Wednesday 19 January 2011

Chefe da agência de investimento em risco se entrar nos Estados Unidos

ANGOLA


Pretoria (Canalmoz) - O actual presidente da ANIP, Agência Nacional de Investimento, Aguinaldo Jaime, é, até ao momento, o dirigente angolano que pode estar quase proibido de viajar para os Estados Unidos sob pena de lá ficar retido para responder a um processo-crime por tentativa de falsificação (destino suspeito dado a um documento). De acordo com o jornal angolano, Folha 8, “trata-se de um cheque de 50 milhões de dólares” e “a ocorrência remonta a 2001”.
A 5 de Fevereiro de 2010, um comité do Senado americano ouviu atentamente detalhes palpitantes, cuja apresentação fora exigida por ela, sobre a movimentação de milhões de dólares de vários países africanos, incluindo Angola, em esquemas relacionados com o desvio e lavagem de fundos dos respectivos governos, refere o Folha 8.
Nessa audiência, acrescenta, vários casos envolvendo Angola foram abordados, nomeadamente a transferência de milhões de dólares para e por Pierre Falcone, o empresário a cumprir pena de prisão em França por tráfico de armas para Angola e que, juntamente com os seus familiares, terá usado qualquer coisa como 29 contas diferentes, só no Bank of America, entre 1989 e 2007 para movimentar milhões de dólares em fundos que o relatório considera de suspeitos.
O comité do Senado norte-americano havia detectado 60 milhões de dólares em actividades repletas de pontos de interrogação sobre a qualidade, limpeza e transparência dos seus destinos, o que na realidade não passava de um acréscimo considerável ao que tinha acontecido entre 1999 e 2007, espaço de tempo em que Pierre Falcone esteve envolvido em inúmeras transacções mais que suspeitas.
A organização de direitos humanos, Human Rights Watch, revelou que dois bancos americanos o Bank of America e o Citibank consideraram a operação de suspeita. O Citibank acabou mesmo por fechar os seus escritórios em Angola. Aquela organização adiantou que Aguinaldo Jaime “tentou transferir 50 milhões de dólares do banco central para os Estados Unidos sob pretexto de que se tratava de fundos para ajuda humanitária”.
Um outro banco que teria estado envolvido nas tentativas de Aguinaldo Jaime para transferir dinheiro foi o HSBC que teria sido também usado para a compra de títulos do tesouro americano por entidades angolanas.

O caso visto do lado angolano

Refere o jornal «Folha 8» que quando Aguinaldo Jaime era governador do Banco Nacional de Angola (BNA), nessa altura disse ao Presidente da República que três indivíduos de origem árabe, teriam 3 mil milhões de dólares para doar a Angola, bastando somente que o governo emitisse uma garantia bancária de USD 50 milhões de dólares.
A equipa económica de então, liderada por Júlio Bessa, na altura ministro das Finanças, rejeitou a proposta por achar estranho que os cidadãos árabes em questão nutrissem atenção especial pela República de Angola.
No entanto, ao que parece, o governador do BNA teria levado também a proposta a José Eduardo dos Santos. O chefe de Estado angolano terá anuído, uma vez que os cofres do banco central em Luanda encontravam-se na altura quase vazios e era preciso continuar com o “esforço de guerra”.
Terá sido com a anuência de José Eduardo dos Santos que Aguinaldo Jaime, à revelia do seu superior na equipa económica, Júlio Bessa, decidiu ir ao gabinete e emitir por sua conta e risco uma garantia bancária.
É neste quadro que corre um processo de suspeição contra Aguinaldo Jaime, para quem, neste momento seria muito perigoso, ir de viagem aos Estados Unidos e mesmo a alguns países da Europa, sob pena de vir a ser preso e deportado para território norte-americano.

(Redacção)

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