Thursday 24 June 2010

A Opiniao de Isaac Bigio*


MUNDO - Tempo de África

(Londres, BR Press) - Este é o título da canção oficial do mundial de futebol que Shakira canta. É também a mensagem que a África do Sul quer dar ao mundo referente ao continente onde nasceu a humanidade e que nunca havia sido a sede de uma das 30 Olimpíadas e é hoje, pela primeira vez em sua história, o centro do esporte mais popular de todos os tempos.

Mas também quer sinalizar a idéia de que o continente negro está mudando. Até pouco tempo atrás, este era visto como sinônimo de miséria, guerras fratricidas e epidemias como a Aids. No entanto, hoje se notam certas mudanças.

Efeito China

Isso se deve, em parte, aos resultados obtidos com ajuda internacional e remissão de dívidas, bem como o aumento da demanda de muitos de seus produtos primários ( ajudado pelo crescimento chinês, sedento de bens africanos).

Segundo Paul Vallely, co-autor do relatório da Comissão para a África 2005, 10% das reservas mundiais de petróleo, 30% das de minerais e 80% das de cromo e platina se encontram neste continente.

Em 2003-2008, a economia africana cresceu num ritmo anual de 6%, mais do dobro do mundo industrializado. Nesta década, o comércio e os investimentos estrangeiros quadruplicaram; a balança comercial cresceu 30%; a quantidade de telefones celulares passou de poucos milhões de aparelhos para mais de 400 milhões e a porcentagem de crianças na escola saltou de 58% para 75%.

A África, que já tem um bilhão de habitantes, é superada levemente em população pela Índia. No entanto, neste continente outrora associado à pobreza, há mais gente de classe média (cuja renda anual supera os US$ 20 mil) do que na emergente Índia. Espera-se que, entre 2000 e 2014, a África passe de 59 a 106 milhões de pessoas que ganhem anualmente mais de US$ 5.000 do que gastam em alimentos.

Democracias

No fim da Guerra Fria, quase toda a África estava regida por ditaduras, mas hoje a maioria de seus países tem governos eleitos. O índice de violência política e guerras ao sul do Sahara caiu em 1/3. A África ainda é o único continente onde todas as suas repúblicas decidiram auto-destruir suas armas de destruição massiva (como fizeram a Líbia e a África do Sul).

Hoje, o continente passa por um boom nos setores de construção, turismo, comunicações e finanças. Para quem não representava praticamente nada na produção mundial, a África hoje possui uma produção continental que gira em torno de US$ 1,6 bilhões, quase igual à Rússia, que outrora foi uma das duas superpotências.


(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo.

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