Tuesday 14 July 2009

A Partir de Nampula



Renamo ataca o STAE

“Não há recenseamento no país mas, sim, brigadas no terreno que nada fazem” - Arnaldo Chalaua, porta-voz da Renamo em Nampula

Nampula (Canal de Moçambique) – O partido Renamo, na província de Nampula, em conferência de Imprensa acusou o STAE de estar a fingir que recenseia os cidadãos ao dizer que no país não está a decorrer nenhum recenseamento, mas, sim, existem brigadas montadas e intruídas pelo partido Frelimo a não registarem ninguém.
Arnaldo Chalaua, porta-voz do partido de Afonso Dhlakama em Nampula, acusa a Frelimo de estar a manipular os brigadistas para não recensearem a nenhum cidadão, com vista a “garantir uma margem de espaço suficiente para a implementação das suas habituais fraudes”.
“Neste momento nenhum partido no país, com a excepção da Frelimo está preparado para concorrer nas eleições de Outubro próximo”, porque para ele “eleições é só possível com eleitores inscritos e não estando a acontecer, não vale a pena serem realizadas eleições”.
O porta-voz da Renamo em Nampula disse que “são manobras dilatórias da Frelimo as constantes avarias registadas nos «mobiles» que estão sendo usados no processo de actualização eleitoral”.
“As avarias não se justificam para um processo que já fora planificado” – afirma Chalaua.
O porta-voz da Renamo disse igualmente que as esperanças para a realização de um processo eleitoral participativo e inclusivo estavam assentes nesta fase de actualização, caso as coisas tivessem que acontecer a um ritmo democrático, “porque o recenseamento de raiz não foi abrangente”.
Todavia, o nosso interlocutor é da opinião que o processo deve ser replanificado, dizendo ironicamente que isso seria “para evitar que tudo o que aconteça seja para atingir os objectivos do Milénio”.
Refira-se que a província de Nampula, prevê inscrever uma média de 97.470 eleitores e, até a primeira semana, tinham sido inscritos apenas 19.393 eleitores, sendo 7.071 novas inscrições, 9.218 referentes a segundas vias e 3.103 constituem os que por algum motivo se transferiram para um posto diferente do anterior ou perderam a 1.ª via do cartão de eleitor. No total, existem neste momento 544 brigadas funcionando 49 na cidade de Nampula, 48 em Angoche, 38 no distrito de Erati, 11 na Ilha de Moçambique e Nacala-a-Velha, 23 em Lalaua, 28 em Malema, sendo 25 no distrito de Meconta e Mecuburi, 27 no distrito de Memba, 17 brigadas funcionam no distrito de Mogincual, 38 nos distritos de Mogovolas e Moma, para o distrito de Monapo dispor de 36 brigadas, 15 em Mossuril, 22 em Muecate, 25 estão no distrito de Murrupula, 21 o distrito de Nacala-a-Porto, 16 em Nacarôa e 21 brigadas estão no distrito de Nampula-Rapale

Retorno ao recenseamento manual

Arnaldo Chalaua propõe igualmente que seja retomado o recenseamento manual, para garantir que não aconteçam avarias nos «mobiles» que comprometam o processo, tendo em conta que o mesmo “está já viciado”.
“Adoptou-se um sistema sem capacidades devidas para recensear de facto, por isso devíamos voltar ao recenseamento manual, para garantir que todos os moçambicanos possam votar”.

Ataques a Guebuza e à frelimização do Estado

A dado passo da entrevista, o porta-voz de Afonso Dhlakama em Nampula, acusou o chefe de Estado, Armando Guebuza, de já ter preparado condições suficientes para a execução da fraude, na medida em que unilateralmente decidiu propor a aprovação de uma lei que regula a existência de apenas um único delegado de candidatura nas mesas de voto.
Ao se referir à existência de um único delegado de candidatura, Arnaldo Chalaua, apontava que “é para que o nosso delegado fique ladeado de tantos e só de membros da Frelimo, porque o STAE é da Frelimo, os técnicos que lá estão são técnicos da Frelimo”.
Para Chalaua, sendo candidato pela Frelimo Armando Guebuza só propôs uma lei de tal natureza, porque “a Frelimo não precisa de delegados”.
O nosso interlocutor foi mais além e afirmou que apenas haveria eleições livres, justas e transparentes “se a Frelimo aceitasse um STAE inclusivo, um STAE onde todos os partidos parlamentares e extra-parlamentares estivessem representados, para evitar que em casos de fraudes, os técnicos da Frelimo indefiram as reclamações de outros partidos”.

(Aunício da Silva)



2009-07-14 05:55:00

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