Luanda - As declarações de Rui Falcão em nome do Bureau Político do MPLA exaltaram os nervos até de militantes que consideram um ultraje a linha política do Partido. Depois dos ex -comandos, foi a vez de antigos combatentes do MPLA que se sucederam em visita as instalações do F8 para depositarem moções de repúdio. Com o General Silva Mateus, aproveitamos realizar esta entrevista sobre o circuito integrado do MPLA.
*Félix Miranda
Fonte: Folha8
Acusações de Rui Falcão é infantilismo
Folha 8 - Como coordenador da União das Tendências, qual é a sua opinião o MPLA actual está em comunhão com aquilo que foram os ideias do 4 de Fevereiro?
General Silva Mateus – O MPLA actual está muito longe, deixou de existir, deixou de ser aquele MPLA, isto a partir de 77 a quando do 27 de Maio. Teríamos que recuar um bocadito, para dizer que as crises verificadas ao longo da existência política ou administrativa do MPLA dão ênfase e ilustram claramente o desvio que houve. Actualmente o MPLA está dividido em duas alas. A ala presidencialista que é dirigida pelo Engenheiro José Eduardo dos Santos e a outra ala que é a União de Tendências coordenada por mim. Ora, a diferença é que os elementos que hoje fazem parte do MPLA tendência presidencialista não são militantes, estes elementos na sua maioria não são maquisardes e não são políticos dos anos 60/ 70. Todos eles apareceram depois do 25 de Abril, quando já tínhamos dado a machadada ao colono. E quando surge o 27 de Maio, então tudo foi por água abaixo. O 27 de Maio veio para definir as alas, para clarificar o que se estava a passar no seio do MPLA.
F8 – O que é que realmente acontece na sequência do 27 de Maio?
GSM - A partir dali, os militantes consequentes, os verdadeiros militantes do MPLA, uns foram mortos, outros silenciados e outros afastados, outros ainda afastaram-se. E essa é a maioria dos verdadeiros militantes do MPLA que estão cá fora comigo na Tendência. A outra parte que compõe a ala presidencialista do PR, não são militantes, são pára-quedistas, bajuladores. Aliás, nós não os classificamos como militantes do MPLA, são sim militantes de JES. E com o MPLA até nem se identificam, porque se eles tiverem os estatutos, os regulamentos, o programa do MPLA então verão que estão a defender o contrário das decisões saídas nos órgãos do próprio MPLA dirigido pelo JES. O programa diz uma coisa e na prática vemos outra, o que demonstra que estão desnorteados, estão sem rumo, não sabem o que fazer. Estão somente a bajular o JES e garantir o seu pão, manter os lugares que ocupam para o enriquecimento ilícito e continuarem a desprezar o povo angolano e os militantes do MPLA.
F8 – Desde quando existe a União de Tendências e o porquê?
GSM – União de Tendências surgiu um bocado antes do 4º Congresso do MPLA, em 93/94. Ao longo daquele tempo, fomos enviando cartas à direcção do partido, nomeadamente ao gabinete do presidente do MPLA, ao secretariado permanente, ao Secretário-geral. Só que durante anos eles foram lendo, foram fazendo as suas conjecturas, não deram importância, até que em Fevereiro 2007, numa reunião do Comité Central dos dias 8, 9 e 10 de Fevereiro, o presidente do MPLA, abre-se e excede-se e laconicamente diz que circulam documentos escritos por elementos que se intitulam como tendências do MPLA, mas não dão a cara, não são visíveis, não sabemos quem são e onde estão. E ele apelava para que se fizesse um combate rigoroso contra essas pessoas para que fossem denunciadas, numa espécie de lançar intimidação. Nós nos reunimos e fizemos sair o Manifesto que distribuímos a todos órgãos. Na mesma semana que o JES se pronunciou, os órgãos da comunicação social, privados e estatais fizeram referência a tudo isso. O Manifesto foi bem assinado por mim. Mas até o Presidente dos Santos dizia que não éramos militantes do MPLA, o que é um abuso e uma brincadeira, quando bem me identifico: Silva Simão Mateus, maquisarde, porque entrei no MPLA em 68, tinha 22 anos, sou quadro político militar do MPLA com formação política. Fui credenciado em 75 como activista político e fiz todo um trabalho a volta do MPLA, não só como militar, mas também na área política e tenho a patente de General. Estes documentos eu próprio fui levar ao gabinete do Presidente do MPLA, entreguei ao Secretário-geral, ao vice-presidente do MPLA e fiz chegar estes documentos a todas as províncias, aos secretariados provinciais do partido para que tivessem conhecimento.
