolveria do mesmo modo e com a mesma forca? Ou e do interesse nacional porque se trata do cidadao Pascoal Manuel Mocumbi, Primeiro Ministro da Republica de Mocambique? Para por a questao a nu: Se o senhor Alone da Renamo ou Maximo Dias da Monamo concorressem para o mesmo ou outro cargo nas Nacoes Unidas seria ou nao tambem do interesse nacional?

Mas para que nao misturemos alhos e bugalhos facamos algo muito basico. Definamos interesse nacional.

Dizia Hans Morgenthau, pai da escola realista nas relacoes internacionais que ‘Interesse Nacional era o conjunto de accoes que tinham por objectivo a ‘sobrevivenvia da unidade politica … na sua identidade’. Se tomarmos esta como uma definicao de base entao poderemos questionar: O que e que a eleicao de Mocumbi tem a ver com a ‘sobrevivencia da unidade politica’ de Mocambique? Nao estou necessariamente a dizer que nao tenha! O que estou fazendo e convidar o leitor a raciocinar comigo! Tanto mais que a definicao de Morgenthau e uma definicao restritiva.

Portanto quando falamos de Interesse Nacional estamos a falar de certas ideias e termos alguns tangiveis e outra/os intangiveis (cultura, liberdade e prestigio). Nao ha duvidas que a eleicao de Mocumbi pode trazer algum prestigio para Mocambique, mas prestigio de per si nao e codicao necessaria e suficiente para que se considere de Interesse Nacional. Prestigio deve ter um objectivo mais pratico, ou seja prestigio deve ser um meio e nao um fim!
Quando falamos de Interesse Nacional estamos a falar da aglutinacao de valores, que sao compartilhados pela sociedade. A questao que se coloca e como e que tais valores sao definidos no contexto mocambicano? Esta questao traz-nos a baila um ponto crucial na nossa diplomacia: Quem define o nosso interesse nacional?

Como disse anteriormente, normalmente fazem parte do Interesse Nacional a sobrevivencia ou preservacao do estado, definidos em termos de integridade territorial, independencia politica, e a manutencao de instituicoes fundamentais do governo. Tambem fazem parte do Interesse Nacional a auto-suficiencia, prestigio e engrandecimento da patria. Portanto o interesse nacional tem de ter esses tres bastioes fundamentais: a sobrevivencia fisica, a liberdade, e a maximizacao do bem estar dos cidadaos. Sera que a eleicao de Mocumbi de per si se encaixa numa dessas categorias? Tenho algumas duvidas.

Na minha optima o que deve ser do interesse nacional nao e a nomeacao de Mocumbi ou Simao para um certo posto na arena internacional de per si. Contudo a eleicao ou nomeacao pode constituir um elemento de interesse nacional, se tivermos um plano, uma estrategia nacional para maximizar essa nomeacao para o beneficio de Mocambique. Quer dizer a eleicao/nomeacao nao deve ser um fim em si, mas sim um meio! O que deve ser, acho eu, do interesse nacional e a definicao de uma politica clara e transparente virada a promocao da talentos nacionais na arena internacional. Clara e transparente para que nao abramos precedentes em que individuos bem posicionados dentro e fora do baralho usem e abusem a capa do interesse nacional para promover seus interesses individuais ou de um grupo de amigos e sobrinhos! E que nao ha duvidas que com Mocumbi Director Geral da OMS muitos mocambicanos terao a oportunidade de ser nomeados para varios cargos na OMS! Mas sejamos francos, nao e isso que define Interesse Nacional! Se a nomeacao de Mocumbi fizer parte de uma estrategia de Mocambique para promover quadros nacionais na arena internacional, ai sim aceito a ideia de Simao. E nesse caso todos devemos trabalhar para que Mocumbi seja eleito! Mas se se trata de dar mais um tacho a um amigo para que depois me pague de volta, me desculpe camarada Simao, ai a eleicao de Mocumbi nao e do INTERESSE NACIONAL! Gostaria que a eleicao de Mocumbi fosse de interesse nacional e acho que ainda pode ser desde que definamos os parametros de uma forma transparente e clara. Nessa circumstancia todos, mas todos mesmo, de dentro e de for a do baralho teremos de trabalhar para que tal candidatura seja um exito para Mocumbi, para os amigos de Mocumbi, para o partido de Mocumbi e acima de tudo para Mocambique!
E mais nao disse! Tanto mais que desta feita a bola esta do lado de ‘Dentro do Baralho!’

Quem matou Zumbire?

Quem Ganha com a Morte de Zumbire?

Tres acontecimentos sem precedentes na historia moçambicana tiveram lugar semana passada. O histórico afastamento de Joaquim Alberto Chissano da liderança da Frelimo, a acumulacao dos postos de Secretario-Geral, Presidente da Frelimo e Presidente da Republica por Armando Guebuza e a morte do Director Geral do Serviço de Informacao e Segurança do Estado, José Zumbire. Em qualquer parte do mundo a morte natural ou nao do chefe da ‘secreta’ e noticia de primeira pagina! Em Moçambique com excepcao do Savana, nao vimos mais nenhuma pagina dedicada ao assunto! Coincidência? Imaginem quantas paginas ocuparia a morte do Director da CIA, da BOSS, KGB, MOSSAD ou do MI5/6!

Se esta claro que o segundo acontecimento foi consequência do primeiro, podendo deste modo se estabelecer uma relacao de causa e efeito, o terceiro apesar de aparentemente estar intrinsicamente ligado aqueles dois, nao pode ser estabelecida tal relacao, pelo menos a priori! Contudo ha pelo menos duas hipóteses a considerar. A primeira que Zumbire tenha morrido de morte natural, e a segunda de que tenha sido enviado desta para a melhor por alguém que considerava a sua permanência no mundo dos vivos uma permanente dor de cabeça! Porque a primeira hipótese cabe aos médicos examina-la, concentrar-nos-emos didacticamente (como diria Máximo Dias) na segunda hipótese.

