Monday 17 October 2011

A Opiniao de Amilcar Gil de Melo (Chilo)

As incertezas da vida presente

Em algumas zonas do nosso país, o sobrinho de casa é apenas o filho da irmã. E a filosofia é de que, só se tem a certeza de ser família a filha ou filho da mulher, o filho ou filha do irmão nunca se sabe. Por isso, só aqueloutro tem direito ao nome da família e herança familiar. Nesse onde, as mulheres, pressupostamente, é que têm a certeza de que os filhos é que são delas. Hoje, com histórias de trocas de bébés nas maternidades e macabros cambalachos, misturado com as adopções pouco ortodoxas, a certeza dos filhos serem, de quem são, nem as mães têm. Talvez só cabe as parteiras, a certeza de que mãe o bebe é pertença; e os filhos na incerteza, se a mãe é mãe ou pai.

O emprego. Olhando para os tempos de antanho, os nossos pais tinham um emprego seguríssimo, onde perspectivavam o futuro com base nele. Hoje, as legislações, sob o pretesto de atrair investidores, vulgarizaram os despedimentos, que se fazem por dá lá aquela palha, tirando toda segurança ao trabalhador, sob o tergiversador argumento de que diminuindo os custos de um despedimento, incrimenta-se o volume de investimentos. Em consequência, ninguém tem certeza do emprego que tem.

O dinheiro que tínhamos em casa, debaixo do colchão, foi uma certeza antigamente, com o decorrer dos tempos, porque os larápios adquiriram o faro canino, a incerteza acolheu-nos e optamos pelos bancos, outrora seguros e hoje a probabilidade de uma bolha, no mercado económico e/ou financeiro, atinja o nosso banco, tirou a certeza de o nosso dinheiro, ser seguramente nosso.

No que concerne as comidas as certezas se foram. O chouriço já não é chouriço, de repente, ganhou sabor a galinha, o camarão já não é do mar, mas pode prover da aquacultura, até do rio. O milho já não é milho é transgênico. O vinho esse, hoje até das uvas se pode produzir, normalmente químico, tiram-nos a certeza de ser.

A saude essa, anda nas ruas da incerteza, ninguém mais tem certeza, apesar dos sofisticadíssimos equipamentos, as enfermidades se multiplicaram, os médicos já não são médicos, são mecânicos, ainda que genecológicos, os medicamentos passaram à drogas fora do prazo.

Uma certa incerteza aflige: O julgamento do juiz! Burlesco? Surrealista? Trágico? Cómico? Uma anástrofe equivalente, nas ruas, ao ladrão perseguir o polícia. A incerteza de togas corrompidas ou corrompentes, teatrizam toda teia judicial, e incertos vamos ensaiando a probidade.

A felicidade. Desta, cedo me apercebi da miragem do tal fenómeno, apostando mais na alegria, que já nem é, e a partir dela, tentar chegar mais próximo da ilusão.

A certeza de que, a única coisa certa era a morte, posto que a vida um dia chegaria ao fim, foi irremediavelmente desvanecida! Foi exactamente desvanecida, no momento em que estudei o Frederich Engels e a dialéctica, e ensinou-me a unidade dos contrários, mostrando-me que na morte há vida. E exemplificaram-me com um dos fenómenos reveladores dessa verdade: quando supostamente morres, as tuas unhas continuam a crescer. Foi então que me rendi as incertezas da morte e da vida.

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