Thursday, 16 October 2008

Agostinho Ussore demite-se

A “Perdiz mor” está a ficar depenada

• Mais um assessor político de Dhlakama dá a cara e confirma demissão deste cargo
•Agostinho Ussore, quando interrogado sobre o que lhe terá dito o presidente da Renamo ao tentar persuadi-lo a falar com Daviz, disse que Dhlakama alegou que “tratou-se de uma decisão política e que este não era o momento para conversar com Simango”.

Beira (Canal de Moçambique) – Agostinho Ussore, quadro sénior prestigiado da Renamo decidiu dar a cara e confirmou na última sexta-feira que se demitiu das funções de assessor político de Afonso Dhlakama.
Falando numa conferência de imprensa que convocou a propósito na Cidade da Beira, Agostinho Ussore, que actualmente é deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo-União Eleitoral, disse que submeteu ao gabinete de Afonso Dhlakama a sua carta de pedido de demissão no passado dia 2 do corrente mês.
“A coisa tem estado a correr por aí no estilo de fofoca, como boato. Todos sabem que eu sou residente na Beira e todos os membros do partido me reconhecem como assessor político do presidente da
Renamo. Por isso queria aclarar que efectivamente pedi a minha demissão das funções de assessor do presidente. Continuo membro do partido Renamo mas sem exercer as funções de assessor político”, explicou o deputado Ussore.
Ussore reagia na Beira ao pronunciamento feito há dias numas das televisões nacionais pelo porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, dando conta que Agostinho Ussore já não era assessor político de Afonso Dhlakama desde 2004, altura em que este foi eleito como deputado da AR, tentando desse modo desvalorizar o pedido de demissão formal interposto no Gabinte do presidente do partido.
Instado a explicar-se sobre os motivos que o levaram a tomar aquela decisão, Ussore sustentou que “qualquer dirigente que assume qualquer função, deve saber quando é que é útil, e quando é que não é útil, e quando naturalmente os seus préstimos não são úteis, a boa coisa que um homem com sensatez deve fazer é demitir-se, pôr à disposição as funções de modo que uma outra pessoa, talvez com
melhores qualidades, possa ser indicada para o mesmo lugar”.
Aquele quadro sénior da Renamo concedeu a conferência de imprensa nas instalações onde funciona o gabinete do candidato independente à presidência do Município da Beira, engenheiro Daviz Simango, no Bairro da Munhava.
Ussore também aproveitou a circunstância para deixar claro que ele próprio apoia a candidatura à sua própria sucessão do actual edil da
Beira.
Sobre esta questão, Ussore contou ainda que nestes dias que antecederam a sua demissão procurou localizar os dirigentes da Renamo tanto ao nível provincial de Sofala como da Cidade da Beira mas não os encontrou.
“Procurei encontrar-me com os dirigentes do meu partido, mas não estou a encontrá-los. Estamos na fase de pré-campanha dos candidatos para as eleições autárquicas e não sei onde está o candidato indicado pela direcção da Renamo. Mas pude encontrar-me com os membros da Renamo que estão a apoiar o candidato independente Daviz Simango” referiu Agostinho Ussore.

PCN foi criado para reforçar a Renamo

Tendo já sido membro da Partido de Convenção Nacional (PCN), o demissionário das funções de assessor político de Afonso Dhlakama e agora membro da Renamo para além de deputado pelo partido à Assembleia da República, teceu também algumas considerações sobre quais foram os objectivos que nortearam a criação do Partido de Convenção Nacional, PCN, organização que neste momento e desde há muito está inactivo.
No entender de Agostinho Ussore que antes de se filiar na Renamo, chegou a ser o secretário provincial do PCN em Sofala, “o PCN existiu como uma força constituída por um grupo de pessoas que estavam cá nas cidades. Foi criado como uma força que, na altura, a ideia era ser uma força de retaguarda, na clandestinidade, constituída em termos de partido ou organização quando se introduziu o multipartidarismo. Serviria mais
tarde de reforço das fileiras do partido Renamo, e foi isso que exactamente aconteceu” referiu o deputado, ao pretender deixar claro que não está filiado à Renamo “na qualidade de membro de um partido da coligação PCN-Renamo” como se diz. “Estou na Renamo como membro do partido Renamo” vincou alegando que o PCN não está activo.
Agostinho Ussore reafirmava assim o seu vínculo à Renamo. E o que simplesmente aconteceu, como também explicou foi que ele, como político, juntou-se às vozes que criticam a maneira como a direcção da Renamo afastou Daviz Simango como candidato da "perdiz" no Município da Beira, tentando a certa altura, na sua qualidade de assessor político de Dhlakama, persuadir o líder da Renamo a conversar com o actual edil da Beira tal como fez quando Daviz Simango foi o preferido em 2003 como candidato da Renamo na Beira, concorrendo e vencendo.
Agostinho Ussore, quando interrogado sobre o que lhe terá dito o presidente da Renamo ao tentar persuadi-lo a falar com Daviz, disse que Dhlakama alegou que “tratou-se de uma decisão política e que este não era o momento para conversar com Simango”.

Daviz Simango continua a arrastar multidões na Beira

Entretanto, enquanto se agudizam as clivagens no seio da direcção da Renamo com Dhlakama a ficar isolado e sem os seus conselheiros sem que se conheçam os novos dos seus substitutos, na Beira o cenário é outro. Assiste-se a uma massa de membros e simpatizantes da Renamo unidos esmagadoramente em torno do candidato independente Daviz Simango continua a "arrastar" multidões em quase todos os locais por onde tem estado a passar de visita e nas suas actividades profissionais. Mas, nos últimos dias, Simango remeteu-se ao silêncio nos contactos com a comunicação social. Tem andado por várias zonas da Cidade da Beira. Em jeito de pré-campanha e de forma informal vai mantendo contactos com populares alertando-os para o grande "embate" que os espera no dia 19 de Novembro de 2008.
Nas suas movimentações Daviz Simango visitou a semana passada diversos bairros da Cidade, mercados formais e informais e manteve encontros com crentes de diversas crenças religiosas, mas sobretudo com jovens que o tem estado convidar para "um dedo de conversa" e a manifestar, em algumas áreas de forma surpreendente, apoio à
sua candidatura.

(Zaqueu Ndawina)

No comments: