Thursday, 11 December 2008

N'UM VAL'PENA! - Fourplay: a ponte entre o ecstasy e dellirium tremens

DIRECTO ao assunto. Noite de sexta-feira, 6 de Dezembro, tivemos jazz a rodos lá pelas bandas da Matola, num Jardim Municipal muito bem escolhido. O sonho de ver os Fourplay ao vivo tornou-se realidade. Mais do que a realidade de ver a banda ao vivo foi a magia e os arrepios de espinha incorporados na forma sincopada dos acordes que nos propunham ouvir, escutar e...dançar.Maputo, Quinta-Feira, 11 de Dezembro de 2008:: Notícias
Fourplay é um grupo de smooth jazz, dos Estados Unidos, formado, originalmente, por Lee Ritenour (guitarra), Bob James (teclado), Nathan East (baixo) e Harvey Mason (bateria). Em 1998, Lee Ritenour deixou o grupo e Larry Carlton entrou no seu lugar.

Foram quinze fascinantes temas dos álbuns The Best of Fourplay, Elixir, Energy e Joy Rider. Quando começaram os acordes do tema Between the Sheets ficamos todos literalmente siderados: estaríamos prestes a ver o espectacular dueto entre Nathan East e Chaka Khan? Infelizmente a diva Chaka Khan não estava, mas East rebentou com a escala sozinho. É espantoso este homem.

Os temas Dancing With Me...Making Love e…Maputo foram de autêntica divindade e que nos puseram num estado de total dellirium tremens.

No fim do concerto dos Fourplay, de uma coisa estava certo: a banda ajudou muito a desmistificar o jazz e a que melhor se conhecesse este género musical tão “difícil” de entender. Foi uma verdadeira aula de sapiência. Ficámos todos a saber que afinal o jazz é, sem dúvida, a música mais livre do planeta, onde o músico e o ouvinte podem esquecer as regras e os dogmas criados pelo mundo e se entregarem ao feitiço e pureza do seu ritmo.

Aliás, a conotação com a liberdade e pureza do jazz não aparece por acaso. Basta recordar que o jazz foi considerado profano quando surgiu no final do século XIX, na cidade americana de Nova Orleans. Os negros norte-americanos, que eram discriminados e escravizados, fizeram do jazz a sua identidade, que foi para além do patriotismo e da religião. Essa identidade ainda hoje é respeitada e admirada em todo o mundo. Há quem considere que o ragtime foi o embrião do jazz. A fusão entre a música vinda da África, por meio dos escravos que trabalhavam nas plantações de algodão, e os ritmos europeus como polca, música erudita e a marcha deu origem ao ragtime, que teve como principais expoentes os pianistas Tom Turpin, James Scott e, principalmente, Scott Joplin.

Pode ser que sim. Não tenho conhecimento de causa.

Os Fourplay trouxeram-nos então um fusion smooth jazz bastante didáctico e acessível Para os puristas, esse tipo de jazz é um desrespeito à música secular. Eu não sou purista e o bom público que esteve na Matola não o será de certeza. Aliás, tenho para mim que o jazz puro é realmente menos atraente aos ouvidos, mas conquistou seu espaço por duas razões. A primeira porque é uma música de qualidade e depois porque os músicos que as interpretam são competentes. Ainda assim, prefiro a qualidade de interpretação do smooth jazz, que até nos permite fazer uma ponte mágica nas notas expressivas e espirituais do blues, afinal de contas também uma forte sugestão das canções de trabalho das comunidades de escravos, com forte raiz estilística na África Ocidental.

Foi uma boa noite de jazz e por isso um abraço fraterno à Makhara Produções

Ciao

Leonel Magaia - leoabranches@yahoo.com.br In Noticias

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