Saturday 29 December 2007

Carta de Carlos Serra ao Presidente da Republica

Quanto mais flagrante é a desigualdade social, mais tendência têm os "fast thinkers" para exigir a neutralidade científica (Carlos Serra)
Divulgue este portal!
Carta para o Senhor Presidente da República, Armando Guebuza



Senhor Presidente
Permita-me que regresse ao tema que me levou a escrever aqui a primeira das cartas que desde Janeiro deste ano lhe tenho dirigido sobre os mais variados temas.
Presidente: segundo o "Notícias" de hoje, toros de madeira preciosa ilegalmente abatida encontram-se abandonados e espalhados a 80 quilómetros da cidade de Mocuba e nos distritos de Maganja da Costa, Pebane, Gilé, Morrumbala, Mopeia, Guruè e Milange, província da Zambézia.
Essa é uma notícia alarmante, terrível, Presidente.
A situação do desmatamento no país no que concerne à nossa madeira preciosa agrava-se mês após mês, com a participação de estrangeiros e de nacionais, como o "Notícias" e os ambientalistas têm mostrado regulamente.
Mesmo a olho nu é triste olhar a Zambézia. Mas não só a Zambézia: Inhambane, Sofala, Cabo Delgado, Niassa, etc. Nada escapa: umbila, pau-ferro, panga-panga, chanfuta.
Trata-se, Presidente, de um autêntico, desumano saque, sem maneio, sem real controlo.
Tal como lhe escrevi na primeira carta - permita-me recordar - floresta é raíz, floresta é o conjunto das nossas raízes, desta terra amada, mas desta terra cada vez mais desmatada.
Presidente: enquanto nos desflorestam, nos desmatam, enquanto a nossa rica madeira desaparece, estão muitos, cada vez mais muitos, a enriquecerem e a sentarem-se nos sofás e nas cadeiras com ela fabricados, em orientais e ocidentais terras, em múltiplos mercados e confortos deste planeta.
Presidente: corremos o risco de perder as raízes.
Presidente: corremos o risco de deixar os nossos filhos e netos entregues a um país sem raízes e sem alma.
É tudo, Presidente.
Feliz 2008 para si e sua Família.
A luta continua.
Carlos Serra, In www.oficinade sociologia.blogspot.com

ZAMBEZIA: O IMPEDIOSO ABATE DA FLORESTA

Zambézia: o impedioso abate da floresta
Toros de madeira preciosa ilegalmente abatida encontram-se abandonados e espalhados a 80 quilómetros da cidade de Mocuba e nos distritos de Maganja da Costa, Pebane, Gilé, Morrumbala, Mopeia, Guruè e Milange, província da Zambézia - eis o que o jornal "Notícias" constatou no terreno. Enquanto isso, o director provincial de Agricultura da Zambézia, Mahomed Valá, "reconheceu a anarquia que se instalou na área das florestas" (os nossos reconhecimentos a este nível são sempre interessantes).
Quando aqui, neste diário, pela primeira vez no país, dei o alerta do saque da madeira na Zambézia, multiplicando-me depois ao longo do ano em sucessivos alertas para a situação a nível nacional - incluindo uma carta para o presidente da República -, levantaram-se de imediato protestos um pouco por todo o lado, dizendo uns que isso não era verdade, que o corte de madeira estava abaixo do oficialmente estabelecido, dizendo outros que eu estava ao serviço de obscuros interesses estrangeiros, defendendo outros que o problema principal do desmatamento estava com os camponeses e com as suas queimadas descontroladas, fazendo outros, finalmente, doutas avaliações científicas para mostrar que era necessário não generalizar. Gloriosos seminários foram organizados para promover a imagem de um país florestalmente saudável. Em resumo: uma enorme cortina de fumo destinada a vedar a realidade de um impiedoso saque feito (e que prossegue, coisa que se vê logo a olho nu de avião) com a conivência de Moçambicanos dos mais variados extractos sociais, numa clima neo-liberal que dá origem à busca do negócio e enriquecimento a qualquer preço.
Mas hoje já não é possível ignorar o impedioso desmatamento a que o nosso país está votado e o "Notícias" tem sido, felizmente, a esse nível, um excelente vigilante.
Se não tivermos cuidado, se prosseguir esta busca desenfreada de lucro e de exploração selvagem das florestas (e nada indica que vá ser sustida no ambiente ruidoso e festivo gerado no país com a riqueza exportável dos nossos recursos naturais), dentro de 15/20 anos teremos o país desmatado de forma perigosa. Aqui, como em outros muitos campos, os nossos ambientalistas têm a obrigação de denunciar sem tréguas tudo o que visa perigar a biodiversidade de Moçambique. In Oficina de Sociologia (www.oficinadesociologia.blogspot.com)

