Monday 29 August 2011

Formar doutores em humanidades já basta...

REORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA DA EDUCAÇÃO ESSENCIAL PARA MOÇAMBIQUE

Só com engenheiros é que poderemos tirar benefícios concretos das nossas riquezas...
Os passos dados no país para educar os moçambicanos e equipa-los com conhecimentos válidos é de todo interessante e de apreciar. Foram feitos investimentos em todos os subsistemas de ensino e ao nível das infra-estruturas o parque disponível denota um interesse do governo dirigido para um segmento onde se registavam lacunas de vulto.
O trabalho feito precisa de continuar nessa direcção mas e preciso nao perder de vista o que caracteriza os conteúdos que o sistema implementado.
Estamos em crer que algumas opções no sector da educação não foram completamente de decisão interna, local, moçambicana. Assim como em outros sectores vitais para o país se tem observado uma interferência activa dos parceirtos internacionais na determinação do tipo de acções a serem desencadeadas a educação também não escapou.
Um determinado grau de dependência institucional, financeira e estratégica colocou o governo de Moçambique nas mãos de centros de decisão externos que sabem o que mais vale para eles e o que garantirá o seu acesso preferencial aos recursos do país. Se quem quer algo tem de seguir um caminho que por vezes significa ceder isso não se pode constituir como forma permanente de acção.
Tem de haver um sentido estratégico que na prática signifique diminuir a dependência emesmo que seja a longo prazo.
As necessidades de desenvolvimento do país são reais e concretas, requerendo o estabelecimento de políticas apropriadas.
Há algum trabalho executado ao nível da academia moçambicana e dos “tanques de pensamento” emergentes. Ainda que incipiente o trabalho já aponta para a necessidade de todo o governo começar a "pensar" e a considerar sua acção para além dos limites estreitos da improvisação e da reacção aos acontecimentos.
Há coisas que se podem fazer a relativamente baixo custo como seria a cooperação com países vizinhos com níveis mais elevados de património intelectual, científico e tecnológico.
Quando se procura olhar para o panorama moçambicano e determinar o que mais faz falta conclui-se que os deficits maiores estão ao nível da satisfação das necessidades educacionais e de saúde. Os problemas da saúde são em parte de escassez de infra-estruturas, pessoal médico e medicamentos em quantidade e qualidades suficiente. Mas sabe-se que parte importante do problema deriva do facto dos moçambicanos se alimentarem mal e com irregularidade. Seu "intake" diário de alimentos deixa muito a desejar quando comparando com as recomendações da OMS. O sistema educacional não está conseguindo formar médicos e outro pessoal da área em quantidade adequadas às necessidades. Tecnologicamente sente-se a escassez se especialistas na área para executarem intervenções mais complexas e o ambiente em que o pessoal médico é formado ainda não está equipado com as mais modernas tecnologias. Se a alimentação é um problema isso se deve aos níveis de produção e produtividade agrária nacional, o que por sua vez deixa claro que o sistema está doente ou que atravessa dificuldades enormes. Os desequilíbrios entre o que se produz e o que é necessário bem como a factos como o poder aquisitivo real das pessoas, tornam-se numa fraqueza nacional que sujeita toda uma sociedade a constantes crises.
Ora se o governo do país não for rápido e incisivo na interpretação dos factos as soluções vão tardar a aparecer.
Falar reorientação estratégica da educação no país é um apelo para que os fazedores de políticas nacionais se compenetrem de que os caminhos actuais, escolhidos, já são insuficientes e não abarcam a realidade vivida pelos moçambicanos.
Nem tudo está mal mas revisões de curso e de trajectória precisam de ser efectuados de modo a que o sistema montado responda com maior eficácia às necessidades de desenvolvimento do país.
Da mesma que o goevrno toma decisões ao nível do apretrechamento das forças armadas do país e não se poupa a meios para equipar o país com os meios defensivos e ofensivos julgados necessarios, mesma maneira de proceder tem de se verificar ao níivel do sistema de educação.
