Agora o PSD é diferente do PS
1. Não houve surpresa: venceu Pedro Passos Coelho. Só a dimensão dos números foi inesperada, esmagadora. O PSD escolheu a mudança mais radical de forma convicta, mesmo que Paulo Rangel seja mais novo e, até, um social-democrata recente. Sobretudo o discurso económico liberal do sucessor de Manuela Ferreira Leite traça um contraponto evidente com o passado do partido.
O PSD é agora, pelo menos em teoria, substancialmente diferente do PS. Desde Sá Carneiro que isso não era tão visível.
Os socialistas, apesar das críticas ao Programa de Estabilidade Crescimento vindas da esquerda, são inequivocamente por um Estado social. Esta direcção laranja propõe menos presença na economia, quer alienar participações importantes em empresas, tem uma visão diferente na saúde, e provavelmente também a terá no ensino e na Segurança Social. Num país tão pequeno, tão dependente do Governo, pode ser que tudo isto venha a ser mais palavra do que outra coisa, mas tal só se provará no caso de Passos Coelho vir a ser algum dia primeiro-ministro.
Depois do bom discurso de vitória, para dentro e para o País, a grande incógnita a partir de agora tem que ver, precisamente, com o timing de Passos Coelho para as eleições que quererá disputar com José Sócrates.
Vai fazer tudo para que seja ainda este ano? Então teremos dois meses agitados em volta da Comissão de Inquérito ao caso PT/TVI; muita crítica económica e financeira.
Não se importa de lidar com as ambições derrotadas no PSD e eventualmente outras que não foram capazes de se fazer à estrada? Então vai deixar passar as eleições pre- sidenciais, apoiar Cavaco Silva, esperar que a crise e o descontentamento social provoquem maior desgaste em José Sócrates e depois se verá o que a legislatura determina.
2. Nestas eleições, Paulo Rangel surpreendeu pe-la negativa. Os debates mostraram um homem demasiado contraído, por vezes irritado ou facilmente irritável, sobretudo perante Aguiar-Branco… É curioso, e surpreendente, que o eixo Lisboa-Cascais (de onde descolou finalmente Rui Rio) o tenha escolhido em detrimento do ainda líder parlamentar, que integrava a direcção de Manuela Ferreira Leite. Esquisito.
Paulo Rangel tem algumas características que justificam o entendimento entre Pacheco Pereira e Santana Lopes: palavra fácil, capacidade para dizer sem hesitar aquilo que as plateias querem ouvir. Perante o erro de casting chamado Vital Moreira isso fora suficiente, mas este novo concurso era bastante mais difícil. Transpareceu muita inexperiência em Paulo Rangel, que ainda assim obteve um bom resultado.
3. José Pedro Aguiar- -Branco, correndo por fora, confirmou aquilo que já se vira dele tanto como ministro da Justiça como à frente do grupo parlamentar do PSD: bom senso, inteligência, sentido de Estado. A caça ao voto não o tornou nem populista nem demagogo. Disse sempre aquilo em que acredita, foi leal. O político é uma reserva do PSD para o futuro. O Homem parece ser daqueles a quem se pode comprar um automóvel em segunda mão.
A mudança no PSD poderá vir a mexer no equilíbrio à direita. Talvez que a Paulo Portas interessasse menos a vitória de Paulo Rangel, capaz de ser tão populista quanto ele, mas também será mais difícil lidar com Passos Coelho do que com o discurso bolorento de Manuela Ferreira Leite. A avaliação do que interessa a Paulo Portas e ao PP é muito importante. Nunca se esqueça de que PS+PP dá maioria de votos na Assembleia da República. Ou visto de outro ângulo: não há moções de censura que passem sem o visto bom dos populares… (In: Diario de Noticias)
Archbishop of York 'regrets' that abuse scandal priest had role renewed
twice
-
Stephen Cottrell knew former priest David Tudor had paid compensation to a
woman who says Tudor abused him as a child.
36 minutes ago
No comments:
Post a Comment