Eleicoes no Quenia

Tensions in Kenya Over Election Results
By ELIZABETH A. KENNEDY – 8 hours ago

NAIROBI, Kenya (AP) — Hundreds of people stoned cars and rival ethnic groups fought in a sprawling slum Saturday amid tensions over delayed results from the closest presidential election in Kenya's history, witnesses said.

A millionaire opposition leader who cast himself as a champion of the poor appears poised to win the race, but only partial and unofficial tallies have been released from Thursday's vote.

In the Kibera slum, the main constituency of opposition candidate Raila Odinga, young men with machetes were running through the maze of potholed tracks and ramshackle dwellings. People set up makeshift roadblocks.

About 20 miles outside Nairobi, hundreds of people were massed along a main highway.

"They are looting houses and stoning cars," Irungu Wakogi, a witness, told The Associated Press by telephone.

The race pits President Mwai Kibaki against his former ally, Odinga, and marks the first time an incumbent has faced a credible challenge in Kenya's four decades of independence from Britain. The race focused largely on corruption, with both candidates vowing to end the graft and tribal favoritism that has tainted politics here for years.

A string of Kibaki's allies in parliament also were being unseated in the vote.

Kenyans clustered around radios and televisions as results trickled in, but by early Saturday the electoral commission had announced preliminary results in only 99 of Kenya's 210 constituencies.

Those counts, which show Odinga with a lead of 2,308,959 to Kibaki's 1,938,361, still must be certified. Unofficial results by local media, taken from tallies at some polling centers, also put Odinga in the lead.

Still the slow pace of official returns raised fears of rigging.

Feeling confident of a win, Odinga's Orange Democratic Movement party said the government was deliberately delaying results because they were losing. Police appealed for calm as tempers flared.

"We'd like the ECK (Electoral Commission of Kenya) to announce the results in order to ensure that the political temperature does not go up," said Joseph Nyagah, an ODM official.

U.S. Ambassador Michael Ranneberger said he had confidence in the electoral commission.

"A lot of time there are delays for general reasons," he said. "I think it is too early to comment on that or express particular concern."

Constance Newman, head of an American observer group, said the official process was cumbersome, likening it to "molasses in winter." The European Union observer team said there was no immediate evidence of rigging.

Kibaki, 76, has been credited with helping boost this East African nation's economy, with a growth rate that is among the highest in Africa and a booming tourism industry. But his anti-graft campaign has largely been seen as a failure, and the country still struggles with tribalism and poverty.

Odinga, a flamboyant 62-year-old former political prisoner, promised change and help for the poor. His main constituency is Kibera, one of Africa's largest slums, which is home to at least 700,000 people.

But he has been accused of failing to do enough to help his constituents during 15 years as a lawmaker.

Violence was a major concern in the run-up to the election, and several diplomats have expressed concern that a narrow victory on either side could lead to rioting by those who do not accept or trust the results. But the voting was generally orderly, and no major disruptions were reported.

Police Commissioner Mohamed Hussein Ali on Friday urged whoever wins "not to engage in unbridled celebrations that will cause resentment."

To the losers, he instructed, "take it with dignity."

Kibaki appealed for Kenyans to wait for official results.

In the run-up to the election, clashes in western Kenya killed hundreds. An outlawed gang called Mungiki that circulated leaflets in July calling on Kenyan youth to rise up against the government was blamed in a string of beheadings.

On Wednesday, authorities said opposition supporters had stoned three police officers to death in western Kenya, accusing them of being part of a government conspiracy to rig the elections.

If Kibaki loses, he will be Kenya's first sitting president ousted at the ballot box.

Kibaki won by a landslide victory in 2002, ending 24 years in power by Daniel arap Moi, who was constitutionally barred from extending his term. Moi's blanket use of patronage resulted in crippling mismanagement and a culture of corruption that plunged Kenya into an economic crisis.

Voters also were electing 210 members of parliament and those results also suggested Kenyans were aching for change. They kicked out some of the nation's political old guard, including the vice president and three key Kibaki allies linked to Anglo Leasing, the largest financial scam under the president's term.

