Uma Autopsia (em 10 pontos ) a Derrota de Mocumbi a OMS!
Dedico este artigo a Dra. Lidia Brito e sua equipe no MESCT pelas consultas a nivel nacional da Politica de Ciencia e Tecnologia
Ponto Zero: Desde o anuncio da candidatura de Mocumbi a OMS escalei varias capitais Africanas e Europeias. Achei estranho o silencio que havia a volta da candidatura de Mocumbi nessas capitais! Esse silencio contrastava com o forma bombastica como os nossos media faziam questao de provar nao sei a quem da eminente vitoria de Mocumbi. Entanto que Mocambicano me interessava saber a opiniao de varios lobbies no que se refere a nossa candidatura. Apesar da minha discordancia quanto a metodologia seguida na escolha de Mocumbi como candidato de Mocambique, e quica de Africa, bem como na estrategia de lobbying seguida pela nossa diplomacia na promocao do nome de Mocumbi para tao almejado cargo, uma vez consumado o facto nao tive outra escolha senao ‘apoiar’ o nosso candidato. Claro um apoio nao por conviccao mas por defeito, pois de entre os candidatos Mocumbi era aquele que mais tinha a ver comigo. Dai que a derrota de Mocumbi nao foi apenas sua derrota. Foi minha derrota e foi derrota de Mocambique. Foi uma derrota de todos nos Mocambicanos e Africanos. Tendo sido derrotado e habito meu aprender dos erros cometidos pois meu pai me dizia de pequeno que ‘burro e aquele que chuta a mesma pedra no mesmo lugar por duas vezes’.
Ipso facto acho ser util um exercicio de balanco da candidatura de Mocumbi. Quer dizer importa a sociedade civil, e ao governo fazerem um balanco sobre este exercicio. Temos de ser capazes de descernir o que foi positivo do que foi negativo, para que nas proximas campanhas nao cometamos os meus erros. Alias se ha algum merito nesta campanha foi a ousadia do candidato mocambicano! Mas que fique claro que nao quero aqui dizer que Mocumbi perdeu por culpa deste ou daquele. Nao restam duvidas que qualquer ser humano isento e serio nao escolheria Mocumbi em detrimento Jong Wook Lee ou Peter Piot!. Mas isso nao quer dizer que nao poderiamos ter feito melhor papel na arena interrnacional! O que pretendo e lancar algum repto que possa contribuir para uma maior transparencia na gestao da nossa Res Publica! Trata-se de um artigo movido por uma logica que se pretende metodica! Como diria o dr. Maximo Dias trata-se de uma candidatura, queria dizer, artigo didatico!
Ponto Um: A comecar saudar a ousadia de Mocumbi! Ha anos que me intrigava o comportamento de Mocumbi no que se refere a assuntos relacionados a OMS. E que Mocumbi ja nao era timoneiro do nosso Ministerio da Saude ha anos, mas participava em varios encontros sobre assuntos que na minha miope visao deveriam ter a representacao de Simao que o substituiu no poleiro ou entao mais tarde de Songane! Tanto assim era que a dado passo passei, sempre que possivel a recortar todos os artigos que faziam referencia a participacao de Mocumbi em assuntos da OMS. Dai que quando se anunciou a sua candidatura nao me surpreendi! Mocumbi deveria ter um plano secreto, ou sonho seu em dirigir a OMS. Nada mau tanto mais que isto mostra que ele e metodico e sabe planificar! Portanto a ser verdade aqui fica uma licao! Positiva ou negativa? O leitor tem a palavra!
O Segundo aspecto tem a ver com o facto de Mocumbi nao ter pedido ferias ‘sem vencimento’ para se candidatar a serio ao cargo que ocupa. E que em Mocambique temos o habito de exercer duas tarefas a tempo inteiro! O resultado e a mediocridade! Quer dizer fazemos tudo as meias! Recordo-me da indignacao que me comoveu ha alguns anos atras quando soube que para alem de ser Primeiro-Ministro, Mocumbi estava a fazer um diploma de pos-graduacao em economia se nao me engano e ainda ia as praticas de ginecologia, de que dizem as mas linguas ser eximio especialista. Como se isso nao bastasse Mocumbi e pai e avo precisando deste modo de tempo para os netos e amigos. Ora das duas uma: ou Mocumbi e genio ou entao o cargo de Primeiro-Ministro no meu pais nao e serio! Como e possivel ao timoneiro de uma nacao tao pobre como Mocambique, com tantos problemas ter tanto tempo de sobra para tanta coisa? E que alguem me dizia que quem quer que as coisas acontecam faz e que nao quer manda fazer ou seja delega!
