Governador do BM tenta justificar abstenção no uso do Rand
«Mukheristas» denunciam que as Alfândegas também se recusam a aceitar pagamentos em rands nas fronteiras com a África do Sul
Maputo (Canal de Mocambique) - O governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, reconheceu ontem em declarações exclusivas ao nosso jornal, a abstenção do uso do Rand sul-africano por parte de alguns bancos comerciais e casas de câmbio nas praça nacionais, negando contudo que tal se trata de alguma crise, pese embora tenha relacionado o facto com a desvalorização daquela moeda face ao Metical, que segundo afirmou tem estado a estabilizar nos últimos dias.
"É que muitas pessoas optam pelo metical do que pelo Rand, porque a nossa moeda tem mais valor do que o Rand" afirmou a fonte, acrescentando que apenas o dólar (USD) é que se está a valorizar, mesmo em relação ao €uro.
De acordo com o governador do Banco central, também a falta de confiança nos objectivos macro-económicos na própria África do Sul, pode ter provocado a tal situação de crise financeira que a economia daquele país atravessa neste momento, sobretudo no ramo da indústria transformadora.
Embora tenha dito que não se trata de alguma crise, Gove disse prever que a crise na economia sul-africana, que depende da economia global, possa vir a afectar Moçambique, dado que "temos 50 por cento do comércio com aquele país".
"A inflação está fora das expectativas na África do Sul, e a confiança em relação à economia daquele país, perdeu-se" afirmou o nosso interlocutor.
Questionado como seria daqui em diante, perante este comportamento uma vez que a maior parte da nossas transacções comerciais (50 por cento) sobretudo do sector informal, como afirmou, dependem da Africa do Sul, o dirigente do BM, disse que "o sector informal não deve continuar a depender de importações para sobreviver, mas, sim, produzir-se e vender-se o que é nacional".
"A saída é deixarem de importar, e apostarem na produção nacional" afirmou Gove.
Rand e Alfândegas
Entretanto o presidente da Associação moçambicana dos Importadores Informais (vulgo Mukheristas), Sudekar Novela, afirmou ao «Canal de Moçambique», que para além dos bancos e casas de câmbios, também os serviços das Alfândegas junto das fronteiras, têm estado a recusar desde da semana passada, o pagamento em rands das despesas das importações dos informais do nosso país, alegando que o pagamento deve ser feito apenas em moeda nacional ou seja o Metical.
Novela afirmou, que tal situação, está a agastar os "Mukheristas", dado que muitos, senão todos, fazem as suas transacções comerciais em moeda sul-africana – o Rand – moeda do país onde fazem as suas compras. Até porque segundo disse, não é muito aconselhável entrar naquele país, com a moeda nacional, dado que lá não tem nenhum valor.
O presidente dos mukheristas, disse não compreender a justificação do governador do Banco de Moçambique, segundo a qual a desvalorização da moeda sul-africana é a razão que estaria por detrás da abstenção do uso daquela moeda pelos bancos comerciais, casas de câmbios, incluindo por parte das autoridades estatais das alfândegas.
"Se esta fosse a razão, então não havia razão de se fazer as operações de câmbio no país, de algumas moedas, tal como a zimbabweana, que não tem nenhum valor em relação ao Metical" disse Novela, para quem o argumento de Ernesto Gove, pode estar a encobrir alguma crise junto de instituições bancárias, por um lado, mas também de algum negócio obscuro relacionado com as comissões no câmbio das moedas, quando estas operações são feitas no mercado informal.
"Penso que sendo o rand a moeda mais movimentada nas transacções comerciais de Moçambique com a África do Sul e a Região, é bem possível que tenha sido colocado no mercado informal para lá ser vendido" concluiu Sudekar Novela.
(Bernardo Álvaro)
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