Friday 13 August 2010

Intervenção da Representante do Parlamento Juvenil de Moçambique

DISCURSO DO PARLAMENTO JUVENIL NA SESSÃO DE ABERTURA DO FÓRUM DO
PRESIDENTE OBAMA COM JOVENS LIDERES AFRICANOS

Sua Excelência....

Minhas senhoras e meus senhores,

Honra bastante ao Parlamento Juvenil de Moçambique fazer parte deste
quartel de jovens líderes africanos que têm a oportunidade de
participar neste Fórum. Honra mais ainda, poder falar para Vossas
Excelências nesta Sessão de Abertura.

Falar dos próximos 50 anos parece distante, mas não é. Temos
consciência que a verdadeira mudança – para que tenhamos uma África de
paz, prosperidade, democracia, equidade e desenvolvimento – começa
agora! Este futuro exige transformações, mudança de mentalidade,
determinação e esforço integrado dos actores sociais nesta sala.

O cenário no qual o Parlamento Juvenil em Moçambique actua é sombrio.
Vivemos uma democracia precária, onde o jovem apesar de constituir a
maioria activa é continuamente preterido a um lugar de subalternidade
e no qual apenas os jovens activistas do lambebotismo e do yes-manismo
é que constituem a ínfima percentagem meramente cosmética de jovens
nos órgãos de tomada de decisão, explicada pela necessidade política
de visibilidade e não como factor de aprofundamento do exercício
democrático do poder. Fomos e somos constantemente combatidos por nos
afirmarmos como órgão apartidário e mobilizador da juventude.

Os direitos humanos em Moçambique são uma miragem. O direito de acesso
a informação é constantemente violado nas instituições públicas
disfarçado pelo discurso "SEGREDO DE ESTADO" – o que hipoteca a
transparência na gestão da coisa pública. Citando o presidente do
Parlamento Juvenil, Salomão Muchanga, preocupa-nos que "à medida que
saímos do discurso político e da grande planificação e, nos
aproximamos das zonas de implementação, as questões da juventude se
tornem cada vez mais diluídas".

Preocupa-nos ainda, o insuficiente tratamento dos Direitos da Juventude:

__• A fraquíssima qualidade do sistema de ensino;
__• O desemprego generalizado;
__• A problemática da habitação;
__• A corrupção companheira, amiga e patroa do dia-a-dia;
__• O HIV/SIDA e outras doenças endémicas;
__• A exclusão social e o ostracismo político;

Moçambique é um exemplo avançado de um Estado partidarizado e de uma
Democracia precária.


Minhas Senhoras e Meus Senhores,
O Parlamento Juvenil sonha com uma África coesa, solidária, harmoniosa
e de economia de mercado. Uma África orgulhosa da sua história e da
sua cultura, onde os Estados se reencontrem com a JUVENTUDE e a
política com os Direitos Humanos!
Hoje, somos chamados a romper com a apatia da nossa geração e a sair
da sala de espera, "criando" a nova roda africana centrada na
participação e a consulta pública. Este rompimento centra-se em 5
grandes Pilares:

1. Democracia e Participação

__a. Participação da juventude na decisão, formulação,
implementação e monitoria de políticas públicas e programas de
desenvolvimento;

__b. Eleições periódicas livres, justas e transparentes;

2. Economia e Desenvolvimento

__a. Competitividade com base na transformação tecnológica empresarial;

__b. Desenvolvimento rural e agrário;

__c. Declaração pública do património dos funcionários públicos,
governantes e Estado;

__d. Fundo de desemprego, maiores oportunidades de emprego e
incentivos reais ao empreendedorismo;

__e. Acesso à energia, infra-estruturas, saneamento básico e
Tecnologias de Comunicação e Informação;

3. Educação, Género e Assuntos Sociais

__a. População alfabetizada previlegiando a formação cívica,
técnica e profissional;

__b. Ensino superior acessível a todos sem discriminação;

__c. Humanização do tratamento nos hospitais, centro de
aprendizagem e prisões;

__d. Equilíbrio nas relações de género.


4. Segurança e Ordem Internacional

__a. Ambiente de rápida resolução de conflitos;

__b. Sistemas judiciais fortes e equidistantes dos poderes políticos;

__c. Uma África que não seja um abrigo de terroristas e que
coopera para a paz e segurança global;



5. Parceiros Internacionais

__a. No caso vertente os EUA, que não apoiem governos corruptos,
ditadores e nem legitimem golpes de Estados quer militares, quer
aqueles que o nosso Parlamento Juvenil chama de golpes de Estado
democráticos (por via de revisões da Constituição em benefício de
minorias despóticas);

__b. Que façam uma monitoria participativa aos financiamentos
prestados, tanto ao Governo como a Sociedade Civil, responsabilizando
os infractores.



Mais acima de tudo, uma África onde a crítica construtiva seja
recebida e acarinhada, "onde Haja Algo Para Todos E Não Tudo Para
Alguns" e onde "O Governo sirva ao povo e não o povo ao Governo" –
compartilhando responsabilidades e expectativas, num ambiente com mais
e melhores oportunidades.

É com essas palavras que arrancamos para este desafio de nos Unirmos
na Diversidade em prol de um mesmo ideal.





PELA ATENÇÃO DISPENSADA, MUITO OBRIGADO.



Washington, 2 – 5 de Agosto de 2010


Quitéria Guirengane

Assessora da Presidência para Comunicação e Relações Exteriores

5 comments:

Abdul Karim said...

Standing Ovation.

'E assim que se diz ?

Ovacao de pe.

Momade Ali said...

O que a jovem ou o parlamento juvenil entende por lambebotismo e yes-manismo? Como equacionam essas terminologias com o pertenencimento socio-político e disciplina político-partidária, que deve caracterizar não só os jovens, mas todos os cidadão políticamente engajados? No aguardo. Viva Moçambique!!!!

V. Dias said...

Disse a verdade. E de dia.

Esses malandros têm com eles uma vantagem: o povo Moçambicano só memoriza as coisas por 24h, depois zás...

Zicomo

Anonymous said...

An outstanding speech!
Ela afirmou o que muitos gostariam de ter dito...
Pena que o povo tenha memória curta, esqueça depressa o que os malandros nos vêm constantemente aprontando.
As eleições deveriam de ser realizadas todos os anos, teriamos mais opções e a memória ainda fresca.
Maria Helena

Abdul Karim said...

Manuel,

Afina pontaria.