Saturday, 26 November 2011

Editorial






Eleições intercalares: nova oportunidade para mudar





Maputo (Canalmoz) – A Frelimo receava que as responsabilidades da gestão desastrosa nos municípios de Cuamba, Pemba e Quelimane lhe fossem imputadas. Por isso, os edis que ela própria propusera para os cargos nas últimas eleições autárquicas, foram obrigados a cessaram funções muito antes dos seus mandatos terminarem. Foram humilhados como se a responsabilidade do desastre autárquico fosse deles e de mais ninguém. Foram humilhados como se lhes tivessem proporcionado todos os meios para poderem resolver os problemas das autarquias. Acabaram as suas carreiras como homens incapazes.



No quadro do partido a que estão vinculados não lhes foi dada autonomia de acção, nem proporcionados recursos, mas na hora da responsabilização foram queimados para esconder a indiferença de quem nada mais tem vindo a fazer no País do que prometer sem cumprir.



Ao serem obrigados a renunciar, com a queda desses edis em Pemba, Quelimane e Cuamba, por força de lei terá de haver eleições “intercalares” que levarão a que os residentes nessas autarquias, a 07 de Dezembro próximo, voltem a ter a oportunidade de escolher quem possa trazer a essas cidades novas dinâmicas e com elas o tão aguardado progresso que apesar de prometido nunca lhes chegou.



Ao obrigar os edis cessantes a renunciarem, a Frelimo tentou transferir a responsabilidade exclusiva para eles. Quis fazer deles os exclusivos responsáveis pelo descalabro a que chegaram as autarquias das capitais das províncias de Cabo Delgado e Zambézia, bem como a de Cuamba, a segunda cidade do Niassa.



Nessas três autarquias as gentes de Quelimane, Pemba e Cuamba sofrem hoje de um total abandono, que é claramente fruto da indiferença a que o Governo central – sempre da Frelimo – as vem sujeitando desde há 36 anos.



Em muitos outros municípios, tal como em Quelimane, Cuamba e Pemba, a Frelimo sabe que a governação a seu cargo desde a independência nacional não está a resultar em benefícios para os munícipes.



Mesmo em Maputo, onde o Governo central está instalado, é fácil perceber que os governantes estão mais interessados em usar os meios do Estado e os poderes dos cargos para enriquecerem do que propriamente para proporcionarem um futuro melhor às populações.



No único Município do País onde a Frelimo está na oposição e não a governar a autarquia, a autonomia real está a trazer os seus frutos à Beira.



Apercebendo-se do risco que corria se permitisse que aos munícipes de mais autarquias do País fosse dada a mesma possibilidade soberana que terão no dia 07 de Dezembro próximo os que residem em Quelimane, Pemba e Cuamba, a Frelimo acabou por deixar o destino de mais edis para mais tarde, quando os prazos legais permitirem fazê-los cair sem que nesses municípios tenha de haver eleições “intercalares”.



A mesma humilhação a que os três edis que estavam em funções foram sujeitos em Quelimane, Cuamba e Pemba, poderão ainda vir a passar aqueles que julgam terem escapado do jogo sujo com que a Frelimo tentou fazer crer que a responsabilidade do caos não é do Governo central, mas sim de pessoas que aceitaram o seu repto para serem candidatos a edis e acabaram sendo “eleitos”.



Se a humilhação a Pio Matos, em Quelimane, e aos outros seus correligionários em Cuamba e Pemba for esquecida poderá conduzir a que a Frelimo consiga reeleger os seus candidatos nestas “intercalares”. Mas se os munícipes de Pemba, Cuamba e Quelimane estiverem lúcidos, certamente que se aperceberão que é hora de darem uma oportunidade a quem nunca a teve.



Refrescar a direcção executiva das cidades de Quelimane, Pemba e Cuamba, poderá trazer benefícios porque isso irá certamente atrair ajudas internacionais que não têm estado a vir porque os doadores se cansaram de pôr dinheiro sempre nas mãos dos mesmos que em vez de o usarem a fazer com que a vida das populações melhore, apenas têm estado a cuidar deles próprios, a encherem-se de dinheiro e a deixarem o País cair em todos os índices de avaliação como aconteceu recentemente relativamente ao Índice de Desenvolvimento Humano que colocou Moçambique na humilhante condição de quarto País mais pobre do Mundo.



Os dirigentes máximos da Frelimo já provaram que hoje estão mais preocupados com o seu bolso do que com o bem estar dos cidadãos.



Os munícipes de Quelimane, Cuamba e Pemba têm agora até ao dia 04 de Dezembro a oportunidade de ouvir dos candidatos o que eles pretendem fazer se forem eleitos.



A Frelimo vai voltar a prometer maravilhas, mas no fim vai oferecer o mesmo de sempre: riqueza para os “grandes líderes”.



Para quem anda distraído e insiste em votar sempre em quem tem muita conversa mas pouco faz, vão continuar os buracos nas estradas, lixo à porta de casa, falta de água, falta de energia eléctrica, esgotos entupidos e a transbordar, falta de assistência médica, falta de ambulâncias para socorrer doentes, falta de escolas condignas, habitação miserável, falta de medicamentos. Para os pobres o “prémio”, passe a ironia, será sempre o mesmo se não abrirem os olhos.



A escolha está nas mãos dos munícipes. Se quiserem desgraça votem na continuidade. Se quiserem que as suas cidades mudem, votem na mudança. Não há mudança na continuidade. Por isso mudam as moscas mas a “desgraça” é a mesma.



Nós acreditamos nos méritos da Democracia quando através dela quem elege sabe meter os políticos na ordem e jogar com as oportunidades. Acreditamos por isso que mesmo quem é da Frelimo em Cuamba, Pemba e Quelimane, deve saber que só tem a ganhar se vir na alternância de poder uma mais valia para as terras em que vivem.



Não se deixando levar por quem todos os anos promete melhor, mas depois só assegura miséria e caos, até mesmo os da Frelimo poderão experimentar melhores dias se colocarem os interesses da sua própria terra à frente e deixarem de lado o servilismo.



Já se viu qual é o resultado quando o “Pai” se convence que não é preciso cuidar dos “filhos”... Basta olhar para o estado em que estão Cuamba, Pemba e Quelimane… A imagem desses municípios vale por mil palavras. (Canalmoz / Canal de Moçambique)

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