EMPRESARIADO MOÇAMBICANO À BOLEIA DO PARTIDO NO PODER?
A realidade aponta para isso…
Quem não se coloca ao lado do partido no poder em Moçambique não tem oportunidade alguma de triunfar como empresário. A menos que seja um génio excepcional ou inventor de alguma coisa extraordinária, altamente desejada pelo mercado.
Quem quiser verificar a lista dos empresários que acompanham o PR nas suas visitas ao estrangeiro pode concluir que quase cem porcentos deles estão vinculados ao partido no poder como membros e contribuintes de peso. Sem boleia do partidão nada feito é o que se diz nos bastidores ou a voz baixa.
A situação atingiu níveis tais que se torna difícil senão impossível fazer qualquer coisa sem interferência ou auxílio de alguém membro da Frelimo.
Muito do que se diz sobre deficiências em matéria de gestão como razão para a falência de muitos moçambicanos que se lançam nas lides empresariais não corresponde à verdade ou pelo menos não possui a dimensão que se quer atribuir ao fenómeno.
Falham aqueles que não têm apoio continuado da banca. Falham aqueles que não têm acesso a créditos politizados. Falham aqueles que não conseguem vender em virtude de serem conhecidos como membros de partidos da oposição. Falham aqueles que não pagam quotas nem apoiam as campanhas eleitorais do partido no poder. Falham aqueles que não aceitam ser sócios de membros do partido no poder. Falham aqueles a quem o fisco “aperta os calos”.
Não há empresários de sucesso sem a mão oportuna do partido e de seus membros proeminentes.
A percepção generalizada é que para se ter sucesso em qualquer actividade empresarial de algum vulto é preciso convidar para membro alguém da nomenclatura pois assim passa-se a ter contratos de fornecimento ou de obras garantidos a partir dos esquemas montados no governo.
Não é segredo no país que assim é que se constroem mansões e se adquirem carros de luxo. A riqueza ostentada por muitos moçambicanos é fruto exactamente de negociatas que tem como base relações empresariais e políticas ilícitas. Está claro que quem tem primazia em fornecer bens ao Estado e ainda por cima recebe adiantado valores sem ter concluído obras adjudicadas não tem problemas de tesouraria. Uma simples análise dos sistemas de procurement governamental e das empresas públicas revela que existe todo um sistema corrupto montado para garantir que as empresas pertencentes a certas figuras afectas ao partido no poder ganhem sempre concursos e que façam fornecimentos mesmo sem concursos públicos como preconizam os regulamentos.
Ao assegurar o domínio de sectores importantes como a banca através de seus membros e antigos governantes o partido no poder garantiu controlo sobre um sector chave para alavancar os empresários e aspirantes a empresários. Sabe-se mesmo que alguns créditos só eram ou são concedidos depois de uma consulta prévia a alguns membros da Frelimo especialmente designados para o efeito.
Há moçambicanos que se dizem membros do partido Frelimo só para garantir emprego e créditos para instalar negócios. Os fundos destinados a iniciativas locais e outros que por vezes aparecem nos distritos, as linhas de crédito na posse de bancos quase que sem excepção caem sempre nas mãos de membros ou supostos membros do partido Frelimo. Qualquer pesquisa vai confirmar que esta afirmação corresponde à verdade.
Os partidos políticos poucas vezes tratam deste assunto e isto revela uma infantilidade terrível por parte de quem se diz político. Sem dossiers económicos conhecidos e dominados não se pode fazer política séria. Os resultados eleitorais vão de encontro com a satisfação ou não dos cidadãos eleitores do ponto de vista económico, social, cultural e político. Mas a barriga das pessoas é que conta na hora da verdade. Os empresários pertencentes ao partido Frelimo podem influir no voto de seus empregados e isto é uma realidade.
Todo o movimento de instalação de células do partido Frelimo em empresas públicas e privadas, nas repartições do estado visa controlar os cidadãos e garantir o seu voto de maneira velada mas real.
É preciso que os partidos políticos acordem para a realidade deste país que sofre de subdesenvolvimento porque a liderança governamental e seu partido não conseguem equacionar e executar projectos de desenvolvimento que incluam moçambicanos com outras cores partidárias.
De pouco ou nada vale os partidos políticos passarem o tempo a queixarem de exclusão se nada fazem para contrariar este procedimento por parte do governo central, banca e demais instituições de crédito.
É preciso um combate cerrado, permanente de denúncia de práticas contrárias a democracia económica no país…
Noe Nhantumbo
1 comment:
Diga-se que esta é a realidade crua, mas que ameaca a paz como disse o Dr. Mazula em Nampula.
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