Wednesday 8 August 2007

‘Cogito Ergo Sum’/ ‘Penso Logo Existo’

O Imperativo de Pensar Diferente – a proposito do desafio lancado pela Mama Graca, na terra de ninguem!

Dedico este artigo a Dra. Benigna Zimba na esperanca de que o filho deixe de confundir os nossos herois com ninjas!

‘Os jovens da minha geracao fizeram aquilo que fizeram ha 28 anos com muito menos preparacao do que aquela que voces tem hoje’. O que e que voces estrao a fazer com toda a preparacao que tem?

Graca Machel, 4 de Fevereiro de 2004

A 4 de Fevereiro de 2004 regressava eu a Londres, pois tinha que participar a 6 do mesmo mes numa conferencia sobre Investimento Estrangeiro, na St Anthony College da famosa Universidade de Oxford.

No trajecto Maputo-Johannesburgo fui bafejado por uma sorte incrivel. Viajava tambem, no mesmo voo a mama Graca. Ao passar pela business class comprimentei-a. Sentei-me no lugar que me era destinado e os minutos seguintes foram daquela luta interna a que qualquer ser humano nao pode fugir! A indecisao, ou seja a ‘luta dos contrarios’. Por um lado movia-me uma vontade louca de conversar com a mama. Tinha muitos assuntos adiados. Por outro nao sabia se era etico ou moral ir incomoda-la quando se via a olho nu que ela estava submersa nalgum documento importante. Fiquei cerca de 20 minutos a matutar se deveria incomoda-la ou nao!

Para que nao a incomodasse em vao fui revolvendo a minha cabeca para saber dos varios assuntos que tinha a tratar com ela qual deles valeria a pena o incomodo. E que os meus professores de economia me ensinaram que qualquer gesto ou atitude deve ser medido em termos dos custos e beneficios! Deste modo fui arrolando (como nos ensinaram os julgamentos publicos) os varios assuntos: O meu sonho em cumprimentar Mandela. A entrevista que ela deu ao Manhique. Porque e que ela nao se candidatara a lideranca do Partido Frelimo. Porque se casara com Mandela. Porque saiu do parlamento. Quando e que escreveria o livro dela de memorias? Porque e que nao assumiu o apelido Mandela e preferiu manter Machel. O que pensava do pais? E dos jovens? E das mulheres? Do partido no poder? Da oposicao? Da pobreza a que o pais estava votado? Da globalizacao? Se pensar em candidatar-se a SG da ONU? Etc. Etc. etc.

Tinha de me decidir pois o voo Maputo-Johannesburo tinha apenas 50 munutos e 25 dos quais ja tinham sido consumidos.

Decidi-me por dois assuntos. Iria convida-la a dar uma palestra sob a egida da Fundacao para o desenvolvimento da Zambezia, e se houvesse tempo daria a minha impressao sobre a intervencao dela na palestra dada dois dias antes por Guebuza sobre ‘Mocambicanidade e Unidade Nacional’ na sala de conferencias Joaquim Chissano.

Definido o objectivo e tracada a estrategia avancei. Tireo o meu cartao, e timido aproximei-me dela. Desculpe-me o incomodo. Chamo-me M A e faco parte dos jovens que estao a a trabalhar para a criacao da Fundacao para o desenvolvimento da Zambezia!

Nesse momento gelei. Fiquei sem saber como e que ela reagiria, uma vez que o meu substracto ideologico conota-a como sendo daquela escola que desconfia de qualquer iniciativa regional.

Num gesto caracteristico ela leu o cartao, virou-o e exclamou! M de A. Tenho lido os teus artigos! Interessante! Gelei! Nao sabia se ela gostara ou detestara os meus artigos! Nao sabia se os artigos iriam facilitar ou deturpar a passagem da minha mensagem principal ...

Para surpresa minha um sorriso puro e genuino emergiu dos labios da mama!!! Hurrah, Hurrah gritei de mim para mim! Claro um grito em surdina! e senti-me mais leve!

Interessante. O que e que voces querem? Uma palestra aberta ou uma restrita so para os membros. Recorrendo as aulas de pratica diplomatica do ISRI respondi. Depende da sua disponibilidade. Se estiver disposta a uma palestra aberta haveriamos de adorar. Mas se achar que seria interessante comecar com um grupo pequeno tambem aceitamos. Somos flexiveis. Sentenciei! Tendo se apercebido da minha evasiva sentenciou: Mas o que e que voces querem?
Dada a insistencia retorqui. A nossa preferencia iria para uma palestra aberta, la para meados de Marco.
... marco, Marco. Deixe-me ver a minha agenda. Tenho duas conferencias por essa altura. Talvez mais tarde. Que tal finais de Marco. Como lhe disse somos flexiveis. Pode ser finais de `Marco.
...optimo, facam uma carta a explicar exactamente o que voces querem!

Meu coracao deu um pino mortal, como diziamos la para as bandas do Coalane na infancia!

Alcancado o objectivo principal recuei e ataquei o alvo secundario. Achei interessante a sua intervencao na palestra de Guebuza! Ah estiveste la?
Estive.
-E o que digo sempre.
‘Os jovens da minha geracao fizeram aquilo que fizeram ha 28 anos com muito menos preparacao do que aquela que voces tem hoje’. O que e que voces estrao a fazer com toda a preparacao que tem?
Ai achei interessante a observacao de Brazao Mazula na sua alocucao a Associacao de economistas na qual conta como ficou assustado perante a negacao do protagonismo pela Aro Juvenil! E que tanto a mama Graca como o Brazao, parecem estar desapontados pela falta de protagonismo da nossa juventude!
Nao sera altura de perguntar: Juventude Mocambicana quo va dis?

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