Barak Obama, o candidato pós-racial
DOMINGO, dia 19 de Outubro de 2008. Por volta das vinte e tal, preso ao meu TV, vejo no écrã Colin Powell a falar sobre Obama. Não ouço na língua original, mas na tradução em espanhol. Apuro o meu ouvido e capto: He llegado a la conclusión de que, por su habilidad para inspirar a los ciudadanos, por la naturaleza unificadora de su candidatura, por que está conquistando a toda América, porque es alguien que cuenta con grandes habilidades retóricas, a la vez que tiene sustancia, porque es alguien que reúne las condiciones para ser presidente excepcional...Es una figura transformadora, es una nueva generación que aparece en el escenario de Estados Unidos da América e del mundo. Por estas razones, votaré por Barack Obama.Maputo, Sexta-Feira, 31 de Outubro de 2008:: Notícias
Que eu saiba, Colin Powell é republicano – o que lhe leva a apoiar um Democrata? Muitos, independentemente dos motivos que lhe levam a fazê-lo, recorrem logo à questão da raça e ainda outros, de um oportunismo político, já que Obama, depois de apoiado por essa figura, afirmou publicamente que iria pensar como compensar esse apoio: ser assessor ou atribui-lhe mesmo um cargo governamental.
Volto anos atrás, em que Colin Powell dirigiu a primeira guerra do Golfo, na administração de Bush-pai, para em seguida, no primeiro mandato de Bush-filho, desempenhar as funções de Secretário de Estado. Na capacidade de chefe da diplomacia, Powell teve a espinhosa tarefa de justificar a invasão bushiana ao Iraque, falsificando os dados e defendendo os interesses dos Estados Unidos da América. Política é política - o General estava a cumprir as ordens partidárias; a ser porta-voz de grupos de interesse. Estava, sublinhe-se, a agir segundo o politicamente correcto. Há quem diga que ele se sentiu desconfortável com a tarefa de ter que mentir que havia armas de destruição massiva, enquanto na verdade era apenas uma jogada política; e querendo preservar a sua imagem pessoal, pediu, no segundo mandato de Bush-filho, a sua demissão.
Jogadas políticas. Se falsidades sobre Iraque foram uma jogada política; não será também uma jogada política esse apoio, à luz do sol, ao adversário político?
Muito foi dito sobre o fenómeno Obama e, hoje, quero deixar carimbado neste papel as minhas reflexões
sobre a vitória quase que garantida desse candidado pós-racial.
Obama vai ganhar as eleições e essa certeza é ditada por seguintes factos:
1. A escolha do velho herói, cansado e conservador, por parte dos republicanos, foi infeliz. Temos que acreditar que o candidato McCain esteja velho e a sua idade – acima de setenta anos–pouco pode ajudar a cativar o eleitorado. Uma amiga minha americana, por coincidência republicana, foi capaz de dizer o seguinte: “o meu partido subestimou o eleitorado feminino. Muitas mulheres querem ver no presidente um homem ´macho`, em que podem encostar a sua cabecinha e sonhar com um príncipe, ainda que seja no vácuo. Será que as mulheres americanas podem sonhar ainda com McCain, como o lover preferido ou possível?” Esta frase, ainda que retirada de uma conversa informal, diz muita coisa da natureza de um candidato para o eleitorado.
2. A opção de McCain pela Palin foi e é um grande desastre. Os próprios republicanos, como o caso de Peggy Noonan, que foi o speech writer de Ronald Reagan, foi capaz de dizer o seguinte: “há poucos sinais que indiquem que ela tenha as ferramentas, o equipamento, o conhecimento ou a base filosófica que se deseja e espera da pessoa que ocupará o posto máximo” – e a desclassificação não pára por aí, chegando a afirmar que a Palin “não era uma líder, senão uma seguidora.” Ainda dentro do partido, o General Colin Powell criticou também a decisão do seu colega, McCain, por ter eleito a governadora do Alaska, Sarah Palin, como sua companheira de fórmula presidencial, argumentando: “É uma mulher muito distinta e deve ser admirada, mas ao mesmo tempo, depois de termos tido oportunidade de a ver durante sete semanas, creio que não está pronta para ser Presidente dos Estados Unidos da América e esse é o trabalho de um vice-presidente.”