F8 – Porquê que depois disso tudo sois desprezados?
GSM – Aí onde está o problema. É que José Eduardo, confrontado perante a evidência e o nosso posicionamento, se calou. Não só ele se calou como todo o executivo, ninguém fala de nós. Tentaram-nos ignorar sem nos dar valor. Mas se fosse para fazer um confronto directo, eles perderiam.
F8 – Nem para as conferências sois convidados!
GSM – Outro problema. Houve o congresso passado, viu o que aconteceu. Tentamos aparecer não declaradamente como tendência nessas conferências provinciais, mas dentro já do nosso posicionamento.
F8 – Como críticos?
GSM – Este posicionamento foi levado ao extremo pela direcção do JES. Veja bem que o próprio Secretário de Luanda Bento Bento, e o Roberto de Almeida, referiram-se as conferências provinciais em como tinha havido problemas. Os elementos que tinham sido eleitos não apareceram, os elementos que deviam comparecer não apareceram, substituíram todos os elementos que tinham um pronunciamento contrário, uma visão diferente, para que não aparecessem no Congresso. Mesmo assim, chegamos lá, porque no Congresso viu-se o que se viu. O presidente do MPLA experimentou aquele charme de fazer listas, houve alguém que lhe perguntou: fazer listas como, se aqui só há um candidato único? A resposta foi taxativa: é que aqui há indivíduos que querem concorrer para o MPLA. Isto foi-me dito por delegados que estiveram lá. JES ficou envergonhado porque foi-lhe dito que o elemento que quer a cadeira do MPLA é o Silva Mateus e não está aqui dentro.
F8 – Quer dizer: vocês não se limitam a criticar o MPLA, vão mais longe, assumir os destinos do partido.
SGM – O que pretendemos é democratizar o MPLA. José Eduardo dos Santos não pode ser o único candidato natural. Os militantes não aceitam isto. Os bajuladores, os militantes dele é que dizem que ele é único.
F8 – Não estão a pedir o impossível. Qual o vosso plano?
GSM – Nós queremos democratizar o MPLA com a eleição dos órgãos gerentes do MPLA. O presidente do MPLA tem de ser eleito em listas variadas, não nomeado, o Secretário-geral tem que ser eleito, e então depois vamos ver a questão do vice-presidente.
F8 – A sociedade civil não vos conhece, vocês nunca desenvolveram acções para que os angolanos saibam quem sois e que no seio do MPLA finalmente também há divergências?
GSM – Pois, ali é que está o problema. A imprensa toda é controlada pelo MPLA da ala do presidente JES. Nós fazemos acções de massas e, passa a publicidade, nós fazemos como as testemunhas de Jeová. Andamos de porta em porta a passar nossa mensagem. Pouco importa que a rádio ou a televisão digam que estamos a trabalhar. E agora com muito maior incidência porque todos aqueles que se querem ainda considerar militantes sabem que estamos a ser enganados pelo actual presidente do partido.
F8 – Recebemos ontem também um porta-voz de Nambuangongo, que diz ser antigo combatente e estão furiosos porque Dino Matross chegou lá e começou a injuriar dizendo que estavam a enganar porque não havia os 5 000 maquisardes que diziam ter, etc. No vosso entender, o pensamento de Agostinho Neto está defraudado, ou também sois contra aquilo que ele apregoava para os destinos de Angola?
