Moçambique vai se tornar "dentro de alguns anos" um país de rendimento médio, um estatuto que vai obrigar ao recurso a créditos não concessionais, ou seja, a juros de mercado, alertou ontem (quinta-feira) o vice-ministro das Finanças, Pedro Couto.
As instituições financeiras internacionais, nomeadamente o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), têm desencorajado o país de recorrer a créditos de mercado, como forma de manter a dívida num nível sustentável.
Mas nos últimos tempos, o Governo moçambicano considera inevitável se endividar no mercado, recorrendo a credores bilaterais, para poder financiar o que designa de "terceira geração de investimento nas infra-estruturas".
Em declarações aos jornalistas, à margem de um encontro com o director executivo do FMI para África, Samuel Itam - que efectua uma visita ao país desde segunda-feira -, o vice-ministro moçambicano das Finanças afirmou que a entrada de Moçambique para o grupo dos países de rendimento médio vai qualificar o país para os créditos não concessionais.
"Nessa altura, Moçambique terá necessidade de continuar a ter financiamento externo, só que as fontes concessionais para países de rendimentos intermédios são reduzidas", enfatizou Pedro Couto, sem referir os montantes da dívida que será contraída.
Nessa perspectiva, adiantou o vice-ministro, "Moçambique vai precisar de tomar créditos não concessionais considerando os programas vastos de investimento que devem ser levados a cabo", realçou Pedro Couto.
Depois de ter ultrapassado os quatro mil milhões de euros, a dívida externa de Moçambique é actualmente de cerca de mil milhões de euros, por ter beneficiado de vários perdões da dívida no quadro de programas como a Iniciativa de Perdão da Dívida dos Países Altamente Endividados (HIPC).
Para se poder financiar, o Governo moçambicano tem contornado a vigilância do BM e do FMI, em relação ao nível do endividamento, recorrendo a empréstimos internos, principalmente através da emissão de bilhetes de tesouro.
Fonte: RM
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