Algumas das acçõs tomadas nos sucessivos governos do país já surtem seus efeitos e isso é digno de apreço. O número de escolas aumentou e o número de estudantes também aumentou. O número de instituições privadas participando nos esforços para estender a educação a todos os moçambicanos é uma realidade.
Só que tanto o goverrno como parceiros privados nacionais e internacionais não se podem dar por satisfeitos e considerar que está tudo feito porque na verdade muito há ainda por fazer.
Chegou decisivamenteo tempo de atacar os conteúdos administrados pelo sistema montado. Chegou a altura de subir a faísca e começar-se a pensar no que está demonstrado serem as carências dos estudantes que terminam os ciclos lectivos no país.
Sobretudo é necessário que os pensadores, fazedores de políticas, empresários, organizações da socieadade civil e governantes comecem a equacionar o que faz falta para economia e o que o sistema de educação montado não está fornecendo ao mercado.
Há que iniciar-se um novo ciclo de investimentos direccionado à capacitação institucional no sentido de suprir as carências em laboratórios e todo o equipamento que constitui e equipa nos dias de hoje, um estabelecimento de ensino primário, secundário, mádio e superior nos países que servem de referência internacional. Outra vertente de acções que importa acautelar tem a haver com atracção e retenção de recursos humanos altamente qualificados tanto nacionais como estrangeiros para aqui servirem o propósito de transferência de tecnologias.
Dizer que que a era do ensino de humanidades já terminou e que se deveria dar lugar as engenharias não é nada absoluto mas si realçar que um pais com recursos minerais em quantidades serias tem de possuir o seu corpo de geólogos, engenheiros de minas, especialistas em sistemas de infomação geográfica e outras áreas afins a essa actividade que tem o potencial de catapultar o desenvolviemnto geral do pais.
Um país que possui milhões de hectares de terra arável tem a obrigação de possuir agrónomos, veterinários, zootécnicos armados das ultimas tecnologias e que actuem em obediência dos preceitos económicos vigentes. Se os obstáculos principais do momento são água, fertilizantes, sementes, protecção de plantas e animais, altos consutos de energia de origem fossíl, os profissionais treinados e formados no país tem de conseguir dar as respostas que as empresas do sector necessitam sem ter que se recorrer a caminhos como o da importação de agricultores comerciais de outros países para resolverem os nossos problemas de escassez de alimentos e de outras mercadorias agrárias.
Estes são os desafios de hoje que requerem uma reorientação estratégia de todo um sistema de educação.
Há custos incorporados com qualquer decisão que se tome. Há que pagar pelos professores e pelos equipamentos. Há que pagar pelas fazendas-escolas e há que incentivar que os futuros engenheiros abracem vias de intervenção que signifiquem efectivamente fazer crescer o número de agricultores comerciais no país. Por esta via se garantirá que as exportações nacionais tenham valor acrescentado retido no país. Deixaremos de falar de preços injustos no mercado internacional porque estaremos numa posição de força ao negociar a utilização e exploração de nossos recursos. Nossos governantes poderão também contar com assessores e conselheiros nacionais altamente qualificados na altura de tomarem decisões nos diferentes pelouros.
O momento é de decidir o que fazer com o que temos mas sobretudo de decidir o que se deve fazer para que os moçambicanos tenham uma intervenção real nos assuntos que lhes dizem respeito e ultrapassem a categoria de “serventes” perpétuos dos investidores internacionais.
A educação é base de tudo e de qualquer desenvolvimento que se pretenda.
Investir ao nível de sua importãncia é uma necessidade, um autêtico imperativo e não favor que se faça...

Noé Nhantumbo

1 comment:

Muna said...

Já dizia o poeta no anonimato, "Na educação, na universidade, a docência não deve ser lugar "Arca de Noé". Devem ser docentes aqueles que demonstrarem integridade científica e ética".

Zicomo