GSM – Vamos ver aqui algumas situações. A União de Tendências é o acumular das quatro siglas que até ao momento foram a revolução do MPLA. Se estiver atento os nossos quatro emblemas, há um que é o Movimento Popular de Libertação de Angola, há um que é do Partido do Trabalho e por aí em diante. Para dizer que o MPLA Movimento, parou em 77. De 77 à 82 estava o MPLA Partido de Trabalho, depois dali para cima, houve outras. Estas pessoas, cada uma a seu tempo, foram militantes do MPLA. É aí onde JES diz, não, este já não é militante. O próprio Dino Matross, quando fala de maquisardes, gostaria que ele fosse mais responsável. Tenho uma entrevista há tempos atrás, que ele deu ao Cruzeiro do Sul, onde diz que ainda é cedo para que todos os angolanos tenham o pão na mesa. Ora, se um indivíduo com 60 anos ainda não tem o pão na mesa, Dino Matross que diga quando é que o angolano vai ter.
F8 – Logo, há razão quando esses indivíduos de Nambuangongo se revoltam?
GSM – Não é só o problema de Nambuangongo e de Dino Matross.
F8 – Sobre Agostinho Neto?
GSM - Quanto a Agostinho Neto, ele tinha boas intenções, mas não conseguiu materializá-las porque morreu, ou melhor, foi morto, assim é que se diz. Foi morto porque depois de ele ter mandado matar os fraccionistas e quando viu que essas pessoas que estavam em frente a caçar os ditos netistas tinham excedido, então Agostinho Neto extingue a DISA e queria prender alguns dirigentes. Quando esses se aperceberam, deram-lhe cabo, mataram-lhe para que não fossem na cadeia. Neto não completou com seu programa, mas José Eduardo tinha por obrigação dar sequência e fazer reformas para acomodar socialmente todo o angolano. O que é que nós verificamos: os discursos todos de JES que apontavam para o neo-colonialismo, etc., hoje estão na evidência. Afinal JES levou o país ao neo-colonialismo afrente do MPLA e nós não podemos dizer que isso foi um mero acaso. Não! Foi propositado. JES fê-lo conscientemente para que este povo fosse hoje o que é. Portanto, um povo num país rico e um dos mais pobres do mundo.
F8 – Então, é apologista daqueles que criticam a actual direcção como não sendo a inspiração dos angolanos?
GSM – Certo. Vejamos: se o governo é dirigido pelo partido MPLA, enquanto não haver transparência e democratização no seio do próprio partido que dirige o Estado e o país, o país também não pode caminhar. Nós somos contestatários do partido internamente, mas apologistas da melhoria desta desgovernação do país. Uns dizem opositores, nós somos críticos, contestatários dos actos administrativos, mesmo políticos que o MPLA comete.
F8 – Mas vocês só estão reduzidos ao Sambizanga?
GSM – Nós não estamos reduzidos ao Sambizanga. Diríamos que estamos implantados em todo o país. Em termos de estruturas, estamos a todos níveis do próprio MPLA. Porque o JES não pode pensar que todos os elementos que estão no Bureau Político e no Comité Central, são todos bate palmas para ele. Não. Estão lá só para garantir o pão. Internamente, não estão com ele. Porque eles dizem, Silva Mateus, tenha calma, isso vai mudar. E eu pergunto: quando, se estamos a ficar velhos. Claro, eles não se manifestam, mas nós não podemos esperar por milagres, temos de fazer o nosso trabalho. Os órgãos de comunicação social privados, também têm medo de abordar esta questão, mas é preciso que não tenham medo, é preciso que vocês dêem oportunidades para falarmos.
F8 – Está a querer dizer que tanto o senhor General, como eu que faço esta entrevista, a nossa vida está em risco?
GSM – A minha vida não pode estar em risco não.
F8 – E a minha?
GSM – A tua também não fica. Você só está a retransmitir aquilo que eu estou a transmitir. Você não tem nada a ver com aquilo que eu estou a dizer.
F8 – Então porquê este liberalismo de seus camaradas que lá no Bureau Político, no Estado Maior das FAA que se fecham em copas e não querem manifestar descontentamento?
GSM – Não manifestam, primeiro porque temem represálias. Não diria represália física, mas monetária, represália social. Veja bem: eu não devo nada ao JES, nunca recebi nada, apesar de haver tentativas para tal. Agora, há indivíduos que até o telefone, a casa, o carro, a renda vem do JES. Logo, se as condições que têm é graças a JES, e se o JES corta, porque é capaz disso, pois é um elemento reservista, rancoroso, ele passa à mendigo.
