A saída do Chefe do Estado é mais uma dor de cabeça para a chanceler Angela Merkel. Sucessor será escolhido até dia 30
Horst Köhler pediu ontem a demissão de Presidente da República, naquele que foi o minuto televisivo mais surreal da história do país. "Anuncio a demissão das minhas funções de Presidente com efeito imediato", disse o político de 67 anos, em Berlim, mal contendo as lágrimas. O Chefe do Estado alemão justificou esta decisão com a controvérsia causada pelas declarações que fez a propósito da presença militar alemã no Afeganistão.
"Na minha opinião, a sociedade tem que aceitar que, em caso de dúvida e de necessidade, o uso militar pode ser preciso para proteger os nossos interesses, como a liberdade das rotas comerciais, por exemplo para impedir a instabilidade em regiões inteiras que tenham efeitos negativos sobre as nossas trocas, empregos, sobre as nossas receitas", declarou Köhler, sábado, à rádio pública alemã, no regresso da sua primeira visita ao contingente de militares alemães no teatro de operações afegão. A alusão à necessidade de pôr os soldados alemães a defender as trocas comerciais acendeu o rastilho.
Eleito presidente há seis anos e reeleito o ano passado, Köhler é o primeiro Chefe do Estado alemão a demitir-se do cargo. Apesar de a sua figura ter poucos poderes, ser meramente cerimonial e de a lei fundamental alemã prever mecanismos para assegurar a sua substituição no prazo de um mês, a demissão deste popular político constitui mais uma dor de cabeça para a chanceler Angela Merkel, líder dos democratas-cristãos - o mesmo partido de Köhler.
No último mês, a coligação que Merkel mantém com os liberais- -democratas para governar a nível nacional saiu derrotada das eleições regionais no estado federado da Renânia do Norte-Vestefália. E a chanceler enfureceu os alemãos com o plano de resgate grego e o fundo de estabilização da Zona Euro.
Merkel disse lamentar profundamente a decisão do presidente e garantiu ter tentado demovê-lo das suas intenções. "O povo alemão ficará muito triste", afirmou a chanceler da Alemanha.
O seu ministro dos Negócios Estrangeiros e parceiro de coligação governamental, Guido Westerwelle, também lamentou profundamente aquela decisão.
Ex-presidente do FMI, Köhler estaria farto deste cargo e da falta de apoio por parte da coligação de da própria chanceler durante aquela forte controvérsia, escreveu a edição on-line da revista Der Spiegel.
A Constituição da Alemanha manda que a presidência seja interinamente assumida pelo presidente da câmara alta do Parlamento, agora o social-democrata Jens Böhrnsen, devendo a convenção federal eleger um sucessor até ao próximo dia 30 de Junho.
fonte: DN GLOBO
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