Quelimane (DZ)- Quem viu o 5 de Fevereiro de 2008, em Maputo, quando populares
fecharam estradas, certamente poderá se recordar, olhando por aquilo que se passou na manhã desta quinta-feira, em Quelimane, capital provincial da Zambézia, concretamente no mercado do Aquima, na avenida Julius Nyerere e o chamado
mercado do Lixo, isto já na avenida Eduardo Mondlane.
Logo de manhã, as duas vias que dão acesso a cidade ou saída como cada um quer
que seja, ficaram intransitáveis.
Não pelas mas condições que estamos habituadas quando chove um pouco. Desta vez a
intransitabilidade foi protagonizada pelos vendedores que viram suas barracas e
bancas serem destruídas pelo Concelho Municipal de Quelimane, (CMQ), a calada da
noite, numa operação que envolveu para além dos responsáveis da edilidade, tais
como vereadores, fiscais e outros agentes da força municipal, também teve a mão
da Polícia da República de Moçambique.
Manhã de choro, grito e lamúrias e ate desordem. Tudo isso porque, os vendedores do
mercado do Aquima, neste caso, o afectado pela operação que a edilidade denominada “Operação Nocturna 1”, viram suas bancas e barracas destruídas a calada da
noite sem pré-aviso como eles alegam. Naquele local, vendia-se um pouco de tudo, desde roupa, alimentos, materiais de construção, etc, tudo para matar a fome, sabido
que a pobreza urbana agora acentuou-se.
Mas como a actividade não era digna na óptica da edilidade, esta, mandou destruir como forma de impedir que se faça comercio ao longo da estrada.
No local, o nosso jornal viu gente de todas idades chorando a pedindo para que o edil de Quelimane, Pio Matos, viesse explicar de facto o que estaria por detrás desta situação. Mas nem Pio, nem quem, apenas estavam ali pessoas que lamentavam a acção da edilidade. Alias, o Diário da Zambézia(DZ), viu papeis colados nas barricadas com seguintes escritas: “Queremos Pio Matos e não a Polícia”. E mais, “estámos a combater esta pobreza que o presidente diz que é problema de
mentalidade”, só para citar alguns exemplos.
Juraia Milato é uma anciã de aproximadamente 60 anos de idade. Esta diz que uma das barracas destruídas é do seu filho e por sinal estava no seu quintal. Mas quando os
protagonistas da “operação nocturna 1” chegaram, não pouparam nada.
“Levaram os paus e as pequenas nhocas (material de cobertura feito de folhas de palmar) e não sei o que devo fazer”-chorava a anciã. Num outro passo, a fonte explicou que a barraca destruída não estava na via pública, mas sim no seu quintal. “Com a minha idade, pedi meu filho para erguer uma barraca para vender
alguma coisa para o sustento, agora Pio já destruiu, porque votei”? -Questionava-se a anciã, cheia de lágrimas.
Um outro vendedor que apenas identificou-se por Ginho, diz que a medida tomada pela edilidade só vai prejudicar a milhares de famílias que dependiam directamente da
vida do comércio. Ginho diz que não porque quer vender no aquima, alias, diz ele ser uma dos regressado a antiga RDA que neste momento andam em “guerra” com
o governo de Moçambique.
A fonte diz que vendia artigos de vestuário, dai que com a destruição da sua barraca, muita coisa foi água abaixo e olhando que é este mesmo governo que lhe
deve, diz não ter soluções.
Como Ginho, encontramos um jovem, sem dizer o seu nome, diz ele que saiu lesado e não sabe o que fazer. Quando questionamos aos nossos entrevistados o porque
de não aceitarem irem ao mercado da Feira das Actividades Económicas, vulgo FAE, estes redondamente disseram que está fora de hipótese, porque segundo eles, naquele local, não condições para praticar comércio.
Choros, mas a solução não veio. Como prejuízos imediatos, cursastes do Instituto de Ciências de Saúde de Quelimane (ICSQ), ficaram horas e horas a espera que
o trânsito reabrisse para poderem ir aos locais de estágio. Alunos da Universidade Pedagógica, também ficaram muito tempo a espera que os ânimos amainassem.