Also voted out was 2004 Nobel Laureate Wangari Maathai, whose popularity as a politician never caught on here.

Associated Press writers Katharine Houreld, Tom Maliti and Malkhadir M. Muhumed contributed to this report.
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PARLIAMENTARY FORUM ON SMALL ARMS


MP Manuel de Araujo and Minister Daisy Tourné speak to the press about the ATT


Daisy Tourné, Minister of the Interior of Uruguay and Parliamentarian Manuel de Araujo from Mozambique held a press conference November 1st, directly after inter-regional discussions bringing together parliamentarians from Latin America, Africa and Europe to discuss the Arms Trade Treaty (ATT).



The ATT is of particular interest to Minister Tourné who is the former President of the Parliamentary Forum on Small Arms and Light Weapons and head of her country's justice and security programmes. She highlighted arms transfer issues of importance in the Mercosur region, adding that the treaty could provide a vital tool for combating the abundance of small arms. From the other side of the globe, MP de Araujo gave his southern African perspective to the ATT debate, comparing and contrasting his views with discussions currently taking place on the issue in Latin America.



The Latin American Parliament, the Parliamentary Forum on Small Arms and Light Weapons, the Panamanian Parliament and the Arias Foundation sponsored the inter-regional meeting, which provided parliamentarians and experts from 15 countries a platform to share knowledge and experiences from their home countries on a variety of topics-from police reform issues to best practice in weapons laws.

MATARAM BENAZIR!


Benazir Butho junta-se a dinastia Kennedy e Ghandhi!

Mataram uma grande MULHER! Uma Mulher com M maiusculo! Uma mulher esbelta, candida e corajosa, que mesmo sabendo que ,nao hesitou em regressar a sua patria amada para junto do seu povo desafiar as forcas do mal e da ditadura militar! Uma mulher singular que trocou seu conforto no exilio, em Londres, para responder aos desafios da terra que a viu nascer! Essa mulher de fibra tem nome - chama-se Benazir Butho!

Educada nas duas melhores universidades do mundo, Oxford (onde foi Presidente da Associacao de Estudantes)e em Harvard, Benazir deixa um legado de coragem dificil de desafiar!. Foi eleita Primeira-Ministra por duas vezes! Seu pai, tambem ex-Primeiro Ministro, foi enforcado pela Junta militar nos anos 70. Dois dos seus irmaos foram assassinados em circunstancias ainda por esclarecer! Apesar desse passado Benazir nao pensou duas vezes quando chegou a hora de dizer SIM ao chamamento da patria!

Uma familia que certamente entrara nos anais da historia ao lado das familias Kennedy dos EUA e Ghandi na India!

A esta mulher de se lhe tirar o chapeu vai a minha sincera HOMENAGEM! Que mais Benazires nascam e se inspirem nos feitos desta Grande MULHER! Pois como alguem dizia, nao ha preco para a liberdade e democracia!

Morte as ditaduras!

Paz a sua alma!

Friday 21 December 2007

MORREU CARLOS TEMBE!

Conheci Carlos Tembe no ISRI atraves do Emilio Cumbe. Ele era entao finalista do Curso de Relacoes Internacionais na Universidade Lusofona, e Presidente do respectivo nucleo de estudantes em Lisboa e se a memoria nao me trai preparava-se para fazer o mesrado em Israel! Na altura nos andavamos mais do que entusiamados com a perspectiva da criacao da NERIM, Nucleo de Estudantes de Relacoes Internacionais, que mais tarde passou a AMORIM - Associacao de Estudantes de Relacoes Internacionais! E Carlos Tembe foi mais do que um amigo, Carlos foi nosso mentor!

Nao so nos explicou da importancia de tal nucleo, como deu-nos brochuras, e outra documentacao que nos serviu de inspiracao para a redaccao dos primeiros estatutos bem como do primeiro programa de accao da AERIM!

E mais Carlos convidou uma delegacao da NERIM a visitar Lisboa e a participarem numa mega conferencia no Forum Picoas, tendo nessa ocasiao alinhado na viagem o Emilio Cumbe, Paula Chongo, Ivo Coreia, Sumbe Muledzera, Eduardo Sitoe e outros.

