Monday 24 November 2008

A Opiniao dse Noé Nhamtumbo -Desfecho Das Autárquicas De 19 De Novembro

A julgar pelos resultados e pelo comodismo das lideranças dos diversos partidos existentes, pode-se depreender que o futuro se apresenta mau e de pouca esperança para o fortalecimento da democracia multipartidária.
Quando os líderes da oposição se deixam ficar em casa, quando os seus interesses colidem com os preceitos democráticos e colocam seus membros na incógnita sobre
as suas reais pretensões, quando o partido no poder se aproveita das condições do terreno para pulverizar as eleições a seu favor, pouco se pode esperar.
Não tenhamos ilusões porque a verdade manda dizer que os partidos políticos supõem erradamente que fazer política é um exercício ocasional e que fazer conferências
de imprensa basta para que o eleitorado fique informado e sua mensagem conhecida.
Quando se esperava que os aspirantes a políticos e seus líderes compreendessem que cada vez que não actuam dão trunfos ao opositor e que este está atento ao mínimo
descuido, não se podem obter resultados eleitorais que garantam a manutenção de um status democrático no país.
Muitos partidos correrem o risco de desaparecer do mapa político porque não conseguem alcançar a percentagens mínimas exigidas de modo a fazerem-se presentes nas
assembleias municipais ou nacionais.
A factura que está sendo paga pelos moçambicanos resulta de uma postura política parasita em que os protagonistas se supunham ou se consideram a chave de qualquer
processo no país. Uma teimosia e sentido estratégico declaradamente
fraco, uma liderança actuando ao sabor de ventos e de intrigas intestinas, partidos criados para servir os egos de líderes estão demonstrando no terreno que não possuem
pernas para andar. O sufoco e condições difíceis de funcionamento torna as expectativas sombrias para muitos partidos políticos. Aqueles que se consideravam grandes ou aspirantes a tal acabam de sofrer uma demolidora derrota nas urnas. As culpas não se podem atribuir a outros que não os líderes dessas formações políticas.
Esperemos e rezemos que os partidos políticos da oposição acordem da hibernação a que estão votados. Esperemos que os resultados das últimas autárquicas os façam
ver que em política não se brinca e quem não trabalha no quotidiano não soma pontos, não ganha votos.
Os esforços devem ser no sentido de promover acções políticas que esclareçam os moçambicanos sobre o que está realmente em jogo.
Exige-se que os políticos moçambicanos abandonem a triste figura de predadores, caçadores de mordomias e trabalhem com sentido político e responsabilidade.
Sem que existam opositores dignos desse nome apresentando alternativas de governo, não se pode falar de democracia. Pelo rumo dos acontecimentos caminha-se a
passos largos para uma autocracia camuflada em regime democrático. Tudo está nas mãos de um punhado e os opositores ao dividirem-se facilitam a tarefa do fortalecimento de uma oligarquia que já demonstrou os seus limites. O recurso
a história para legitimar uma governação predadora não está encontrando oposição e quem sofre com isso são os moçambicanos. Estamos numa encruzilhada perigosa e
que exige uma resposta patriótica que se situe acima de meros interesses de grupos ou de lideranças politicamente falidas.

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