Como os ânimos estivessem acima, a PRM teve que intervir e como de sempre a primeira
intervenção foi com disparos com balas verdadeiras com intuito de dispersar o motim. Mas nem com isso, quando mais disparavam, as pessoas aumentavam cada vez
mais com as exigências da cabeça do Pio Matos.
Só depois de algum tempo, viu-se um carro blindado com homens da Forca de Intervenção Rápida (FIR), no terreno. As coisas baixaram um pouco, porque as pessoas
temendo as acções da FIR retiraram-se mais não conformadas. No mesmo local,
foram disparadas balas de borracha e lançado o gás lacrimogéneo, mas não deu para
nada.
A vizinhança do mercado central, ficou afectada pelos efeitos do gás lacrimogéneo não
se sabendo que consequências trás para a saúde humana.
Já confrontado com este cenário, Pio Matos, edil de Quelimane, disse que o município
vai continuar a travar estas batalhas ate que as normas sejam respeitadas nesta cidade. De acordo com o edil, aquela operação visa mostrar os munícipes dos perigos que passam fazendo o comércio na estrada, dai que a edilidade naóptica do próprio presidente não vai recuar. “Não vamos recuar, e vamos atacar mais mercados e
vendedores que estiverem a praticar esta actividade nos passeios”-disse Pio para depois sublinhar que “criamos condições no mercado da FAE, só ali é que se
deve praticar o comércio”-rematou.
Num outro passo, o edil disse que os vendedores não imaginam os perigos que correm assim como o perigo que corre para os clientes. Dai que, não há mãos a medir o
Concelho Municipal vai continuar até que haja consciência dos vendedores.
Se por um lado há quem pensava que os tumultos só estavam acontecendo no mercado do
Aquima, enganaram-se, por outro lado, no chamado mercado central, também os vendedores de rua solidarizaram-se com os colegas e montaram barricadas na rua
impedindo o trânsito de viaturas e motociclos. Foi um ambiente turvo, mas que até ao fecho desta edição, havia sido sanado e nada de grave se pode falar, porque não houve
ferido e polícia confirma sim na voz do porta-voz, Ernesto Serrote, a detenção de algumas pessoas envolvidas no motim. (António Zefanias)
Cold snap continues as UK awaits arrival of Storm Bert
-
Weather warnings are in place for the storm with heavy rain, strong winds
and disruptive snow forecast.
1 hour ago
9 comments:
"Uma lei injusta não é lei" - Santo Agostinho.
Quelimane acorda em caos!!!!
Grande parte da vida de muitos cidadãos zambezinos foi feita no Mercado Central e do Aquima. Naqueles espaços de venda informal ao ar livre (seja nas bermas das estradas ou não), as pessoas construíram amizades, partilharam conhecimentos e “fofocas”, promoveram intercâmbios culturais, atingiram novos status sociais. A transferência deles irá significar o fim de uma história comum e de muitas vivências memoráveis para aqueles que sempre tiveram no mercado a base da sua sobrevivência.
A carismática Dona Berta, 61 anos, viúva, mãe e avô, que vende refeições a vários funcionários público e nao só que devido ao horário e a distância que lhes separa das suas residencais aos seus postos de trabalho, optavam por tomar uma boa sopa de feijão, uma caldeirada de cabrito, um água e sal de galinha cafreal com uma boa xima, um água e sal de quiabo com camarão, ou uma feijoada com côco, enfim... é uma das mais inconformadas. “Dizem que o mercado da FAE é o local mais condigno, mas nós não queremos ir para lá. Não dá. Os nossos clientes estão aqui, estamos habituados a trabalhar aqui. Olhem que os nossos filhos dependem do negócio que fazemos aqui”, argumenta.
Por outro lado, os vendedores alegam que a área da FAE é muito inferior à dos Mercados Central e do Aquima. O mercado da FAE é muito distante e nem todos os vendedores vão conseguir reservar um lugar lá”, remata a Dona Berta, que vende refeições no Mercado Central há quatro anos.