Um amigo meu que trabalha para a ONUSIDA informou-me que o seu chefe fez exactamente o contrario de Mocumbi e quando perdeu enviou um e-mail a todos os funcionarios da ONUSIDA no mundo inteiro a informar o seu regresso bem como a agradecer aqueles que apoiaram a sua candidatura. Sera que Mocumbi nao deveria ter feito algo similar? E que ainda vai a tempo.
O terceiro ponto da minha observacao refere-se ao facto de nao ter ficado claro quem decidiu que Mocambique deveria candidatar-se a tao almejado cargo e porque e que Mocumbi foi a escolha de Mocambique. A questao e mais simples. Quem e que define o que e do nosso interesse nacional e nao e? Um conselho, uma direccao, um partido, uma clique, um ministerio, um ministro, ou um Presidente? Quer dizer tendo se achado que Mocambique deveria participar nesta corrida, quem disse que Mocumbi era a melhor escolha? E que e bem possivel que tenhamos jovens formados em medicina ou saude publica no nosso pais, com folha de servico mais limpo, PhD’s, MSc’s, experiencia internacional, dominio de lingua inglesa perfeito, que se calhar poderia ter feito melhor figura. Digo e bem possivel pois e apenas uma possibilidade. O meu problema nao e com Mocumbi. O meu problema esta com o sistema que se optopu para declarar a candidatura de Mocumbi! Ate pode ser que Mocumbi seja de facto aquele que entre nos possui melhor folha de servico! Mas e preciso que o processo se democratise e se torne transparente! O que se faz noutros paises e simples. Tendo se decidido que era estrategico e de interesse nacional cria-se uma comissao para trabalhar no caso. A comissao estuda os regulamentos, a historia, do posto as potencialidades e vulnerabilidades do pais, e dos outros candidatos ou possiveis candidatos. Feito este trabalho de casa, vira-se para dentro para ver quem melhores chances tem para representar o pais ou seja quem melhores hipoteses tem para ganhar! E que para um cargo prestigiado como o de Director Geral da OMS, e preciso ter provado capacidade de gestao, experiencia na gestao de um orgao ou programa internacional, dominio explicito da lingua inglesa, publicacoes em jornais cientificos. Coisas que a prior me parece que o nosso compatriota nao se esgrimia. Descobertas as vulnerabilidades importava identificar as potencialidades do nosso candidato bem como dos adversarios. Acompanhei algumas entrevistas de Mocumbi a orgaos de informacao estrangeira. E me pareceu que o trabalho de casa sobre vulnerabilidades nao tinha sido feito! Pelo menos poderia ter melhorado a sua expressao face aos midia bem como na lingua de Shakespierre! Em conversa com amigos jornalistas e pessoal senior no nosso aparelho de governacao todos sem excepcao reconheceram que Mocumbi tinha problemas em lidar com jornalistas e outros entrevistadores! No mundo de hoje esse tipo de problemas minimizam-se com cursos baratos que variam de uma semana a quinze dias! Sera que o nosso candidato nao tinha esse tempo?
O quarto ponto a considerar foi a forma como alguns sectores da sociedade Mocambicana reagiram a derrota de Mocumbi! Fiquei estupefacto quando vi compatriotas meus celebrarem a derrota de Mocumbi! Da estupefacao passei a analise de tais comportamentos e uma das respostas que encontrei (nao sou em especialista em leitura de comportamentos) foi o facto de a candidatura de Mocumbi ter sido imposta ao povo mocambicano. E tendo sido imposta e bem possivel que a reaccao normal fosse a de oposicao nao a Mocumbi mas ao sistema. Penso eu!
