Sunday, 6 June 2010

A Opiniao de Machado da Graça

"Escrevo-te hoje para comentar uma particular honraria com que foi galardoado um nosso concidadão"

MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Olá António
Como vai essa saúde? Do meu lado tudo bem, felizmente.
Escrevo-te hoje para comentar uma particular honraria com que foi galardoado um nosso concidadão.
Eu já sabia há muito tempo que é costume a Rainha de Inglaterra atribuir títulos de nobreza aos cidadãos que se destaquem nas suas áreas de actividades.
Escritores como Terry Pratchett, por exemplo, passam a ser tratados por Sir Terry Pratchett a partir do momento em que a Rainha lhes concede o título de Cavaleiro, ou qualquer outro título nobiliárquico.
Não sabia era que o Presidente dos Estados Unidos também tomava esse tipo de decisões.

Descobri-o agora ao saber que Barack Obama atribuiu a um concidadão nosso o título de Barão.

Junto com o novo Barão moçambicano receberam também o mesmo título um cidadão do México, um da Guiné-Bissau e dois do Afeganistão. Todos eles considerados Barões por Barack Obama.
Até onde percebi esta atribuição do título de Barão começou a ser feita nos Estados Unidos a partir do ano 2000 e, até agora, já receberam essa distinção 87 indivíduos das várias partes do mundo.
É, portanto, a esse selecto grupo que o nosso compatriota se vai juntar por decisão do Chefe de Estado americano, transmitida a partir da Casa Branca, em Washington.
Para esse efeito, Obama considerou mesmo a actividade do nosso concidadão como “significativa”, como justificação para a distinção que lhe atribuiu
Para esse efeito o estadista americano invocou a Lei de Designação de Barões da Droga Estrangeiros.
E, ao abrigo da mesma lei, congelou os bens que o Barão, ou as suas empresas, possa ter em territórios sob controlo do Governo Americano e proibiu quaisquer
entidades dos Estados Unidos de realizarem quaisquer transacções financeiras ou comerciais com as mesmas.
No caso da Inglaterra, o título de Barão dá direito e a ser designado Sir e a um brasão que alguns penduram, em grande, por cima da porta das suas residências e outros colocam, mais discretamente, nos seus cartões-de-visita. Aguardemos para ver o que vai fazer o nosso novo Barão.
Sendo ele pessoa muito próxima dos nossos dirigentes, aconselha-se o nosso Protocolo a estudar como ele deve passar a ser tratado a partir de agora, que lugares deve ocupar, qual é a sua posição na lista protocolar das personalidades nacionais.
Um aspecto a salientar é o facto de a proibição de transacções com o novo Barão e com as suas empresas funcionar apenas em relação a cidadãos e
instituições americanas.
Isso não proíbe, por exemplo, importantes transacções, que se realizam regularmente, de tantos em tantos anos, e que consistem na aquisição, por
quantias significativas, de canetas, cachimbos e outros objectos de valor.
Segundo fonte informada me disse, a modéstia do novo Barão pode ser avaliada por declarações que terá feito, recentemente, a alguém que lhe perguntou como tinha iniciado a sua actividade comercial.
– A vender rebuçados – terá ele respondido.
Não informou, no entanto, que tipo de rebuçados vendia nem qual era o recheio deles.
Estamos a crescer, António. Pois se agora até já temos um Barão com reconhecimento internacional!
É obra!
Um abraço para ti, meu bom amigo, do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 04.06.2010

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