Monday 24 November 2008

Polícia aborta marcha de manifestação de vitória de Daviz Simango

Beira (O Autarca) – A Polícia da República de Moçambique na Cidade da Beira abortou na manhã do último sábado uma marcha de manifestação de vitória de Daviz Simango que
havia sido programada pelos seus apoiantes.
Daviz Simango que se candidatou como independente depois de ter sido preterido pela Renamo, venceu as eleições de 19 de Novembro último para a Presidência do Município da Beira, renovando por conseguinte o seu poder governativo por mais cinco anos.
Os seus apoiantes concentraram-se na manhã do último sábado na Munhava, onde funciona a sede da candidatura de Daviz Simango, e daí pretendiam desfilar pelas artérias da urbe celebrando vitória do seu candidato.
Entretanto, alertada a Polícia da República de Moçambique fez-se ao local para impedir a realização da marcha, baseando-se nos princípios legais que impõem prévia autorização para o tipo de manifestação que os apoiantes de Daviz Simango pretendiam promover.
Não houve qualquer incidente pois os manifestantes compreenderam imediatamente a reacção das autoridades.
Eduardo Elias, tido como advogado de Daviz Simango, confirmou ao nosso jornal a ocorrência, tendo, por outro lado, reconhecido que a falha esteve do seu lado ao não ter cumprido com os procedimentos legais.
Refira-se que Daviz Simango vemceu o seu adversário directo, Lourenço Ferreira Bulha, por uma diferença bastante expressiva, correspondente ao dobro dos votos depositados a favor do candidato da Frelimo.
Entretanto, a Frelimo conseguiu uma maioria relativa na Assembleia
Municipal, prometendo repor a ordem na autarquia através da aprovação de deliberações oportunas e mais recomendadas para o desenvolvimento da urbe.
Edson Macuácua, secretário do Comité Central da Frelimo para a Mobilização e Propaganda, falando à imprensa a propósito da histórica vitória da Frelimo na autarquia da Beira, disse que para já uma das acções a serem executadas será a alteração ou anulação de algumas decisões tomadas por Daviz Simango, consideradas antipatrióticas, como é o caso da colocação na Rotunda da Munhava da estátua de
André Matsangaíssa, fundador da Renamo.
A reeleição de Daviz Simango é interpretada como o ponto mais alto da demonstração do sentido de competitividade democrática em Moçambique, e alguns analistas já alertam que a Beira pode ser o ponto de início da decadência das forças políticas pré-estabelicidas no cenário político nacional, pior ainda caso optem por inviabilizar a governação do jovem Engenheiro Daviz Simango a reacção popular poderá
ser mais grave.
Já se fala bastante que a vitória de Daviz Simango foi motivada pelo voto de vingança dos munícipes da Beira face a sua vitimização pela Renamo e de modo particular pelo seu líder, Afonso Dhlakama.
A eleição de 19 de Novembro na Beira foi caracterizada por uma afluência invulgar, e a Renamo que detinha maior influência acabou penalizada.
Perante o cenário de governação imprevisível de Daviz Simango dado que o poder deliberativo está fora do seu controlo, João Cândido Pereira, analista político, declarou ao nosso jornal que não há razões para tanto alarido, enfatizando que até porque não se trata da primeira experiência em Moçambique, apontando o exemplo de
Marromeu onde a Presidência do Município esteve durante os últimos cinco anos a cargo de um elemento da Renamo e a Assembleia dominada pela Frelimo.
O exemplo de Marromeu foi inédito, acabando por representar o maior em termos de boa convivência política.
Para o analista, é muito provável que Daviz Simango possa vir a enfrentar dificuldades nos primeiros dois a três meses, mas mostra-se confiante que com o tempo o edil vai conseguir concertar com as bancadas. Apelou para que todas as partes coloquem em primeiro lugar os interesses do Município.
A lei que regula o exercício do poder autárquico está ainda em revisão, mas fala em dissolução dos órgãos caso o plano e orçamento do Município sejam chumbado acima de duas vezes. (Redacção)

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