Dessa primeira viagem da NERIM resultou um manacial de experiencias acolhidas o que permitiu que em menos de um ano fosse instaurada a AERIM, que passou a ser a Associacao estudantil mais vigorosa e pujante do ensino superior em Mocambique!

Mais tarde como docente no ISRI, tive Carlos Tembe como colega e dele aprendi muito sobre uma area de que o ISRI e quica o pais careciam!Juntou-se aos quadros do Ministerio da Defesa Nacional, onde com mestria dirigiu o departamento de politicas para mais tarde assumir a arrojada funcao de Presidente do Municipio da Matola!

Carlos Tembe inspirou-nos quando estudantes e continuou a inspirar-nos como profissional!

Um jovem serio que queria mudar Mocambique para melhor, mas que a vida o pregou uma partida ao nao deixa-lo cumprir na integra com a missao que tracara para si mesmo!!

Esperavamos voos mais altos deste jovem patriota!

Paz a sua alma! A familia enlutada vao os nossos mais sentidos pesames!

Carlos a tua memoria e seus feitos continuarao a inspirar a juventude mocambicana!

Manuel de Araujo

Monday 10 December 2007

REFLEXOES SOBRE TRIBALISMO, REGIONALISMO E PATRIOTISMO

Um amigo dizia-me uma vez que era preciso 'matar a tribo para criar a nacao'! Fiquei Assustado, pois nao percebo como seria possivel matar algo que vem em nos proprios. Algo que nos e intrinsico! A Tribo e a meu ver a materia prima com que se faz a patria. Nao sera a tribo uma miniatura da nacao, ou seja uma nacao e miniatura?

Nao sera possivel construir a nacao a partir da tribo?


Um abraco,

Araujo

Sunday 9 December 2007

Intervencao na AR na sessao sobre o Plano Economico e Social e o Orcamento do Estado para 2008

Senhor Presidente da Assembleia da Republica, Excelência,
Senhores Membros da Comissão Permanente

Senhores Membros do Governo da Republica de Moçambique

Senhora Primeira Ministra

Prezados Deputados, meus pares,

Caros Convidados



Minhas Senhoras e Meus Senhores,



Excelências,



Senhora Primeira Ministra,



Acabamos de assistir ao cumprimento do preceituado na Lei Magna do pais, no seu artigo 206, a) que obriga ao Primeiro Ministro, e neste caso especial a Primeira Ministra, a apresentar a Assembleia da Republica a proposta do Plano Económico e Social e o Orçamento do Estado.



E por sua vez, o artigo 179 da Constituição da Republica, no seu ponto 2, alíneas l) e m), reza que compete a esta casa magna, deliberar sobre as grandes opções do Plano Económico e Social e do Orçamento do Estado e os respectivos relatórios de execução, bem como aprovar e porque não reprovar, o Orçamento do Estado.





Este intróito introdutório pretende pois chama atenção não apenas do Executivo, mas também dos meus caros pares sobre a importância deste exercício que o povo nos confiou, pois o povo não nos colocou neste casa para sermos mero 'rumber stamps' mas `sim como seus olheiros e fiscalizadores da acção governativa. Se a acção governativa levar este pais a falência, ou por outras palavras se o Executivo ao longo dos cinco anos não tiver levado o barco a bem porto seremos todos culpado pelo desaire, pois a responsabilidade pela qualidade de uma obra de construção, reside tanto no construtor como no fiscal, e nos caros pares sobre os fiscais desta grande obra camada Moçambique!



Excelências,



Como se pode denotar destes dois artigos da nossa Lei Magna, a apresentação, discussão e aprovação ou não da proposta do Plano Económico e Social e do OGE pelo Executivo, não e não deve ser um ritual simbólico, como certa bancada parlamentar pretende transformar este exercício de soberania popular, mas sim um dever do Executivo a luz da lei mãe, não só em relação aos deputados, mas fundamentalmente em relação ao povo. Vir a esta Magna Casa, pedir o beneplácito e bênção do povo, em relação a forma como pretende dirigir os destinos da nossa nação nos próximos 12 meses, não deve ser um exercício de turismo para os membros do Executivo, mas sim um exercício nobre e responsável na edificação do edifício da democracia que pretendemos construir.



Cabe a nos dignos representantes do povo, e em nome desse povo, concedermos ou não, repito, concedermos ou não tal beneplácito dependendo a decisão a tomar da nossa visão sobre a seriedade com que o Executivo formula a acção programática e respectivo orçamento submetido ao povo, via Assembleia da Republica.