F8 – Reservista como, pode consubstanciar?
GSM – Quero dizer, ele marca as pessoas. Pode não exercer uma represália no imediato, mas daqui por seis meses, um anito, ele pode te tocar.
F8 – Mas, até aqui ninguém consegue apontar o dedo acusador, uma mácula em termos de assassinato...
GSM – Mas é o regime. O regime é eduardista, o regime é do JES. Quando destroem o Roque, quando morre gente, é tudo JES. É preciso termos noção de responsabilidade. Nos outros países, nós vimos. E se tivermos que nos ater aquilo que fomos ouvindo ainda há uns dez, quinze anos atrás, tudo o que era feito na UNITA era em nome do Savimbi. Savimbi aqui, Savimbi acolá, mas o Savimbi pelo que eu saiba, nunca matou ninguém directamente, mas no entanto tudo era atribuído a ele. Aqui o JES é o responsável de tudo o que acontece de bom e de mau. E agora institucionalizou com a Nova Constituição onde ele aparece como Chefe do Executivo. Aqui, os méritos ou desméritos são para JES.
F8 – Outra coisa. Não estão com ciúmes da FESA. A FESA tomou Angola, é praticamente a cabeça, a executora, a administração do próprio MPLA. Como pobres, como é que vocês pensam fazer a vossa revolução interna?
GSM – Os pobres fazem sim revolução. Porque a própria direcção do MPLA dirigida pela ala de JES sabe que nós nas matas por um lado e a quando do 25 de Abril por outro, o povo não tinha dinheiro, o povo não era rico, mas conseguiu fazer uma revolução que travou exércitos regulares compostos de vários arsenais, mas nós povo, com catanas, machados e bengalas, conseguimos correr com eles, não só de Luanda, do país inteiro. Por isso, eles não podem subestimar-nos, não podem pensar que por sermos pobres amanhã não poderá haver uma revolução. Haverá sim, haverá aqui em Angola uma revolução de ajuste social, pode levar tempo. Já disse há um tempo atrás, que o próprio MPLA fomenta o racismo ao privilegiar os brancos e mulatos em detrimento da maioria que são os pretos. Já em tempos fiz uma entrevista a dizer que não nos iríamos assustar se um dia acordássemos a batatadas entre pretos e mulatos. Entretanto, o MPLA ainda não disse o porquê que eu disse aquilo ou o porquê que eu não disse.
F8 – Certamente chamaram-lhe racista!
GSM – Não chamaram racista coisa nenhuma. Aliás, eu sou amigo de brancos e mulatos e aí é onde está o problema. Os meus conselheiros mesmo a nível da União de Tendências são brancos e mulatos. Eles próprios temem por esta situação, eles próprios vêm que é preciso que haja mudança, de facto.
F8 – Mudança sim senhor. Mas o conselheiro maior devia ser a população. Contudo, esta população parece que não vai muito naquilo que são os vossos ideais. O dinheiro parece estar a pesar mais alto. Pensava-se que com o Roque, a coisa entraria em ebulição, não aconteceu, deram a prova do que são! Vocês não temem cavalgar sós sem este apoio indispensável?
GSM – Não estamos a cavalgar sós. Precisaríamos acções de massas? Vai chegar o tempo, vai chegar o dia em que teremos acções de massas.
F8 – Não estou a insinuar nada!
GSM – Não é o caso. Já tenho dito isso. Porque para acordarmos a batatadas, tem que haver uma antecedência de acção de massas. Isto pode ser evitado, mas não inevitável. E tem se dito que tudo tem um tempo. Os maiores ditadores, os fascistas que já conhecemos a nível mundial, caíram com um sopro e quando chegou o dia ou a hora de cair, não tiveram forças para fazer nada. JES está protegido por cinco ou seis mil militares só da sua guarda que é uma outra coisa. Mas se Deus quiser quando tiver que ser tocado, estes guardas desaparecem, não fazem nada. Eles próprios também vivem a conjuntura social. Nós não estamos a cavalgar sozinhos.
F8 – E sobre a polémica Roque?