3. Sarah Palin é mãe de cinco filhos, estilo de mulher que é classificada, pela maioria dos cidadãos, como ortodoxa e/ou conservadora, num mundo ocidental em que a preocupação é ter um ou dois filhos. A sua filha de menos de dezoito anos está grávida e ela, como mãe, é contra o aborto. Sendo sua filha, as pessoas de bom senso se perguntam: como é que não conseguiu educar uma filha menor, para não se engravidar na tenra idade? Será que ela é também contra os preservativos, já que é contra o aborto?
4. Há quem olha para a Sarah Palin unicamente na perspectiva de um objecto sexual, que ela está sendo alvo de várias sátiras. Há quem produziu um filme pornográfico onde a protagonista, de nome "Serra Paylin", apresenta semelhanças com a governadora do Alasca: o seu clássico penteado; os seus óculos de marca e o seu sorriso característico. E em paralelo a este filme, realizou-se em plena campanha eleitoral um concurso de duplos para “STRIPPERS”, em que as mesmas se pareçam com Palin. A ganhadora do concurso receberá um cheque de oito mil dólares e com direito a estar presente no dia de investidura.
Essas caricaturas e brincadeiras são sinais claros de que Sarah está crua e a sua escolha é mais para divertir o povo em plena era da crise financeira, que ajudar McCain.
Em termos políticos, para os analistas políticos, Palin é porta-voz de uma América individualista, da trincheira, imperfeita e grosseira nos seus discursos em relação ao adversário, tomando-o como inimigo e não companheiro da mesma nação. Ainda nos seus discursos, Palin faz muitas referências que “eles não são como nós” e, portanto, não amam os Estados Unidos como ela. Essas afirmações são em referência a Obama, que tem origens mistas e é considerado negro. Numa ocasião, em um dos seus comícios, quando um participante gritou que se devia matar Obama, a Palin limitou-se a sorrir e envergonhar-se, em vez de aproveitar a oportunidade para fazer ver aos votantes que Obama não era inimigo, senão adversário político. E a pergunta de muita gente de boa fé é: “É essa mulher que deve ser a vice-presidente dos Estados Unidos da América?”.
5. Para além de filmes pornográficos, retratos pendurados em bares, em que ela aparece nua e semi-nua, com uma espingarda na mão, já se produziram também bonecos, imitando os óculos dela, o penteado, e até as suas pernas atraentes. A herdeira e actriz Paris Hilton brincou com ela, dizendo o seguinte: “Tens um corpo potente. Não o guardes somente para ti! Porquê vestir-se de calças, quando podes levar contigo um fato de banho?” Essa provocação demonstra também claramente que essa mulher, que concorre para a vice-presidência, é mais para entreter o público e fazer sobressair a moda, já que, na sua juventude, participou em concursos de MISS. E a falar da moda, depois que ela foi apontada para concorrer como vice-presidente, o partido instituiu um fundo especial para ela mudar todo o seu guarda-fato, incluindo a família. Assim, até hoje, ela já gastou mais de cento e cinquenta mil dólares em roupas de moda, e essas somas gastas estão a ser motivo de muita tinta e fala-fala dentro e fora do partido. Palin conseguiu apresentar uma factura de cinco mil dólares de roupa para o seu marido – que escândalo!!!!
6. Ainda sobre a Sarah. Ela virou uma anedota, chegando a ser uma versão feminina de Bush-filho. Quando se tratou do debate dos candidatos à vice-presidência, os republicanos não acreditavam nas capacidades da sua própria candidata, que fosse capaz de conseguir sobreviver. Por sorte, não cometeu muitos horrores. Numa outra oportunidade, quando se colocava para responder perguntas de jornalistas, no estado de Colorado, um dos assessores de McCain interveio pessoalmente, parando a sessão de perguntas, desautorizando, assim, a candidata.
7. Sarah Palin está implicada nos actos de abuso de poder. Alguém perdeu emprego porque ousou divorciar-se com a irmã da governadora. E imaginem essa mulher vir a ser Presidenta(!) – seria capaz de mandar Obama a imigrar para a terra do pai ou do padrasto, menos na América dos Patriotas da sua imaginação!
8. McCain, nos seus discursos eleitorais, distancia-se de Bush, mas não sabe como o fazer. Por mais que queira mudanças e queira um estilo diferente de liderança, ele se esquece de que pertence aos Republicanos.