O ponto de partida desta tentativa de analise parte da constatacao feita ha algum tempo (ha pelo menos mais de 45 dias), quando Joaquim Alberto Chissano estava a caminho do Porto onde ia receber mais um doutoramento honoris causa. Na altura o então Presidente da Frelimo, disse em resposta a pergunta de um jornalista, que continuaria Presidente da Frelimo, pelo menos ate ao próximo Congresso da Frelimo, o que feitas as contas significaria que Chissano continuaria timoneiro da Frelimo ate pelo menos 2007 (se nossas contas nao estiverem erradas). Isto parece fazer sentido uma vez que em partidos democráticos ou que se pretendem democráticos so os Congressos e que tem a prerrogativa de eleger o Presidente do Partido. Como e que neste caso o Comité Central se substitui ao Congresso nao cabe la muito bem nesta minha pobre cabeça! Cheira a batota e levanta uma questão de fundo: Será que os estatutos da Frelimo foram violados neste ‘golpezinho palaciano’? Nao deveria o Comité Central colocar Guebuza como Presidente interino ate a convocacao do Congresso ou então nao se deveria ter convocado um Congresso Extraordinário para tal efeito?

Contudo, apesar da tentativa ridula do fidelíssimo Edson Macuacua de ‘tapar o vento com as mãos’, afirmando que o assunto sucessão nao seria discutido porque nao constava da agenda, o ponto quente da sessão do CC foi de facto o ‘acantonamento’ definitivo (?) de Joaquim Chissano da liderança do ‘tambor e da maçaroca!’

A pergunta obvia nestas circunstancias e: o que e que terá obrigado Chissano a dar o dito pelo nao dito? O que e que estará por detrás deste volte-face Chissanista? Terá Chissano saído voluntariamente ou alguém o terá empurrado? Terá Chissano se antecipado a algo inevitável?

Estas perguntas tem a razão de ser pois nao se explica pelo menos racionalmente como e que um cidadão aceita ser Secretario-Geral e Presidente do mesmo partido? Será que Guebuza nao teve tempo para encontrar um delfim no posto de Secretario Geral pelo menos para inglês ver? Ou o Partido ja nao tem quadros de confiança? E que como as coisas estão fica demasiado caricata a situacao actual em que Guebuza se encontra! Secretario Geral do Partido, presidente do partido, Chefe de estado, chefe de Governo, Comandante em Chefe das Forcas Aramadas! Com este andar nao me surpreenderia se Guebuza assumisse as funcoes de Presidente da Assembleia da Republica, ou de Presidente da OMM! Para que tanto poder concentrado numa pessoa? Será que nos esquecemos que o poder absoluto corrompe absolutamente?

E lógico que so Chissano, Guebuza e alguns membros da Comissão Politica da Frelimo estarão ao corrente do que realmente se passou naquele fatídico dia! Mas porque a nos nao nos resta outra saída senão o da ‘especulacao’ ca estamos tentando juntar os cacos e usando a deducao para que possamos por alguma luz na historia recente do nosso pais.

A segunda questão a ser colocada tem a ver com o alegado atraso de duas ou mais horas do inicio da reunião do Comité Central na Matola, aparentemente porque a Comissão Politica estaria a ‘forcar’ Chissano a dar o dito pelo nao dito! Terá sido o segundo ‘golpe palaciano’ que Chissano sofre em menos de dois anos?
O que estaria por detras de tal atraso?

A terceira pergunta tem a ver com o facto de fofoqueiros seniores da praça garantirem que recentemente Zumbire conferenciara tanto com Chissano como com Guebuza como era seu dever. O que terão discutido nesses encontros so Deus sabe, e provavelmente o que ele discutiu com cada um deles so ele sabia! Com o seu desaparecimento físico ninguém mais ficara a saber!

Para por alguns pontos nos iis, decidimos optar pela lógica de alguns detectives, que se baseia em perguntar ou tentar saber quem lucraria com a morte da vitima, ou seja quem ganharia com a morte de Zumbire?

Ponto Um: Com a morte de Zumbire, Guebuza passa a ter a mão livre para montar a sua equipa de segurança, mas em contrapartida perde um acervo substancial de informacao que deve ter acompanhado Zumbire ao Cemitério de Lhanguene. Será que a necessidade de montar uma equipa fiel ao novo timoneiro do tambor e da maçaroca levaria a tanto? Guebuza ganharia mais ou menos com Zumbire em vida?

Ponto Dois: Com a morte de Zumbire, Chissano fica seguro que para alem dele ninguém mais sabera dos segredos que ele nao queria que mais ninguém soubesse! Alias em plena entrevista em resposta a uma pergunta de um jornalista da TVM, em que este queria saber se Chissano ja começara a passar os ‘segredos da casa’ a Guebuza, Chissano afirmara sem papas na língua (o que nos surpreendeu bastante na altura) que passara ja uma parte dos segredos da casa, que passaria alguns mais mas que haveria certos segredos que jamais seriam passados a Guebuza! Será que tal necessidade de preservar uma parte dos segredos o levaria a tanto?

Para terminar aproveitar o ensejo para rogar aos leitores para que nao me acusem de ter acusado a alguém! Apenas juntei os pedaços que os fofoqueiros da praça distribuíram gratuitamente, e dei-me ao deleite de fazer algumas conjecturas, em surdina, fazendo uso das prerrogativas que a constituicao me oferece!!
E nao disse mais nada, tanto mais que se diz algures que Hitler mandava desta para a melhor os arquitectos e engenheiros que construíam os seus bunkeres secretos! Será o caso?

Ate porque a conclusão e sua caro leitor! Quem matou Zumbire?

