Tuesday 11 August 2009

A Opiniao de Edwin Hounnou

Falta de modéstia
Pessoas notáveis da sociedade advertiram ao Governo para que a ponte sobre o Rio Zambeze, no distrito de Caia, em Sofala, e Chimuara, distrito de Mopeia, na Zambézia, não ostentasse o nome de Armando Guebuza, Chefe do Governo, que propôs o nome do seu líder. A desculpa segundo a qual não foi Guebuza que mandou estampar seu nome, mas, o Governo, não procede porque ele é seu chefe e tem poderes Constitucionais para alterar, vetar ou não promulgar decisões mal tomadas. Se fosse
humilde, poderia ter recusado. Não o fez. Então, quem cala consente, diz o povo. Guebuza quis que a ponte tivesse seu nome. Estas práticas estão em desuso em regimes democráticos.
Mas verificam-se, ainda, em monarquias absolutistas, hoje, em extinção, ou em regimes comunistas ortodoxos.
Qualquer decisão ou acto tomada ou assumida pelo Governo é atribuída, em última instância, ao seu dirigente, como é de lógica. Este é um erro histórico que alguns não descortinam, talvez, por motivos de sobrevivência pessoal. Acham que, escovando o
Presidente, seja uma maneira para continuarem governantes. Esquecem=se
de que acima nenhum dirigente está acima do povo que assiste a malabarismos que alguns ministros protagonizam e Guebuza, por falta de modéstia, consente que o escovem, como, noutras ocasiões, têm feito.
Guebuza não ficaria menos poderoso se não colar seu nome em grandes de engenharia do País. Ele continuaria sendo Presidente de Moçambique.
Guebuza é conhecido como forte, inteligente e laborioso, não precisando que o bajulem.
Guebuza atribui seu nome a empreendimentos públicos de grande vulto socioeconómico e político, como forma de se perpetuar no poder. A História encarrega-se de o julgar. O
facto de a obra ter sido feita durante a sua governação não justifica que ela
seja conhecida pelo seu nome. As ímpares pirâmides do Egipto não se conhecem nem foram baptizadas com os nomes dos faraós que as mandaram erguer. O Canal de Suez, no
Egipto, não tem o nome do líder que o mandou construir. O Canal de La Mancha, que liga a França da Inglaterra, não leva o nome de nenhum dirigente dos dois países. A reversão da barragem da Cahora Bassa aconteceu no tempo de Guebuza e devem ter
pensado que ficaria, demasiado, ridículo mudá-la para “Barragem Armando Guebuza”.
É falta de modéstia Guebuza continuar a sobrevoar os distritos, antes, com oito helicópteros e uma avioneta, agora, reduziu para seis helicópteros e uma avioneta, sobrecarregando as despesas públicas. As festas, recepções faustosas repetem-se, para
um país pobre cujo orçamento mais de metade provem de donativos e endividamentos.
As bandjas, sejam Conselhos de Ministros Alargados aos secretários e outros dignitários do partido, e conferências de quadros do partido, onde se gastam imensos recursos financeiros que tanta falta fazem ao País, contribuem para aumentar o fosso da pobreza.
A discussão sobre o nome da ponte é secundária. A ponte está a ligar o País
de Norte – Centro – Sul de Moçambique.

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