Sunday 5 September 2010

Presidente do MDM apela ao diálogo e respeito mútuos


Entre Governo e manifestantes

Beira (Canalmoz) - O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, teceu ontem duras críticas à governação chegando mesmo a afirmar que “a crise evidencia os limites e as fraquezas que o Governo de Moçambique tem em construir um Moçambique para Todos”.
O orador convidou, ao princípio da tarde de ontem, a comunicação social na Beira, para apelar para o diálogo. Face às manifestações violentas que ocorrem nas cidades de Maputo, Matola, e timidamente, nas cidades de Macia, Chibuto, Chókwè, Maxixe, Beira e Nampula, Daviz Simango defende que se deve encontrar uma plataforma de entendimento tendo em vista ultrapassar o impasse, privilegiando-se o diálogo, respeito mútuo e valorização da vida humana.
Segundo o presidente do MDM, o Governo do dia deve encontrar mecanismos para atenuar o custo de vida, particularmente dos produtos de primeira necessidade, através de medidas de alívio da carga fiscal.
O MDM, pela voz do seu presidente, defende ainda a a redução das despesas públicas, políticas agrárias claras e que se leve a sério a promoção de infraestruturas vitais para a produção de alimentos e a sua comercialização.
Também defende que se deve aproveitar os recursos internos, como o gás, para consumo público a preços acessíveis, adoptando-se igualmente medidas urgentes para a sua transformação interna em energia designadamente eléctrica.
Daviz Simango,que para além de presidente do MDM é presidente do Conselho Municipal da Beira, invocou que os fundos de reversão de Cahora Bassa sejam bem utilizados e renegociados os preços de exportação de energia de que beneficiam os grandes projectos como a Mozal, Sasol, areias pesadas, etc..
O líder do MDM pediu aos manifestantes para não vandalizarem os bens públicos, privados e dos cidadãos e, ao mesmo tempo, pediu que a Polícia prescinda de utilizar balas reais para a manutenção da ordem pública.
Defendeu ainda a necessidade de capacitação dos agentes da polícia para eventualidades futuras do género.
O presidente do MDM recomenda que se rompa com a artificial separação das chamadas “áreas” social e económica. “Não se pode esperar que a área social resolva o problema da pobreza enquanto a área política continua a promover a exclusão”.
“O combate à pobreza implica necessariamente um amplo e sustentável processo de distribuição da riqueza”, disse Daviz Simango.
O presidente do MDM lamentou a perda de vidas humanas e lamentou que esteja a haver vítimas com os acontecimentos violentos em curso. Afirmou que o MDM continua atento ao desenrolar dos protestos dos manifestantes e prometeu que exercerá o seu papel para que o desenvolvimento social de todos os moçambicanos seja uma realidade.
Todavia, Simango não deixou de lançar críticas ao Governo. Falou das políticas macroeconomias e para além de referir que têm sido mal sucedidas disse ainda que não estão à altura das responsabilidades e dinâmicas que a crise impõe.
“O Governo revela-se incapaz de criar uma estratégia para o relançamento da economia moçambicana, pois o mesmo sempre se recusou a desenvolver políticas comuns para defender o emprego, dinamizar as pequenas e médias empresas, a agricultura e melhorar a protecção social das famílias mais desfavorecidas”, disse a certa altura o presidente do MDM.
Acrescentou que “a crise evidencia os limites e as fraquezas que o Governo de Moçambique tem em construir um Moçambique para Todos”.
Daviz Simango criticou a ausência de medidas da parte do Governo para assegurar a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos, bem como para a transformação da energia e água em catalisadores por excelência do desenvolvimento económico e social, tendo em conta tratar-se do tal “Made in Mozambique”.
Simango também deplorou a lentidão na construção de infraestruturas para dinamizar o desenvolvimento e escoamento dos produtos agrícolas para os mercados, a imposição dos preços dos combustíveis e a arrogância dos membros do executivo no tratamento das motivações dos manifestantes.

(Adelino Timóteo)

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