Tuesday, 19 April 2011

“Já não partilhava dos mesmos princípios com o presidente Daviz Simango” – afirma Ismael Mussa, justificando a sua demissão do cargo de secretário

“Já não partilhava dos mesmos princípios com o presidente Daviz Simango”



– afirma Ismael Mussa, justificando a sua demissão do cargo de secretário-geral do partido



Fontes seguras do partido disseram ao Canalmoz que na tarde de ontem João Colaço (Chefe do Departamento de Estudos e Projectos) também se demitiu.



Maputo (Canalmoz) – Ismael Mussa apresentou ontem a demissão formal do cargo de secretário-geral (SG) do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e justificou o abandono precoce do cargo alegando que a “crise que se instalou” tornou “as relações entre o SG e o presidente do partido, Daviz Simango”, difíceis. “Já não eram das melhores”. Segundo o próprio Ismael Mussa, ele já não se comunicava verbalmente com o presidente do partido.

A crise que se arrastava há já bastante tempo atingiu o clímax quando um grupo de membros do MDM, constituído por Ismael Mussa, o SG demissionário, Dionísio Quelhas, João Colaço, Abel Guita, Henriques Tembe e Marcelo Cardoso, escreveu uma carta alertando para um alegado ambiente infernal que se vivia dentro do partido.

Refere ainda Ismael Mussa que Daviz Simango recebeu a carta e preferiu reenviá-la aos restantes quadros para que emitissem o seu parecer em relação aos pontos levantados pelos subscritores. Entretanto, segundo a mesma fonte a carta foi parar à imprensa e a tensão interna passou a ser pública.

Na referida carta a que o Canalmoz teve acesso, aquele grupo de quadros mostrava-se preocupado, entre outros pontos, com alegada “gestão autocrática do partido por parte de Daviz Simango”, uma alegada “grande influência da família Simango e a marginalização da figura do SG”.

Só que Ismael Mussa não esperou pela resposta à carta por parte de Daviz Simango. Decidiu antes (e com a carta a ser abordada na imprensa) pedir renunciar ao cargo de SG, alegando ao que chamou de “falta de ambiente” para continuar como SG.

Ao Canalmoz, Mussa disse que vai abandonar o cargo porque “a dada altura verifiquei que os princípios e as estratégias que defendo são divergentes com o que o presidente defende para o bem do partido. As estratégias para o sucesso do partido que o presidente defende são diferentes das minhas”.

E para o bem do partido, segundo disse, decidiu colocar o cargo à disposição. “Nós como pessoas estamos de passagem e as instituições permanecem, e é neste espírito que penso que o presidente pode escolher outra pessoa melhor que eu, e que pode trazer sucessos ao partido”.

Sobre a carta, Mussa disse que é da opinião que o presidente tinha de reunir as pessoas que interessava ouvir no processo e “dar uma resposta à carta, e não espalhar a carta, o que possibilitou a perca de controlo em relação à mesma”.

Há questões que Mussa preferiu não falar como são os alegados casos da importação de viaturas que gozaram de isenções fiscais em nome do partido e do Plano Estratégico, mas que, segundo fontes identificadas, teriam beneficiado a um empresário nacional que se dedica à venda de viaturas na praça que, por sinal, é um ex-deputado do partido Frelimo.

Entretanto, ainda não começou a se falar do provável substituto de Ismael Mussa.

O desenvolvimento deste caso, com mais pessoas envolvidas, estará nas bancas na edição de amanhã do semanário Canal de Moçambique. (Matias Guente)

8 comments:

Fijamo said...

Caro MA,

Odeio política. Meu ódio é uma mistura de raiva e frustração. Fúria e angústia. Vejo nas arenas políticas muito mais destruição do que construção. Muito mais medo do que virtude. Muito mais máfia do que unidade para algum fim.

Odeio política porque liberta o pior que habita o homem: ambições desmedidas. Em nome dessas ambições atropela-se toda a agenda da esperança. O que os políticos querem não é o bem-estar do povo, mas salários estratosféricos, tráfico de influências, manipulação mediática, idolatria institucional, prostituição eleitoral, todo tipo de engano. No jogo sujo da política quem perde é sempre o povo.

Eu sei que existem, eventualmente, alguns poucos políticos honestos, mas a proporção de malandros é tão avassaladoramente maior que chega a ser covardia. In Arrone Fijamo.