De Xiconhoca a businessnhoca-a metamorfose de uma carreia ou de um sistema?

Sua Excia Senhor Presidente da Republica, AEG


Excelencia, porque o prometido e devido ca estou, conforme o nosso combino no artigo da semana passada!
Excia,

No ambito da sua ‘ governacao inclusiva’ permita-me Excia ajudar-lhe na descricao de algumas classes sociais que vovo Marx se esqueceu de descrever na sua famosa obra DAS KAPITAL! Faco-o Excia no ambito do combate desenfreado e sem quartel que Vossa Excia iniciou! Um combate cerrado e sem contemplacoes!

Excia, confesso-lhe que este artigo surgiu depois de ter lido a nossa biblia no tempo do ‘inesquecivel e Sabio Marechal’, estou a falar do ‘ Como Age o Inimigo (interno)’! Recorda-se Excia?

Excia, peco desculpas pois a minha memoria nao anda assim a tao cem por cento! E que alguns factos ja nao colam bem na minha logica de pensar.

Nao me recordo bem se na altura o chefe era Comissariao Politico, Ministro da Administracao Interna, Dirigente da Provincia de Sofala, Ministro Sem Pasta ou entao se foi no tempo em que Vocemesse caira na desgraca e vivia com residencia vigiada, aquilo que os Ocidentais teimam em chamar de Prisao domiciliaria!

Excia sei que o nosso estado e laico, mas permita-me comecar como comeca esse livro santo!

Naqueles tempos, existia um departamento extremamente famoso e poderoso – o Departamento de Trabalho Ideologico (DTI) do nosso partido mor-a FRELIMO. Este Departamento trabalhava que se fartava. Numa das suas engenhosas descobertas fez um estudo interessante – estudou a situacao interna, que era delicada, misturou varios elementos quimicos, adicionou reagentes e o resultado nao poderia ser menos brilhante – a criacao de uma personagem tao suis generis e tao interessante que nunca mais saiu do pais, apesar de o seu progenitor ter ido a falencia- o Xiconhoca. E que o Xiconhoca essa figura mitica e genial foi e continua a mostrar as suas impares capacidades chegando mesmo a despistar o proprio criador dando-lhe um verdadeiro KO! Excia, como e que o DTI nao recebeu o primeiro premio do concurso de ‘inovadores e inventores’ ou ao menos uma emulacao socialista, so o Xico sabe! O Xiconhoca continua vivo mas o DTI foi extinto, ou melhor passou a reserva, pelo que as mas bocas dizem, por ordens do Xico! Quem diria! E mais, hoje o Xiconhoca, ate e membro do partido, recentemente foi eleito membro do Comite Central, e no ultimo Congresso na Matola fez furor ao ser eleito membro do Bureau Politico. ‘Tio Xico’ como e mais conhecido nas discotecas, onde nao poupa as catorzinhas, nao hesita em exibir seus dotes monetarios, comprando a tudo e a todos! De certeza que Jorge Rebelo e companhia devem andar arrependidos por terem criado tal prodigio sem exigir a patente! Hoje ao inves de se contentar com as dores que lhe da o predio da Vladmir Lenine, seria o homem mais rico deste pais! E que para alem do Partido o Xiconhoca tomou conta da nossa economia, do nosso exercito e quica da nossa diplomacia. O Xiconhoca, tem muitas formas. Actua como o virus do SIDA! Nos negocios temos o Businessnhoca, no partido o Camaradanhoca, no exercito o Generalnhoca, no parlamento o Deputanhoca e na nossa diplomacia temos o Diplonhoca.

Excia, infelizmente por limitacao de espaco, neste artigo teremos espaco para descrever o CV de apenas uma das vertentes do tio Xico: O Businessnhoca. Contudo prometemos em proximas edicoes se o inimigo interno nao nos antecipar, a apresentar as restantes variacoes do Tio Chico!

Excia, como deve se recordar a “mitica historiografia” do DTI aponta as origens do Bussinessnhoca a abertura da Frente do Niassa Oriental, durante a Luta de Libertacao Nacional. Sempre que se avizinhava um combate fingia estar doente, mas no regresso os gloriosos combatentes encontravam o ‘doente’ fora da caserna com umas quinhentas a mais fruto da venda de ‘latarias’ que nos eram gentilmente oferecidas pelo entao Comite de Libertacao de Africa! Como se isso nao bastasse o nosso amigo ‘gazetava’ as sessoes de educacao patriotica, acambarcava os bens do povo e nao fazia entrar nos cofres do partido as contribuicoes dos membros de base! Apesar de ter sofrido duras criticas no Congresso de Madjedje sobreviveu a depuracao que se seguiu ao Segundo Congresso e proclamada a independencia ocupou varios postos. Sobreviveu ao Terceiro Congresso e a transformacao do partido em Marxista Leninista. Foi nomeado Dirigente e resistiu com genica a sucessivas Ofensivas Politicas e Organizacionais. Com a morte de Samora e a consequente liberalizacao economica decidiu sair do esconderijo – chegara finalmente o momento por que tanto esperara! E que ele fora sempre mal entendido! Nao se juntara a Luta de Libertacao Nacional para beneficiar o povo! Alias nao fazia parrte da sua cultura dar a vida para o bem da maioria! Juntara-se sim porque os portugueses nao lhe deixavam ser ‘burgues’! Ou por outra o seu sonho mor era substituir os colonos! E assim o fez!

