Tuesday 1 June 2010

Disputas por poder e desconfianças instalam-se no MDM

Segunda, 31 Maio 2010 09:30 Jorge Marcos .“Gargantas fundas” no MDM

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) a nível da província da Zambézia tem estado a conhecer momentos amargos, na sequência das alegadas perseguições à actual delegada política provincial interina, Zaida Milato, por parte dos seus pares, desde o término da terceira sessão extraordinária do Conselho Nacional, havida em Quelimane, em Março passado.

De acordo com alguns membros daquele partido, no topo da lista dos perseguidores está o actual chefe provincial da Organização e Mobilização e membro da comissão política provincial, José Arijama, acusado de agendar conferências a nível das sedes distritais sem consultar os seus superiores hierárquicos, atitude que tem estado a manchar os trabalhos do partido.

Outro membro citado pelas fontes é o delegado político do MDM na cidade de Quelimane, Moisés Ofinar, que, segundo fontes próximas do partido, mantém contactos com a Frelimo, partido do qual desertou.

A presidente da Liga Provincial da Mulher, Hortência Agostinho, igualmente antiga colaboradora do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), é a principal suspeita dentre os que alegadamente mantêm contactos com quadros da Frelimo para lhes “sussurar” planos do MDM na Zambézia.

Neste momento, a situação é de tensão e de perseguição e visa colocar fora do cargo a referida delegada interina do MDM na Zambézia. Segundo informações que colhemos no local, membros do MDM em Quelimane estão divididos em grupinhos. um grupo chama-se “Ala Lobo”, pelo facto de contar com o membro da comissão política nacional e a delegada interina, e o outro “ala Margarido”, da qual faz parte o antigo delegado político provincial.

“Gargantas fundas” no MDM

A situação de sonegação das informações no MDM, na Zambézia, é considerada uma ameaça, de acordo com a delegada política provincial interina, Zaida Milato. “Em todas as terças-feiras, a comissão política provincial fica reunida na delegação política para desenhar estratégias de trabalho. Entretanto, pouco tempo depois, os nossos opositores já têm conhecimento dos assuntos que tratámos”, disse Milato.

“Dizem que eu caí de para-quedas e o lugar que o partido interinamente me fez assumir não me merece. Tudo porque há membros que se acham fundadores do MDM e que se julgam mais legítimos para chefiar o partido”, concluiu.

Auto-defesa dos acusados

Moisés Ofinar, um dos suspeitos de estar na origem da fuga de informações sigilosas do partido, confirma ter pertencido ao partido Frelimo, mas em nenhum momento voltou a ter contactos partidários com os “camaradas”. Para Ofinir, as acusações que pesam sobre si não passam de uma propaganda visando manchar a sua imagem como membro do MDM.Já a presidente da Liga Provincial da Mulher do MDM, Hortência Agostinho, afirma que as acusações que sobre si pesam não têm fundamento. Esta disse ainda que se fosse para ter relações com o SISE, seria em 1994, ano em que trabalhava em Quelimane, junto do falecido David Alone, onde, várias vezes, foi contactada para prestar informações sobre a vida política daquela figura. Na altura, Hortência Agostinho pretendia concorrer ao mandato de deputada na Assembleia da República, na I Legislatura.

Já José Zeca Arijama considera falsas todas as acusações, e sublinha que em nenhum momento poderia marcar reuniões distritais à revelia, uma vez que o partido nem sequer tem dinheiro para trabalhar.

Crise financeira assola MDM

Outro problema com que o MDM se debate é a falta de recursos financeiros para o seu funcionamento e pagamento de renda ou aquisição de infra-estruturas para o funcionamento das sedes distritais a nível da província da Zambézia.

A nível das cidades capitais, o MDM passa a funcionar em paralelo com as sedes provinciais, para a contenção de custos, segundo informações de fontes próximas do partido.

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