19 de Dezembro de 2009 por Bruno Garschagen
Hoje na Folha Online:
Cúpula do clima de Copenhague termina sem acordo unânime
da Folha Online
Terminou em completo desacordo a conferência mundial do clima, em Copenhague. Depois de horas de discussão, os 193 países encerraram a fracassada negociação ao “tomar nota” do acordo que havia sido aprovado, ontem (18), por Estados Unidos, China, Índia, Brasil e a África do Sul. Isso significa, segundo especialistas, que o acordo não teve a unanimidade de que precisava para vigorar, mas que, ainda assim, pode ser aplicado.
Pelas regras da ONU (Organização das Nações Unidas), um acordo precisa de unanimidade para vigorar. Neste caso, no entanto, essa unanimidade exigia a conciliação de interesses de países exportadores de petróleo com os de ilhas tropicais preocupadas com as elevações do nível do mar –o que, afinal, se mostrou impossível.
(…)
Já neste sábado, o presidente da Conferência, o primeiro-ministro dinamarquês Lars Lokke Rasmussen, fez uma pausa de algumas horas na sessão, para consultar com os advogados uma possível saída. O meio encontrado foi a “tomada de nota” que, de acordo com o diretor da ONG Union of Concerned Scientists (União dos Cientistas Preocupados, em inglês), Alden Meyer, significa que “há status legal suficiente para que o acordo seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes”.
O acordo pré-aprovado –que Obama definiu como “insuficiente”– trazia como metas limitar o aquecimento global a 2ºC e criar um fundo que destinaria US$ 100 bilhões todos os anos para o combate à mudança climática –sem nenhuma palavra sobre metas para corte em emissões de CO2, a grande expectativa da cúpula, que era pra ser a maior do século.
(…)
Já ontem, diante do inevitável fiasco de Copenhague, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, convocou uma nova reunião para Bonn, na Alemanha, em junho. A próxima COP está marcada para dezembro de 2010 no México.
A conferência de Copenhague confirmou o fracasso anunciado previamente. Havia tanta expectativa de que uma reunião global decidiria os rumos climáticos do planeta que deixaram de considerar pelo menos duas sérias questões de fundo:
1) Os dados e informações que se tem sobre o clima são insuficientes e manipulados (vide o Climategate);
2) Na hipótese de serem esses dados e informações fiáveis como provar que a redução das emissões de CO2 por si só garantiria o equilíbrio do clima?
O que estava em jogo em Copenhague era mais uma tentativa de estabelecer uma grande comoção e vitrine para o tema e para os agentes políticos que representavam seus países. Nesse aspecto, a conferência foi bem-sucedida. Até o fim de 2010.
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