Wednesday 7 July 2010

Branqueamento de capitais no valor de mais de meio milhão de dólares

Empresário Naguib Ravat é investigado pela procuradoria de Sofala

Beira (Canalmoz) - A Procuradoria da República, na província de Sofala, instaurou uma acção contra o empresário beirense, Naguib Ravat, dono da casa de Câmbios 786, da Farmácia 786 e da empresa de compra e venda de viaturas, N&S. O caso relaciona-se com a “lavagem de capitais”, segundo confirmou ao Canalmoz uma fonte do Ministério Público, na Beira.
A referida fonte oficiosa, que reputamos de imbatível e bem posicionada, afirmou que o processo contra Ravat surge na sequência de uma denúncia recebida pelo Ministério Público local, que indicia o envolvimento do empresário em “lavagem de dinheiro”.
Todavia, a mesma fonte afirmou que o processo contra Ravat está na fase de instrução, motivo por que não pode adiantar pormenores sobre o assunto, para não criar distúrbios ao processo de diligências e nas investigações em curso. “Acontece que não é recomendável avançar dados, porque quando falamos à imprensa cria-se uma situação que dificulta o curso das investigações, até a insegurança dos investigadores”, afirmou a fonte, que cedeu a pronunciar-se depois de muita insistência da nossa parte.
Entretanto, a confirmação deste facto torna-se relevante, dado que correm na praça vários rumores sobre o envolvimento do empresário em negócios obscuros.
Sobre a matéria que levou à instauração do processo em causa, sabe-se que Ravat terá tentado depositar mais de meio milhão de dólares num dos bancos locais. O banco declinou efectuar o depósito, alegadamente porque para o tal estabelecimento comercial tornava-se difícil justificar a movimentação de tantas notas em divisas. Assim, na perspectiva de contornar o assunto, consta que Ravat procedeu à troca de tal montante para meticais que veio a depositar posteriormente. Mesmo assim, não escapou à denúncia, que se diz, de um banco.
O banco que denunciou foi o Banco de Moçambique. A acção partiu da supervisão bancária, soube o Canalmoz de outras fontes.
Outros dados ainda indicam que Ravat também terá feito uma transacção de meio milhão de dólares para a África do Sul, em favor de um cliente local de nome Ismail, o que também constitui matéria de acusação.
Embora seja certa a informação que o motivo do processo que corre contra Naguib está em conexão com a lavagem de dinheiro, outros dados acrescentam que na investigação de que o mesmo é alvo, consta também o assunto de fuga ao fisco relativo a 23 viaturas, que permanecem, como se alega, escondidas algures na Beira, depois de retiradas da N&S Motors Lda. Tal processo de esconderijo antecedeu uma diligência da Polícia e da Procuradoria, ocorrida no dia 23 de Junho último, à Casa de Câmbios 786, à residência do arguido e à N&S Motors Lda.
Ao que soubemos, a Polícia confiscou o equipamento informático do arguido e uma lista de cerca de oitenta empresários de diversos pontos do país, envolvidos no "branqueamento de capitais".
A respeito da acusação que corre contra Naguib, tentámos ouvi-lo, mas em vão, porque apesar de o seu telefone estar operacional, pura e simplesmente ele não atende.
Ontem, fomos à sua casa de câmbios, tendo um dos funcionários seus confidenciado ao Canalmoz que Ravat está fora do país, algures na África do Sul. “Não estava impedido de viajar”, disse-nos o seu advogado sem mais detalhes.
Não é a primeira vez que as actividades de Ravat são alvo de investigações. Nos anos 90, o mesmo chegou a ser detido por envolvimento num negócio de Travellers cheques.
Em Agosto do ano passado, o Canalmoz difundiu uma matéria que se referia a um processo-crime que ele enfrentava e que foi movido pelas Alfândegas de Moçambique. O mesmo relaciona-se com fuga ao fisco no valor de 7.222.951,86 MT, por importação de viaturas. Este processo ainda está pendente. O actual é um novo processo.

(Adelino Timóteo)



2010-07-07 08:01:00

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