9. McCain não sabe ser adversário. Acusa, de uma forma imprópria, Obama de ser inexperiente em política externa e em muitas outras áreas. Será que há quem nasce expert de coisas? E Bush é expert de quê?
Bem, falei muito da dupla McCain-Palin, e agora é a vez de Barack Obama.
Mas quem é esse homem?
Barack Hussein Obama Jr. nasceu em 1961, em Honolulu, Estado de Hawai. É filho de Barack Obama, proveniente do povoado de Nyang`oma Kogelo, Distrito de Siaya, Quénia, e doutorado em Economia pela Universidade de Harvard; e de Ann Dunham, de Wichita, Kansas, doutorada em Antropologia pela Universidade de Hawai, em Manoa. Quando ainda criança, os seus pais divorciaram-se e Ann Dunham contraiu um novo matrimónio com o indonésio Lolo Soetoro. Em 1967 se mudou, com a família, para a Indonésia. Nesse país, o pequeno Obama frequentou escolas locais, em Jakarta, até aos seus dez anos, e depois regressou aos Estados Unidos (Honolulu) onde viria a viver com os seus avôs maternos. Graduou-se na Universidade de Columbia, e na prestigiosa Escola de Direito de Harvard Law School, onde desempenhou as funções de presidente da revista de leis – Harvard Law Review. Posteriormente, trabalhou como organizador comunitário e exerceu a sua carreira como advogado em Direito Civil, antes de ser eleito e servir como senador do Estado de Illinois. Adicionalmente, foi professor de Direito Constitucional na Faculdade de leis da Universidade de Chicago.
Depois desta pequena biografia, importa apresentar os motivos que me levam a acreditar na vitória deste homem.
1. Na verdade, as eleições mais renhidas da História dos Estados Unidos da América realizaram-se há muito tempo, em que Obama teve como adversário a dupla Clinton. Ele ganhou as eleições antecipadas e os americanos mostraram que preferiam mais a ele que ao clã Clinton. E será desta vez que lhe vão abandonar, preferindo um velho (McCain) mal acompanhado pela Palin?!
2. Muitos americanos, incluindo nós outros, consideramos Obama como negro. Eu tenho dificuldades de aceitar que ele o seja. Para mim, Obama não é negro e nem é branco. Ele é a simbiose das raças, que representa a harmonia, a convergência, o encontro de culturas e de saberes. E sendo-o, ele inspira a muitos, senão a todos. Como ser negro se o seu pai é negro e sua mãe branca? Aceitemos que Obama seja negro. Então, sou obrigado a acreditar também que a raça negra é muito forte. Basta estar em alguma percentagem, numa determinada mistura, para o produto se classificar logo como negro.
Negro ou outra coisa, não importa, falemos de Obama e dos que jogam por debaixo da mesa, construindo a sua vitória.
Obama chegou à História dos Estados Unidos da América quando as raças já estão consignadas ao sótão, o que não quer dizer que o racismo tenha acabado. Pesem ainda algumas nódoas de racismo, votarão Obama os seguintes: os que superaram categoricamente os complexos de raça – brancos e pretos, aliás, castanhos escuros e castanhos claros; os negros revolucionários e descomplexados; os brancos convictos com as mudanças e também descomplexados; os que odeiam Sarah Palin, poucas suas ideias racistas, sua imaturidade política e sua desconfiança de os outros não serem patriotas como ela; os negros como Colin Powell; os que não acreditam na mensagem do McCain; os que querem realmente mudanças, entre muitos outros grupos por se classificar e movidos por vários interesses de ordem político-social e económico.
Mas quem, de facto, está, por detrás de Obama?
Para aqueles que gostam de ler, aconselho-os a ler o livro o governo invisível, de autoria de Bruno Cardeñosa. O aparecimento deste livro levantou muita polémica nos Estados Unidos e noutros países. O livro defende, explicita e implicitamente, que nos Estados Unidos da América existem dois Governos: um visível e outro invisível: o primeiro é o que aparece nos jornais e todos o citam e acompanham as suas actuações; e o segundo é o que é regido pelas elites próprias e dão os seus veredictos quando necessário.