Excelências,



Devo confessar, que surpreendeu-nos sobremaneira esta proposta do PES e Orçamento de Estado, pois, tratando-se do terceiro exercício orçamental e diga-se de passagem o penúltimo PES e Orçamento que os pedreiros desta grande obra que e Moçambique, ainda não tenham dominado com mestria e destreza os instrumentos de planificação do seu trabalho diário. Excelências, como qualquer pedagogo diria, isto só pode ter quatro razoes possíveis: dificuldades na assimilação da matéria por parte do aluno, falta de vontade e dedicação em aprender, falta de vontade politica ou então pura e simples arrogância ou prepotência.



Utilizando o método de eliminação, pois conhecemos a competência dos técnicos que elaboram tanto o PES como o Orçamento do Estado nos vários ministérios, só nos restam as duas ultimas hipóteses falta de vontade politica e arrogância e prepotência por parte dos que tomam as decisões.



Meus pares,



Gostaria de chamar a atenção para um aspecto que ressalta a primeira vista neste PES e quiçá no orçamento que nos e apresentado - a assimetria orçamental entre os pilares da nossa soberania - o Executivo detém ( 98.3%), o poder Legislativo (0.4%) e o Judicial (1.3%).



E mais o orçamento dedicado ao Judicial e um terço do alocado as Forcas Armadas, que incidentalmente registara um crescimento de 80% em 2008, se compararmos com o programado em 2007!!



O Orçamento da Presidência da Republica e do SISE e equivalente ao total das transferências aos 33 Municípios! O orçamento do Gabinete de Combate a Corrupção e reduzido em cerca de 45%!



O mesmo acontece com os orçamentos do Tribunal Administrativo e do Conselho Constitucional, órgãos importantíssimos no edifício democrático que pretendemos construir!



E as eleições provinciais? Essas parece terem ficado para uma data a anunciar, como não deixaria de ser! Não e de hoje a falta de apetite para pleitos eleitorais por parte do partido no poder, pois estão certos de que o povo sabe a quem votar!



E a nossa juventude, essa forca incansável de produção de riqueza nacional, mas sempre esquecida quando chega a hora de saborear os frutos da sua entrega e sacrifícios, essa juventude sempre esquecida que libertou este pais, lutou contra a tirania e libertou este povo das garras do mono partidarismo e do sistema de economia planificada?



Da para ver neste pais onde estão as prioridades do governo! Da também para ver o cometimento que o governo tem para com a democracia e a descentralização. E ainda da para ver que a nossa democracia esta enferma, pois aquele que deveria ser o legislador por excelência, o garante da Constituição, o fiscalizador - a casa do povo, não passa afinal de contas de um sectorzinho minúsculo e insignificante na balança de poder em Moçambique! E como se não bastasse espera-se que o mendigo-faminto fiscalize o Senhorio que o alimenta! E há ai intelectuais que dizem a boca cheia que o parlamento anda a reboque do governo! Com tão parcos recursos quem não andaria?

Pois, e tanta a dependência que nos tem vindo a transformar em meros 'yes man', situação com que nos da Bancada Parlamentar da Renamo não queremos compactuamos nem aceitar porque o povo de moçambicano nos escolheu para fiscalizarmos com zelo as acções deste executivo.



Para que a democracia continue a ser democracia pela qual nos batemos com abnegação e sacrifício durante longos dezasseis anos e que culminaram com o sucesso do AGP e imperioso que este cenário mude.



Excelências,



Para bom entendedor meia palavra basta.







Apesar de estarmos no quarto exercício orçamental, continuamos a verificar, incongruências inaceitáveis entre os dois documentos programáticos por excelência, o PES e o Orçamento de Estado, quando em tempo oportuno vários analistas e especialistas, sugeriram a quem os quisesse ouvir, que dada a fragilidade institucional do nosso estado, seria inteligente e de bom tom que os processos de Planificação e Orçamentação residissem no mesmo tecto! Para nossa surpresa geral, vimos que a voz da razão não foi ouvida, tendo pelo contrario prevalecido a voz da arrogância da ignorância e prepotência ao verificarmos que no figurino do novo governo, as áreas da planificação e orçamentação não apenas permaneciam em departamentos diferentes como foram ainda mais afastadas uma da outra, sendo a da orçamentação colocada no Ministério das Finanças e a da Planificação no Ministério do Plano e Desenvolvimento! E as consequências não se fazem esperar!