Dona Dona Berta, mãe de sete filhos, revela com alguma mágoa que “depois da mudança vou descansar. Na minha idade já não dá para ir para na FAE”.
Contra - Ataque…
Num certo sentido tais reacções são naturais. É sabido que a maioria dos vendedores do Mercado Central e outros espalhados pela cidade de Quelimane e arredores tem uma grande resistência para exercer as suas actividades dentro dos mercados oficiais. Por um lado, eles preferem vender em espaços abertos que favorecem uma maior circulação de clientes. Por outro, os mercados oficiais dificultam a fuga ao fisco.
A verdade é que a distruiçao das aludidas barracas não foi propriamente uma surpresa. A notícia começou a circular de boca em boca desde o ano passado e acentuou-se neste.
… E outros conformados
Outros vendedores, todavia, já estão conformados com a situação. Foi o que disse António Trinta, 45 anos de idade, vendedor de colchões e almofadas há 5: “Senhor “Nós não podemos fazer nada, temos de aceitar o que o Governo determina.” O mesmo estado de espírito é testemunhado por Mariade Fátima, 52 anos, que vende bens alimentares há oito: “Dizem que as condições de lá são melhores do que as daqui. Se isso é verdade nós estamos dispostos a ir. Paciência!” “Lamentamos a atitude do nosso pai Pio Matos... Votamos nele e hoje apunhalou-nos pelas costas,” concluiu Trinta.
Ate ao momento em que vos enviu este comentario, haviam ainda aqueles que resistiam, reerguendo as suas barracas em desafio as autoridades municipais.
Fijamo,
O que queres que eu te faça para me mandares as obras de teu pai? Ecos de Inhamitanga esgotou em Maputo e cá, não se fala de outra coisa no meu circulo de amizade, senão esta monumental obra de Arrone Fijamo. Será que não entendes que o teu pai é o meu melhor escritor?
Zicomo
Caro Zicomo,,,
Quando a tua bussula literaria faleceu, eu ainda nao entendia patavina de literatura, estavamos a 18 de Junho de 1998!!!
Portanto, os meus irmaos mais velhos assaltaram a biblioteca do Kota Fijamo!Na verdade o velho tinha uma biblioteca de bradar os ceus! ,,,,
Levaram tambem todas as obras de Arrone Fijamo ainda em manuscrito e algumas dactilografadas !eram volumes e volumes! Na verdade o velho tinha time para escrever pa,,, O curioso e que ele dispensava a maquina de escrever e usava caneta e cadernos ,,,
Esses meus bradas mais velhos a que me refiro estao espalhados pelo Mocambique adentro,,,
Ja lhes falei do Viriato, alias, enviei-lhes algumas edicoes do autarca em Que fazias homenagem ao Arrone Fijamo,,,,
Entao, estou a espera Que eles mo facultem o material para t enviar! Alias, farei com enorme PRAZER! A familia Fijamo fica extremamente orgulhosa pela admiracao que nutres por ele,,,,
Receba um prato de mucapata com galinha cafreal assada e uma boa matapa a zambeziana
O Fijamo fez uma abordagem imparcial ao remeter-nos duas vertentes, a dos vendedores e da edilidade. A normalidade vira em breve. O maxuabo e passifico. Passei pelo mercado central e ja se respira ar fresco nos passeios. Sou estudante da UP e o transito na hora de ponta era complicado devido a aglomeracao de vendedores nos passeios do mercado de aquima.
Fijamo Jr.,
Faço-te uma confissão.
A minha amizade com o saudoso David Aloni partiu de uma carta que lhe enviara a perguntar se conhecia o escritor Arrone Fijamo, pois sabia, vagamente, que Aloni tinha estado na Zambézia.
Semanas depois, Aloni recebeu-se em sua mansão, na Matola, visita que passou a ser regular porque, segundo dizia o malogrado, acabara de ganhar um novo rebento, eu! As longas horas de conversas que tive com Aloni, esporádicas vezes "dispensávamos" a grande figura do teu pai. Para ambos, Fijamo era a nossa referência.
