Tuesday 18 August 2009

A Luanda: Zuma leva maior delegação de sempre

O PRESIDENTE da África do Sul, Jacob Zuma, parte amanhã para Angola levando a maior delegação política e empresarial de sempre numa visita presidencial desde 1994. A delegação incluirá mais de uma dezena de ministros e dezenas de empresários dos sectores público e privado, que representam a atenção que a África do Sul está a dar às vastas oportunidades de negócios criadas pela reconstrução de Angola.

O director-geral do Ministério sul-africano das Relações Exteriores e Cooperação, Ayanda Ntsaluba, salientou à agência LUSA que os empresários que acompanham o Presidente participarão em Luanda, hoje, véspera da chegada de Zuma, numa grande conferência empresarial. Para Ntsaluba, esta conferência é reveladora das intenções comuns na abertura de novas oportunidades de negócios com benefícios mútuos.

Ntsaluba insiste que “vários factores, incluindo a guerra civil em Angola, impediram que as relações entre os dois países atingissem o nível desejado após o triunfo do Congresso Nacional Africano (ANC) nas eleições sul-africanas de 1994”.

Para alguns analistas, no entanto, o que Zuma tem feito desde que conquistou a presidência do partido no poder na África do Sul é recolocar nos eixos relações bilaterais históricas que foram esfriadas pela animosidade entre o seu antecessor, Thabo Mbeki, e a cúpula dirigente do MPLA. “Não é segredo para ninguém que Mbeki alimenta uma animosidade para com Eduardo dos Santos desde os tempos da luta armada contra o 'apartheid', quando o ANC tinha bases em Angola", disse à LUSA, um alto quadro do ANC que pediu o anonimato. "Foi por isso que Pretória e Luanda apenas mantiveram relações a um nível quase protocolar durante os nove anos da Presidência de Mbeki”, explicou.

Para Jacob Zuma, a aproximação dos dois países, dos dois partidos no poder e dos dois povos é um imperativo tão premente que decidiu visitar Angola em Março de 2008, quando conquistou a liderança do seu partido.

Logo que tomou posse como chefe do Estado, enviou a ministra das Relações Exteriores a Luanda e definiu Angola como seu primeiro destino numa visita oficial.

Zuma não se limitou a promover boas relações durante a sua visita a Angola. Prestou homenagem aos que caíram em Cuito-Cuanavale, um símbolo da aliança histórica entre ANC e MPLA na luta contra o “apartheid” e contra o que consideravam a ameaça imperialista nas décadas de 1970 e 80 na África Austral.

Desta vez, Jacob Zuma leva também as aspirações de um empresariado ávido de negócios, numa altura em que a crise global está a esvaziar as encomendas às grandes empresas sul-africanas de construção civil, dos sectores mineiro, farmacêutico, automóvel e petroquímico. O “timing" desta investida poderá no entanto ser tardio. Para o analista político André Thomashausen, da Universidade da África do Sul (UNISA), “o interesse é agora muito maior da parte sul-africana do que da angolana, uma vez que Angola conseguiu ter acesso directo a tecnologias e financiamentos directamente da Europa, não necessitando tanto das empresas sul-africanas”.

No discurso oficial, no entanto, o reforço das relações bilaterais e a abertura de oportunidades de negócios são as linhas de força da visita que se inicia amanhã.
Maputo, Terça-Feira, 18 de Agosto de 2009:: Notícias

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