GSM - Agora, o problema do Roque, das demolições das casas e de tudo de mal contra este povo, o povo não reage, mas está tendo tudo isso em conta e a espera de uma oportunidade. Se hoje disser que vamos fazer uma insurreição popular, muitos podem não concordar comigo e até certo ponto têm razão. Agora o MPLA está consciente que é preciso agirmos no voto. JES encurralou-se porque se ele escudou-se na sigla do MPLA, porque quem vota no MPLA, vota no JES e em simultâneo, está enganado. Estamos a ver que nós os verdadeiros militantes do MPLA teremos que apelar ao voto contrário. Porque se você votar no MPLA, vai votar no JES, então vamos ter que penalizar um bocadinho o nosso MPLA, pelo menos por 5 ou 10 anos, porque só assim poderá haver equilíbrio e mudança.
F8 – Outra questão. A sucessão já está preparada, só falta adivinharmos se será entre os próprios filhos, ou os mais próximos. Fala-se entre nepotismo e oligarquia, mas vocês não estão no Mapa. Vossa posição?
GSM – A nossa posição é a seguinte: várias vezes já anunciamos que temos um candidato para defrontar o candidato da ala JES. É o MPLA versus MPLA.
F8 – De quem se trata?
GSM – Na devida altura vão saber. Até porque o actual presidente do MPLA ainda não sabe se ele será o próximo cabeça de lista.
F8 – É o Vice-presidente?
GSM – Não. O Nandó está do lado do JES, não tem nada a ver connosco. Trata-se de uma pessoa que tem todos os atributos que na devida altura vai aparecer. Ali sim, vamos ver de que lado vai pender a balança. Quanto aos filhos dele, já dissemos, se o próprio JES está em conflito connosco e nós ainda estamos vivos, como é que vai deixar um dos filhos para o substituir, não estamos numa monarquia. Mas se assim for, então preparem as armas porque vamos voltar a guerra. Estão a gozar com isso.
F8 – Senhor Silva Mateus. A política não manda Angola, quem manda Angola é o dinheiro. Vocês não têm o dinheiro, eles têm de mais.
GSM – Mas é fácil também buscarmos o dinheiro. Porque se formos no estrangeiro e firmarmos alguns acordos, segundo o qual nós vamos derrotar esses homens, trazemos dinheiro também, promessas e alguns financiamentos. Porque todos eles sabem que mais tarde ou mais cedo este regime cai. O regime já está podre, só falta um empurrãozito para cair.
F8 – Qual é a vossa relação com outros partidos políticos?
GSM – Estamos bem. Já fizemos sair uns documentos, deploramos apenas alguns comportamentos e o pronunciamento de indivíduos que nem sequer deviam falar em nome do MPLA, o caso do homem da informação do MPLA, Rui Falcão. Não sei de onde veio, não sei se é do 25 de Abril. Se quiser fazer um confronto em termos de militância, estou disposto, tanto televisivo ou a nível de rádio, inclusive para quem quer que seja que se considera militante do MPLA. Portanto, o nosso relacionamento com outros partidos da oposição é bom. Enquanto eles são da oposição, nós somos contestatários. Ora, a oposição e contestação, podem acertar algumas ideias para avançarmos sobre determinados princípios que beneficiam todos nós. Não há nenhum problema nisso.
F8 – Diz que não está de acordo com o Rui Falcão?
GSM - Estava a dizer que o Falcão disse que a UNITA está a fazer, o Samakuva, isto é infantilismo, porque ele não disse nada e o Falcão ao acusar Samakuva devia ter dito, Samakuva disse isto e aquilo. Estou aqui a dizer, mais tarde ou mais cedo e quando estivermos aborrecidos com esta situação, vamos sair à rua. Com machados ou picaretas, vamos sair à rua. Então que morramos todos.
F8 – Agora é que vão dizer, que estão a incitar a desobediência civil.
GSM – Não estou a incitar a desobediência civil coisa nenhuma.
F8 – Assume o que está a dizer?
GSM – Assumo o que estou a dizer, isto um dia poderá acontecer quando nos fartarmos.
F8 – O problema é que vão dizer que Silva Mateus é maluco, não está bom da cabeça!
GSM – Muitos pensaram que eu fosse maluco. Eu sou responsável e estou dentro das minhas faculdades mentais, e o próprio JES sabe.
