Tuesday, 2 December 2008

LUGELA



Há muita produção em poder dos camponeses (Arquivo)Há recursos naturais adormecidos em Lugela

A INSUFICIÊNCIA de infra-estruturas públicas e falta de investimento financeiro para explorar o manancial de recursos naturais adormecidos são dois factores considerados como sendo os principais constrangimentos para o relançamento do desenvolvimento socioeconómico do distrito de Lugela na Zambézia. O número de edifícios existentes na vila-sede distrital de Lugela para o funcionamento das instituições do Estado não ultrapassa os dedos de uma mão, razão por que alguns serviços “acotovelam-se” em compartimentos muito pequenos. O distrito debate-se com sérios problemas de insuficiência de escolas convencionais, unidades sanitárias, fonte de água, rede comercial e transporte para as localidades ou principais centros de produção agrícola.
Dois factores contribuíram de forma decisiva para o atraso do desenvolvimento socioeconómico do distrito de Lugela. Primeiro, havia o problema da dupla administração que para ser desfeito levou muito tempo, o que impediu que o Governo e seus parceiros enfrentassem sérias dificuldades para pôr em marcha o programa de reconstrução pós-guerra de desestabilização.

Havia regiões, como por exemplo Muabanama, Namagoa e a própria sede distrital onde era difícil fazer qualquer investimento público ou privado. Uma vez resolvida esta questão, já em 1998, a ponte sobre o rio Lugela que assegurava a comunicação rodoviária entre aquele distrito e Mocuba ficou destruída, submetendo os 137 mil cidadãos locais a um tremendo sofrimento e privações durante dez anos.

Estes constrangimentos colocaram o distrito numa situação de “parente órfão” em relação a outros que nos dezasseis anos tiveram oportunidade de assistir à implantação de médios e grandes projectos de desenvolvimento e investimento em infra-estruturas de base como estradas, energia da HCB, telecomunicações, mais escolas e unidades sanitárias.

Os naturais e amigos de Lugela que falaram à nossa Reportagem reconhecem que o distrito está muito atrasado do ponto de vista social e económico, apesar da abundância de recursos naturais. Por exemplo, Vasco Benjamim afirmou em entrevista à nossa Reportagem que há uma necessidade de correr atrás do tempo e nessa perspectiva o distrito deverá ter uma liderança forte com visão, criativa e imaginativa que encontre soluções urgentes para retirar Lugela do marasmo económico.

A fonte considera que a reabertura do trânsito entre Lugela e Mocuba, por estrada, através da ponte sobre o rio Lugela é meio caminho andado e solução para os inúmeros problemas que afligem os seus habitantes. A ponte era o maior constrangimento mas agora já é possível circular para os dois pontos; é preciso aproveitar o máximo as vantagens da ponte para se acelerar o processo de relançamento da economia local, disse a fonte, para quem a população está disposta a contribuir com o seu trabalho.

Isabel Paulino é uma anciã com que conversámos na sede distrital de Lugela. Começou por contar episódios tristes que assistiu na travessia entre Lugela e Mocuba antes da conclusão da construção da ponte. Para ela, as mulheres e crinaças foram as pessoas que mais sofreram e só Deus soube proteger as pessoas. Agora queremos mais fontes de água, um hospital melhor, comerciantes para comprarem o nosso milho, disse, para depois observar que nas regiões do interior do distrito há gente que passa por dificuldades extremas em termos de assistência sanitária, escolas e acesso a água. Crianças e mulheres percorrem mais de vinte quilómetros para serem tratadas no hospital e para encontrar uma escola.

ESCOLAS PRIMÁRIAS COMPLETAS SÃO EXÍGUAS

São poucas as Escolas Primárias Completas no distrito de Lugela. Em contrapartida, há mais petizes que querem aprender a escrever, ler e contar. Mesmo as poucas escolas que existem são de construção precária e sem carteiras. Os meninos sentam no chão sob todos os riscos de saúde. São susceptiveis há várias doenças e destruição do material escolar e a própria roupa. Quando chove a situação torna-se crítica. Há vários exemplos disso. No total são 130 escolas, das quais 50 são de construção convencional mercê do trabalho de construção acelerada de salas de aulas que entregou ao distrito quarenta escolas. O administrador distrital de Lugela, Alberto Chapila, reconhece o problema da insuficiência e precaridade da rede escolar em todos os níveis e afirma que há outras regiões dentro do mesmo distrito sem escolas.

O que está a ser feito dessas crianças que não podem estudar por falta de escolas e professores? Qual é o futuro que lhes espera. A educação em si é um processo de distribuição do poder no sentido de que uma vez formado tem varias possibilidades de evitar situações complicadas como doenças, aumenta a sua percepção sobre o mundo que o rodeia e sabe julgar determinadas situações da sua própria vida.