O ponto acima indicado levantou varias inquietacoes. Se em Mocambique Mocumbi foi-nos ‘imposto’ quem me garante que o mesmo nao sucedeu em Africa? Quer dizer qual foi o processo que levou a proclamaco de Mocumbi como candidato de Africa? Nao tendo la estado nao posso afirmar mas conhecendo alguns actores como os conheco nao estaria surpreso se a mesma metodologia nao foi seguida! O que a ser verdade entao tera sido uma pena! Senao como se explica que com Mocumbi declarado candidato de Africa, o Egipto, onde ate temos uma embaixada tenha apresentado um candidato seu? Afinal referiamo-nos a Africa negra? Quer dizer sub-sahariana? Se assim era porque nao explicitar? Achei interessante ter sabido de ‘fofoqueiros’ que a desistencia da candidata do Senegal tinha a ver com certa Senegalesa defensora de interesses de Mocambique! Oxala houvesse mais Mocambicanas honorarias que entre os interesses de seu pais e os de Mocambique optam pelos nossos. De parabens esta a nossa diplomacia e o dr. Simao por este golpe de diplomacia classica! Mas isso nao e tudo! Como bem sabemos Diplomacia nao se gere com tacticas mas sim com estrategia!
O quinto ponto que gostaria de fazer referencia tem a ver com o facto de muitas vezes os paises da preriferia pensarem que diplomacia e democracia funcionam com premissas iguais. Acho ser altura propria para tirar das nossas cabecinhas o sonho de que diplomacia e igual a democracia. E que em democracia o que decide e o voto da maioria! Em diplomacia o que conta sao os votos dos mais fortes ou poderosos. Veja-se o caso do Conselho de Seguranca das Nacoes Unidas Em certas circumstancias vale mais ter o apoio da Inglaterra ou da Franca do que de 20 ou mais paises Africanos. Infelizmente, factos sao factos! E que se no lugar de tentarmos ser o candidato de Africa tivessemos gasto mais recursos a tentar convencer Tony Blair e a sua Commonwealth e Jacques Chirac e a sua Francofonia talvez tivessemos melhores resultados. No lugar de visitar Malabo na Guinea Equatorial, talvez fosse melhor escalar Madrid e pedir ajuda do Chidumo! E quando se faz lobby em Londres valem mais cinco minutos na Chatham House (Instituto Real para as Relacoes Internacionais) do que dez horas na London School of Hygiene and Tropical Medicine! Era isso que Gumende, Koloma, Panguene, e Mutoropa deveriam ter dito ao chefe se tivessem sido consultados!
O Sexto ponto tem a ver com a forma como a imprensa mediatizou a candidatura de Mocumbi. Falando verdade me pareceu que a campanha interna, via imprensa, de Mocumbi foi um verdadeiro sucesso! Tanto em Dezembro como em Janeiro quando me desloquei ao pais senti nos varios media a sensacao de que a eleicao de Mocumbi eram favos contados!
Vindo de fora do pais fiquei chocado pois me apercebi que se tratava de uma campanha de manipulaco da opiniao publica nacional. Contudo nao pude perceber o que e que se ganhava com isso se a verdade era bem outra! Quer dizer fiquei sem saber porque e que a nossa imprensa estava a usar uma politica de avestruz que se contentava face a um perigo em esconder a cabeca e deixar o rabo de fora todo visivel! Para que gastar tanto papel se a batalha se travava em Genebra e nao em Maputo? Seja quem for que dirigiu esta operacao interna merece o meu reconhecimento! Oxala nao tenha sido o Gabinete de Imprensa!
Ora dizia eu que este choque fez-me recordar um outro choque que tive em 1992 quando a RENAMO com uma unica voz parou a Guerra!. E que os media ate entao monopartidarios haviam-nos convencido de que a RENAMO nao passava de um grupo de maltrapilhas, bandidos sem lei nem beira! Como e que um grupo de bandidos, maltrapilhas sem lei nem beira respeitam um cessar fogo, tem um dirigente a quem obedecem ate hoje nao percebi! Dai que tenha desde essa altura criado uma relacao de desconfianca com tudo o que cheire a manipulacao! Passados 10 anos de construcao de democracia eis que volto a encarar uma situacao identica: mente-se descaradamente ao povo sem do nem piedade! Habito, molequismo ou falta de informacao? Sendo o tempo o melhor juizo, deixo que me julgue em devido tempo!
E para isso fica apenas a consolacao do lamento - Foi pena termos perdido esta ocasiao de consolidacao e exaltacao da unidade nacional!
