Terça, 15 Fevereiro 2011 00:00 Redacção
Para Mosca, as recentes medidas avançadas pelo Banco de Moçambique (aumento das taxas directoras) para travar a inflação, “são de curto prazo"
O grande problema que se coloca neste domínio, é o facto do Governo pautar sempre por desviar as suas atenções para questões que têm a ver com o desenvolvimento a outros níveis.
O economista João Mosca entende que a política económica conduzida pelo Governo para evitar o impacto negativo da subida de preços de produtos alimentares e de combustíveis no mercado internacional não tem valorizado o meio rural, onde reside a solução para o aumento da produção alimentar e redução da dependência em relação a choques externos.
Mosca refere que o grande problema que se coloca neste domínio é o facto do Governo, (apesar de dispor de conhecimentos mínimos para tomar medidas de política económica de incentivo à produção agrícola de bens alimentares e incentivo aos pequenos produtores), pautar sempre por desviar as suas atenções para questões que têm a ver com o desenvolvimento a outros níveis.
“Sempre esquecemo-nos – nas reuniões ao nível da governação – que afinal quem produz, quase 90% dos alimentos, são os pequenos produtores, camponeses com 1,5 a dois hectares. E sempre dirigimos as nossas iniciativas de política económica e de incentivos para os mega-projectos, Pequenas e Médias Empresas, para favorecer a importação de bens alimentares a partir da África do Sul, e nunca damos importância à produção alimentar através de medidas concretas de política económica de incentivo”, disse João Mosca.
Mosca acrescenta ainda que a questão que se coloca não é procurar saber quais são as medidas possíveis para incentivar os pequenos produtores, “porque isso não é tão difícil saber”, mas sim o motivo pelo qual o Governo não toma essas medidas de política, já que esse assunto vem sendo abordado em vários momentos, e não existe qualquer reacção por parte da governação da política económica.
O economista acrescenta que estas “faltas” não são cometidas apenas pelo Ministério da Agricultura, mas pelo conjunto da governação do país “que mantém um quase completo afastamento daquilo que são as necessidades de políticas económicas de incentivo, para fazer aumentar a produção alimentar”.
Atenções voltadas para o meio urbano
Referindo-se a uma das razões da ausência de políticas económicas direccionadas à produção, João Mosca explicou que “a aliança política de sustentação do poder não está no meio rural, não está com os camponeses, mas sim nas cidades, no meio urbano. Está nas elites das burocracias do Estado e de outros organismos, está na cooperação externa. E é neste triângulo de alianças políticas que fazem a sustentação do poder, onde o Governo gere, de forma a prever e a precaver possíveis situações de conflito. É por isso que existe uma grande atenção para a manutenção do nível de vida nas cidades, uma grande preocupação de subsidiar o meio urbano e não existem iguais atenções pelo meio rural.
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