Já não é novidade para nenhum moçambicano que a transição de um ano para o outro se tornou, aqui em Moçambique, numa oportunidade para a rápida acumulação de riqueza por parte de algumas pessoas, que, através da candonga (especulação), prática ferozmente combatida por Samora Machel, esquartejam o já moribundo bolso do moçambicano, com aumentos vertiginosos, e sem qualquer fundamento económico, dos preços de produtos e de serviços. Estes factos, nada teriam de escandaloso, se considerarmos que o mercado é movido pelo lucro. Todavia, existe uma entidade chamada Estado, que, através do contrato social, foi-lhe atribuído, entre outras coisas, o dever de zelar pelo bem estar colectivo da sociedade, protegendo-a contra toda e qualquer forma de abusos e excessos que possam ser praticados contra si. No caso vertente dos refrigerantes, a prática é recorrente (o ritual repete-se todos os anos, com as consequências daí resultantes a recaírem sempre sobre o cidadão), sendo que, o Estado se furta completamente da sua missão, chegando, inclusive, a apadrinhar estes atropelos contra o cidadão, através da sua omissão de acção contra os infractores. Ora vejamos, durante a quadra festiva (natal e réveillon), iniciou a escassez de refrigerante a garrafa, com particular destaque para aqueles produzidos pela Coca-Cola Moçambique, tendo tido como conseqüência imediata o aumento do preço, tanto por unidade, como em caixa. O argumento foi de que se estava em presença de picos de demanda que pressionavam a capacidade produtiva da empresa. Entretanto, a quadra festiva passou, o Estado não chegou de intervir, e o cidadão pagou a factura. Quem pensou que o fim das festas corresponderia ao fim da crise de refrigerante, enganou-se redundamente. Pelo contrario, a realidade indica um agravamento da situação. Praticamente, um mês após entrarmos para o novo ano (2010), o refrigerante a garrafa tornou-se mais escasso do que na altura da quadra festiva, estando, por isso, a consolidar-se, um pouco por toda a parte, o preço absurdo de 12,00 mt com que se está a vender a garrafa de 300ml, contra os 10,00 mt anteriores (que também já eram um absurdo, considerando que o preço recomendado pela fábrica é de 7,50 mt). Por outro lado, no meio desta aparente crise, eis que surge uma solução milagrosa, o mercado encontra-se inundado de refrigerante a lata, produzido pela mesma empresa, sendo vendido a um preço médio (25,00 mt) que é quase três vezes mais do que aquele quase antigo preço dos 10,00 mt da garrafa de 300ml. A situação arrasta-se e a empresa não diz nada aos consumidores dos seus produtos, sobre o que está a suceder para esta escassez de refrigerante e aumento forçado do preço do mesmo. Tudo isto, faz-nos pensar e concluir que há ai alguma estratégia comercial pouco ética e grosseiramente lesiva ao consumidor. Mais algum tempo, e as coisas permanecerão para sempre como estão, o que agrada algumas correntes, incluindo a própria empresa fabricante do refrigerante. Mais uma vez, o Estado se mantém cego, surdo e mudo. O cidadão está completamente abandonado ao Deus dará. Onde anda o ministério do comércio? Compatriotas, será que conhecemos o conteúdo da palavra cidadania? Então, porque é que, à tudo, olhamos, encolhemos os ombros e murmuramos? Numa clara atitude de deixa-andar, de que tanto falamos contra? Isto parece minúsculo, mas é precisamente desta forma que paulatinamente se nos asfixiam a dignidade de vivermos como seres humanos, livres e com direitos.
P.S Juntos venceremos a luta contra o opressor disfarçado de Messias. A luta continua!
Paulo Muxanga
"Aprende a nao se comparar com os outros, mas com o melhor que voce pode ser". By Sheakespeare
Man charged in double murder investigation
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A man is charged with murder and attempted murder after suspected stabbings
at a block of flats.
22 minutes ago
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