E assim que apesar de estarmos no quarto e penúltimo exercito orçamental deste mandato, continuamos a verificar a existência de acções inscritas na Proposta do Orçamento omissos na proposta do Plano Económico e Social, com consequências terríveis para o desempenho da nossa maquina governativa! Continuamos a verificar uma baixa preocupante nos níveis de execução do Orçamento de Estado, o que em linguagem leiga quererá dizer que muitas das acções prescritas, programadas e orçamentadas, não foram pura e simplesmente realizadas. E como se isso não bastasse, no ano posterior a não execuçãoo de tais acções estas são pura e simplesmente abandonadas! Isto excelências tem um nome - chama-se incompetência!



Verificamos que volvidos quatro anos, ainda temos um orçamento onde persiste a dupla orçamentacao, no que se refere a projectos de execução central e ou provincial, um erro crasso e primário em processos de orçamentação.



Verificamos ainda a não orçamentação das receitas próprias de vários sectores.



E a lista e longa!



Estas constatações fazem com que questionemos o papel do parlamento na nossa democracia. Um exercício em que se devera engajar esta Magna Casa, o Executivo, o Judicial, a Opinião Publica nacional e os nossos 'queridos' doadores. Sim doadores porque e do imposto dos seus eleitores que saem mais de 54% do dinheiro com que conseguimos fechar o crónico deficit orçamental.



Excelências,



Apesar de o Programa Quinquenal do governo ter eleito o

a) O combate a pobreza;

b) A luta contra a corrupção,

c) O apoio ao empresariado nacional;

d) O combate as assimetrias regionais e;

e) A pandemia do HIV-SIDA como o seus cavalos de batalha, verificamos com alguma apreensão que volvidos três anos de governação, e já decorrido mais de metade deste mandato não se vêem sinais de progresso em muitas destas áreas. Continuamos a verificar estagnação senão deterioração dos índices correspondentes.



No combate a corrupção, apesar dos discursos emocionais e a proliferação e multiplicação de acções tendentes a criar novos órgãos de combate a corrupção (alguns de constitucionalidade duvidosa), esta teima em habitar o nosso quotidiano. Os casos de corruptos julgados continuam a escassear, querendo convencernos de que se trata de um caso insólito no mundo contemporâneo, em que existe corrupção sem corruptores nem corrompidos!



A Transparency International, uma organização de reputação inquestionável, para constrangimento dos filhos da pátria, desta pátria amada, continua a considerar esta pérola do indico como um pais com corrupção endémica e fortemente institucionalizada! De ano para ano a nossa posição no ranking dos países mais corruptos teima em não melhorar!



O Relatório de Desenvolvimento Humano, recentemente publicado pelas Nações Unidas, continua a colocar esta Pérola Indica, como uma das nações mais pobres do mundo. Alias no seu ultimo ranking Moçambique desceu alguns degraus, o que em outras palavras pode significar, inter alia, que o leque de escolhas para os Moçambicanos tem estado a diminuir! Os falsos combates contra a pobreza absoluta, corrupção, o deixa andar não passam historias para adormecer o boi, como diz a gíria popular.



Excelências,



A esperança de vida neste pais vem decrescendo a um ritmo assustador, como consequência dos baixos níveis de desenvolvimeto e do impacto da pandemia do HIV-SIDA, apesar de biliões de dólares e ate de iniciativas presidências de combate a pandemia. Apesar de o numero e infectados e afectados estar a aumentar, verificamos que o valor percentual total das despesas na área da saúde decresceu em 2008. E mais verifica-se uma diminuição da alocação de despesas de investimento ao nível provincial e uma distribuição geográfica e recursos muito desigual.





O empresariado nacional, clama por melhores politicas, estratégias e transparência por parte do governo. Recentemente reunido na sua 10ª Conferencia Anual do Sector Privado, o sector privado continua a sentir-se o filho bastardo do governo, quando e a ele que recai a tarefa fundamental no processo de criação de riqueza nacional, condição sine qua non, para a erradicação da pobreza absoluta.



Como e que o governo pretende combater a pobreza absoluta quando os combatentes dessa frente se sentem desmotivados, desincentivados e ate combatidos por funcionários 'super zelosos'?



