Saturday, 6 September 2008

ELEICOES EM ANGOLA


Luanda - A política eleitoral do MPLA foi definida e está a ser aplicada tendo por base o critério da “necessidade” sentida internamente de limitar riscos de um resultado desfavorável, especialmente potenciado pela impopularidade do partido e do regime, nomeadamente em Luanda e já em grupos sociais como a classe média.

Factores eleitorais que o MPLA considera serem-lhe favoráveis – tal como são avaliados internamente:

- Tem o controlo do Estado e das suas instituições-chave, assim como do sistema eleitoral; dispõe de abundantes meios financeiros para cativar o eleitorado, que adicionalmente pode influenciar graças ao controlo que exerce sobre os principais media.

- A oposição, em geral, e a UNITA, em particular, não estão em condições de explorar a seu favor o fenómeno do descontentamento popular existente; a oposição está desorganizada e desprovida de meios materiais para efectuar uma campanha eficaz.

Os fundos com que o MPLA conta para aplicar na sua campanha eleitoral elevam-se a cerca de USD 300 milhões – já realizados ou a realizar, na sua maior parte através de “donativos” de companhias como a Sonangol e Endiama, mas também de empresas privadas (algumas objecto de pressões políticas para não ajudarem a UNITA).

Os dirigentes do MPLA costumam, nas suas apreciações, subestimar a capacidade eleitoral da oposição, incluindo a UNITA; tal registo é paralelo a outro, este exteriorizado de forma recatada, que deixa transparecer sentimentos menos convincentes numa vitória nas eleições que se avizinham.

A incerteza que o MPLA cultiva em relação ao resultado eleitoral, é considerada razão de ser de métodos e práticas, já evidentes na presente pré-campanha – nomeadamente de pressão sobre a oposição, como forma de a desorientar, amedrontar e dividir – quebrando ou ofuscando assim a confiança da sua base de apoio eleitoral.

Um qualificado dirigente do MPLA advertiu numa reunião interna recente para a hipótese de a UNITA se vir a munir de “meios simples”, capazes contrariar vantagens teóricas do regime, incluindo o desfiguramento dos resultados eleitorais – tal como se verificou no Zimbabué, criando embaraços a Robert Mugabe e à Zanu. O MDC iludiu R. Mugabe e a Zanu colocando representantes da sua confiança e com grande capacidade de zelo, em todas as mesas de voto; dispunham de meios técnicos capazes de copiar as actas de apuramento de resultados e transmitir imediatamente os mesmos para um centro do partido que procedia à contagem geral.

A principal fonte de preocupação eleitoral do MPLA é Luanda, onde a impopularidade do regime, por vezes assumindo a forma de animadversão, é muito notória. Cabinda também representa preocupação – não pela expressão do eleitorado do território, mas pelas suas particularidades políticas.

Fonte: Africa Monitor

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