Renamo apresenta ao Governo as provas da partidarização do Estado
Sem argumentos contra factos tão evidentes, os membros do Governo que estiveram presentes no parlamento, para responderem às questões dos deputados, preferiram não comentar as provas apresentadas pela Renamo.
Maputo (Canalmoz) – O deputado da Renamo, António Machambisse, apresentou ontem em plenário da Assembleia da República, provas da partidarização, ou melhor, “frelimização” do Estado. Uma das mais evidentes provas materiais trazidas pela Renamo ao plenário é o impresso da relação nominal dos trabalhadores, documento produzido pelo Ministério do Trabalho e usado em todas as empresas do país, sejam elas públicas ou privadas, que contém um flagrante requisito de ser assinado pelo “comité sindical ou célula do partido”.
Este espaço para ser rubricado aparece logo na face principal do impresso, e não refere a que partido pertence a célula cujo representante deve assinar a folha de relação nominal, numa afirmação oficial de um regime que se considera monopartidário.
O deputado da Renamo mostrou uma camisete que funciona como uniforme, que é distribuída aos funcionários da administração de Cheringoma, na província de Sofala, no Centro do país. Lê-se na camisete, onde está timbrada a bandeira do partido no poder: “Célula da Administração de Cheringoma”.
Com estas provas, a Renamo quis saber do Governo e dos deputados da Frelimo qual é a prova que mais querem sobre a partidarização do Estado.
Machambisse disse que tudo quanto o Governo, através da ministra da Função Pública, Vitória Diogo, assim como dos deputados da Frelimo, tem vindo a dizer no parlamento não passa de palhaçadas, enquanto, do outro lado, muitos moçambicanos estão a pagar a factura por não se identificarem com os objectivos do partido Frelimo.
Machambisse questionou porque é que esse documento vigora até hoje, desde o período do partido único, que passou para história há mais de 20 anos. “Para nós, esse documento devia ter sido extinto e substituído por um outro”, disse Machambisse ao Canalmoz. Para o deputado da oposição, a existência de células nas instituições públicas, para além de discriminar os demais moçambicanos que não são membros do partido Frelimo, interfere na qualidade do trabalho dos funcionários do Estado, uma vez que estes interrompem suas actividades, para participarem das reuniões das células.
As actividades partidárias nas instituições públicas tem custos imputáveis ao Orçamento de Estado que é financiado em mais de 50% por diversos países da comunidade internacional que dessa força estão a ser forçados a financiar actividades políticas de apenas um segmento dos moçambicanos, conformando o facto uma flagrante ingerência nos assuntos internos do país, tese aliás muito recorrente e grata à Frelimo sempre que se trata de chantagear países estrangeiros que ajudam Moçambique a desenvolver-se.
A vergonha da Frelimo
Perante as provas apresentadas, caíu por terra o discurso da ministra da Função Pública, segundo o qual “O Estado moçambicano não está partidarizado, porque não existem dados que assim o provem”. O Governo preferiu não comentar.
Aos deputados da Frelimo, e tal como é seu hábito, nada mais restou se não dizer que aquelas provas apresentadas pela Renamo “são falsas”. Segundo disse o deputado Edmundo Galiza Matos Júnior, para além de serem falsas, aquelas provas foram forjadas pelo partido Renamo.
Esta afirmação de Edmundo Júnior é uma autêntica exibição do vício de mentir, uma vez que todos os impressos de relação nominal em uso no país contêm o espaço para ser rubricado pelo representante da célula nessa instituição. A não ser que o deputado Edmundo Júnior esteja a acusar o Ministério do Trabalho de fornecer às instituições documentos forjados pela Renamo.
Para além do impresso trazido pela Renamo, o Canalmoz procurou comprovar a existência da exigência da assinatura do representante da célula e apurou que isto está escrito em todos os impressos da relação nominal que vigoram no país nas instituições públicas.
(Matias Guente / Redacção)
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3 hours ago
1 comment:
Isto não altera a visão e a decisão do povo. Pessoalmente, se me obrigarem, posso ter 10, mas enquanto o meu cônscio estiver inclinado para uma certa visão, nada, nenhum machado há-de conseguir cortar a raiz do meu pensamento.
Zicomo
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