Lenin dizia que "a democracia é o regime político no qual o povo escolhe aqueles que vão oprimi-lo nos próximos quatro anos". É muito raro o encontro de um discurso político e da Verdade num mesmo palanque. A mentira é o sobrenome da política. Ser político é vivenciar a arte de ludibriar mentes frágeis.


Odeio política! Essa é a minha radicalidade. Voto porque ainda sou cidadão, mas só Deus sabe o sacrifício que faço para votar. Sinto no peito o impacto do que vaticinou Carlos Drummond de Andrade: "O voto, a arma do cidadão, dispara contra ele".

Definitivamente, odeio política!

Até mais...
Fijamo

Oscar said...

Bravo Fijamo. Já não sabemos em que porto devemos rumar. A Frelimo é que faz a Frelimo é que Fez a Frelimo é que Fará.

Unknown said...

É preciso separar a frustração ou raiva que se sente dos políticos com a atenção que se deve ter com a política, que é assunto importante demais para ser deixado nas mãos dos políticos de turno.

Além do mais, diante da história política recente de Moçambique, citar um democida como Lenin não é algo adequado, ainda mais levando em consideração o fato de os nomes dos grandes facínoras do socialismo ainda estarem estampados nas ruas de Maputo e das enormes consequencias negativas da ideologia socialista na vida dos moçambicanos.

V. Dias said...

Grande Fijamo Jr.,

Filho de peixe também sabe nadar.

Toda a gente sabe que sou fã, louco, admirador de Arrone Fijamo.

É o maior. Tinha razão o meu bom Mestre David Aloni "Não fosse a Frelimo destruir as suas obras, caro V. Dias, Arrone Fijamo seria o maior escritor de África". Se alguém tiver dúvidas leia "Ecos de Inhamitanha" e os documentos que estão no Arquivo Histórico de Moçambique. Que lente meu Deus.


Zicomo

Cunha said...

Caro Viriato. Bom Dia. Obrigado por ter despertado a Obra do Saudaso Arrone Fijamo "Ecos de Inhamitanga". Na verdade Fijamo faz parte da minha Escola. Era frequetador assiduo da casa dele. Um Kota cheio de cultura. Tive tambem a oportunidade de assistir ao lancamento da sua obra infelizmente a título póstumo no salão nobre do Concelho Municipal de Quelimane (é isso mesmo Concelho c/ C e não com S como se tem visto por aí). Lá adquiri 4 livros 3 distribui aos meus amigos no exterior e um está guardado no meu baú. (Para os malandros, Deus reserva-lhes um dia especial), Arrone Fijamo, Ecos de Inhamitanga.

V. Dias said...

Caro Cunha,

Já escrevi sobre o termo Concelho Municipal vs Conselho Municipal. Como sempre, levei uma bofetada da imprensa.

Meu amigo, Arrone Fijamo é a minha bússola. E mais não digo, não me faça chorar de emoção.

Só Deus o quanto adoro este escritor. O Lelo Fijamo até aqui me deixa pendurado (...)....

Zicomo

Fijamo said...

Rehreheherehh... Epa. O Cunha despertou esse problema de Concelho com C e S.
De acordo com o Dicionário da Lingua Portuguesa, Porto Editora 6ª Edicão, CONCELHO c/ C significa: Circunscricão administrativa; subdivisão do distrito, município!

Muna,
Por favor, peco que me envies as lucubracões desse artigo que escreves-te!

V. Dias said...

Mando sim, tenho de ver nos calhamaços.

Sabes que os três exemplares de "Ecos de Inhamitanga" que estavam na Biblioteca do Franco Moçambicano "bazzaram" misteriosamente. Epá!!!

O Binó (Moisés Albino do Notícias) mandou-me um "mail" dizendo que a obra tinha esgotado na Associação dos Escritores em Maputo.

A minha noiva "CS" tem o livro como a sua Bíblia Sagrada.

O Dr. Joel das Neves (UEM) é também dos académicos que "rasga" elogios à obra do querido Fijamo.

Em Nampula o Eng° Iampita diz que é a sua obra predilecta.

Foi também graças a "Ecos de Inhamitanga" que conheço o Mestre David Aloni, enfim, fui a Zambézia SOMENTE para travar um diálogo com os rebentos deste, mas acabei vencido pelo frango à zambeziana.

Carrambas, o que tem aquela obra??? Lucubrações, destilações.


Zicomo