A caminho de 2010
Dancei bem este fim de semana na Maxixe. Não foi propriamente ao som matraquente do botequim “Quatro Ases”, nem dos improvisos em Chicuque e no Expansão.
O problema foi encontrar alojamento no que é um dos maiores entrocamentos de transporte do sul do país. Os locais dizem que a questão era um “casamento de indianos” que ocupou tudo quanto era sítio. Mesmo a vivenda simpática e acolhedora, sem placa comercial em que costumo ficar nos trânsitos norte-sul.
Lá fui parar à “Pousada”, mesmo na rua principal, um edifício que, pela aparência, já conheceu dias gloriosos noutros tempos.
Inspeccionei o quarto. Aceitei e coloquei os pertences no local. Na hora de subir, o empregado explica-me em modos meio embaraçados que os 1200 meticais da noite deviam ser pagos adiantadamente. Uma prática “suis generis”, embora esteja avisado que não é costume único no país.
À laia de conforto, o empregado explica-me que é frequente os hóspedes protestarem e que se escrevesse no livro de reclamações talvez os donos ficassem mais sensibilizados.
Capítulo seguinte: na recepção recebo um rolo de papel higiénico, um sabonete e o remoto do ar condicionado. A televisão, se quiser, tenho que a manejar a partir dos manípulos do aparelho. Não perdi tempo no exercício. A STV (passe a publicidade) era o único canal disponível.
A noite prometia sossego. Mas lá para as quatro, acabou a tranquilidade. Começaram os roncos das bestas da estrada parqueadas por toda a vila.
Os motoristas dos “cavalos” dão à ignição dos motores com razoável antecedência, antes de se porem em marcha. Depois precisam de calibrar a pressão do sistema hidráulico de travões da cabine e dos atrelados. Uma verdadeira sinfonia de marcas e sons distintos. Eventualmente o Rogério Manuel e o sr. Lalgy, “pesos pesados” da nossa camionagem, talvez se entusiasmem com o som dos “horse power” debitados pelas máquinas. Eu não, nestas circusntâncias. Precisava de dormir para me levantar cedo, depois de 500 km. na N1.
A Maxixe não é caso único. Em Tete a situação é idêntica. No Inchope é o caos.
Nas cidades, nos centros urbanos que são grandes “interfaces” de transporte é habitual fazerem-se terminais para parqueamento nocturno de camiões com algumas facilidades para os utentes, como acesso a balneários e lanchonetes de refeições rápidas. Uma sugestão para o edil da Maxixe que até tem direito a rua com nome próprio.
Com todos os contratempos, comecei a pensar num banho matinal de balde e caneca. Porém, o chuveiro funcionava e a água quente também. Só não havia cortina no “poliban” o que gerou uma pequena inundação na casa de banho e quarto. Com o preço da noite pagavam-se pelo menos 10 cortinas de banheiro. Mas não deve ser esta a prioridade dos gestores da Pousada.
Com o astral meio avariado desço para o pequeno almoço. O recepcionista informou-me que o matabicho estava incluído e a sala abriria às 06.30h. pois os cozinheiros chegavam às 06.00h. Os “heróis do trabalho” na versão OTM só chegaram às 06.40h. O café com leite só chegou à mesa às 07.25h.
Demorei 10 minutos a consumir um ovo e batatas fritas. De corrida para o carro, o empregado, mais uma vez embaraçado, diz que é preciso pagar o pequeno-almoço. “Afinal não está incluído no preço do quarto?”, disparo em fúria. Que nada. O “pequeno almoço da casa” é só um chá simples, um pão e margarina para barrar (“desculpe, acabou a manteiga”).
Com os fusíveis a estalar, achei que era melhor reservar o que escreveria no livro de reclamações para a minha coluna semanal. Embora seja uma lamúria rabugenta para os leitores.
O que é que isto tem a haver com Mundial de futebol na África do Sul? Tem tudo.
Assim, é muito difícil aproveitar as tais vantagens e mais valias comparadas que se esperam para 2010.
É pena.
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3 hours ago
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