Anunciada a liberalizacao economica, nao se pos a correr, nao descarrilasse o comboio. Alias sempre se disse que o Seguro morreu de velho! Como a prudencia e a mae da sabedoria esperou um ano para ter a certeza de que as coisas estavam no bom caminho. Comecou a actuar em 1988. Adquiriu uma barraca no Museu. Depois duas e tres. Adquiriu outra no Mercado Janet, e mais outra e outra. Consegui mais duas no Mandela (Nelson), e depois outra no Mandela (Winnie). Consolidado o imperio arrecadou numa unica jogada uma duzia de barracas no Estrela. Com o fim do monopolio dos TPU comprou um chapa, depois outro, e outro! Atento as movimentacoes politicas, nao perdeu tempo. Subornou alguns camaradas do partido, na sua provincia natal e conseguiu um lugar seguro na lista do partido as eleicoes de 1994, para evitar surpresas de maior. Claro era mais facil passar nas quotas provinciais, uma vez que Chissano decidira nao so pretizar o poder como tambem regionaliza-lo. Com a liberalizacao da habitacao, comprou umas ‘chaves’ e sub-alugou-as. Hoje dizem que dono de um imperio de 144 casas. Uma especie de apiezinha! Nao se esqueceu de reservar uma das casas ao Primeiro Secretario do partido na sua provincia natal e isso possibilitou-lhe a eleicao para o Comite Central. Fez algumas intervencoes na Assembleia da Respublica, no dia em que as camaras da televisao apareceram. Assim tinha a certeza que passava a ser cidadao nacional!! Fez questao de passar umas notas verdes ao jornalista da TVZ, para que desse algum destaque a sua intervencao! Ate porque o novo ‘estatuto’ abria-lhe algumas portas! No dia seguinte, promovido a cidadao nacional, fez questao de marcar uma audiencia com o recem-nomeado Governador do BSPM (Banco para o Subdesenvolvimento do Povo Mocambicano), pois precisava de um reforco na sua capacidade defensiva, queria dizer financeira. Ate porque as coisas sairam facilitadas, pois o camarada Governador fazia parte do mesmo grupo de estudo de teses ao Congresso. Aproveitou a sessao de estudo das teses para marcar a audiencia. Nao tardou, no dia seguinte recebeu uma chamada - do Banco. Era a secretaria do governador do banco, queria dizer do gerente do banco a perguntar se teria tempo para ser recebido pelo chefe! Nem mais, cancelou todos os compromissos que nao tinha e rumou ao banco. Nao fosse o chefe mudar de prioridades. Saiu da audiencia bilionario!. Criou uma empresa import-export e como tinha a Candinha nas alfandegas, tudo virou negocio. Importava de tudo desde alho a batata doce, passando pelos whiskies, cerveja, aparelhos sonoros, carros. So lhe faltava importar barcos e avioes! No que se refere a exportacao a sua area preferida eram os famosos ‘light weapon’ ou seja AKM que haviam sobrado do incendio do paiol! E mais ‘ varreu’ com toda a ‘sucata’ de MIGS, ANTONOVES e helicopteros para a vizinha Africa do Sul. Perguntado se nao via que essas armas seriam usadas para ceifar vidas, respondeu laconicamente: camarada eu sou um PATRIOTA estou a contribuir para o nosso PIB ao contrario daqueles que investem no exterior! E mais, ao exportar as AKM’s para a Africa do Sul nao estou a fazer nada de novo, apenas estou devolvendo as armas que eles introduziram em Mocambique durante a Guerra, que uns teimam em chamar de desestabilizacao enquanto que outros preferem chama-la de civil, com alguma mais valia queria dizer lucro e claro! Quer dizer estou a desestabilizar aquele que nos desestabilizou! Mas chefe nao ve que a Africa do Sul e hoje nossa irma? Respondeu laconicamente: o camaleao pode mudar de cor mas nao deixa de ser camaleao! nao entendi!

Do Comite Central ao Bureau Politico foi apenas um salto, pois fazia parte da tribo bussneceira do novo chefe! E como se isto nao bastasse, em conversas com amigos de confianca promete que vai ser o candidato do partido as eleicoes presidenciais de 2010! Talentoso que e o nosso amigo e, nao tenho a minima duvida! A ver vamos…!

Durante a campanha o mano Chico nao se fez rogado. Era uma oportunidade impar para mostar servico. Ofereceu ao partido 15 milioes de dolares, passando assim a ser o maior doador singular. E mais mandou parar com o negocio de chapas. Distribuiu-os pelas celulas do partido a fim de garantir nao so o apoio popular como o voto. Mas antes disso mandou pintar na faixa lateral dos minibuses o seu nome para que nao houvesse duvidas do progenitor de tal iniciativa.

Hoje que estamos na epoca da luta contra o ‘deixa-andar, burocratismo e corrupcao’ mano Chico nao perdeu tempo. Empacotou uma consultoria ao primo Xilus na nossa famosa Universidade. Este nao perdeu tempo. Conhecendo e desconhecendo a fraqueza intelectual do nosso ‘ lider sabio e incontestavel’ nao perdeu tempo com investigacoes -recolher os discursos de Samora Machel e trocou o nome daquele pelo do novo dirigente! Afinal a memoria do povo nao e curta?

Os discursos quentes a Samoriana na campanha fizeram-lhe notavel. No totobola ministerial caiu-lhe a sorte grande! Virou Ministro para a Criacao e Apoio ao Empresariado Nacional –sua grande ambicao!!

Para que nao nos acusem de partidarismos e falta de equilibrio deixemos o bussnessnhoca em paz! Tanto mais que ele ate paga impostos e contribui para o crescimento do Produto Nacional Esperto, queria dizer Bruto! Ele apenas esta a explorar o seu ‘capital social’ diria a minha amiga Irae coadjuvada pelo Ben Fine, meu professor predilecto!

Na proxima edicao falaremos do Diplonhoca. Um animal em franca ascencao.
E mais nao disse.