O Governo Invisível é como se fosse um outro serviço de segurança, e crê-se que o mesmo esteja sob as Ordens do Conselho de Segurança Nacional, e que é constituído por pessoas altamente comprometidas com a causa americana, inteligentes e previamente escolhidas-seleccionadas. Na essência, esse Governo Invisível funciona como "cérebro pensante" e “coração político”, dos Estados Unidos da América, e que comporta dentro do grupo republicanos, democratas e outras tendências políticas – funcionando, na verdade como um partido O intermediário das formações conhecidas pela sociedade.
Que se diga em voz alta ou baixa, a candidatura de Barack Obama não foi discutida no partido e nem nas mesas de café, senão uma decisão dos invisíveis, dada a importância e a especificidade do momento. Essa candidatura de um não-branco, sublinhe-se não-branco, foi calculada há muito tempo, pelos programadores do pensamento político americano. Já estava escrito algures que, nos primeiros anos do século vinte e um, os Estados Unidos da América deveriam dar um exemplo de convivência racial no mundo, escolhendo, para tal, um Presidente afro-americano.
A pergunta que se coloca é: se o voto é popular, como será em casos de o povo achar que Obama não pode ser o seu símbolo da Nação?
Há duas respostas a esta questão:
Um: Caso falhe o Projecto OBAMA, o povo terá ganho uma lição, esta que consiste em ver o país não no prisma racial.
Dois: – tendo em mente as Eleições em que Bush passou à tangente, frente ao Al Gore, caso os Think tank (os estratégicos da política americana) não queiram adiar o seu projecto-Obama, poder-se-á fazer a mesma batota, facilitando o democrata. Vejamos: a vitória de Bush interessava aos pensadores do Governo Invisível, dada a filosofia agressiva do clã Bush. Para garantir que o dossier Iraque fosse executado, a máquina insensível, usando os seus conhecimentos e prerrogativas, mandou inventar todas as irregularidades possíveis, mas com o objectivo único de se beneficiar Bush. Al Gore foi vítima do processo. Como forma de recompensar o vitimado, ele viria a ganhar o prémio Nobel da Paz, com o tema: mudanças climáticas . A vitória de Bush-filho e o Prémio Nobel de Paz para Al Gore soa, a um leitor atento, a uma salada americanista. E o mesmo pode acontecer..., caso McCain perca, que venha a receber um PRÉMIO, a estilo americano, que será a jeito de compensa pela boa representação política do jogo dos Think Tank.
Voltemos ao General Colin Powell. Se entendemos bem as suas palavras de apoio a Obama, estaremos em posição de ler, entre linhas, que ele está a, em nome dos invisíveis - os Think Tank , a dar ordens no sentido de que a América precisa de mudar de imagem, pelo menos para os próximos quatro anos. E não nos esqueçamos de que Powell foi Chefe do Conselho de Segurança Nacional, órgão que supervisa os membros do Governo Invisível, ou que serve de guarda-chuva!
No livro o governo invisível constam os seguintes nomes: Colin Powell, Francis Fukuyama, Condoleeza Rice, Henry Kissinger, Samuel Huntington, Roberts Brookings, Paul Wolfowitz, entre outros, como membros dos Think Tank, homens esses que podem propor e determinar a mudança dos acontecimentos do país. E todos nós sabemos o papel que cada um desses desempenha e desempenhou na história das ideias e de acções da América no Mundo.
No nonagésimo aniversário dos Think Tank, Obama esteve presente e apresentou uma comunicação. Estaria como membro ou simplesmente um convidado? Uma ou outra não interessa, que a sua presença nos noventa anos dos Think Tank é um ponto de reflexão para se entender a trajectória política desse homem e ter-se a certeza que a sua candidatura é sob recomendação dos membros dos Think Tank, esse cérebro pensante.
Voltemos ainda à questão da raça. Na concepção popular, Obama é negro, mas um negro diferente, que cresceu com a mãe e os avôs maternos, que são brancos. Para os membros patrocinadores da candidatura de Obama, ele é um factor unificador, e tem a consciência das suas origens. Muitos negros, de Elite, dos Estados Unidos da América, sabem ou pensam que os seus antepassados tenham vindo da África, mas poucos são capazes de apontar um país concreto de onde veio o seu trisavô, pentavô e por aí fora. Obama sabe – o pai dele é do povoado de Nyang`oma Kogelo, distrito de Siaya, Quénia, e a mãe, de Wichita, Kansas. O próprio Powell, pesem as suas origens africanas, saberá de onde vieram os seus antepassados? E Jesse Jackson? E Martin Luther King? E Michael Jackson? E Whoopi Goldbert? E Oprah Winfrey? E os outros? E o nosso candidato, a favor desse conhecimento da sua origem, ele se chama-se Barack Hussein Obama, e não como os outros negros da alta sociedade com nomes adquiridos na América. O pai de Obama impôs um nome ao seu filho, que até o podia prejudicar, mas é o seu distintivo, diferente de muitos casamentos mistos, em que os nomes impostos aos filhos foram, na maioria dos casos, da parte europeia ou, diga-se, ocidental.
