Wednesday 8 August 2007

Fuga de Cerebros no Zimbabwe-Que poe o guizo ao Gato?

Fuga de Cerebros no Zimbabwe – Quem Poe o Guizo ao Gato?

Por Manuel_de_Araujo@hotmail.com em Londres

Dedico este artigo a duas individalidades da nossa praca: ao ex-Governador de Manica, Soares Nhaca, e ao ex-Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural Helder Muteia, pela abertura e cooperacao dada aos farmeiros Zimbabweanos na provincia de Manica

Apos ganhar a independencia, nos anos 70, Mocambique adoptou uma politica de apoio aos movimentos de libertacao na Africa Austral. Uma posicao compreensivel se tomarmos em conta que a FRELIMO, partido no poder fora tambem um movimento de libertacao nacional, e que como tal, beneficiou do apoio ‘incondicional’ de outros paises. Contudo ha a referir que existia um diferenca fundamental entre a posicao de Mocambique e a assumida por outros paises que apoiaram a Mocambique na sua luta pela indepedencia. E que nenhum deles tinha fronteira terrestre ou maritima com a Africa do Sul, inimigo e principal potencia na regiao.

Ora como resultado dessa politica, e como que dar razao a Isaac Newton quando afirmou inter alia que ‘onde ha accao ha reaccao …’, o regime de Ian Smith e o de Vorster, adoptarm uma politica de desestabilizacao, apoiando movimentos rebeldes, que para o caso vertente se denominava de MNR e mais tarde RENAMO. Esta claro que a relacao causa-efeito em ciencias sociais e complicada, mas para efeitos de argumentacao aceitemos esta tese. A Guerra de guerrilha desenvolvida em territorio nacional deixou o tecido agricola, industrial, de servicos e social do pais em pedacos. Como resultado do desencadeamento de accoes armadas de guerrilha, muitos cidadaos nacionais e Portugueses abandonaram o pais com destino a entao Rodesia do Sul, Africa do Sul e Portugal. Sairam do pais os parcos tecnicos basicos, medios e superiores. Parte deste contingente continuou com as suas actividades economicas nos paises receptores e outra juntou-se a ‘resistencia’. Nao ha duvidas que as economias dos paises receptores beneficiaram deste exodo, enquanto que a Mocambicana saiu a perder. Como se nao basassem s prejuizos provados por este exodo, vieram juntar-se a catastrofica situacao as sancoes que Mocambique impos a Rodesia!.

Hoje, parece qe o quadro mudou! Assiste-se a uma degradacao sem precedents da Lei e da Ordem no Zimbabwe e como consequencia a degradacao do ambiente economico, politico e social. Aquele que foi o celeiro da Africa Austral, hoje nao consegue alimentar seus proprios cidadaos e muito menos as suas elites. A economia ostenta uma inflacao de mais de 400% que associado a falta de divisas, faz com que se ‘congele’ o investimento estrangeiro e se comece a verificar um desinvestimento. Hoje, bancos e outros sectores da economia Zimbabweana encontram-se a beira da falencia o que os leva a pensarem em outras paragens para rentabilizar o seu investimento. E e ai que porca deveria torcer o rabo!

Infelizmente, uma vez mais, a Africa do Sul e o Ocidente sao o maior beneficiario deste exodo de recursos, cerebros e de investimentos da regiao. Em Londres, depois dos Nigerianos parece que os Zimbabweanos sao a seguir. A maior parte dos meus ex-colegas no SARIPS/SAPES bem como na Universidade do Zimbabwe, por exemplo, encontram-se na Africa do Sul, na Inglaterra, Australia, EUA ou entao Nova Zelandia. Trata-se de uma autentica fuga de cerebros na so para o Zimbabwe mas tambem para a Africa Austral e quica Africa no geral! Da para imaginar quanto dinheiro o estado Zimbabweano gastou para formar as centenas senao milhares de enfermeiros/as, medico/as, engenheiros, cientistas sociais?

E claro que e dificil a um farmeiro sair do Zimbabwe para a Inglaterra ou Nova Zelandia. Dai que a maior parte ds farmeros tenham decidido fixar residencia nos paises limitrofes, como sao os caso de Mocambique e a Zambia. Sendo Manica a minha provincia preferida, visitei-a por varias vezes e pude ver in loco o impacto socio-economico que a migracao de farmeiros Zimbabweanos esta ter na provincia. Numa das minhas visitas tive o prazer de dialogar com o Governador Nhaca que sem papas na lingua detalhou os progressos, que a provinca estava a obter em quase tods os sectores de actividade: agricultura (abertura de farmas), agro-pecuaria (criacao de animais e instalacao do matadouro mais moderno de Mocambique, a instalacao de uma fabria de monaem de alfais gricolas e outr de tractors, etc etc ec. Que outra provincia do Centro ou do Norte do pais pode apresentar um leque de investimentos tao diversificado que Manica? . Pensei de soslaio se uma politica nacional mais activa sobre migracao e atraccao de investimentos estrangeiros nao poderia trazer resultados mais positivos para o pais.

Mocambique tem muita falta de quadros! Sera que o pais em particular e a SADC no geral nao poderia minimizar esta saida de quadros da regiao adoptando uma politica mais aberta na criacao de condicoes para a atraccao e retencao de quadros Zimbabweanos na regiao? E que a nosso ver, esta medida beneficiara nao so a Mocambique, mas tambem a SADC, e quica a medio prazo o propro Zimbabwe. Quando a Lei e a Ordem voltarem ao pais e a situacao economica e social se estabilizar, sera mais facil a um emigrante Zimbabweno sediado em Manica regressar a Mutare, do que um exilado em Camberra ou entao na Nova Zelandia!
Sera que a regiao vai continuar a assistir impavida e serena a pilhagem do seu recurso mais importante- O Homem?
Um TPC para a PM, Luisa Diogo e o quarteto Aires Aly-Alcinda Abreu, Mandlate e Pacheco!

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