'Cada pessoa deveria progredir ate onde o seu talento o permitir'

por Manuel_de_Araujo@hotmail.com em Londres
'Foi lancada ontem na Cidade de Londres a biografia da Ex-Secretaria de Estado Norte Americana, Madeleine Albright. A cerimonia de lancamento e assinatura de exemplares contou com a presenca da autora. Ao local acorreram dezenas de singulares que nao perderam a oportunidade de trocar impressoes com a primeira 'mulher' a assumir tao importante cargo na historia dos EUA.
A autobiografia de 562 paginas retrata a vida da Madlenka ou seja Marie Jana Korbel, nascida em Praga Checoslovakia, a 15 de Maio de 1937. Na emotiva biografia, Madeleine explica como e que uma moca nascida em Praga, Checoslovakia ascende a um dos cargos mais importantes do mundo!
Marie conta as peripecias a que seu pai, diplomata ao servico do governo do seu pais foi por duas vezes obrigado a abandonar o seu posto de trabalho e refugiar-se. Primeiro em Londres e mais tarde, depois de um regresso ao seu pais para os EUA.
Marie Jana Korbel, conta na sua biografia o roteiro porque passa um refugiado. A necessidade de 'aculturar-se' passando pela humilhacao, a privacao, a estigmatizacao social e finalmente triunfo. Apresenta aos leitores as suas limitacoes sociais bem como a necessidade em acreditar num presente e futuro promissor. A obra apresenta pormenorizadamente a sua infancia passada entre Praga, Londres (exilio), Praga (regresso) Belgrado, Suica, Nova York, e finalmente Denver (segundo exilio).
Como e que que esta mulher que so entrou para a vida publica aos 39 anos conseguiu aquilo a que carreiras de mais de 60 anos nao conseguiram?
Ela conta os desafios porque uma mulher passa ao querer conjugar a vida familiar, ( tres filhas e esposo) com a vida academica e profissional. Nas entrelinhas Mme Albright mostra tambem as vississitudes que uma 'refugiada' passa ao cometer a proeza de se apaixonar por um membro de um dos clas mais poderosos dos EUA, terminando como era de prever num divorcio!
Nas paginas deste livro, estao descritas as lutas e os lobbies que involvem o processo de nomeacao de dirigentes, as ansiedades dos envolvidos, as rivalidades, as coligacoes e outras intrigas proprias de quem joga na primeira divisao do poder mundial.
E sem margem para duvidas uma odisseia interessante, para quem goste de entender os subterfugios da politica externa americana e o processo de tomada de decisoes naquela que e a nacao mais poderosa do mundo! Como ela propria o confessou, queria que este livro fosse uma combinacao do pessoal com politica e que descrevesse nao apenas como as coisas aconteceram mas tambem porque e como e que os eventos foram influenciados por relacoes humanas.
Ela nao deixa de retratar as visitas anairobi e dar es Salaam depois dos atentados da Al Qaeda, bem como o facto de nao ter podido fazer mais para evitar o genocidio Ruandes!
Um livro a nao perder!
Manuel de Araujo

Soberania Escancarada

Por Manuel_de_Araujo@hotmail.com em Londres

Dedico este artigo ao jovem militar ferido em Inhambane defendendo a soberania do meu pais! Tambem estendo a dedicatoria aos jovens da Comissao Interministerial para a Conferencia dos Chefes de Estado e Governo da Uniao Africana e seu timoneiro, Leonardo Simao pela consulta e involvimento da sociedade civil.

Tenho-me perguntado inumeras vezes o que e que os meus compatriotas faziam no Ministerio da Defesa. Esta pergunta parece estupida mas garanto-vos que nao e. E mais ela nao surgiu ha anos quando fiquei com a impressao de que alguem havia decidido desfazer-se dos nossos senhores de Guerra do meu pais. Na altura ate compreendi as razoes. Explico-me.

Fiquei com a impressao de aquando das negociacoes de Roma, uma parte da ‘nomenclatura’ mocambicana achou por bem esvaziar o Ministerio da Defesa e reforcar o do Interior. A explicacao parece estar no facto de em Roma a Renamo ter exigido a divisao das pastas neste Ministerio (Defesa). Foi assim que se nao me engano, foi ensaiado um baralho meio confuso que so Raul Domingos e armando Guebuza compreendem. De acordo com o acordado, a Marinha de Guerra passaria a ser comandada por um General da Renamo, tendo seu adjunto um da Frelimo, a Forca Aerea pela Frelimo e seu adjunto da Renamo e as Forcas Armadas (ditas terrestres) ficaram com a Frelimo adjuvadas pela Renamo. Pode nao ter exctamente isto mas este era o sentido! Cada ‘Arma’ seria dirigida por um official de um lado coadjuvado por um do outro. Para dizer a verdade nao percebi bem como e que a Renamo aceitou dirigir a marinha quando bem se sabe que as suas forcas nao tinham experiencia na area! Na Forca Aerea compreendia-se pois esta e composta pela parte aerea propriamente dita e a defesa antiaerea – ai parece que a Renamo tinha alguma experiencia, apesar de escassa. Mas nao e por ai que porca torce o rabo. Talvez porque a Frelimo tivesse percebido que o real poder estava nas forcas armadas dai que nao poderia ceder este ramo essencial! Nao contesto de per si a estrategia nem o contexto de tal medida, pois estrategias sao estrategias e em negociacoes tudo e possivel. Ora se o meu raciocinio esta certo (porque pode nao estar), entao perguntava-me, o que e que os meus ex-colegas, ex-alunos e outra malta estaria fazendo nos gabinetes do Ministerio da Defesa!? Sei que participavam em workshops mas para alem das viagens o que mais? Estariam eles a par da situacao? Se sim estariam eles a eleborar uma estrategia a longo prazo para quando o ministerio em que trabalham passase a fazer parte das pecas do Xadrez de Chissano ou de Guebuza ou de Dlakhama? Quer dizer para alem da Politica Nacional de Defesa que deve existir algures havera uma Estrategia de Defesa Nacional? E que me ensinaram que as duas coisas nao eram sinonimas! E defesa nacional nao significa apenas Guerra ou ataques armados. E muito mais do que isso! Inclui prevencao de poluicao ambiental, social e politica.
E que o acidente ou incidente no mar alto mostrou uma vez mais as nossas vulnerabilidades. Nao virei aqui dizer que nao sabia que eramos vulneraveis a esse ponto pois isso ficou bem claro aquando das cheias de 2000! Sabemos todos que a nossa marinha de Guerra anda de tangas. Do mesmo modo que anda a nossa forca aerea e quica as nossas gloriosas Forcas Armadas! O que me preocupa e essa sensacao de felicidade idilica. Essa aparente despreocupacao com a pobreza da nossa defesa. O que me preocupa e o facto de estar a notar que parece que desde 2000 nada aconteceu no Ministerio da Defesa no sentido de colmatar esta situacao! Quer dizer continuamos agora tao de tangas como aquando das cheias de 2000! Sera esta a verdade nua e crua ou estarei miopizado pela distancia que me separa do ‘terreno das operacoes’?


