Eleições em Angola: observadores da UE dizem que escrutínio está a ser um "desastre"
05.09.2008 - 10h28 AFP
A missão de observadores da União Europeia (UE) qualificou hoje de “desastre” a organização das eleições legislativas em Angola, as primeiras vividas em clima de paz, após 27 anos de guerra civil.
"Aquilo que nós vimos nas assembleias de voto que visitámos [hoje de manhã] em Luanda foi um desastre", declarou à AFP a chefe da missão da União Europeia, a eurodeputada italiana Luisa Morgantini, que sublinhou que as urnas tardaram cerca de uma hora e meia a abrir.
“O equipamento não foi todo instalado ontem”, indicou ainda Luisa Morgantini. “Eles só se começaram a preparar às 06h00 de hoje. As operações atrasaram-se em todo o lado. É o caos total. Não têm listas dos eleitores, as pessoas não sabem o que fazer”.
“Após informações recolhidas pelos observadores em todo o país, o problema parece mais agudo em Luanda”, indicou.
De acordo com os media estatais, 21 por cento dos oito milhões de eleitores inscritos no país estão precisamente na capital, cidade com entre cinco e sete milhões de habitantes.
Estas declarações da chefe da missão da UE contrastam com aquilo que estava a ser relatado nos últimos dias pelos observadores que entretanto tinham chegado ao país: um recenseamento eleitoral exemplar, um sistema informático dos mais avançados no mundo para a contagem e o processamento dos resultados e um clima geral pacífico.
O voto de hoje envolve 8,3 milhões de eleitores na escolha dos 220 deputados da Assembleia Nacional Popular.
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