Oposição zimbabweana acusa SADC de “traição”
AS duas facções do Movimento para Mudança Democrática (MDC), na oposição no Zimbabwe, consideraram, quinta-feira em Joanesburgo, que o diálogo com o Governo mediado pelo presidente sul-africano, Thabo Mbeki, mandatado pela SADC, terminou sem sucesso e que se sentem traído pela organização regional.Maputo, Sábado, 23 de Fevereiro de 2008:: Notícias
Segundo a oposição zimbabweana, as leituras optimistas sobre o Governo do presidente Robert Mugabe feitas pelo presidente sul-africano e pela SADC são “falsas”.
Numa rara demonstração de unidade, os responsáveis das duas facções do movimento oposicionista, que se dividiu após divergências entre Morgan Tsvangirai e Arthur Mutambara, declararam-se “traídos” pelo processo do diálogo com o Governo, iniciado há um ano, sob os auspícios da SADC. Eles afirmaram que o diálogo com o Governo do presidente Mugabe “está morto”.
Para Welshman Ncube, secretário-geral da “facção Mutambara” (mais pequena) e Tendai Biti, da “facção Tsvangirai”, as eleições presidenciais, parlamentares e locais agendadas para 29 de Março próximo já foram “cozinhadas” a favor da ZANU-PF e do presidente Mugabe, depois das falsas declarações recentes do mediador e da SADC, segundo as quais teria existido “acordo total” entre a oposição e o Governo no Zimbabwe quanto às condições para a realização do acto eleitoral.
Em conferência de Imprensa, Biti e Ncube manifestaram sérias preocupações sobre a situação no seu país, admitindo que após as eleições “tudo poderá acontecer”.
Especulando que os zimbabweanos podem vir mesmo a recorrer aos “machados” após as eleições, Welshman Ncube afirmou que o falhanço total das conversações entre o Governo e a oposição marginalizou aqueles que defendem a mudança pela paz e fortaleceu os que defendem a violência.
Biti e Ncube afirmaram que as questões que ficaram por resolver são o registo de votantes, actualmente nas mãos de um nomeado de Mugabe, delimitação dos círculos eleitorais, também nas mãos de pessoa nomeada pelo presidente, uma constituição eleitoral partidária, a negação do voto aos não-residentes no país e a ausência de comissões fiscalizadoras dos media e dos direitos humanos.
Ambos os dirigentes garantiram que o MDC disputará as eleições, embora “sob protesto” e “com o coração pesado”. A facção de Arthur Mutambara anunciou, semana passada, o seu apoio a candidatura de Simba Makoni, à presidência do país.
Reagindo às alegações, o secretário executivo da SADC, Tomaz Salomão, afirma que após o processo negocial resta à oposição definir uma linha clara de acção.
“Eles, a oposição, nalgum momento devem saber o que querem fazer do seu país”, disse o secretário executivo da SADC, que deixou ainda claro estar satisfeito com a forma como o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, conduziu o processo de mediação entre o Governo e a oposição no Zimbabwe.
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