Nao estou aqui a dizer que nos mostrem os segredos do estado. Nem estamos aqui a pedir que divulguem o que nao devem. Mas achamos ser imperioso que exista uma estrategia nacional de defesa, para alem da politica de defesa. E que uma estrategia define os objectivos, bem como os meis necessarios para alcancar tais meios. Por outras palavras define os nossos pontos de potencialidade e de vulnerabilidade e toma as medidas necessarias para minimizar tais vulnerabilidades e maximizar as potencialidades. Uma coisa tipo PARPA do Ministerio da Defesa, onde estejam claros o papel das forcas armadas bem como da comunidade e sociedade civil na defesa da soberania nacional. E que se existisse tal instrumento e bem provavel que a sociedade civil, os homens de negocios e outros ‘stakeholders’ podessem contribuir para a minimizacao da falta de meios porque passsam, os nossos mancebos.

Existe uma certa cultura em parte dos meus contemporaneous daquilo a que eu chamo de ‘naturalizacao de desastres’! Quer dizer uma tendencia de considerar que os desastres aparecem por destino, pois fazem parte da natureza, esquecendo-se que ha desastres que podem ser prevenidos, outros minimizados. Sei que ainda dependemos da natureza, dai que nao vamos exigir que facamos aquilo que aconteceu no jogo entre o Arsenal e o Southampton no jogo da final da taca da Inglaterra, em que face a chuva os organizadores nao fizeram nada mais e nada menos que cobrir o estadio! Nao e isso que estamos a pedir mas que nos inspiremos nesses exemplos para que um dia nossos filhos possam sonhar com tal realidade! Ontem foi o derrame do petroleo na nossa costa, hoje e o barco pirata que dispara e foge impune, amanha podera ser un terrorista que apercebendo-se de que a nossa costa anda escancarrada podera usa-la para perpetrar ataques contra o nosso turismo, a nossa economia, a nossa seguranca!

E que por mais que tenhamos um crescimento do PIB ou do PNB de mais de 20% se nao houver estabilidade politica e social todo esse esforco pode descarrilar num dia! Basta um ataque num dos nossos centros turisticos para que um sector sensivel da nossa economia afunde e com ela o nosso magro crescimento economico!

Nao ha duvidas que os exercitos em Africa tem sido mais instrumentos de desestabilizacao que de estabilizacao! Se for essa a logica da depauperizacao do nosso exercito compreenderei. Mas se nao for entao teremos de definir prioridades. A marinha penso eu deveria ter essa prioridade por duas razoes. Defesa dos nossos recursos marinhos e possibilidade de conversao desses meios em tempo de crises agudas como as cheias. No que se refere a forca aerea ao inves de opotarmos por MIGS e Mirages deveriamos olhar para helicopteros pois estes tem uma funcao dupla: militar e civil.

Neste manto de negligencia nao esta apenas o Ministerio da Defesa. Estamos todos nos: Sociedade civil, academia, homens de negocios etc. Nos outros paises existem Centros de Estudos Estrategicos que trabalham nessas materias e assessoram os dirigentes. Estara o nosso Centro habilitado para assessossar os nossos homens? Um TPC a dupla Taimo-Rudolfo.

Acho que passados 10 anos e imperioso chamar-mos cao a cao e burro a burro. Quer dizer se era concebivel que num momento de transicao medidas excepcionais fossem tomadas, acho ter chegado o momento de devolver as forcas armadas a dignidade que merece e o seu lugar na soberania nacional. Nao podemos continuar a ter umas forcas armadas so para o ingles ver, alias como se viu no recente incidente no alto mar, em que ao que as mas linguas dizem uma ‘canoa’ pos a nossa marinha de Guerra em KO tecnico! E como se nao bastasse apesar de imobilizada ninguem se dignou em aprisionar e rebocar o barco para possiveis investigacoes! Nao sera o barco ‘nosso’? E que com tantos ‘camaradas’ armados em ‘pescadores’ nunca se sabe se o barco era Chines ou Mocambicano!

Precisamos pelo menos de uma marinha de Guerra nao so defender o nosso camarao, mas tambem as nossas praias e riquezas marinhas, pois como dizia o meu docente de geoestrategia, o mar tanto pode ser um instrumento de defesa como de ataque, um elemento de potencialidade para o poder nacional como uma vulnerabilidade. E nesta era da globalizacao do terrorismo internacional todo o cuidado e pouco!

Por favor, nao escancarem a minha soberania!

E mais nao disse!

30 anos depois-Mocambique quovadis? Ou seja uma Radiografia ao pais real !

Dedico este artigo ao Prof. Dr. Lourenco do Rosario - A minha prenda pelos 30 anos de Independencia!