Na escolha e aposta dos Think Tank por um negro que pudesse ser o possível presidente dos Estados Unidos, o factor geração, a origem (concreta), o nome ou a identidade cultural jogaram um papel preponderante. Obama ouviu falar de escravatura, mas não viveu na carne e osso. Não tem ressentimentos de ter sido escravizado, o contrário dos outros negros norte-americanos, bem posicionados.
Obama é um Homem globalizado. Pai negro. Mãe Branca. Padrasto asiático, e passou por melhores escolas dos EUA. Devido à sua trajectória individual e o seu carisma natural, ele é visto pelos brancos, como um deles - filho e neto das suas compatriotas. Obama tem uma consideração muito especial pela sua avó materna, dona Madelyn Dunham, e essa sua afeição lhe dá pontos e respeito. Para os negros, Obama é também um deles, por causa do velho economista queniano, que é o seu pai biológico, diga-se por causa da sua ala paterna. Para os asiáticos, Obama não deixa de ser um deles, por ter tido alguma influência da cultura asiática. Conta-se que Obama, quando foi viver na Indonésia, junto da mãe, uns miúdos indonésios atiraram-no a um lago. Ele, no lugar de os bater, que o podia fazer, por ser mais velho que eles, ao sair do lago, sorriu para eles. Esse gesto do pequeno Obama fez-lhe ganhar a amizade de todos aquele que lhe consideravam estranho.
Essa mesma lição, ele tem-na usado na campanha e nas campanhas. Quando o adversário lhe ataca, ele fica atento, olhando para o mesmo, e nunca deixa as discussões irem pelos caminhos ínvios. Nas primárias, por exemplo, depois de um debate caloroso com a Hillary, Obama não se importou de puxar a cadeira para ela se levantar, num gesto de grande cavalheiro. E o mundo admirou-se e gravou aquele gesto simpático e de grandeza. Obama nunca, em actos oficiais, desmascara o adversário dizendo a palavra mentira – que ele prefere a expressão - não é verdade .
Para os muçulmanos, Obama é um deles, por causa do nome e das suas origens. Para os latinos, Obama é um deles, por um passado e presente comum de marginalizações.
Para cada um dos americanos, Obama é um deles, porque o candidato transcende todas as raças, todas as religiões, todas as filosofias de convivência.
A vitória do Obama frente ao clã Clinton foi a prova mais concludente da sua grandeza.
Dos apoios que já recebeu de personalidades, à parte Powell, Madona, Oprah Winfrey, só para mencionar alguns, o presidente executivo da Google, Eric Schmidt, não escondeu a sua afeição pelo “miúdo”, chagando a oferecer-lhe espaço no Google para fazer a sua campanha, e justificou-se: “É tempo de mudanças. O grupo actual (em referência ao Governo de Bush) nos colocou onde estamos, e é tempo para que um novo grupo de gente nos leve para uma outra direcção”.
Outra surpresa vinda do Parido Republicano é o apoio expresso de ex-porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, a Obama.
Afinal, não será Obama um candidato da elite americana?! E o sendo, Fidel Castro, que achava estranho que o candidato nunca tivesse sido ameaçado de morte até à data, já deve ter resposta: a um candidato dos Think Tank não se deve-pode mexer e pôr em perigo!
Victória ou derrota, Obama mudou a monotonia da política mundial; levantou esperanças; sacudiu poeiras racistas; polarizou atenções; inscreveu o seu nome na parede política internacional. De Alabama a Obama, um longo caminho se percorreu; de Harlem Renaissance a Obama, um sonho se cumpriu. E para a população negra de Harlem, Obama é o tal Messias que tanto se esporou.
Florentino Dick Kassotche - colaboração
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