Tuesday 26 February 2008

Greve dos transpotadores nas cidades de Maputo e Matola




Cidadãos responsabilizam o governo

"A culpa de todas as manifestações que se tem registado desde as de 05 de Fevereiro, é do governo" – Manuel Langa, cidadão "O governo devia encarar a questão do subsídio aos transportadores como uma emergência, portanto, procurar buscar, o mais rápido possível, as soluções para ultrapassar esta crise que está a afectar todas áreas da vida da cidade" – Carlos Machava, estudante Universitário

Maputo (Canal de Moçambique) – Cidadãos ouvidos pela equipa de Reportagem do «Canal de Moçambique», que saiu ontem à rua para colher sensibilidades acerca da nova greve dos "Chapeiros" que se vive desde manhã de ontem na capital do país, indicam, de uma forma geral, que se deve à "incompetência do governo" o que se está a passar. A “incompetência do Governo” é o motivo principal na origem da revolta dos transportadores, que novamente ontem voltou a surpreender e a paralisar muitas actividades na capital do País, considera os cidadãos.
Os “chapeiros” exigem agora que o subsídio prometido pelo executivo para compensar a manutenção do preço anterior ao aumento tarifário que deu origem aos violentos tumultos de 5 de Fevereiro, terça-feira de Carnaval, seja levado a sério. Querem que o Governo não os engane.
Reunido dia 12 de Fevereiro de 2008, na sua segunda sessão ordinária do ano, o Conselho de Ministros aprovou como medida tendente a sossegar os transportadores que haviam entrado em greve na já denominada "revolução de 05 de Fevereiro", a concessão de um subsídio de combustível, que consistiria na redução do preço de combustível para o equivalente a 31.00 Meticais por litro, somente para os transportadores urbanos.
O próprio ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, quando falava aos jornalistas no final da sessão de Concelho de Ministros, teve grandes dificuldades em explicar quando e como essa compensação seria feita, deixando sem resposta várias questões que haviam sido levantadas por jornalistas.
Passado pouco menos de quinze dias após o governo deliberar que passaria a subsidiar os transportadores, nenhuma informação relativa ao método de compensação foi anunciada pelo Governo. Por outras palavras, até ontem o Governo não explicou aos “chapeiros” como deveriam eles proceder para serem ressarcidos do diferencial entre o preço subsidiado do litro de combustível e o valor pago nas bombas de abastecimento.
Sem saberem como receber do Governo os cerca de 4 meticais de subsídio por litro pago pelos transportadores nas estações de reabastecimento, factor que fez com a 06 de Fvereiro tivessem aceite retomar as suas actividades voltando aos preços anteriores aos aumentos contra os quais a população se revoltou, os proprietários das viaturas que fazem transporte semi-colectivo de passageiros na capital, ontem voltaram as por os pés à parede. E mais uma vez em Maputo pouco ou nada se fez. As pessoas não conseguiram chegar aos seus postos de trabalho e mais uns largos milhões de dólares de prejuízos terão sido invisivelmente acumulados.
Há porém indicação de que o Governo pretende apenas subsidiar os transportadores licenciados, que tenham o seu Número de contribuinte (NUIT) e apresentem documentação organizada. Todos os demais não terão direito a beneficiar do subsídio de combustível enquanto não cumprirem com estas premissas. E mesmo os que já possuam tudo organizado só a partir de Março poderão começar a receber do Governo o retorno correspondente ao subsídio respeitante aos seus consumos.
Os tumultos de ontem foram sobretudo causados por chapeiros não licenciados contra os licenciados que continuavam a operar. O Governo fez saber no entanto através de canais de televisão que todos os chapeiros que não reúnam as exigências podem dirigir-se a instituições do Estado competentes para o fazer por forma a legalizarem a sua situação.
Mas o mal estava feito e foi na perspectiva de ouvir a opinião pública que o «Canal de Moçambique» saiu à rua para ouvir o que o cidadão comum, o indivíduo que usa semi-colectivo todos dias para chegar ao posto de trabalho, escola e vice-versa pensa acerca da nova greve dos transportadores semi-colectivos.

Governo deve ser sério

Carlos Machava, estudante de Relações Internacionais e Diplomacia, no Instituto Superior de Relações Internacionais foi objectivo: "Eu penso que os nossos governantes devem ser sérios”.
“Não se justifica que passado meio mês depois da primeira greve ainda não se tenha definido como e quando os subsídios serão concedidos aos transportadores", disse o jovem estudante.
"O governo devia encarar a questão de subsídio aos transportadores como uma emergência, portanto, procurar buscar o mais rápido possível as soluções para ultrapassar esta crise que está a afectar todas áreas da vida da cidade", disse a terminar o jovem Carlos Machava.

"Este não é um governo de se confiar"

Manuel Langa, outro cidadão por nós ouvido, disse ser funcionário público. Não especificou o seu posto de trabalho, mas afirmou que "a culpa de todas as manifestações que se tem registado desde as de 05 de Fevereiro, é do governo".
Langa sustenta que "um governo comprometido com o bem-estar dos seus cidadãos, mal tivesse conseguido conter a fúria dos manifestantes, teria procurado e de uma forma rápida as soluções para solucionar este problema, de uma vez por todas, mas não foi o caso".
"Reconheço que o governo tem outros assuntos na sua agenda por discutir, mas perante uma situação destas, que se diga de emergência, um governo comprometido com o bem estar dos cidadãos, não esperava pela segunda, terceira e mais greves para resolver o problema", disse Langa opinando em forma de desabafo que "este não é um governo de se confiar".

"O governo não deve ser refém dos chapeiros"

Marta Cossa, quando entrevistada disse que a sucessão de greves e manifestações em Moçambique "é uma evidência clara de que o governo não cumpre com a sua função de garante do bem estar dos cidadãos".
Esta nossa entrevistada que diz ser professora numa escola pública no município da Matola, acrescenta que "há muito que se nota que os nossos governantes, com algumas excepções, estão renunciando a sua função de coordenadores do bem estar dos cidadãos". Marta Cossa deixa uma recomendação aos governantes do dia: "Se não aguentam, demitam-se!".
Esta cidadã é da opinião de que "a greve dos chapeiros nem ia afectar a vida normal dos munícipes se a empresa de transporte público que funciona na capital tivesse o mínimo de autocarros a circular".
Marta Cossa acredita que "quatro (4) autocarros da TPM por bairro seriam o mínimo suficiente para minorar a enchente que se verifica nas paragens com a greve dos chapeiros".
"O governo não deve ser refém dos chapeiros", propôs esta interlocutora a terminar.
Outros cidadãos por nós entrevistados, cujas as declarações foram semelhantes às atrás reproduzidas falam de uma forma geral no mesmo. “Incompetência do governo”. Falam só de “incompetência do Governo” de Guebuza/Luiza Diogo como “a causa do caos social que se vive nos últimos dias na cidade de Maputo” e de uma forma geral em várias partes do país.

(Borges Nhamirre)

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