Saturday, 1 March 2008

MALHAZINE




Algumas famílias cujas casas foram destruídas ainda dormem em tendasExplosões do paiol de Malhazine : Ainda há famílias desabrigadas

PELO menos cinco famílias que viram as suas casas a ser destruídas totalmente pelas violentas explosões do paiol de Malhazine, na cidade de Maputo, em Março do ano passado, continuam desabrigadas, contrariando as declarações do Gabinete de Apoio e Reconstrução (GAR), segundo as quais, com a entrega das 48 casas no condomínio do Zimpecto, todas as vítimas já têm tecto.

A nossa Reportagem identificou alguns casos de famílias que embora estejam em zonas devidamente parceladas nos bairros de Magoanine A e C, Malhazine e Mahotas, continuam abrigadas em tendas, outras ainda a viverem em casas de familiares ou amigos porque as suas habitações ainda não foram reerguidas ou estão em obras.

Falando durante a cerimónia de entrega das habitações no condomínio do Zimpeto, Cristina Matavele, directora executiva do GAR, sublinhou que o processo de construção das 243 casas que haviam sido totalmente destruídas pelas explosões daquele material bélico, que deflagraram a partir do paiol das FADM, já terminou, pois todas as casas foram erguidas e entregues aos respectivos proprietários.

Numa ronda efectuada há dias, a nossa Reportagem constatou que no bairro de Magoanine C, uma casa ainda não foi construída e o proprietário disse que teve de ajeitar uma parte da capoeira para fazer um quarto, dado que é a única infra-estrutura que não foi atingida pelas explosões. Segundo a vítima, Rubem Sitoe, a equipa do GAR tem ido sempre à sua casa, fazendo promessas de iniciar as obras.

“Estou muito agastado com esta situação, porque estou a viver em péssimas condições quando os outros já têm casas. O mais grave é que o GAR tem vindo a dizer que todas as casas totalmente destruídas já estão prontas quando não é verdade”, desabafou Ruben Sitoe.

Ainda no mesmo bairro, quarteirão dois, também existe uma casa por construir e que o proprietário vive num tenda doada pela Cruz Vermelha de Moçambique.

Ginoveva Maria das Dores José, uma das residentes do bairro de Magoanine A, quarteirão 12, cuja casa foi totalmente danificada, disse à nossa Reportagem estar a viver maus momentos em virtude de a sua habitação não ter sido erguida, ainda. “Aqui na minha casa fizeram apenas levantamento dos danos, fizeram-me assinar uma série de documentos, mas ainda não foi feito nada”, disse a vítima, acrescentando que “o agravante é que não me deram tenda, fui obrigada a ajeitar as paredes que restaram para ter onde viver”.

Em Malhazine e Mahotas, por exemplo, encontrámos duas casas que ainda estão em construção e as obras decorrem lentamente, porque o material, segundo as vítimas, está a ser disponibilizado a este ritmo, o que atrasa a sua conclusão. Neste momento as vítimas estão a viver em casa de parentes.

Entretanto, a nossa Reportagem contactou a direcção do GAR, sobre o estágio actual do processo de reconstrução das casas danificadas pelas explosões do paiol de Malhazine. Instado a comentar sobre as casas identificadas pela nossa Reportagem que ainda não foram reerguidas, a directora executiva do GAR, Cristina Matavele, respondeu nos seguintes temos:

“Não temos conhecimento de nenhuma casa totalmente destruída que ainda não esteja concluída, em nenhum bairro. O facto de dormir em tendas não significa que a família tenha a casa totalmente destruída”, disse a fonte, acrescentando que “o GAR não está a efectuar obras somente em terrenos parcelados, o parcelamento de um espaço é trabalho do Conselho Municipal da Cidade de Maputo e o GAR não substitui essa instituição. O GAR faz a reposição dos danos aos afectados pelas explosões do paiol, de acordo com a situação de cada um e melhorando as condições de vida da população”.

A conclusão de algumas casas, segundo, a fonte, depende na maior parte dos casos dos próprios beneficiários, interrupções constantes, não tendo esse gabinete nenhum constrangimento em finalizar as obras.

Conforme a fonte, o GAR não só efectuou a reposição de 243 casas totalmente destruídas, como reparou 62 casas com grandes danos, o que totaliza 305 casas.

Matavele acrescenta que o GAR quando inicia um trabalho num determinado bairro não tem a localização exacta das famílias afectadas e para a sua localização conta muito com a colaboração das estruturas locais. “Estranho é o facto de essas famílias não serem identificadas pelas estruturas locais. Se não se apresentam a elas, o GAR terá imensas dificuldades de ajudá-las, não substituímos as estruturas locais”.

Questionado sobre o prazo da conclusão das casas totalmente destruídas, Matavele, respondeu: “quando as famílias se apresentarem às estruturas locais e tiverem sido afectadas pelas explosões do paiol, a partir desse momento terão o prazo para a execução das obras”.

No tocante às casas totalmente destruídas, Matavele disse que o processo de reparação das casas vai até Dezembro de 2008, como foi aprovado terça-feira pelo Conselho de Ministros.

Em relação à suspensão de técnicos por suposto desvio de material, a fonte disse que foram suspensos alguns técnicos (dois), cujos processos estão a correr seus trâmites em fórum próprio. Outros, os seus contratos expiraram.

Quanto aos montantes envolvidos na reconstrução das casas, embora não tenha especificado, Matavele explicou que “os valores gastos até ao momento foram previstos, não tendo ainda o GAR excedido os seus limites, mesmo com a alteração dos dados preliminares, para os actuais números”. In Noticias

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