Desta vez escrevo do Mocambique B ou se quiserem do Mocambique dois. B porque este Mocambique de onde vos escrevo difere sobremaneira do Mocambique A ou 1, se quiserem. Dou-me a veleidade e quica a arrogancia e atrevimento de emprestar um termo usado por aquele que por merito proprio e sem escovismos veio substituir Brazao Mazula, como referencia obrigatoria da nossa academia. Se nao para todos pelos menos para mim! E que ha ja bons meses que me sentia orfao, e sem ponto de referencia, desde que Brazao Mazula decidiu dar um tiro nas suas proprias credenciais politico-academicas! Estou a falar da figura do mediatico Prof. Dr. Lourenco do Rosario. Este ilustre academico, numa entrevista singular, na TVM disse ha dias coisas que muita gente nao tem ‘ a coragem de dizer’ pelo menos em publico ou seja tirou a pele de politico e usou a de um academico comprometido com a verdade. Um academico que diz aquilo que pensa, independentemente das consequencias que dai advierem! Para quem o quis ouvir, Do Rosario disse muito mais do que disse naquela singela entrevista. Nesta pequena cronica nao poderei dizer tudo o que ouvi. Vou apenas singir-me a uma ou duas coisas. Inter alia, ouvi-o dizer, se e que nao imaginei ouvi-lo dizer que ‘ este pais funcionava a duas velocidades’ . Uma afirmacao profunda e cheia de significados vinda de quem veio. Uma afirmacao que nos deveria levar a um debate serio sobre a problematica das assimetrias regionais. Uma afirmacao que pode ser interpretada de muitas formas de acordo com a formatacao intelectual de cada receptor. Uma afirmacao susceptivel a varias interpretacoes. Algumas ate que podem diferir do contexto original em que o autor as proferiu! Mas uma vez ca fora, e porque a linguagem oral nao se apaga, tais palavras tem o direito de serem interpretadas e de evoluir na direccao em que elas quiserem, pois as palavras ditas, e expelidas ca para fora sao como um filho, que uma vez gerado, uma vez ca fora nao podemos faze-lo voltar as entranhas da progenitora, e muito menos limita-lo nos sonhos e voos que ele decidir dar! Dai que dou-me a veleidade de na minha pobre imaginacao afirmar que na minha acepcao o pensamento do digno douto apesar de profundo e serio estava incompleto e pecava pela simplicidade. Mas nao e por pecar pela simplicidade que o valor de tal afirmacao perde a sua forca. Pelo contrario! Ela permite-nos divagar e raciocinar ate onde nossa imaginacao poder! E ai esta o merito do Prof. Dr. Do Rosario! Ai esta o merito de um academico-gerar ideias controversas que nos levem ao debate da nossa situacao.

A complementar o raciocinio do douto senhor, na minha modesta opiniao Mocambique nao funciona apenas a duas velocidades. Mocambique, como um carro normal e moderno funciona a seis velocidades. E para demonstrar o meu raciocinio, deixem-me deleitar-vos com um passeio as pais real, atraves de uma viagem fruto das minhas recentes investidas as entranhas do Mocambique real. Explico-me.

Levo na minha bagagem como premissa basica o facto de para mim existirem seis Mocambiques, mas para nao ferir a unicidade do Estado mocambicano plasmado na Constituicao Mocambicana, direi nao que existem seis Mocambiques mas que existe um e apenas um Mocambique (uno e indivisivel) que funciona a seis velocidades. E mais polite e acima de tudo e mais politicamente correcto! Mas mesmo assim sem o dizer ficou a ideia!

Assim sendo, no meu mundo imaginario na primeira velocidade funcionaria o Mocambique urbano, no qual fazem parte as Cidades de Maputo e Matola. Estas Cidades apesar de degradadas e em continua ‘ruralizacao’ (excepcao seja feita a Polanashield) parecem estar a ressurgir do marasmo a que estavam submetidas como consequencia da guerra, ma gestao, invasao dos deslocados, ma planificacao centralizada e outros males sociais. Estas duas urbes nao so beneficiam dos espolios provenientes de todo o pais, seja humano, financeiro ou material, como tambem, se incluirmos seus arredores, atraem e consomem qualquer coisa como dois tercos do investimento directo estrangeiro! Tem o maior parque industrial do pais,as maiores e melhores universidades (mais de oito), tem as sedes dos tres poderes: o governo, o parlamento, o judicial, tem as representacoes diplomaticas e como se isto nao bastasse sao vizinhas da unica potencia regional, a Africa do Sul.

E para estas cidades que toda a riqueza humana, material e financeira desagua. E aqui que todas as empresas do grupo A, independentemente da sua localizacao no territorio nacional pagam seus impostos, depositam seus lucros e fazem seus emprestimos para novos investimentos. E mais todo o jovem que termine o decimo segundo ano, ou o ensino tecnico profissional tem apenas um sonho: ir a Maputo/Matola porque e la que se situa a possibilidade de sonhar, a possibilidade de ascender na vida social, profissional e academica. Estas duas Cidades sao se quisermos o coracao e o sangue do pais. Coracao esse que em tempos remotos pertencia ao mocambique B, comecando pela Cidade da Beira e Matola equivalente, a Cidade de Dondo!

Na segunda velocidade estariam algumas urbes provinciais. Nesta categoria militariam em primeiro lugar a Cidade de Nampula, em segundo a da Beira e a Cidade de Chimoio. A Cidade de Nampula como que por milagre divino faz parte das tres Cidades do pais que conseguiram acordar do marasmo. As outras sao Chimoio e Pemba. Chimoio por influencia dos farmeiros e homens de negocio zimbabweanos bem como da tolerancia do meu amigo ex-sindicalista Soares Nhaca e Pemba por influencia do turismo e ha quem diga, tal como Nampula por serem parte do famigerado ‘corredor da droga’. Porque Nampula floresce a Beira desmorece ainda nao sei explicar, apesar de ter ja em maos algumas hipoteses de trabalho.