Senhora Primeira Ministra,



Este governo, elegeu as assimetrias regionais, como seu inimigo numero um, conforme reza o Programa Quinquenal do Governo. Contudo, evidencias empíricas mostram que o gap entre o Norte, o Centro e Sul do pais continua a crescer!



Vários Relatórios de Desenvolvimento Humano tem mostrado que a provinha da Zambézia, meu circulo eleitoral e por coincidência seu Circulo eleitoral Senhora Primeira Ministra, como a província com os índices de desenvolvimento humano mais baixos do pais! E Excia, como se deve recordar das aulas de economia, a politica orçamental e um dos instrumentos essenciais para reverter uma situação desta natureza, havendo e claro vontade politica.



Excia, como quer que o povo Zambeziano acredite em si, quando repetidas vezes diz a viva voz, que o seu governo e pelo desenvolvimento da Zambézia, quando os dados neste orçamento mostram claramente o contrario?



1-No âmbito da governação ao nível provincial no geral regista-se um aumento orçamental de 12% sendo os maiores aumentos e Cabo Delgado e Niassa e para provar o seu cometimento os menores são para a Zambézia?



2-Que o orçamento para investimentos cresce no geral em 35% e que os maiores crescimentos se registam nas províncias de Nampula, Sofala, Gaza e Cidade de Maputo e que ao contrario desta tendência crescente a província da Zambézia, Manica e Inhambane vêem seus níveis de orçamento para investimentos decrescerem em relação a 2007;



3-Como se explica que a Provincia da Zambézia seja aquela que em termos gerais e a menos favorecida pelo orçamento? Excia, Sofala, Cabo Delgado e Tete por exemplo, que tem extensões territoriais e populacionais mais baixas, tem orçamentos maiores que a Zambézia, que e a segunda maior província em extensão, e em termos de populacionais, apesar das ginásticas estatísticas para nos colocarem em segundo lugar, com o seu beneplácito?



4-No geral o orçamento de Estado para 2008, mostra que existe uma correlação altamente positiva entre o orçamento e a popuplação, mas como não dexaria de ser, e para não fugir a regra, exceptuando a Zambézia!



Excelência,



Como não deixaria de ser,



5-Ao nível distrital, o orçamento para o investimento cresce na globalidade em 25%, sendo uma vez mais os maiores aumentos para Cabo Delgado e Inhambane. Os distritos da província de Sofala registam apenas um ligeiro crescimento, e como se não bastasse a martirização da Zambézia acima exposta, a nossa querida Zambézia uma vez mais regista seus níveis de investimento orçamentado decrescerem em relação aos de 2007!



Poderíamos fazer uma leitura Municipal do orçamento mas o tempo não nos permite!



A leitura deste Plano Económico e Social e do respectivo orçamento levaram-me a reler o artigo do jovem académico Sérgio Chichava, ' Uma província 'rebelde' O significado do voto zambeziano a favor da Renamo'.



Será que depois de ler o orçamento de 2008 alguém duvida para onde ira o voto da Zambézia nas eleições autárquicas de 2008, nas provinciais e nas Legislativas e Presidências de 2009?



Será que se esqueceu senhora Primeira Ministra que o Zambeziano Kankala buruto?



Senhora Primeira Ministra,

Senhor Presidente da Assembleia da Republica,

Caros pares,



Dado o acima exposto, com acreditarmos na seriedade deste governo no que se refere ao combate as assimetrias regionais quando o dia a dia nos mostra o contrario?



Como acreditar no combate a pobreza absoluta, quando o que cresce e a riqueza absoluta de um punhado de cidadãos envergando camisolas de uma determinada cor?



Como acreditar na seriedade deste governo, quando depois de declarar um combate sem tréguas contra o deixa andar, hoje não só não deixa andar como nem deixa correr?



Como acreditar na seriedade deste governo quando a minha Zambézia morre de morte programada?



Como acreditar neste governo quando milhares de jovens pululam nossas ruas sem emprego, e sem eira nem beira? Se nossos irmãos ex-trabalhadores na ex-RDA continuam a reclamar os proventos justamente ganhos com anos de exílio no exterior?







Como excelências?



Será preciso enumerar mais casos para provar que este ainda não Plano economico e Social e muito menos o orçamento do povo?



Por estas e mais razoes, sugerimos a reformulação destas propostas de PES e do Orçamento do Estado.



E tenho dito,



Manuel de Araújo

06.12.07