Tuesday 11 August 2009

Reformas Regionais Aumentam Comércio Africano

Omar Diop arruma produtos secos num Mercado em Dakar, Senegal. Dakar acolhe um de vários centros de comércio regionais em África.

Por Charles W. Corey
Redactor

Nairobi, Quénia – O Centro de Competitividade Global para a África Oriental e Central, um dos quatro escritórios africanos de comércio promovidos pelos EUA, está a patrocinar maior comércio entre os EUA e África bem como maior comércio regional africano. Fez directamente pelos menos $29 milhões em negócios, desde a sua criação em 2003.

O Centro de Comércio da ECA, localizado em Nairobi, é gerido pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Outros centros de comércio, situados em Dakar, Senegal; Accra, Gana; e Gaborone, Botswana, fecharam ao todo, directamente, negócios num montante superior a $135 milhões desde a sua abertura no começo desta década.

Três funcionários da USAID sedeados em Nairobi – Stephanie Wilcock, assessora comercial regional; Larry Meserve, director regional adjunto; e Kim Wylie, especialista em desenvolvimento e comunicações – sentaram-se com o America.gov a 1 de Agosto para discutir o funcionamento do centro de comércio da ECA.

Os três estão a preparar-se para o Oitavo Fórum de Comércio e Cooperação Económica Estados Unidos – África Subsariana, que terá lugar este ano em Nairobi, Quénia, de 4 a 6 de Agosto. A reunião também é conhecida como Fórum AGOA, assim designado por causa da Lei para o Crescimento e a Oportunidade de África.

Desde 2003, o centro de comércio da ECA tem trabalhado com centenas de empresas e tem sido responsável por exportações no valor de milhões de dólares para os Estados Unidos, sobretudo no quadro da AGOA.

Companhias beneficiárias, como Kenana Knitters do Quénia, triplicaram o número de empregados e estão agora a vender os seus produtos criativos nos Estados Unidos e, em particular, no prestigiado retalhista americano Saks Fifth Avenue.

Gahaya Links do Ruanda conseguiu criar mais de 3.000 postos de trabalho produzindo e exportando cestos decorativos para o grande retalhista Americano Macy’s.

Outras firmas, como Novastar Garments da Etiópia e Phenix Logistics, que produzem vestuário com algodão orgânico no Uganda, também penetraram no mercado americano, graças ao centro de comércio da ECA.

Wilcock disse que o centro de comércio da ECA realiza inúmeros workshops para “educar” a todos na região sobre como qualificar os seus produtos para exportação para os Estados Unidos no âmbito do programa de preferências comerciais da AGOA. Também ajuda a identificar empresas que possam ter potencial para exportação para os Estados Unidos e leva algumas empresas africanas a feiras comerciais nos EUA para as ajudar a comercializar os seus produtos junto a compradores americanos.

Ela afirmou que o centro de comércio – que está a trabalhar agora com um orçamento maior – também procede a uma coordenação estreita com empresas do sector privado em toda a região no sentido de pressionar os legisladores africanos para integrarem ainda mais o processo de comércio regional.

“Tendo incidido inicialmente na AGOA, julgo que todos esses centros de comércio se expandiram e compreenderam que existem alguns obstáculos ao aproveitamento da AGOA e esses são um mau clima de negócios, custos elevados de transporte e custos elevados de energia”, explicou Wilcock.

Falando de novo do centro de comércio de Nairobi, Wilcock disse que “ao princípio incidia sobretudo na AGOA, mas diversificou-se rapidamente para programas que têm por objectivo acelerar o transporte” da região para reduzir custos.

Ilustrando este ponto, ela disse “Em Malaba, o principal ponto das alfândegas na fronteira rodoviária entre o Uganda e o Quénia, procuramos reduzir o tempo de despacho introduzindo um processo único de despacho em que ambos os lados fazem o despacho de produtos conjuntamente em vez de separadamente”.

Isso reduziu em muito o tempo de despacho, passando de três dias para três horas e, assim, poupou tempo e dinheiro a todos. Este mesmo processo está a ser aplicado agora ao tráfico de camiões.

Meserve declarou que o centro de comércio da ECA está a trabalhar agora com o Mercado Comum para a África Oriental e Austral (COMESA) e com outras comissões económicas regionais a fim de reduzir as barreiras comerciais e “criar mais políticas comuns” com as quais todos possam beneficiar.

Isso inclui a promoção da facilitação do trânsito regional e incentivo a tarifas comuns nos postos fronteiriços. A maioria dos países trabalha bilateralmente e não consegue fazer isso.

“A contribuição do centro de comércio para o valor acrescentado é uma abordagem regional para solucionar os problemas e eliminar as barreiras ao comércio”, explicou ele.

A utilização de sistemas regionais comuns na verdade “reduziu significativamente o tempo de trânsito para as mercadorias enviadas e, dessa forma, os custos do negócio. Estamos a trabalhar também nos portos com a Associação de Transitários da África Oriental a fim de ajudar a uniformizar os procedimentos e processos de certificação para profissionalizar os seus sistemas”.

Os comerciantes são obrigados a comprar uma caução em cada país em que se faz o transbordo das mercadorias, garantindo que esses produtos não sejam vendidos nesse país. A eliminação dessas cauções pode levar até um ano.

Wilcock afirmou que se calcula que $500 milhões em capital escasso se encontram presos neste sistema de cauções. Se pudesse ser adoptada uma abordagem regional, grande parte desse capital escasso estaria disponível para outros investimentos.

Wilcock declara que existem argumentos sobre competitividade que obrigam a uma abordagem regional do comércio. “O trânsito faz uma grande diferença no nosso nível global de competitividade”.