Na terceira velocidade, encontramos as Cidades de Pemba, Tete, Cuamba e Nacala. Pemba rejuvenesce pelo potencial turistico bem como pela introducao de algumas faculdades/cursos sendo a destacar a Gestao de Turismo e Informatica. Cuamba ao que parece pela introducao da corajosa decisao do Padre Couto e da sua Universidade Catolica em abrir uma Faculdade de Agronomia. Tete parece nem subir nem descer e Nacala parece refem da incapacidade dos novos gestores do Corredor de Nacala de acordarem aquele gigante adormecido!

Na Quarta velocidade, encontramos as cidades rurais- Lichinga, Inhambane, Xai-Xai, Mocuba, Dondo etc.. Estas parecem nao ter nada a dizer. Continuam o seu sono e decadencias profundos. Lichinga apesar da aposta dos Suecos continua impavida no seu lugar e parece nao estar a sentir-se incomodada pela passagem barrulhenta do comboio ou barco da globalizacao. Xai-Xai recuperou de maneira magnificente das cheias de 2000, mas continua longe de ser polo de desenvolvimento! Mocuba, morreu de morte programada! Esburracada, humilhada e abandonada a ex-cidade continua sua marcha rumo a total ruralizacao da urbe. Dondo teima em andar apesar de lhe terem amputado as pernas!

Na Quinta velocidade temos o pais real, que por sua vez pode subdividir-se em muitas subvelocidades!
E esse pais real que ainda nao tem vos. Ainda nao e representado no parlamento e muito menos no governo! Carece de escolas, de hospitais, de medicos, de enfermeiros. Mas mais do que tudo isso carece de cantinas, o tal motor que podera revolucionar o mundo rural mocambicano.

No computo geral as Cidades da Beira e Quelimane sao a Sexta mudanca, ou seja a retaguarda. Estas duas cidades parecem ser aquelas que ao nivel do pais se ruralizaram mais. Perderam o seu ar de graca, bem como o espirito citadino! As empresas que deveriam sustentar a emergencia de uma burguesia e elites locais faliram ou foram falidas. As elites demitiram-se do seu papel e desapareceram e em seu lugar surgiram pequenos funcionarios publicos ligados a nomenklatura que despedacam e distribuem entre si os parcos espolios das empresas estatais entao existentes, e com esses parcos recursos vao investindo a sua riqueza em tascas ou entao em mais amantes!

Como dizia meu amigo Daniel da Costa, nestas duas Cidades a Cultura, aquele sol que nunca descia, ha muito que desceu! Ja nao ha eventos nem espacos culturais de referencia, as salas de cinema viraram lanchonetes, as respectivas marginais, onde jovens ensaiavam seus primeiros passos edilicos, foram transformados em locais onde verdadeiras matilhas namoram em pleno dia, as ruas viraram mais buracos do que estradas, os portos viraram centros de exportacao de toros de madeira e as almas destas duas cidades encontram-se literalmente escancaradas. E impressionante ver o nivel de degradacao social nestas urbes. E impressionante ver quantas jovens que deveriam estar nas escolas se dedicam em pleno dia a prostituicao! E impressionante ver nestas duas urbes quantos jovens passam o dia nos respectivos chungamoios ou entao sentados o dia todo vendendo seus sonhos ao ddesbarato! E impressionante ver como estas duas urbes deixaram de sonhor!

A unica diferenca entre estas duas urbes reside no facto de a Beira parecer estar a recuperar do seu passado recente de cidade morta, fruto da introducao de uma nova administracao municipal jovem, profissional e dinamica bem como a introducao recente de tres universidades: A Catolica, pioneira, a UP e a Faculdade de Direito da UEM. Em Quelimane, Dondo, Mocuba ou Gurue fazem faltam estes condimentos: administracoes municipais que nao decidem com base nos suspiros de Maputo, uma faculdade publica de economia, direito, agronomia ou jornalismo. Gostaria um dia de perceber se estas cidades auto-ruralizaram-se ou entao se foram deliberadamente ruralizadas!

Ora cada uma destas velocidades necessita de uma estrategia de desenvolvimento diferente. Uma estrategia baseada nas percepcoes dos agentes e das elites locais. Para isso urge a necessidade de as Assembleias Municiapis deixaram de fazer politica partidaria para passarem a fazer politica municipal! E preciso que os parlamentares municipais de Quelimane, Dondo, Mocuba, Gurue, por exemplo deixem de se degladiarem porque uns pertencem ao partido X e ou ao partido Y, e passem a discutir os reais problemas destas urbes! E preciso que os presidemtes municipais desliguem as fichasas que os ligam a Maputolandia, e trabalhem com as elites locais naquilo que sao as prioridades. E preciso que se reforme as Lei das autarquias, para que permita que empresas do grupo A e outras paguem parte dos seus impostos ao edil municipal da regiao onde se encontram! E preciso que se criem Centros de Promocao de Investimento nos municipios. Enfim precisa-se de uma nova utopia uma DESCENTRALIZADA E RESPONSAVEL! Senao Sera ‘ papo furado’ falar de democracia em Mocambique! Poque se democracia nao trouxer desenvolvimento, o povo optara pela ditatura! Perguntem aos Alemaes no tempo de Hitler! E que com este gatinhar o nosso Hitler podera nao estar muito longe!

Mocambique deveria orgulhar-se de ter filhos da categoria do Prof. Dr. Lourenco do Rosario! E porque estamos em semana da celebracao dos 30 anos da nossa utopia independentista permitam-me que vos ofereca este cidadao como minha prenda!

E mais nao disse!