O administrador distrital diz que o seu Executivo está a inventariar essas regiões com défice de escolas para no contexto do seu plano estratégico de desenvolvimento 2006/2011 resolver o problema.

O mesmo acontece em relação à assistência sanitária. O distrito conta com 12 unidades sanitária para um universo de 137 mil habitantes, o que significa que uma unidade sanitárias está para mais de 11 mil pessoas. Não tem infra-estruturas e pessoal de saúde qualidade e em número suficiente. “O distrito precisa de muitas infra-estruturas sanitárias”, afirmou o administrador para depois acrescentar que o défice tem sido minimizado com a assistência ambulatória mensal. Ditas bem as coisas, significa que as zonas não cobertas com unidades sanitárias beneficiam de assistência uma vez por mês.

Populares abordados pela nossa Reporatgem afirmam que devido a este problema, muitas famílias têm como recurso a medicina verde, ou seja, alternativa. Quem paga a factura bem cara desta situação são crianças, pois algumas efermidades de que padecem precisam da presença de um especialista ou mesmo um técnico da saúde.
COMERCIALIZAÇÃO ATINGE 30 MIL TONELADAS

Maputo, Quarta-Feira, 3 de Dezembro de 2008:: Notícias
Trinta mil toneladas de cereais foram comercializadas pelos produtores dos sectores associativo e familiar durante o ano passado, no distrito de Lugela, na Zambézia. Os membros das associações entrevistados pela nossa Reportagem afirmaram que estão dispostos a trabalhar para superar o volume de cereais comercializados na campanha agrícola passada e o restabelecimento da comunicação rodoviária com o distrito de Mocuba, através da ponte sobre o rio Lugela será um grande incentivo.

Alberto João da Associação de Muabanama afirmou que há neste momento muita produção de milho, feijões e mandioca seca em poder dos camponeses que precisa de ser comercializada.

Entretanto, Alberto Chapila disse que o financiamento das associações com os fundos do investimento de iniciativas locais estimulou muito a comercialização. Para além de comerciantes nacionais malawianos têm vindo a escalar aquele distrito para comprarem os excedentes da população.

Mau agrado é o facto de apesar de muita produção de cereais, legumes e frutas, o distrito não tem capacidade de processamento. O distrito de Lugela tem um potencial agro-pecuária pouco explorado devido à falta de investimentos. Os solos fertéis tem sido pouco aproveitados devido à prática de uma agricultura itinerante e falta de mecanização agrária. O distrito sonha com uma agricultura comercial nos próximos tempos. O administrador local disse que no contexto dos sete milhões de meticais já foram compradas dezassete motombomas, charruas e adquiridas 260 cabeças de gado bovino para o fomento da tracção animal.

O distrito tem como fundo de terras aráveis 500 mil hectares mas apenas 52 mil é que estão a ser explorados para actividades agro-pecuárias e sem mecanização.

Faltam escolas Primárias Completas no distrito de Lugela (Arquivo)CRÉDITO POR RECUPERAR

Maputo, Quarta-Feira, 3 de Dezembro de 2008:: Notícias
Os beneficiários de crédito do Fundo de Investimento de Iniciativas Locais (FIL), no distrito de Lugela, na Zambézia, não estão a honrar o plano de amortização da dívida desde de 2006. O administrador distrital de Lugela, Alberto Chapila, disse à nossa Reportagem que oitenta por cento dos valores disponibilizados nos anos 2006/2007 ainda não foram reembolsados, o que preocupa o Governo local, porque a ideia é abranger outros proponentes de projectos de produção de comida e de geração de emprego.

António Chapila afirmou que o ano de 2006 foi o mais problemático. “Sabemos que os projectos da área agrícola demoram um pouco, mas os de comercialização devem ser reembolsados no final da campanha”, disse o administrador de Lugela para quem os beneficiários devem assumir a responsabilidade de pagar as suas dívidas.

Afirmou, no entanto, que o seu executivo formou equipas de monitoria e avaliação dos projectos para negociar com os beneficiários um novo plano de amortização.
CULTURAS NÃO EXPLORADAS

Mais de 100 mil hectares de culturas de rendimento e estratégicas para exportação como chá, sisal, algodão e café, não estão a ser exploradaos. Algumas dessas áreas já foram invadidas pela população para a prática de agricultura de subsistência e o governo distrital solicita aos empresários nacionais e estrangeiros para explorarem os recursos naturais adormecidos.

O administrador local afirma que alguns dos seus concessionários já não têm capacidade financeira para continuarem a desenvolver a actividade e outros foram solicitados para darem alguma explicação se estão ou não interessados nas suas concessões.

Quando aqueles recursos forem devidamente explorados, o Estado poderá ganhar dinheiro e deste modo seria possível reduzir o problema do desemprego.

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