Tuesday 25 May 2010

Exploração de petróleo em Micaúne:

Não temos ainda empresários interessados em explorar furos – afirma Armando Guebuza que trabalhou na região

O PRESIDENTE da República, Armando Guebuza, disse que ainda não há empresários interessados em explorar os furos de petróleo existentes não só em Micaúne bem como noutras partes do país onde se regista a ocorrência do hidrocarboneto, que seria um importantíssimo ganhou para vencer a pobreza, através da criação de postos de emprego.
Maputo, Segunda-Feira, 24 de Maio de 2010:: Notícias
De acordo com o Chefe do Estado em Moçambique já foram feitos muitos estudos de prospecção de petróleo mas o grande problema reside no facto de não terem aparecido até ao moment empresários nacionais ou estrangeiros que pretendem ficar com os furos para os explorar de forma a garantir emprego para milhares de cidadãos e acelerar o desenvolvimento socioeconómico do país. Armando Guebuza, respondia deste modo a uma inquietação apresentada pelos trinta e dois mil habitantes do posto Administrativo de Micaúne, distrito de Chinde, na província da Zambézia, onde sábado último orientou um comício bastante concorrido por milhares de cidadãos, com os quais interagiu durante duas horas no contexto da presidência abertura e inclusiva, que ontem terminou.

Segundo Armando Guebuza para a exploração de petróleo deve haver uma reserva com quantidades comerciais que justifiquem o investimento a fazer. Se não houver, os empresários podem não ter muito interesse, talvez o de Micaúne seja um desses.

Durante o comício que orientou na sede do posto administrativo de Micaúne, o Chefe deo Estado pediu a 10 cidadãos para subirem ao pódio para apresentarem as principais dificuldades.

Teixeira Dramuce, um cidadão que aparenta 60 anos de idade, pediu ao Presidente da República para junto do seu executivo encontrar uma alternativa que dê pão à população face à doença do amarelecimento letal do coqueiro. Disse que uma dessas alternativas pode ser o furo de petróleo aberto no tempo colonial na região de Muguaia, no Chinde. Explicou que a região já está demarcada, mas nunca foi explorada apesar de existirem pequenas infra-estruturas. Como o nosso palmar está a morrer, pedimos ao Governo para acelerar os mecanismos para a exploração daquele jazigo; sem palmar não temos vida e como ele está a desaparecer, então estamos a pedir para que olhe aquele petróleo, disse Teixeira Dramuce bastante ovacionado pelos cidadãos que compareceram ao comício, uma vez que era a primeira vez que Guebuza pisava o solo de Micaúne para matar a sede dos que lhe queriam conhecer.

Sobre a ocorrência de petróleo em Muguaia, Quelimane, a capital provincial da Zambézia, acolheu há cinco anos uma consulta pública encomendada pela Petrona para avaliar o impacto ambiental de uma eventual exploração. A ideia da existência de petróleo parece estar a ganhar consistência entre os cidadãos residentes em Micaúne. A confirmar-se a existência de petróleo e sua viabilidade económica poderá constituir uma nova esperança de vida para a população.

Micaúne sempre viveu da Companhia Agro-Pecuária da Madal. A copra era a única cultura de rendimento. Cada ano que passa a situação socioeconómica da população continua a debilitar-se face à doença que ataca os coqueiros, reduzindo a produção e empurrou para o desemprego milhares de pessoas. Dados apurados pela nossa Reportagem, indicam que na campanha agrícola 2008/2009 a produção da copra baixou de 916,4 para 676,3 toneladas. Trinta mil mudas foram distribuídas a 246 famílias no contexto de medidas para mitigar o impacto da doença. Ainda em face da doença e devido aos fracos resultados da produção de copra, a Madal concedeu sete mil hectares ao Governo para distribuir pela população para as actividades agrícolas.

Armando Guebuza foi a Micaúne onde encontrou a verdadeira face da pobreza. Viu, compreendeu, não resistiu e disse: “Temos problemas em Micaúne”. É com esta frase que começou a sua alocução. Falta comida porque não choveu o suficiente, há escassez de água, unidades sanitárias e enfermeiros, noventa por cento das escolas são de material precário. Não há estradas em condições e a vida na ilha de Micaúne está difícil.

Mesmo assim a população sonha como a energia da rede nacional da HCB, sinal da TVM, telefonia móvel e estradas reabilitadas.

Armando Guebuza disse que é preciso ter crença para vencer a pobreza porque ela não é destino dos cidadãos que vivem em Micaúne. Segundo Armando Guebuza, um dos maiores desafios do Governo é construir escolas para os jovens munirem-se de ferramentas que os possibilitem levar esse conhecimento ao serviço da exploração dos recursos para vencer a pobreza absoluta. O Chefe do Estado disse ainda que “enquanto não estudarmos não teremos capacidades para explorar os recursos de que dispomos”.

Entretanto, ontem o Presidente da República trabalhou no posto administrativo de Muabanama, distrito de Lugela. Orientou um comício e depois na vila dirigiu uma sessão do governo provincial. Hoje, inicia outra visita à província de Manica tendo como porta de entrada o distrito de Catandica.
•Jocas Achar

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