Renamo não reivindicou o ataque entre Savane e Muanza, mas tudo indica que se trata de uma operação dos seus homens armados
Maputo
(Canalmoz) – O Canalmoz noticiou ontem em última hora que cerca das 03
horas da madrugada de segunda-feira, homens armados atacaram um Paiol
das FADM na estrada de Inhaminga, na província de Sofala, para se
apoderarem de armamento ligeiro e pesado ali armazenado.
Fonte do Hospital Central da Beira confirmou ao repórter da delegação do
Canalmoz naquela cidade que deram entrada no banco de socorros, cinco
mortos das forças militares do Governo e dois feridos graves.
Governo confirma
Ao
início da noite foi o ministro da Agricultura, José Pacheco a confirmar
o ataque e atribuiu a acção militar a homens da Renamo.
“Queremos
aproveitar esta oportunidade para informamos que fomos surpreendidos
com a notícia trágica de que a Renamo desencadeou um ataque armado”
anunciou José Pacheco numa conferência de Imprensa no Centro
Internacional de Conferência Joaquim Chissano onde participava do
diálogo entre Governo e Renamo.
“Repudiamos
o ataque e avisamos que essa atitude não ajuda a democracia. Apesar
disso, o ataque não vai influenciar o curso do nosso diálogo. Mas os
autores serão encontrados para responder por este acto” concluiu o
ministro sem entrar em mais detalhes.
Renamo “não tem conhecimento”
Por sua vez, o chefe da delegação da Renamo Saimone Macuiana, disse não ter conhecimento sobre o tal ataque.
“Eu
não tenho conhecimento sobre esse ataque, por isso não posso responder o
que não conheço. Em momento algum na sala o Governo abordou sobre o
assunto” disse Macuiana.
Confirmação do hospital
Ao
Canalmoz, o porta-voz do Hospital Central da Beira, que se identificou
apenas como Jamal, acrescentou disse que os mortos e feridos eram
provenientes de Muanza, uma vila ferroviária na Linha de Sena que serve
de escoamento ao carvão de Moatize, em Tete.
Em
Muanza, a cerca de 80 quilómetros da Beira, existe uma importante
pedreira de calcário que é vital para o funcionamento da fábrica de
cimentos do Dondo, mais conhecida por Nova Maceira.
Os
comboios da Vale Moçambique e da Rio Tinto estão paralisados a noroeste
de Muanza, os descendentes, e entre Muanza-Dondo e Beira, os
ascendentes, segundo fontes na Beira que não querem ser identificadas.
Mateus
Mazibe, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de
Moçambique em Sofala, disse ao nosso repórter na Beira que não confirma
nem desmente que tenha havido qualquer incidente na zona entre Savane,
localidade que se situa a cerca de 30 quilómetros do Dondo e Muanza.
Muanza,
o local citado pelo porta-voz do Hospital Central da Beira como sendo a
proveniência dos cinco mortos e dois feridos que deram entrada naquela
unidade de saúde, situa-se a 80 quilómetros do Dondo.
Na
Beira, na delegação provincial da Renamo em Sofala, o chefe do Gabinete
do Delegado, Jorge Mussa Mutita, disse ao nosso repórter que não dispõe
de qualquer informação sobre o incidente já confirmado há momentos pelo
porta-voz do Hospital Central da Beira ao nosso correspondente na
Beira, Adelino Timóteo.
Fontes
informais devidamente identificadas reportaram-nos há momentos que
houve dois ataques a depósitos de armamento militar, o primeiro às 03
horas e o último às 11 horas na manhã de ontem, mas fontes oficiais
apenas admitem ter havido um ataque ao Paiol das FADM, entre Derunde e
Muanza, para onde foram transferidos os artefactos do ex-Paiol de
Inhamizua, na Beira, que há uns anos explodiu e ardeu.
No
Dondo e na Beira – cidades que distam entre si cerca de 30 quilómetros –
fontes civis com familiares na zona de conflito, disseram-nos que os
seus parentes abandonaram a zona em debandada, tendo o mesmo acontecido
com os efectivos policiais e militares ali estacionados.
A zona afectada abrange Savane, a 20 milhas do Dondo, Galinha, Derunde e Muanza, 80 quilómetro do Dondo.
Na Beira reina agora uma grande instabilidade militar e policial, segundo o nosso repórter.
O
nosso repórter acaba de nos confirmar que no Quartel de Matacuane, das
Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), há “grande agitação” e o
mesmo acontece no centro da cidade, no Quartel da FIR, ao lado do
Conselho Municipal da Beira onde foram vistos blindados a circular.
Ainda
nenhuma fonte da Renamo assumiu a responsabilidade do ataque, mas tudo
indica que foram homens armados desta organização que empreenderam o
assalto ao Paiol, às 03 horas da manhã de ontem.
Quanto
ao ataque ao segundo paiol, que se diz ter ocorrido cerca das 11 horas
da manhã de ontem, não há fontes fidedignas que o confirmem.
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