F8 – Para comemorar o aniversário do PR durante um mês, fez-se festas, com a FESA inauguraram hospitais, escolas, um bom exercício de imagem. Estamos em plena comemoração do 17 de Setembro, dia do herói nacional. Não há ciúmes?
GSM – A FESA tem feito trabalho que o governo devia fazer. Mas tudo isso para dizer que não é o governo, é José Eduardo, e JES é a FESA. A FESA vai fazendo em nome de JES quando devia ser o governo a fazê-lo. Tudo isso na devida altura será também bem visto. Temos estado a dizer que tudo o que se faz, tem o seu termo. Basta um dia que as coisas virarem, esta FESA pode ser extinta, desaparece. Nós vimos até países onde inclusive depois os nomes foram proibidos de serem pronunciados. Aqui não há FESA, nem Zédú, nem coisa nenhuma. Quanto ao Agostinho Neto, nós já dissemos várias vezes, que Agostinho Neto não é herói nacional, é herói do MPLA. Porque tudo que Agostinho Neto fez de bom para este povo, este país, foi diluído no 27 de Maio. Agostinho Neto mandou matar tudo, a fibra flor de Angola, num total de 80 mil elementos. Por isso não pode ser herói. Herói sim de matança. Ali talvez eu concorde com isso.
F8 – Última questão. Segundo se cogita, Francisca do Espírito Santo rua de Luanda, vai entrar um militar e General como o senhor Silva Mateus, parece que a intenção é de tentar calar todas essas reivindicações. Luanda é a capital, não pode ter confusão. Não teme que Higino Carneiro venha a criar obstáculos ao vosso projecto?
GSM – Falando de Higino Carneiro, ele que apareça para fazermos o Chek-up da nossa militância, tanto a nível político como a nível militar. Porque eu sou um militar não do 25 de Abril. Sou um militar desde 1968, Não tememos nada porque os generais não comandam tropas, dirigem, quem comanda tropas são os sargentos e capitães e os capitães estão connosco. E a própria tropa, a própria polícia que pensam que um dia vão sair contra o povo, não vão sair. Porque estes mesmos militares e polícias, seus pais, mães, também estão lá no musseque a sofrer connosco. Então é preciso que eles tenham consciência disso. Aqui não há mais armas, não há mais intimidações, não há mais violência física, vamos fazer confronto ideológico, confronto de ideias.
F8 – Mas eles ignoram tudo isso, tal como ignoram a todos vocês!?
GSM – Que ignorem até que um dia o povo vai lhes ignorar. De momento vão nos ignorando, nós vamos fazendo o nosso trabalho, até que um dia o povo também lhes vai ignorar.
F8 - Uma mensagem muito breve para o povo no geral e os militantes do MPLA em particular?
GSM – Aos militantes do MPLA é terem calma. Vamos aguardar, até 2012 nas próximas eleições, vamos ter um candidato. Para o povo angolano é preciso ter calma, o Rui Falcão é que está a incitar, não é a UNITA ou Samakuva. Porque nós vimos em 77, o agudizar de algumas palavras, isto e aquilo quando finalmente em segredo, eles estavam a preparar o ambiente psicológico para depois matarem. Porque o bater no ferro quente, veio muito antes do próprio 27 de Maio, já se falava. Não sei se ele falou em nome da direcção do MPLA, porque eu gostaria que a direcção do MPLA se pronunciasse.
F8 – Foi depois da reunião do Bureau político em que esteve presente o PR e que ele foi o porta-voz.
GSM – Então, é uma assunção da ala presidencialista do JES. Devem ver que estes pronunciamentos anunciam o prelúdio de mais qualquer coisa. Por isso, povo angolano, vamos ter calma, vamos gerir esta fase com ponderação, não responder a insultos, não fazermos provocações, mas sem nos intimidarmos e nos calarmos em função a situações que consigamos detectar ou ouvir.
Setembro2010
'Trust and reserve judgement' on rebrand, says Jaguar after backlash
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The iconic carmaker's rebrand has certainly caught people's attention, but
will it pay off?
1 hour ago
1 comment:
Então não é?
É sim.
Zicomo
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