Saturday, 6 June 2009

A Hora do Fecho do Savana

Os doadores do Orçamento de Estado de Moçambique mantiveram sensivelmente as mesmas contribuições do ano passado, mas, por outro lado, fartaram-se de mandar recados ao governo. Com maior ou menor clareza, há agora uma preocupação sobre a Lei do Trabalho e as implicações no ambiente de negócios. O G19 passou a ter dois “membros associados”, os gringos e as Nações Unidas e os homens da pátria do Sol Nascente estão agora interessados em que o G19 passe a G20.
D. Lulu sorri com a magnanimidade doadora e diz que irá trilhar pela austeridade, medida que vai atingir, sobretudo, os detentores dos cargos governamentais, numa altura em que sobem de tom as críticas contra os excessivos gastos do cachimbo. Mas a ala pró-cachimbo já cunhou uma frase que irá fazer história: os ganhos são maiores que os custos.
E aqui anda claramente competição. As presidências abertas da primeira dama parecem rivalizar com as do cachimbo. Os telejornais das principais tvês experimentam dificuldades para decidir com quem abrem.
O governo, depois de alguma confusão inicial, se havia ou não havia crise, lá se decidiu pela velha tecla do “tou pidir”. Desde que descobriram a crise não têm parado de aumentar os números dos prejuízos. É a tal estratégia de “fazer da crise um desafio, uma oportunidade”.
Só que os estrategos andaram mal na alegada apreciação do dólar. A moeda do brada Obama parece estar a ir para baixo… o que faz os preços do petróleo irem para cima. Para os kambas é bom. Nós estamos lixados das duas maneiras.
Os tsunamis pareceram esta semana estar a abrandar as ondas turbulentas em direcção à embaixada de Mr. Obama. O seu representante fumou um agradável cachimbo com o tsunami das batas brancas. Pudera, com 270 milhões de verdes em jogo sempre é melhor “talk business” do que “talk non-sense”.
Tsunami 1 passa a mão pelo pêlo dos gringos mas está a olear armas e munições para lidar a ferro e fogo com outros parceiros na sempre melindrosa área dos hospitais de dia e os programas de HIV-Sida. A bússola parece virada para a Europa mediterrânica.
Mas o braço de ferro dos “médicos” é apenas a ponta do iceberg duma vaga de fundo maior e de efeito dominó. Empresas e investidores fazem queixa às suas embaixadas das contradições entre apelo ao investimento e o clima hostil que as suas operações enfrentam em Moçambique, no que são secundados pelos pesos-plumas locais. O G19 mandou a mensagem mas a contestação vai aumentar de tom e nem sequer vai passar pela tsunami da 24 de Julho. Resta saber se é antes ou depois de Outubro.
O Greenspan moçambicano, tão incrédulo como o resto dos moçambicanos que usam os serviços da banca moçambicana e ficam espantados com os lucros declarados todos os anos, parece estar disposto a moralizar um pouco mais o sector. Num aviso que vai fazer história estabelece serviços gratuitos, melhores procedimentos em relação a comissões e puxa orelhas a quem quer receber poupanças a troco de publicidade enganosa sobre juros oferecidos. As medidas entram em vigor em Agosto e o número do aviso é mais uma vez o 5.
Mas a banca não é só ganância. Na capital, os clientes de um dos cafés mais simpáticos do burgo, à esquina da 24 de Julho e da Julius Nyerere, agradecem que o banco laranja e o homem de Pemba tenham fumado cachimbo e o café continue café. Há valores que são mais importantes do que mola…
Por causa dos valores, a tuga está envolvida na armadilha da velha estória de reis, rainhas, cravinho, canela e “descobrimentos”. Um concurso sobre as “sete maravilhas” lusas está envolvido em polémica porque o politicamente correcto, exige, correctamente, que a memória da escravatura também deveria estar presente no evocar do passado. Não aprendem, ou não querem aprender?

Em voz baixa
Anda preocupação grande em quem acompanha a programação dos chamados dois maiores canais de tv nacional. De repente parece que a 25 de Setembro foi desaguar na espalhafatosa da Timor-Leste. O que está a dar são ministros e distritos. O debate de domingo é uma seca. A estatal até fechou o seu porque já não precisa de roubar clientela.

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