Friday 31 October 2008

Onde estão os 15 milhões de MT alocados à «AGEMOD»?




Atitude da Primeira-ministra Irrita os desmobilizados de guerra

"Estamos a sofrer pressão de 3 mil desmobilizados das províncias. Querem avançar para uma outra manifestação à escala nacional porque ficou claro que a tendência do Governo é de nos jogar e nos mafiar" – Joaquim Manuel, presidente do Conselho da Administração da «AGEMOD». "Há dias recebemos quatro deputados, dois da Renamo e dois da Frelimo. No encontro que tivemos falaram também dos 15 biliões de Meticais da antiga família que a Primeira-ministra disse ter locado na AGEMOD enquanto na verdade alguém comeu em nosso nome. Aconselharam-nos a não deixar o assunto parado"

Maputo (Canal de Moçambique) – Os pronunciamentos da ex-ministra da Finanças e actual Primeira-ministra, Luísa Diogo, feitos ao Parlamento em 2001, assumindo que o Governo terá disponibilizado 15 biliões de Meticais da antiga família (15 milhões actuais) para dar prosseguimento à vários projectos na altura em curso na Agência Moçambicana dos Desmobilizados (AGEMOD), está a tirar sono Desmobilizados de Guerra.
O presidente do Conselho da Administração da «AGEMOD», Joaquim Manuel, voltou a contactar o «Canal de Moçambique» para manifestar o descontentamento dos seus co-associados que dizem estarem a ser jogados e marginalizados pelo Governo.
Segundo ele, a Primeira-ministra continua a evitá-los. "A nossa preocupação é a mesma com a dos deputados da Assembleia da República. Queremos que ela nos receba em audiência para nos explicar onde estão esses 15 biliões de Meticais tirados dos cofres do Estado em nome da AGEMOD e quem foi que os recebeu. Não é isso que queremos mas se for preciso podemos ir ficar à espera dela no seu gabinete logo de manhã para nos receber".
Joaquim Manuel que agora diz estar a ser pressionado pelos desmobilizados de guerra das restantes províncias disse também que depois da greve levantada em Setembro último e que culminou com a detenção de alguns colegas seus, "ficou claro que a tendência do Governo é de nos jogar e nos mafiar".
“A Sociedade Civil em si também tem vindo a nos informar que estamos a ser jogados de um lado para o outro porque estamos sempre em reuniões com o Governo mas na prática nada é resolvido e entende que mesmo as detenções dos nossos colegas em Setembro foram injustas”.
Visivelmente preocupado com a situação, Joaquim Manuel exibiu ao «Canal de Moçambique» uma carta feita pela Coligação das Associações dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, em que pedem à «AGEMOD» os resultados tidos nas reuniões que vêm sendo mantidas com o Governo desde a greve de Setembro último.
Entre outros conteúdos da carta, a Coligação informa à «AGEMOD» que caso as reuniões com o Governo não tenham alguns pontos aprovados e com uma breve implementação, o assunto fica suspenso e encerrado para "os desmobilizados de guerra saírem à rua novamente, manifestando-se à escala nacional por um tempo indeterminado a partir de 10 de Novembro próximo".
Aliás, segundo o próprio Joaquim Manuel, alguns deputados da Assembleia da República pelas duas bancadas têm se dirigido à «AGEMOD» com o sentido de se inteirarem de novos desenvolvimentos de tais reuniões com o Governo decorrentes da greve havida em Setembro.
"Há dias recebemos quatro deputados, dois da Renamo e dois da Frelimo. No encontro que tivemos falaram também dos 15 biliões de Meticais da antiga família que a Primeira-ministra disse ter locado na AGEMOD enquanto na verdade alguém comeu em nosso nome. Aconselharam-nos a não deixar o assunto parado", disse.
De acordo como interlocutor há informações segundo as quais "este valor foi sacado no Ministério das Finanças em nome dos desmobilizados de guerra".
Nas suas investigações, Joaquim Manuel, disse que a «AGEMOD» entrou em contacto com o actual Vice-ministros das Pescas, Manuel Borges, em virtude de ter exercido cargos de chefia no Ministério das Finanças na altura do desembolso dos alegados 15 biliões de Meticais da antiga família que não chegaram aos cofres da «AGEMOD».
A Fonte, explicou ainda que "Manuel Borges foi um dos intervenientes que acompanhou todo o processo dos desmobilizados de guerra porque nessa época foi chefe do gabinete e secretário-geral no Ministério das Finanças". Entretanto, Manuel Borges disse não saber muito bem sobre o assunto, mas "quem podia esclarecer muito bem o assunto é o Dr. Mazembe".
Contra as expectativas dos agremiados, Mazembe, por sua vez disse que na altura em que o actual Ministro das Finanças, Manuel Chang, tomou posse, fez questão de lhe apresentar toda a documentação referente ao assunto dos desmobilizados com os respectivos detalhes em que ilustrava os trabalhos realizados e não realizados a favor da «AGEMOD».
"Sublinhou que este processo é da AGEMOD, e temos direito a quatro viaturas e duas motorizadas e vinte e quatro rádios de comunicação", disse Joaquim Manuel para nos assegurar que desses meios "apenas recebemos doze rádios em 2000 aquando da inauguração da nossa sede".
Entretanto, Manuel Chang também nega ter recebido a referida documentação sobre «AGEMOD». Quando são convocados encontros para "acareação" dos alegados envolvidos no processo de que “não se vislumbra nenhuma solução à vista” a favor dos lesados, “alguns não comparecem”. Mas o certo, diz Joaquim Manuel, é que "esse é um processo que envolve um grupo de indivíduos que sacou o dinheiro dos cofres do Estado em nome dos desmobilizados de guerra".

(Emildo Sambo)

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