Essa abordagem regional também é útil na área dos serviços financeiros e dos custos de transacção, que tendem a ser na África Subsariana “uns dos maiores do mundo… Se pudermos aumentar a integração financeira a nível regional, conseguimos reduzir os custos de transacção” e tornar esses produtos mais competitivos.

Esses custos são particularmente pertinentes na área do algodão e têxteis, explicou ela, em que partes diferentes da cadeia de abastecimento se encontram em países diferentes.

“O Quénia é um grande produtor de vestuário, a Tanzânia tem a produção de algodão e do fio, o algodão é cultivado no Uganda e os acessórios para o vestuário são produzidos noutros países”, disse ela. As tarifas de cada país constituem um enorme custo adicional para os produtos finais e tornam-nos, assim, menos competitivos.

Kim Wylie, especialista em desenvolvimento e comunicações da USAID em Nairobi, disse que, em última análise, “se o comércio regional aumentar, a pobreza diminuir e for criada uma classe média, pensem no mercado que haverá para os produtos africanos só em África e isso irá promover até maior crescimento económico e desenvolvimento por todo o continente”.

6 - A África do Sul Encontra-se numa Posição Privilegiada para Impulsionar o Crescimento Económico em África

Por Stephen Kaufman

Autor

Washington — O sucesso financeiro e económico da África do Sul representa não só uma responsabilidade mas também uma oportunidade para o país ajudar os seus vizinhos africanos a alcançarem o seu próprio potencial de desenvolvimento, afirma a Secretária de Estado Hillary Rodham Clinton.

No seu discurso em Joanesburgo, África do Sul, em 7 de Agosto, dirigido à International Development Corporation, Clinton afirmou: “Não é fácil encontrar países com políticas financeiras e económicas tão sólidas como têm sido as da África do Sul”, e ainda que o país está “numa posição privilegiada para promover a sua própria trajectória económica e para impulsionar o crescimento económico no continente africano em geral”.

A história de África revela uma “verdade dolorosa” ao longo dos anos de colonialismo e pós-colonialismo, períodos nos quais os seus recursos “foram vezes demais para o proveito de apenas alguns, e não de muitos”, afirmou Clinton. “Não obstante a grande riqueza deste continente, é aqui que residem as pessoas mais pobres do mundo”.

A prosperidade e a oportunidade africanas devem agora ser partilhadas e expandidas e deixar de ser “desperdiçadas por governos e dirigentes inadequados e por uma abordagem pouco visionária tanto no sector público como no privado”, acrescentou.

Disse ainda ao público sul-africano que o sucesso económico actual e futuro de África está vinculado em grande medida ao sucesso económico da África do Sul. É igualmente uma responsabilidade e uma oportunidade para todos vós, que gerem os interesses económicos deste país”.

As políticas económicas do país têm resultado em bom crédito, baixo endividamento e bancos solventes e bem regulamentados. Ao citar os colapsos bancários que ocorreram no mundo inteiro e que contribuíram para a actual crise económica global, a Secretária afirmou: “Com toda a franqueza, temos muito a aprender com o vosso exemplo”.

Ao analisar os factores subjacentes ao sucesso da África do Sul, Clinton louvou o exemplo do país de enveredar pela reconciliação política e adoptar uma “constituição moderna e progressista” após a sua transição do apartheid na década de 1990. Para além da diversificação económica e da adaptação a novas tecnologias, a África do Sul envolveu também um maior número das suas mulheres como “cidadãs empreendedoras”.

A Sra. Secretária de Estado felicitou o Presidente Jacob Zuma pela nomeação de Gill Marcus para governador do South African Reserve Bank, assim como os “inúmeros exemplos” de mulheres empreendedoras no país.

Contudo, a “África do Sul tem um potencial económico muito maior ainda e não pode existir como uma ilha de relativa prosperidade num oceano de oportunidades inexploradas noutras partes do continente”, declarou.

Os Estados Unidos estão prontos a trabalhar com a África do Sul para reforçar o comércio e a integração regional, desenvolver novas tecnologias e criar condições mais favoráveis de negócio por intermédio da boa governação e da capacitação económica das mulheres, disse ainda.

Dado que as mulheres constituem 70 por cento dos agricultores da África do Sul, um aumento da produtividade agrícola do continente representaria um “enorme incentivo”. A África é responsável actualmente por dois por cento do comércio mundial global. “Se aumentarmos a produtividade em apenas um por cento em todo o continente, isso representaria mais do que todos os programas de ajuda actualmente afectados a África”, disse Clinton.

A Secretária de Estado disse também que em Setembro terão início conversações entre líderes sul-africanos e americanos, com o objectivo de estabelecer um conselho empresarial bilateral para promover vínculos económicos mais estreitos.

O Governo Obama pretende também apoiar os planos de desenvolvimento rural e de infra-estrutura propostos pelo Presidente Zuma.

A pobreza rural também tem consequências negativas em áreas urbanas quando as pessoas que se deslocam para as cidades em busca de trabalho “ficam numa situação sem saída, por não terem a formação e a preparação necessária para os empregos que estão disponíveis”, disse.

A Secretária Clinton declarou também ser para ela um enorme prazer ter a oportunidade de se encontrar com o ex-Presidente da África do Sul, e vencedor do Prémio Nobel da Paz, Nelson Mandela.

É importante, afirmou, “que dê continuidade ao trabalho a que dedicou toda a sua vida, o trabalho do diálogo, o trabalho de ajuda às comunidades, o trabalho da resolução de problemas e da procura de soluções criativas para dar resposta em tantas frentes”.

Encontra-se disponível uma transcrição do discurso da Secretária de Estado em America.gov.

Que decisões relacionadas com assuntos externos deveriam ser consideradas pelo Presidente Obama? Comente no blog America.gov Obama Today.

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