O setimo ponto tem a ver com a estrategia de lobbying adoptada. Havendo parcos recursos para a missao, como bem o disse Carlos dos Santos, acho ser algo de senso comum que as nossa embaixadas deveriam ter sido escolhidas como pontos nevralgicos nesta campanha! Alias e por isso que despendemos milhares de dolares a garantir a representacao do nosso pais. Que eu saiba pelo menos em Londres, corredor estrategico na diplomacia internacional, e noutras capitais nevralgicas nossas embaixadas foram meros observadores! Fiz questao de consultar alguns amigos nas nossas embaixadas bem como alguns diplomatas de paises simpateticos a Mocambique e a conclusao a que cheguei foi de que a maior parte deles souberam da candidatura de Mocumbi pela primeira vez via imprensa. Porque? E que e preciso nao se esquecer que a diplomacia faz-se tambem com o peao do sistema e nem sempre com a rainha. Sao os peoes que influenciam as decisoes dos chefes!
E isto e grave pois tendo Simao definido a candidatura de Mocumbi como de interesse nacional entao as nossas embaixadas deveriam ter priorizado tal actividade! Quando o Tony e companhia acharam que era do Interesse Nacional Britanico participar na Guerra contra o Iraque mandaram chamar todos os embaixadores e Tony informou-lhes pessoalmente da posicao da Inglaterra fornecendo-lhes municoes para a batalha! Sendo pobres nao precisavamos de mandar vir todos os nossos embaixadores! Uma missiva atempada faria jeito! Tanto mais que a maior parte dos nossos diplomatas passam o Natal em Maputo, dai que uma reuniao ad hoc nao faria mal a ninguem! E que muitas vezes chego a questionar a racionalidade de algumas das nossas embaixadas! Alias me recordo que no Consultivo de Xai-Xai muitos embaixadores pediram municoes pois nao sabiam o que era o NEPAD, quando somos candidatos a presidencia da Uniao Africana! Mas deixemos esse assunto para outra ocasiao!
O oitavo ponto tem a ver com o uso da pagina da internet. E que a pagina da internet de Mocambique virou pagina oficial da candidatura de Mocumbi! Mas quanta gente consulta a pagina de Mocambique? O gesto ate foi util a nivel interno mas temos que por os pes no chao! Nao e por ai que se vende no exterior a imagem de um candidato a OMS! Ha outros canais, e temos quadros de primeira agua que nadam nesses ambientes como peixe na agua: Carlos dos Santos, Hipolito Patricio, Pedro Comissario, Frances Rodrigues, O da Silva, e outros bem os conhecem. Sera que foram adequadamente usados?
O nono ponto que considero importante foi o facto de Mocumbi ter levado uma carta de referencia de Mbeki! Nao sei o que poensam os nossos representantes. E que hoje (apesar do alegado envolvimento de Nyimpine no caso cardoso e das mortes em Montepuez, que mancharam sobremaneira a nossa imagem no exterior) Chissano tem maior prestigio na arena internacional que Tabo Mbeki! Queiramos isso ou nao! E ja que os de dentro do baralho nao o dizem, tomo eu esta liberdade ou seja libertinagem!
A meu ver era preferivel que Mocumbi levasse uma carta de referencia de Chissano ou de Mandela! E que em termos de diplomacia internacional a dupla Mbeki-Obasanjo se queimou devido ao dossier Zimbabwe! E como se nao bastasse foi Mbeki quem despoletou o caso dos retrovirais! Sera que nos esquecemos de que os retrovirais tem a ver com as industrias farmaceuticas que tambem tem interesses na OMS? Para bom entendedor meia palavra basta! Nao estou aqui a dizer que Mbeki agiu mal ou bem estou apenas a dar aquilo que e a minha opiniao sobre a opiniao da comunidade internacional sobre Mbeki!
O decimo ponto e o resultado da autopsia. Dado o acima exposto resta o diagnostico medico: o paciente morreu de morte natural, provocada por uma insuficiencia cardio-curricular e profissional.
German Christmas market attack suspect remanded
-
A 50-year-old man has appeared at a district court after a car drove into a
crowd in the city of Magdeburg, killing a nine-year-old boy and four other
people.
1 hour ago
No comments:
Post a Comment