Obras do troço Mocuba-Nampevo na EN1 discutidas no Comité Provincial da Frelimo
Quelimane (Canalmoz) – Há já quatro anos que estão paralisadas as obras de reconstrução do troço Mocuba-Nampevo, na Estrada Nacional Número 1 (EN1), sendo um dos vários motivos para justificar a paralisação, a “incapacidade do empreiteiro TAMEGA, de prosseguir com as obras”. Neste momento, viajar na EN1, concretamente no troço referido, de cerca de 70 quilómetros, é um verdadeiro martírio. São, no mínimo, necessárias duas horas para atravessar aquele troço.
Após a retirada do empreiteiro que tinha a seu cargo as obras – a empresa de construção civil de origem portuguesa, TAMEGA –, muitos comentários se ouviram. Os residentes na Zambézia andam indignados. Concretamente especula-se que o troço Mocuba-Nampevo “não termina porque a Frelimo não goza de simpatias nesta zona”.
Muito recentemente, a Reportagem do Canalmoz esteve na província da Zambézia. A todo o custo tentámos colher alguma sensibilidade oficial sobre o ponto de situação das obras no troço em alusão. A Administração Nacional de Estradas (ANE) na Zambézia, não se predispôs a falar do assunto, alegadamente porque o respectivo delegado se encontrava de férias disciplinares. Fomos atendidos pelo Engenheiro Parruque, por sinal o “ponto focal” das mesmas obras. Informámos ao engenheiro Parruque que o assunto que nos levava a ANE era exactamente as obras do troço de que nos referimos e que sabíamos que ele era o “ponto focal”. Ele limitou-se apenas a dizer-nos: “eu não tenho autorização para falar à Imprensa e a única pessoa que pode falar é o director provincial das Obras Públicas e Habitação”. O engenheiro Parruque nada mais disse.
Tentámos igualmente colher alguma informação junto do director das Obras Públicas e Habitação da Zambézia, Cristóvão Furquia. Estivemos a deslocar-nos durante três dias ao gabinete de trabalho do director, mas este nunca esteve presente no seu gabinete. No primeiro dia, a secretária executiva do director garantiu-nos que poderíamos voltar na tarde do mesmo dia. Voltámos e o director continuava a não estar no gabinete. A novela repetiu-se por todos dias que tentamos falar com o director.
O assunto trata-se no Comité Provincial da Frelimo
Fomos ouvindo os citadinos da província da Zambézia e poucos quiseram abordar. É um tema tabu. Garantiram-nos que o assunto é actualmente tratado no Comité Provincial do partido no poder, a Frelimo.
Segundo apurámos na sede da Frelimo em Quelimane, junto de uma fonte bem identificada, mas que preferiu o anonimato, “este assunto é tratado aqui e pela camarada Luísa Diogo que se discute porque nós queremos arrancar com as obras nas vésperas das próximas eleições”.
A fonte explicou que “os esforços que têm sido feitos actualmente são apenas para atrapalhar o público porque aquilo nunca vai terminar sem cumprir com os interesses da Frelimo”.
Em Quelimane, sem sucesso, procurámos falar com a Frelimo, mas não foi possível porque as figuras competentes não se encontravam nas instalações do “partidão”.
Enquanto as obras vão sendo adiadas para que a sua conclusão possa acontecer por alturas das próximas eleições de modo a que o Partido Frelimo possa daí tirar alguns dividendos políticos, os acidentes vão se sucedendo no troço em referência. Luto e elevados prejuízos materiais é o que está a resultar da irresponsabilidade que continua a prevalecer por parte das autoridades que têm a seu cargo evitar tanta desgraça que por ali continua a ocorrer.
(Aunício da Silva)
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