Lembro-me que Aloni teria dito que Fijamo só não foi o melhor escritor de África por força do sistema. Na verdade o teu pai foi vítma de dois sistemas complicados. Não tinha como escapar o gume do colonialismo e a fúria do regime samoriano. Morreu o homem, mas ficou o seu espólio. Este nunca morre.
Já em Nampula, na companhia familiar do Eng° Álvaro Muteia, disse-me, para o orgulho de ambos, que Fijamo era um fidalgo, um BOM PASTOR, o primeiro zambeziano a ter carro na esbelta cidade de Quelimane, e o mais interessante, o GRANDE ESCRITOR. Não resisti, fui à Quelimane de férias em 2009, infelicidade minha e macacos que me mordam, não consegui achar um único sangue dos Fijamos. Estarias tu aonde, Fijamo Jr.?
No Arquico Histórico de Moçambique existiam obras de Fijamo, mas que tinham sido requisitadas quando para lá me desloquei faz 9 anos. Perdi o rasto do meu sonho de encontra fosse o que fosse sobre Fijamo para além de, claro, me contentar com "Ecos de Inhamitanga", a minha Bíblia Sagrada.
E finalmente, duas palavras:
1. Estive com um dos teus irmãos mais velho em Maputo (de careca e relativamente alto)que me garantiu nessa altura, em 2003, fazer chegar às obras do teu pai. NADA. Insisti, mas NADA. Um gajo anda mesmo com azar. Fazer o quê???
2. Albino Moisés, outro zambeziano "fodjaina", antigo colunista do Jornal Notícias (deixei de ter contacto com ele há mais de 6 meses) para além de ser fã de Fijamo, deu-me uma BOA NOTÍCIA, a última, antes do seu "sumiço", QUE AS OBRAS DE ARRONE FIJAMOS CAFAR TINHAM ESGOTADAS, A AEMO, INFORMADA, ESTAVA A TENTAR ENCONTRAR PARCEIROS PARA REEDITAR "ECOS DE INHAMITANGA".
Mas a verdadeira homenagem dos fãs de teu pai, quero eu deixar aqui, a Dra. Amélia Sofia Cumbucane e a Eng° Hipólito Fernando Iampita, um em Maputo, outro em Nacala-Porto.
"BOA VITÓRIA É AQUELA QUE SE ENCONTRANA PONTA DUMA DIFICULDADE MORTAL. É A SINA DOS GRANDES HOMENS." Arrone Fijamo
PS: Manuel de Araújo, amigo do meu melhor amigo, Dr. IAA (reconheces as siglas?) desculpe-me esta confissão pública aqui no teu blogue!
Mbalaga* Viriato!
Eu nao encontro adjectivos para tamanha homenagem!
No sabado conversei com o meu irmao (o que esta em puder da obra);
Falei-lhe da tua pretensao e logicamente ficou orgulhoso;
Disse Que a obra que ele dispoe (uma copia) foi entregue ao ex presidente da Republica Joaquim Chissano;
Na altura o Chissano se responsabilizou a PUBLICAR a tal obra (DEDUCOES SOBRE OS USOS E COSTUMES DE AFRICA);
Alias, a familia Fijamo esta em posse de uma fotografia ilustrando esse acto (Arrone Fijamo entregando a obra ao Ex presidente Chissano - em colorido);
Na altura Que conversava com o meu iramo este encontrava-se em Joanesburg em servico;
Mas garantiu-me Q enviaria a obra assim Que chegasse a Maputo;
Portanto, caro VD, (Maruru Campa Nhama);
Em breve estaras em posse da almejada obra;
Abracos e ate sempre
* Irmao
Obrigado a ti e ao MA.
Zicomo
Caro Viriato,
Este blogue ja nao e meu! E teu, e do Fijamo e nosso! usemo-lo! Confsso qe tambe sou fa do velho Fijamo! Lembro-me que numa das vezes em que fiz parte da equipa de organizacao da Festa da Cidade de Qulimane, no matxiquetxique, conseguiramos alguns exemplares das obras de Arone Fijamo para exposicao e venda! Esgotaram num apice!
Log que regressar a Maputo, baterei minhas portas a ver o que se pode fazer! Juntos!
Um abraco, MA
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