Canal de Opinião
Por: Noé Nhantumbo
Estratégia de desgaste e entretenimento será a eleita?
Conversem e digam tudo o que quiserem um ao outro mas não atrasem mais nada …
Beira
(Canalmoz) - Ao governo de Moçambique e a liderança do partido Renamo
queremos com veemência, apelar para que parem com o belicismo verbal e
com demonstrações de força militar ou policial. Na verdade todos sabemos
que nenhum dos dois possui tal força dissuasora. Contar com aliados e
“camaradas históricos “, com hipotéticos concessionários de reservas
minerais e outros recursos naturais, não é nem pode ser fonte de
estratégia política.
É
de vossa responsabilidade histórica e inalienável assumirem com sentido
patriótico, acima de todas as agendas que por ventura possam existir,
alinharem por um discurso reconciliatório e promotor da paz e concórdia n
país.
Os
caminhos por uma paz que engaje e envolva, absorva e mobilize os
moçambicanos só podem ser trilhados por aqueles que não receiam os
diálogos fundamentais.
Os
subterfúgios e a pretensa legalidade que alguns interlocutores procuram
apresentar como base para a recusa de uma discussão ampla e aberta da
verdadeira agenda nacional prenunciam tácticas esquivas e promotoras da
intolerância política activa. Não é demais repetir
O
que nos possam trazer as negociações entre o governo de Moçambique e a
Renamo é importante. Mas importa que se tenha a verticalidade de afirmar
que o mais importante é preservar a paz e a estabilidade no país,
independentemente do que sejam as agendas da Frelimo e da Renamo.
Estes
dois partidos tiveram todo o tempo do mundo para limar diferenças e
alinhavar seus objectivos de acordo com o que haviam acordado em Roma.
O
actual jogo de forças entre os dois ex-beligerantes trazem à superfície
uma realidade que sempre se procurou adiar e esconder. Todos sempre
compreenderam que o AGP, sua implementação e cumprimento foram
incompletos e impostos. Da parte externa nota-se uma pressão antiga para
que a paz seja mantida a todo o custo. Internamente existe um forte
interesse em assegurar que o status conquistado através da guerra não
seja posto em causa por novos actores políticos.
Quem
negoceia ou entra em diálogo hoje teve oportunidade soberana de colocar
seus pontos de vista ao longo dos últimos vinte anos. Os que se queixam
de não cumprimento do AGP sabem muito bem onde e quando as coisas
falharam. Os detentores do poder que geralmente se recusam a ceder ou a
considerar as reivindicações legítimas de seu adversário político, não
ignoram que conseguiram encurralar tal adversário…
As
opções na mesa são escassas na medida que a cedência continua a estar
fora do baralho. Fortalecer posições e forças, consolidar as alianças
externas, ganhar a batalha da opinião pública internacional, projectar
uma imagem de força com o potencial de eliminar qualquer expressão do
adversário nomeadamente na esfera militar estão a ser perseguidos pelo
governo de modo paulatino mas permanente.
Deste
modo aceitar conversar pode ser puro entretenimento numa perspectiva de
adiar e alcançar tal posição estratégica. Existe aparentemente a
convicção de que se pode arrastar o processo negocial e nesse sentido a
Renamo até um ponto de viragem irreversível. Estando criadas as
condições para uma confrontação directa e aberta então se interromperiam
as negociações u dito dialogo e se avançaria para acções
características de guerra.
Membros
da Renamo no Parlamento e seus quadros seniores começariam a ser
detidos onde fosse possível. Um estado de sítio seria declarado e
seguido de supressão da liberdade de imprensa tudo em nome da segurança
nacional e da manutenção da paz.
Esta é uma leitura do possível entre tantas outras possíveis.
Protelar
e condicionar a completa implementação do AGP favoreceu a estratégia da
Frelimo na medida em que o status não sofreu alterações. A Frelimo
continuou a governar e a controlar todos os principais organismos
decisores no país.
O
equilíbrio que parecia alcançado ao nível das forcas militares
desmoronou-se logo que começaram as primeiras reformas ou colocação na
reserva doa activos da FADM provenientes da Renamo.
Já ninguém ignora que as “fintas” de Joaquim Chissano foram cruciais para tudo o que aconteceu em seguida.
Os
cordelinhos do poder esta firmemente nas mãos de membros da Frelimo o
que proporciona toda uma vantagem estrategicamente importante.
Dá
a impressão de que não haverá cedências fundamentais em mais um
encontro entre governo e Renamo. Se tomarmos em conta a postura habitual
de um governo manifestamente centralizador e pouco dado a diálogos
consequentes, teremos encontros sobre pontos, em que os participantes
continuarão a apresentar-se em posições irredutíveis.
A
fraqueza no entendimento político e na leitura do AGP entre os
ex-beligerantes provocou uma situação de aparente vantagem para uns e
desvantagem para outros.
Obviamente
que vivemos uma situação complexa e com todo potencial de se tornar
violenta. Não interessa aos moçambicanos continuarem reféns de gente que
já foi inimiga na frente da batalha. Os interesses e agendas de uns e
outros apontam para uma única tese que é o poder a qualquer custo, mesmo
que seja fora das regras prescritas pela democracia.
Há
razões abundantes para duvidar e questionar da seriedade com se
entregam e se envolvem em negociações, numa altura em que deveriam estar
afinando suas estratégias para os pleitos eleitorais que se avizinham.
Parece que toda a sua estratégia estar apontada para a não realização das eleições.
Não
temos dúvidas em afirmar que se trata de manobras dilatórias que
desembocarão no prolongamento dos mandatos tanto dos edis como do
próprio PR e a actual composição do Parlamento.
O que se ensaia em Moçambique já foi implementado em Angola numa situação em que as armas ainda se faziam ouvir.
Um Governo de Unidade Nacional também já havia sido proposto por algumas chancelarias ocidentais logo após a assinatura do AGP.
Havendo
espaço para acordos mínimos quanto a participação nas eleições de todos
os partidos políticos seriam criadas as condições para a continuação do
processo politico nacional. A dúvida que paira no ar é se isso é
realmente o que querem os que agora se encontram sentados discutindo.
É momento de envolvimento de todos s moçambicanos. Há que unir esforços e ideias para a manutenção da paz.
Aos
parceiros externos representados por suas embaixadas em Maputo o apelo é
que no mais estrito respeito pelas normas que regem as relações entre
governos se empenhem na busca de soluções para um problema ou problemas
que ajudaram a criar.
Qualquer descarrilamento do processo politico moçambicano terá consequências graves e de longo prazo.
Ninguém quer em seu prefeito juízo e responsabilidade ver nascer outro M23 em Moçambique.
Há
tempo e espaço para se encontrarem linhas de comunicação fortes e
consistentes com a vontade nacional de paz, estabilidade e
desenvolvimento.
Afastemos a guerra do nosso horizonte visual através de acções promotoras da confiança nacional.
Aqueles
que acreditam numa vitória fácil e rápida em provável guerra no país
estão redondamente enganados como se verificou na guerra civil anterior.
Seria uma loucura que os moçambicanos permitissem que mentes
perturbadas por anseios e ambições exacerbadas empurrassem seus
compatriotas para a confrontação violenta de pois de experiencias tão
amargas…
Os moçambicanos estão atentos e saberão julgar os culpados de qualquer derrapagem…
Esperamos que os negociadores se dispam de toda a presunção e discutam com a responsabilidade que recai sobre eles.
No comments:
Post a Comment