Thursday 28 February 2008

Canal de Opiniao: Pobreza Absoluta e Riqueza Absluta, por NOE NHANTUMBO





Pobreza absoluta da maioria, riqueza absoluta da minoria…

Ou quando a «Transparência Governativa» não passa de palavras...e se exige que não se brinque com coisas sérias

Maputo (Canal de Moçambique) - A turbulência social latente que se vive no país deve ser olhada, compreendida e analisada como resultado directo da maneira como Moçambique tem sido governado. São as escolhas dos detentores do poder que estão conduzindo o país para o abismo social que pode ser de um momento para o outro a desgraça fatal.
Quando se fala de escassez de recursos públicos para desencadear acções tendentes a aliviar o sofrimento da larga maioria dos moçambicanos não se pode aceitar ou compreender que o governo embarque numa onda de despesismo como se as finanças estivessem sadias e pudessem comportar tais excessos.
Exigir que se aperte o cinto tem de ser algo dito e praticado também pelos que proclamam isso.
Em Moçambique estamos em presença de uma aberração conceptual quanto ao que é governo, sua razão de ser e procedimentos.
Com um sistema implantado e enraizado de impunidade quase que total, de todo o tipo de ilicitudes, vive quem está bem situado, quem está bem enquadrado nos esquemas ilícitos. Isso é verdade e de conhecimento comum. Salvo as excepções, naturalmente.
Tudo o que é aprovado como norma, lei e procedimento é imediatamente furado mesmo pelos que deveriam zelar pela sua viabilização.
O procurement estatal está canceroso, voltado a servir interesses que não são os públicos. A justiça está manietada por interesses aparentemente partidários mas que na verdade são os de uma clique.
Os partidos políticos transformaram-se em confrarias ou grupos de amigos praticando a auto-protecção e o abocanhamento das possibilidades e potencialidades nacionais.
O governo virou em centro de decisão e repartição de benefícios entre compadres.
Nada do que estamos dizendo é desconhecido ou novidade.
Possuímos uma liderança nacional conhecedora da situação e que poderia fazer muito mais para melhorar a vida dos moçambicanos. Mas parece que também está amarrada a compromissos que não conhecemos.
Porque não age o governo? Porque não se encontram soluções para a pobreza intolerável em que vive a maioria dos moçambicanos? Porque não se exploram os recursos existentes em benefício dos moçambicanos? Porque não se envereda pelo endividamento estratégico com vista a criar condições para o pleno emprego e resolução dos problemas dos problemas já identificados? Porque não há transparência governativa?
A questão Moçambique, a crise, o desemprego, a pobreza, são questões que ultrapassam o âmbito das vantagens pessoais e partidárias.
Querer governar Moçambique tem de ser resolutamente trabalhar para eliminar os constrangimentos conhecidos em tempo útil.
Sem transparência na gestão dos assuntos públicos, na governação quotidiana, na maneira como são tomadas as decisões que afectam a vida de todos, jamais poderemos lançar o pais na via do progresso e da satisfação crescente das necessidades dos cidadãos. E este é o mandato de qualquer governo digno desse nome.
Moçambique pode e deve ser compartilhado.
Endividamento público para o usufruto de uma minoria não pode continuar a ser o caminho seguido pelos governantes moçambicanos se queremos sair da crise vergonhosa em que vivemos. Não se compreende nem se pode aceitar que um país prenhe de recursos tenha a sua população mendigando por comida.
Os sacrifícios são tolerados e consentidos quando compreendidos e assumidos como algo necessário, que todos tem de se sujeitar para beneficio posterior de todos. Com a descriminação objectiva de largos segmentos da população moçambicana, com equipas altamente colocadas mexendo nos paus e influenciando o acesso dos moçambicanos a actividades que podem gerar emprego e riqueza, com a monopolização efectiva de tudo o que seja fonte de rendimento sempre pelo mesmo grupo, estaremos contribuindo para inviabilização nacional.
Moçambique está clamando pelo fim do vantagismo do cargo como forma de exercer funções públicas.
Não faz sentido falar, proclamar e depois não fazer. Moralização dos governantes, trazer de volta a autoridade moral e politica está-se revelando necessário e com toda a urgência para que não seja tarde demais.
Nunca foi necessário tanto realismo para salvar o país.
Viabilizar Moçambique ultrapassa as negociatas em que estão envolvidos alguns dos deveriam estar cuidando da coisa pública.
O tempo é de acção inteligente, responsável e concertada em defesa e em prol da nação e dos moçambicanos. Da Chefia do Estado espera-se capacidade de compreender a dimensão do problema e descobrir os caminhos que permitam que se saia desta situação insuportável.
Não queremos milagres. Simplesmente condições e ambiente que permita que os moçambicanos trabalhem para realizar o seu potencial. Democratizar o país passa por democratizar a economia.

(Noé Nhantumbo)

No comments: